domingo, 31 de maio de 2009

RIBEIRA - 295

RÁDIO POTY
ESTÚDIO DE LOCUÇÃO
A Radio Poty nasceu em 1944, porém, bem antes, em 1941 foi fundada a REN - Rádio Educadora de Natal -. Quando Assis Cateaubriand procurou divulgar ainda mais as suas emissoras de rádio, soube que em Natal, Rn, tinha a REN de pouca qualidade de som e de dinheiro também. Foi então que ele propôs a compra da estação em lugar de implantar uma nova emissora. Em 1945 foi inaugurada a Radio Poti com largas inovações, sendo a maior emissora em estúdio de todo o pais. Inaugurou-se programas novos e teve a contratação dos melhores homens e mulheres do rádio que havia por aqui. Da antiga estação, se aproveitou os profissionais existentes na época, cabendo a direção artistica a Genar Wanderley que vinha desde a criação da estação de Natal, a Rádio Educadora de Natal.
Formou-se um cast de radio de elevada competencia que cobria os setores da radio-teatro, rádio-jornalismo, humor, atrações do dia e muitas outras novidades que sacudia a vida social de Natal. O programa do meio-dia era Gazeta Sonora, com meia hora de duração, escrito e apresentado por Genar Wanderley. Outros intelectuais da cidade passaram a colaborar com a nova estação que foi batizada com o nome de poty, em referencia ao lendário índio poty. Como colaboradores estavam Carlos Homem de Siqueira , Alcides Cicco, Didi Camara, Esmeraldo Siqueira, Farnando Cardoso, Ubaldo Brandão e Waldemar de Almeida.
No dia 1º de novembro de 1948, eram inaugurados os novos estúdios e o auditorio da Rádio Poty. Com isso, a ZYB-5 marca o reinicio de suas atividades artisticas diretamente de seus estúdios e auditório. No ano de 1950 começa a fase de novelas, com a apresentação de "O Direito de Nascer", original do mexicano Félix Cagnet, interpretado aqui pelo cast a Rádio Poty. Também foi a hora dos melhores espetáculos da taba, desde o Domingo Alegre, com Genar Wanderley, a Sabatina da Alegria, Vesperal dos Brotinhos, com Luis Cordeiro. Em meio de tudo isso, tenha o encanto da Estrela Canta, interpretado por Glorinha de Oliveira e o humor de Beco Sem Saida, que era sempre reprisado dado ao seu largo sucesso. Nesse programa destacavam-se os rádio atores Jorge Ivan Cascudo, Vanildo Nunes, Fernando Garcia, Sandra Maria, cujo nome real era Eunice Campos Freire, Lurdinha Lopes e vários outros nomes do cast da rádio. Pode-se notar que um locutor podia desempenhar mais de uma função, sendo rádio ator e rádio noticiarista ou mesmo apresentador do programas.
Em meio a tudo isso, os radio atores ou mesmo apresentadores de programas tinham por dever se apresentar vestindo roupas elegantes para o respeito do público que se apresentada. Homens, vestindo paletó e mulheres, de roupas largas e comprida, batendo até o meio da pernas. Os cantores amadores podiam se apresentar de roupas simples. Havia igualmente a apresentação de trios, como o Yrakitan, o Maraya e outros mais além de cantores de rádio, grupos regionais o conjuntos vocais.
Tinha um grupo, a Hora Estudantil que era apresentado por Fernando Cascudo. No rádio, ele formou muitos conjuntos, inclusive o Trio Yrakitan, formado por Gilvan Bezerril, João Costa Neto e Edson França (Edinho). Esse ultimo, antes pertenceu a um outro conjunto que não vingou. O Trio Yrakitan, nesse ano, saiu daqui, com instrumentos comprados na loja de Carlos Lamas, e não pagos, direto para o Recife e daí para o México passando por todos os paises da América Central. Sem dinheiro nem fama, os rapazes passaram fome no seu caminho, se alimentando até de farinha seca com um gosto de querosene. Quando eles retornaram a Natal, foram pagar o valor dos instrumentos a Carlos Lamas que recusou, dizendo. "Eu quero nada, moços. Vocês agora tem fama".
A Rádio Poty, além de incentivar a produção musical do estado, trazia para a cidade cantores reconhecidos e de sucesso, como Vicente Celestino, Carlos Galhardo, Orlando Silva, Francisco Carlos e tantos outros sem contar com as cantoras.. Com isso à sociedade natalense tinha o mérito de conhecer a produção musical que estava sendo desenvolvida no Brasil e no exterior.
No cast de novelas destacavam-se Zilma Rayol, Alba Azevedo, Marly Rayol, Clarice Palma, Lurdinha Lopes, Teixeira Neto, Luis Cordeiro, Glorinha Oliveira, Genar Wanderley, Sandra Maria, Roberto Ney, Iedo Wanderley. A Rádio Poty, com toda a variedade de programação veio a instaurar o inicio da era de ouro do rádio no Rio Grande do Norte, levando ao publico programas substanciais e de qualidade. Genar Wanderly, um dos ícones do rádio potiguar, morreu em 1958, em desastre automobilistico, na rua Apodi, cruzamento com a rua Rodrigues Alves, num dia de domingo. Ele e outros locutores fizeram os jornais-falados, Matutino Poty e Grande Jornal Falado B-5, além da Gazeta Sonora que saiu do ar em 1977.

