quinta-feira, 3 de julho de 2008

RIBEIRA - XXXIV

O burro serve, ainda, para muitas coisas.


Em Natal morou no bairro da Ribeira, o Dr. Januário Cicco, em um sobrado na rua Duque de Caxias, próximo com a av.Tavares de Lyra, em frente a Associação Comercial. O dr. Januário Cicco era Médico Obstetra e, certa vez ele falou que se o natalense não adotasse novas providencias com o lixo de suas casas, esse povo, um dia, teria que queimar esse lixo, o que representaria graves consequências para o seu futuro. O Dr. Januário fez tal comentário no anp de 1920 quando a cidade não tinha forno de lixo. Todo o resíduo recolhido na Cidade Alta e na Ribeira era levado em carroças ou burros para ser jogado em um local próximo a curva do trem, onde hoje tem o Horto Municipal. Bem próximo do local havia, também, a "matança", local onde se abatia o gado para ser vendido no Mercado Publico da Cidade Alta, isso sem a menor proteção de asseio.As mulheres que por lá viviam, eram para fazer a limpeza de tripas e fatos retirados do gado abatido. Toda a sujeira do gado escorria para o riacho do Baldo e dalí, para o rio Potengi onde se encontrava com o lixo que as carroças recolhiam da cidade.

No inicio dos tempos, os primeiros homens eram nômades. Moravam em caverna, sobreviviam da caça e pesca, vestiam-se de peles e formavam uma população minoritária sobre a terra. Quando a comida começava a ficar escassa, eles se mudavam para outra região e os seus lixos deixados sobre o meio ambiente, eram logo decompostos pela a ação do tempo. À medida que foi "civilizando-se" o homem passou a produzir peças para promover seu conforto: vasilhames de cerâmicas, instrumento para o plantio, roupas mais apropriadas. Começou tambem a desenvolver hábitos como construção de moradias, criação de animais, cultivo de alimentos, além de se fixar de forma permanente em um local. A produção de lixo consequentemente foi aumentando, mas ainda não havia se constituido em um problema mundial.

Naturalmente, esse desenvolvimento foi se acentuando com o passar dos anos.. A população humana foi aumentando e, com o advento da revolução industrial - que possibilitou um salto na produção em série de bens de consumo - a problemática da geração de descarte de lixo teve um grande impulso. Porém, esse fato não causou nenhuma preocupação maior: o que estava em alta era o desenvolvimentoe não suas consequências. Entretantoa partir da metade do século XX iniciou-se uma reviravolta. A humanidade passou e preocupar-se com o planeta onde vive. Mas não foi por acaso: fatos como o buraco na camada de ozônio e o aquecimento global da Terra despertaram a população mundial sobre o que estava acontecendo com o meio ambiente. Nesse "despertar", a questão da geração e destinação final do lixo foi percebida mas, infelizmente, até hoje não vem sendo encarada com a urgência necessaria.

"O lado trágico dessa história é que o lixo é um indicador curioso de desenvolvimento de uma nação. Quanto mais pujante for a economia, mais sujeira o país irá produzir. É o sinal de que o país está crescendo, de que as pessoas estão consumindo mais". De 1920 para cá, Natal veio crescendo também e em 1935 a Prefeitura olhou com um maior carinho para o lixo produzido na cidade, criando melhores condições de coletagem e de destinção desse residuo. De 1935 até 1960 o lixo ainda não tinha um local destinado e o gado era abatido no mesmo local, a rua da Salgadeira, proximo a linha férrea que passa logo abaixo. O lixo posto no Horto era vizinho a dois capinzais, de um lado e do outro, onde seus donos tiravam o capim para vender ao Quartel de Policia para alimentar os cavalos do Esquadrão da Cavalaria, cuja a sede ficava em um local chamado de "Solidão", hoje a sede da Escola Domestica, em frente ao III Distrito Naval.

A partir de então, o abate do gado passou a ser feito no Bairro das Quinta, em local bem mais adequado e o lixo foi sendo depositado no alto das Quintas e depois em um aterro sanitário que fica nos confins da cidade por sinal, ainda pequena para armazenar tanto residuo organico. Então, assim, fica a história do dr. Januario Cicco, que falou de um caso no ano de 1920.

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