sábado, 30 de maio de 2009

RIBEIRA 294

DALVA DE OLIVEIRA
O ROUXINOL DAS AMÉRICAS
Dalva de Oliveira (conhecida popularmente como O Rouxinol das Américas), cantora, nasceu em Rio Claro - SP - em 05 de maio de 1917, e faleceu no Rio de Janeiro, Rj, em 31 de agosto de 1972. Filha do carpinteiro, saxofonista e clarinetista Mário Oliveira, desde pequena acompanhava o conjunto amador do pai, Os Oito Batutas, nas serenatas e festas de clubes em que se apresentava. Aos oito anos, quando ele morreu, foi mandada com as três irmãs para um orfanato, o Colégio Tamandaré, onde aprendeu piano, órgão e canto coral.
Três anos depois, largou os estudos, por causa de uma doença nos olhos. Foi para São Paulo, onde a mãe já trabalhava como governanta, e empregou-se como babá, arrumadeira, ajudante de cozinheira e, mais tarde, cozinheira do Hotel Metrópole. Em seguida, passou a fazer limpeza numa escola de dança, em que, após o serviço, costumava cantar e improvisar músicas ao piano. Ouvida por um dos professores, foi convidada para participar de uma tornee com o grupo de Antônio Zovetti.
Em 1933, acompanhada da mãe, viajou por várias cidades do interior e chegou a Belo Horizonte, mas Zovetti adoeceu e o grupo se desfez. Sem dinheiro, fez um teste na Rádio Mineira e, aprovada, passou a cantar com o nome de Dalva de Oliveira. Seu verdadeiro nome era Vicentina de Paula Oliveira. No ano seguinte, foi para o Rio de Janeiro e empregou-se como costureira numa fábrica de chinelos, da qual Milton Guita (Milonguita) - um dos diretores da Rádio Ipanema (hoje Mauá) - era um dos proprietários. Milonguita levou-a para fazer um teste em sua rádio, sendo aprovada.
Mudou-se depois para a Rádio Sociedade e Rádio Cruzeiro do Sul (nesta cantando ao lado de Noel Rosa e, finalmente, para a Radio Philips - hoje Rádio Nacional. Entre o trabalho em uma e outra emissora, fez temporada popular na Casa de Caboclo, do Teatro Fênix, com Jararaca de Ratinho, Alvarenga e Ranchinho, Ema D'Ávila e Antônio Marzullo, atuando como atriz. Ainda no Teatro Fênix, apresentou-se como cantora e atriz de pequenas cenas cômicas entre os números.
Em 1936 conheceu Herivelto Martins, da Companhia Pascoal Segreto, que então atuava no Cine Pátria. Juntou-se a Dupla Preto e Branco, formada por Herivelto Martins e Nilo Chagas, formando um trio que foi batizado por César Ladeira como Trio de Ouro. Foram contratados pela Rádio Mayrink Veiga e gravaram em 1937, na Victor, as músicas Itaguarí e Ceci e Peri (ambas de Príncipe Pretinho). Casou-se com Herivelto, com quem teve dois filhos: o cantor Peri Ribeiro e Ubiratã.
Em 1938 foram para a Rádio Tupí e dois anos depois, para a Rádio Clube. Gravou com Francisco Alves, na Colúmbia, o samba Brasil (Benedito Lacerda e Aldo Cabral) e Valsa da Despedida (Robert Burns). A partir dessa data, exibiram-se no Cassino da Urca, ao lado de Grande Otelo e outros artistas, até o encerramento das atividades dessa casa sob o governo Dutra, em 1946.
Com o Trio de Ouro, Dalva gravou dois grandes sucessos, os sambas: Praça Onze (Herivelto Martins e Grande Otelo), na Colúmbia, em 1942, e Ave Maria do Morro, (Herivelto Martins), na Odeon, em 1943. No ano seguinte Dalva de Oliveira participou do filme Berlim na Batucada, dirigido por Luis de Barros e, dois anos depois, em Caídos do Céu, do mesmo diretor.
Dalva gravou na Continental em 1945, com Carlos Galhardo e os Trovadores, adaptação de João de Barro para a história infantil Branca de Neve e os Sete Anões, em dois discos, com músicas de Radamés Gnattali. Em 1947 conseguiu outro grande êxito com o samba-canção Segredo (Herivelto Martins e Marino Pinto), gravado na Odeon. Em 1949 Dalva deixou o Trio de Ouro, quando excursionavam pela Venezuela com a Companhia Derci Gonçalves.
Em 1951 Dalva de Oliveira retomou a carreira solo, lançando os sambas Tudo Acabado (J.Piedade e Osvaldo Martins) e Olhos Verdes (Vicente Paiva) e o samba-canção Ave Maria (Vicente Paiva e Jaime Redondo), sendo os dois últimos grandes sucessos da cantora. No ano seguinte foi eleita Rainha do Radio, e excursionou pela Argentina, apresentando-se na Rádio El Mundo, de Buenos Ayres, na qual conheceu Tito Clemente, que se tornou seu empresário e depois marido.
Em 1952 realizou temporada com Walter Pinto, no Teatro Santana, em São Paulo, e participou do filme Tudo Azul, dirigido por Moacir Fenelon. Viajou para a Europa, tendo-se apresentado em Portugal e Espanha e gravado vários discos com Roberto Inglês, em Londres (Inglaterra), destacando-se entre as faixas o baião Kalu (Humberto Teixeira).
Dalva fixou residência na Argentina, vindo o Rio de Janeiro e São Paulo para curtas temporadas, até 1963, quando então regressou ao Brasil. Separada de Tito Clemente, casou-se com Manuel Nuno Carpinteiro. Em 1965 sofreu um acidente automobilistico, e foi obrigada a abandonar a carreira por algum tempo. Em 1970, Dalva de Oliveira lançou a marcha-rancho Bandeira Branca (Max Nunes e Laércio Alves) que fez sucesso no carnaval. No ano seguinte, apresentou-se no Teatro Teresa Raquel, no Rio de Janeiro.. No fim da carreira, novamente em evidencia, apresentou-se em televisão, shows e casas noturnas.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

RIBEIRA - 293

FRANCISCO ALVES
O REI DA VOZ
Francisco de Morais Alves nasceu no Rio de Janeiro RJ em 19 de Agosto de 1898. Filho de portugueses, nasceu na rua Conselheiro Saraiva, no centro, sendo criado nos bairros da Saúde, Estácio e Vila Isabel. Seu pai tocava alguns instrumentos e era dono de botequim. Cursou apenas a escola primária e desde cedo interessou-se pela música. Da irmã Nair ganhou uma guitarra e as primeiras lições. Começou sua carreira de cantor em abril de 1918, na Companhia de João de Deus-Martins Chaves. Depois ingressou na Companhia de Teatro São José, do empresário José Sargento.
Em 1919, para o Carnaval de 1920, levado por Sinhô, gravou na etiqueta Popular (recém-fundada por Paulo Lacombe e João Batista Gonzaga, suposto filho de Chiquinha Gonzaga) dois discos com a marcha O Pé de Anjo e os sambas Fala Meu Louro e Alivia Estes Olhos. , todas de Sinhô. Ganhava a vida como motorista de praça, apresentando-se como cantor-ator secundário de revistas musicais. Casou-se em 1920 com Perpétua Guerra Tutóia, de quem logo se separou. No mesmo ano conheceu a atriz-cantora Célia Zenatti, sua companheira por 28 anos. Em 1924 gravou para o carnaval dois discos na Odeon, com o samba Miúdo (Sebastião Santos Neves) e as marchas Não me Passo pra Você e M.lle Cinema (ambas de Freire Junior). Voltou em 1927 a Odeon na qual rapidamente gravou 11 discos com 19 músicas ainda no sistema mecânico, com destaque para Cassino Maxixe (primeira versão de Gosto que me Enrosco) e Ora Vejam Só, sambas de Sinhô. Em julho de 1927, quando a Odeon inaugurou no Brasil o sistema elétrico de gravações, foi o intérprete da marcha Albertina e do samba Passarinho do (ambas de Duque), as duas faces do primeiro disco produzido eletricamente. Em 1928 passou a gravar concomitantemente na Parlophon, subsidiária da Odeon, utilizando o apelido de Chico Viola. Em fevereiro de 1929 fez sua estréia no rádio, apresentando-se na Rádio Sociedade. Seus discos começaram a sair em profusão e sem tardar alcançou o topo do qual jamais saiu até falecer. Só em 1928 e 1929 gravou quase 300 musicas de reconhecida qualidade. Interpretou todos os gêneros e foi quem mais gravou em toda a história dos discos de 78 rpm no Brasil: 526 discos com 983 músicas. Como compositor deixou cerca de 132 músicas, sendo o seu forte a melodia. Suas músicas foram sendo gravadas com grande êxito até 1952 quando gravou a marcha Confete (Jota Junior e Davi Nasser). Chico Alves faleceu em Pindamonhagaba SP em 27 de setembro de 1952, num desastre de automovel na Via Dutra, quando o Buick que dirigia recebeu o choque de um caminhão na contramão. O Rei da Voz, como era conhecido por suas apresentações no rádio, quando a locutora chamava: "Quando os Ponteiros do Relógio se Encontram na Metade do Dia, encontra-se também no programa de Luis Vassalo - Francisco Alves, o Rei da Voz", vinha de uma apresentação da Casa de Lázaro, para as crianças doentes de hanseniase.. Lá, ele gravou a música Criança Feliz, uma homenagem as crianças da Casa de Lazaro. Fica a lembrança do que ele gravou naquela ocasião: "Ó Meu Bom Jesus que a todos conduz olhai as crianças do nosso Brasil".

quinta-feira, 28 de maio de 2009

RIBEIRA - 292

REDE MANCHETE
Aconteceu, virou Manchete.
A Rede Manchete (também conhecida como TV Manchete) foi uma rede de televisão brasileira, fundada na cidade do Rio de Janeiro em 5 de junho de 1983 pelo jornalista e empresário ucraniano naturalizado brasileiro Adolpho Bloch que permaneceu no ar até o dia 10 de maio de 1999. A programação da emissora foi marcada por altos e baixos durante a sua existência. A cobertura do carnaval carioca também teve grande destaque na programação da TV Manchete. A emissora mostrava os preparativos da grande festa popular do país com os programetes Feras do Carnaval e Esquetando os Tamborins, exibidos ao longo da programação. A cobertura do "Carnaval da Manchete" começou em 1984, ano de inauguração do Sambódromo carioca. A emissora de Adolfo Bloch conseguiu exclusividade nas transmissões daquele ano após desistência da Rede Globo, ocorrida por questôes de ordem polílitica (desavenças entre Roberto Marinho e Leonel Brizola). No ano seguinte (1985) a Globo voltou a transmitir os desfiles simultaneamente com a Manchete. Em 1988 a Manchete não transmitiu os desfiles por conta de um impasse com os organizadores dos desfiles e em 1999, a falta de recursos a impediu de transmitir o evento.
Outras telenovelas de sucesso produzidas pela Manchete forma Dona Beija (1986), Helena (1987), Corpo Santo (1987), Kananga do Japão (1989), além de sua primeira produção dramatúrgica, a minisérie Marquesa de Santos (1984). Um dos seus mais notáveis sucessos foi a novela Pantanal, exibida em 1990 a 1991. Vieram outros como A História de Ana Raio e Zé Trovão (1991), Tocáia Grande (1995) e Xica da Silva (1996).
O canal se tornou conhecido também por exibir as diversas séries de tokusatsus e animes., todas de origem do Japão, com grande sucesso, que também foi responsável da introdução das produções japonesas no Brasil, que anos depois outras emissoras de TVs abertas e assinaturas passaram a exibir outros animes.
Outro nome famoso, que ganhou projeção na Manchete foi o do radialista Eloy Decarlo. Conceituado comunicador carioca, se tornou nacionalmente conhecido quando, por todo o tempo de existencia da emissora, foi a "voz-padrão" das chamadas da programação do canal e das vinhetas, principalmente nos comerciais. O jornalismo foi o carro-chefe da emissora. O telejornal Jornal da Manchete, o principal informativo do canal trazia aprofundamento das noticias e comentários de grandes nomes do jornalismo brasileiro, como Carlos Chagas, Villas-Boas Correia, Zevi Ghivelder, e Salomão Schvartzman, entre outros comentaristas como João Saldanha.. Também revelou os apresentadores Mylena Ciribelli, Cláudia Cruz e Alexandre Garcia que posteriormente foram tranferidos para a Rede Globo.
A Rede Manchete viveu dias de glorias e de insucesso ao longo de sua trajetória. Um débito de 200 milhoes de reais para com o INSS e o FGTS, além de falta de pagamento de salarios dos operários, levaram ao fim a emissora. No dia 10 de maio de 1999 era o final da estação. A Rede foi vendida a outros grupos que assumiram o passivo da estação.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

RIBEIRA - 291

RÁDIO NACIONAL
A PRA-X - Sociedade Rádio Philips do Brasil foi fundada em 12 de março de 1930 no Rio de Janeiro, então capital federal, pela Philips (que se instalara no Brasil nos anos 20). O primeiro símbolo fazia parte da empresa e foi usado como logomarca nos primeiros anos da emissora no Rio de Janeiro. Possuia uma boa qualidade de som em comparação com as outras emissoras da época, não só pela potência do sinal irradiado, mas também pela qualidade dos rádios da marca vendidos à elite carioca por um pernambucano que viria a tornar-se num dos mais famosos produtores de programas de rádio da época: Ademar Casé (avô de Regina Casé). Os locutores da emissora programavam-na como sendo do "signo das estrelas", uma vez que a sua logomarca era composta pelo desenho de quatro estrelas.
Criativo e empreendedor, Casé era um agente de anúncios para revistas quando começou a ser vendedor de Rádios Philips, Com a lista telefonica nas mãos, Casé tinha o nome e endereço de possiveis clientes. A sua tática era visitar as casas durante os dias úteis, Esperava o dono da casa sair para trabalhar e só então tocava a campaínhia. O segredo cosistia em pedir para falar com o proprietário da casa chamando-o pelo nome como se realmente o conhecesse, em seguida dizia à esposa que tinha informações que o marido estava em adquirir um rádio. E como a esposa nunca sabia do assunto (e seria impossivel saber), ele deixava o aparelho ligado e sintonizado na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Quando voltava, três dias depois, a familia já estava encantada com a novidade. Muitas vezes, ainda contra a vontade, o dono acabava por comprar o aparelho.
As vendas eram impressionantes e o diretor comercial da Philips do Brasil quis conhecer pessoalmente esse vendedor que "chegava a levar 30 aparelhos no carro, vendia todos e voltava com um pedido de mais 27".
Aproveitando os contatos e a sua fama de grande profissional dentro da Philips, Ademar Casé sugeriu a Vitoriano Augusto Borges, diretor da Rádio Philips, o aluguer de um horário e explicou que essa nova experiência seria ainda melhor e mais dinâmica do que o "Esplêndido Programa", programa de maior sucesso na época transmitido pela Rádio Mayrink Veiga. O Programa Casé estreou às oito horas da noite de 14 de fevereiro de 1932, e tornou-se um sucesso.
--- FIM DA PHILIPS.
A Rádio Philips foi desativada em 1936 pela organização holandesa, forçada por uma legislação governamental, que criava embaraços a uma emissora com suas características, já que tinha como principal objetivo divulgar os produtos fabricados e comercializados pela Philips do Brasil. Por outro lado, a Philips era a única emissora carioca a atingir São Paulo e, por não apoiar da Revolução Constitucionalista de 1932, passou a enfrentar o boicote paulista aos seus aparelhos. Como a emissora nascera para ajudar a promover os produtos Philips e não para os prejudicar, a direção da multinacional decidiu vendê-la. A emissora foi oferecida a Ademar Casé, mas este não dispunha dos cinquenta contos de réis necessários para a compra.
Então a emissora foi adquirida pelo grupo do jornal "A Noite", "Noite Ilustrada" e "Revista Carioca" e transformada na famosa Radio Nacional do Rio de Janeiro., sendo os seus estúdios instalados inicialmente na Praça Mauá, edificio de A Noite.
A Rádio Nacional do Rio de Janeiro foi fundada em 12 de setembro de 1936, tendo se tornado um marco na história do rádio brasileiro. Com isso, uma empresa privada foi estatizada pelo Estado Novo de Getúlio Vargas em 8 de março de 1940 que a transformou na rádio oficial do Governo brasileiro. Mais interessado no poder e na penetração do rádio como instrumento de propaganda o Estado Novo permitiu que os lucros auferidos com a publicidade fossem aplicados na melhoria da estrutura da rádio o que permitiu que a Rádio Nacional mantivesse o melhor elenco de músicos, cantores e radiolocutores da época, além da constante atualização e melhoria das suas instalações e equipamentos.
Em 1941, a Rádio Nacional apresentou a primeira radionovela do pais, "Em Busca da Felicidade" e, em 1942, inaugurou a primeira emissora de ondas curtas, fato que deu aos seus programas uma dimensão nacional. A rádio também contava com excelentes programas de humor como: "Balança Mais Não Cai", que contava com Paulo Gracindo, Brandão Filho, Walter D'Ávila, entre outros, e PRK-30 que simulava uma emissora clandestina que "invadia" a frequencia da Rádio Nacional. O programa era escrito, dirigido e apresentado por Lauro Borges e Castro Barbosa que parodiavam outros programas, inclusive a própria Radio Nacional, propagandas e até cantores e músicas.
A emissora foi a primeira também no radiojornalismo quando, em 1941, durante a Guerra Mundial, criou o Repórter Esso . Criado basicamente para noticiar a guerra sob o ponto de vista dos aliados, o Reporter Esso acabou por criar um padrão inédito de qualidade no jornalismo brasileiro que, até então, se limitava a ler no ar as noticias dos jornais impressos. Com seu modo austero e preciso de noticiar, o Repórter Esso fez escola e serviu de modelo para diversos outros programas de noticias que se seguiram, até mesmo na televisão nos dias atuais. Heron Domingues, com a sua voz vibrante se tornou sinônimo do Repórter Esso: a testemunha ocular da história. Durante décadas apresentou o mais famoso noticiario brasileiro a ponto de ser impossivel separar um do outro. O Repórter Esso ficou no ar até 1968.
Dos anos 1930 até o final dos anos 1950, o rádio possuia um enorme "glamour" no Brasil. Ser artista ou cantor de rádio era um desejo acalentado por milhares de pessoas, especialmente jovens. Pertencer ao "cast" de uma grande emissora como a Rádio Nacional era suficiente para que o artista conseguisse fazer sucesso em todo o pais e obtivesse grande destaque e prestigio. Atualmente, parte significativa do acervo da Rádio encontra-se no Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro. Trata-se da "Coleção Rádio Nacional", constituida por 31 mil discos de 78 rpm, mais os discos de acetato referentes a 5.171 programas, 1.873 gravações musicais inéditas, 88 de prefixos, 82de jingles e 7 de efeitos, todos já copiados em CDs. Há, ainda cerca de 20 mil arranjos e 1.836 scripts.
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terça-feira, 26 de maio de 2009

RIBEIRA - 290

CARMEN MIRANDA
Maria do Carmo, filha de José Maria Pinto Cunha, barbeiro, e Maria Emilia de Miranda, nasceu às 3 horas do dia 9 de fevereiro de 1909, em Várzea de Ovelha e Aliviada, Marco de Canavezes, Portugal. Já no fim de 1909, o seu pai mudou-se para o Brasil, à procura de uma vida nova. Assim que se instalou, mandou buscar a família. A Bituca, como era chamada Carmen, cresceu no meio do samba do Rio de Janeiro, numa humilde pensão familiar no 1º andar da travessa do Comércio, nº 13. Aos 15 anos começou a trabalhar como costureira de chapéus. Com 16 anos, começou o trabalho de vendedora de gravatas, onde conheceu o primeiro namorado, Mário Cunha, que havia sido campeão de Remo. Nesta época, mudou o seu nome para Carmen Miranda. Convidada para cantar numa festa no Instituto Nacional de Musica, foi descoberta por Josué de Barros, que a convidou para gravar um teste na Victor, o qual se tornou no seu primeiro disco, um sucesso que continha canções como Tahi. O sucesso transformou-se num contrato com a RCA, ganhando mais fama e tornando-se na pequena notável. A ameaça de guerra na Europa mexe com o Brasil, e Carmen é favorita de Getúlio Vargas, um líder nacionalista que celebra um novo Brasil, como muitas das músicas cantadas por Carmen.
Carmen começa a gravar os seus primeiros filmes com a irmã, Aurora, dos quais restam poucos minutos. O seu sucesso chega à Argentina, onde ela e sua irmã são conhecidas como "Las Irmanas Miranda". Grava o filme "Banana da Terra", onde apareceu pela primeira vez como baiana. Em 1939, época dos grandes cassinos no Rio, numa apresentação sua no cassino da Urca, um poderoso empresário da Broadway, um dos irmãos Schubert, vindo no Transatlântico Normandie, vê a imagem cheia de promessas. No dia seguinte, Carmen vai com ele ao navio para conversar. Séria, sabia que deveria jogar suas cartas muito bem. Dois dias mais tarde, assinaram o contrato. Carmen vai para a Broadway. Mas é impedida de levar sua banda. Ela sabia que precisava de uma banda que soubesse tocar música brasileira, então recusou-se a partir sem a banda. Getúlio ajudou-a a levar a banda consigo. Ela seria a imagem do Brasil nos EUA, a embaixadora da boa-vizinhança. E ela leva isso a sério, quase como uma missão.
"Meus queridos amigos. Sigo para Nova York onde vou apresentar as músicas de nossa terra. Às vezes tenho medo da responsabilidade. Lembrem-se sempre de mim que eu nunca os esquecerei". Dias depois Carmen e a sua banda embarcavam no navio S.S.Uruguay.
A Carmen Miranda que chegou a Nova York não era a mesma Carmen Miranda que deixara o Brasil. Respondia as primeiras parguntas na América, com o pouco de inglês que sabia, ingênua, dando respostas tolas e sem sentido. E foi por essa Carmen que eles se apaixonaram. "Meu querido Almirante. Aqui vai uma cartinha contando-te que a tua amiga, segundo jornais, é a grande sensação da Broadway. A minha estréia foi algo indescritível. Eles não entendiam patavinas do que eu canto, mas dizem que sou a artista estrangeira mais sensacional que até hoje apareceu aqui". "Meus queridos e saudosos amigos ouvintes do Brasil. Boa noite. Os aplausos que escuto todas as noites na Broadway parecem-me um eco dos aplausos dos brasleiros contentes por ver o sucesso da sua música popular nos Estados Unidos. Novamente digo que tudo farei para sempre corresponder às gentilezas do público da minha terra. Adeus Brasil. Até a volta e bye-bye".
Mas o Brasil não acreditou no sucesso de Carmen, pois no Brasil o samba era coisa de favela, não aceita pela sociedade. Passou-se um ano de meio até o seu regresso ao Brasil. Um grande estrondo na sua chegada. O Departamento de Imprensa e Propaganda, órgão do governo Vargas, preparou uma recepção oficial para a sua chegada. No dia seguinte, os jornais falaram mal. Aquilo não era recepção para uma cantora de samba, e sim para um grande cientista ou um grande músico. O samba era do povo.
A sua primeira apresentação não foi muito boa Cantando para uma plateia de convidados especiais de Dona Darcy Vargas, não se sente no meio do seu verdadeiro público. Cumprimenta em inglês. Silêncio. Canta uma versão americanizada de uma música de ritmo brasileiro. Novamente silêncio. Resolve então encurtar o show, tocando apenas mais algumas músicas. No final, vaiaram-na, alegando que ela havia voltado americanizada. Nunca se soube o motivo daquelas vaias que tanto magoaram Carmen Miranda. No dia seguinte, na sua última apresentação no Brasil, desta vez ao seu público, o povo, cantava: "Disseram que eu voltei americanizada", tranquilizando a sua gente. Nesse dia, recebe um telegrama da Fox convidando-a a ir a Hollywood gravar filmes.
Chegou a Hollywood na época dourada do cinema. Comprou uma casa em Beverly Hills, para a qual levou a mãe, a irmã Aurora e o cunhado Todos os que trabalhavam e conviviam com ela a amavam, achavam-na uma ótima pessoa. Na Fox, Carmen Miranda torna-se a atriz mais bem paga nos EUA. E 6 meses depois de deixar o Brasil, ela deixava suas marcas na calçada da fama.
Depois de voltar ao Brasil pela segunda vez, adoecer e ter que ser acompanada por um medico, retornar aos Estado Unidos, Carmen, cheia de barbituricos para dormir e para acordar, fazer tratamento de choque que lhe prejudicavam a memoria, Carmen, então, depois de participar de um programa de TV de Jimmy Durante, cai de joelhos nao podendo respirar. Amigos a levantam e levam-na para casa. Essa é a última imagem de Carmen Miranda. Ela foi encontrada morta por sua governanta na manhã seguinte, em seu quarto, caída a poucos metros da cama. Era dia 5 de agosto de 1955. Um enfarte fulminante ceivou-lhe a vida. Carmen tinha 46 anos de idade. O seu corpo foi trazido para o Rio de Janeiro e enterrado no Cemitério de São João Batista. O povo mas de 500 mil pessoas, cantava a música que a consagrou: Ta-hi. A memória de Carmen Miranda é mantida viva por admiradores em dezoito fás-clubes no Brasil, Estados Unidos, Australia, Cuba, França, Africa do Sul, Inglaterra, Italia e India. Em 20 anos de carreira deixou a sua voz registrada em 279 gravações no Brasil e mais 34 nos EUA, num total de 313 gravações.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

RIBEIRA - 289

O RÁDIO NO BRASIL
Com a inauguração do Rádio no Brasil, a primeira cidade a fazer uma transmissão radiofônica foi a cidade do Recife, em 1919, através da Rádio Jornal do Commercio. No entanto, esta experiencia durou pouco - apenas três meses , haja vista que o material do rádio era importado da França que estava em guerra e não podia atender aos pedidos da emissora. Com isso, a primeira emissora instalada foi no Rio de Janeiro, em 1922, em definitivo, passado a guerra e funcionando com material importado dos Estados Unidos, de boa qualidade, sendo capaz de atender aos pedidos feitos para a reposição desses materiais. Na ocasião, Epitácio Pessoa fez um discuros na Praia Vermelha, pela Radio Sociedade em homenagem ao dia 7 de setembro marcando o primeiro centenário da Independencia do Brasil. A história foi contada no ar, por assim dizer. Para isso, foram importados 80 receptores de rádio especialmente para o evento.
Em 1923, foi fundada a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro por Roquette Pinto, hoje Radio MEC, - o mesmo que deu asas a primeira tranmissão um ano antes -, e Henry Morize, fornecendo à emissora um cunho educativo. Porém os aparelhos de rádio eram destinados apenas às elites dado aos altos custos, impossivel de ser adquiridos pela sociedade da classe média. A pobre, essa nem se fala. Ainda na década de 1920, o rádio foi se espalhando pelo território brasileiro, mas vivia de mensalidades pagas pelos ouvintes.
Entretanto, na década de 1930, surge a rádio comercial devido a inserção publicitária baixada por decreto em 1º de março de 1932, que correspondia a 10% da propaganda veiculada. Como resultado. Como resultado, percebeu-se a passagem de erudita para cultura popular com o intuito de atingir o público de massa. De interesses educativos passou-se a mercantís; passou a responder às necessidades coletivas de recreação e informação, sendo manipulador de opinião.
A profissionalização no rádio foi constatada a partir das programações melhores distribuidas, da linguagem aprendida e dos objetivos assumidos para conquistar audiencias e mercado para os produtos anunciados. Ainda da década de 1930, aparece a propaganda política. César Ladeira, locutor da Rádio Record, em 1932, inaugura um programa com episódios da Revolução Constituinte, em São Paulo. Também surgem os programas de auditório com a participação popular e a Rádio Jornal do Brasil estabelece em sua programação o cunho informativo; nasce também A Voz do Brasil. Apesarde estar vivendo sua época de ouro, nos anos de 1940, conquistando novos públicos e descendo ao popular, teve em sua história a intervenção federal, marcando nelas um forte controle social determinado pelo Governo. Era a época da guerra sentida em todas emissoras de rádio, inclusive em Natal, no Rio Grande do Norte. É nessa configuração social que surge o Ibope, em 1942. A radionovela pioneira, "Em Busca da Felicidade", data-se dessa época. A Rádio Panamericana, de São Paulo, transformou-se em "Emissora de Esporte". Surge o radiojornalismo com o "Reporter Esso", no ano de 1941 na Radio Nacional do Rio de Janeiro, e nas Emissoras Associadas, "O Grande Jornal Falado Tupy" bem como o "Matutino Tupy". Seguindo a orientação da emissora, quando foi comprada suas ações, a Radio Poty do Natal, em 1945, introduziu em sua programação "O Matutino Poty" bem como "O Grande Jornal Falado B-5". Com antecedencia, já havia através da Radio Educadora de Natal - REN - a paresentação da Gazeta Sonora, escrita, dirigida e apresentada por Genar Wanderley.
A época de ouro declina-se com o advento da televisão, nos anos de 1950. Em 1952, em Natal, houve uma demostração para o público pagante de uma transmissão de televisão. Dois aparelhos postos à frente da Radio Poty mostravam o que se passava dentro do auditório, trazendo as imagens em preto-e-branco para os receptores na rua. Mostrava-se os equipamentos que faziam aquele milagre da imagem captada em outro extermo da cadeia. Wanildo Nunes, locutor, naquela oportunidade disse: "Estão vendo esse milagre? É a televisão! A pioneira no Brasil! Todos esses equipamentos são para transmitir os senhores em imagens". Natal já estava com um pé dentro dessa era televisiva. No entanto, ainda tinha que esperar até 1970 para ter a sua primeira estação. Quase 20 anos depois.

domingo, 24 de maio de 2009

RIBEIRA - 288

REDE EXCELSIOR
A Rede Excelsior é uma extinta rede de televisão brasileira cuja primeira emissora, a TV Excelsior de São Paulo, entrou no ar em 9 de julho de 1960. Fechou as portas em definitivo em 30 de setembro de 1970. A rede de televisão pertencia ao empresário Mário Wallace Simonsen. Em 1959, as Organizações Victor Costa, proprietárias da TV Paulista, canal 5 de São Paulo (mais tarde adquirido pela Rede Globo), receberam concessão para um segundo canal na cidade, o canal 9. A posse de mais de um canal de TV por um mesmo grupo não era proibida pelas leis da época. As Organizações Victor Costa também eram donas da Rádio Excelsior e por isso, já na concessão, foi definido como nome da futura emissora TV Excelsior. Parém antes que planejassem o que fariam com o canal, um grupo de empresários liderados pela família Simonsen, dena, entre outras 41 empresas, da Panair do Brasil, a maior empresa de aviação do país, compraram a emissora ainda no papel. O grupo ainda contava com empresários como José Luís Moura, da exportação de café de Santos; o deputado federal Ortiz Monteiro, fundador da TV Paulista e João de Scantimburgo, proprietário do Correio Paulistano. A concessão foi adquirida por 80 milhões de cruzeiros, valor extremamente elevado para a época. Além da concessão, foram adquiridos um pequeno lote de equipamentos entre os quais figurava algumas câmeras, uma torre e um transmissor. O sistema de tranmissão foi instalado na esquina da rua da Consolação com a Avenida Paulista, os estúdios na avenida Adolfo Pinheiro e a área comercial de administrativa na região do centro da cidade. A Excelsior entrou no ar em 9 de julho de 1960, com uma programação centrada em jornalismo, séries e filmes estrangeiros. Concorria com a TV Tupy e a TV Cultura, pertencentes ao empresário Assis Chateaubriand que comandava o complexo dos Diarios e Emissoras Associados; com a TV Paulista das Organizações Victor Costa, e com a TV Record da família Machado de Carvalho. Distinguia-se de suas concorrentes pela pontualidade nos horários de programação. Seu primeiro diretor artístico foi Álvaro Moya com o auxilio de Manoel Carlos e Abelardo Figueiredo.
A recém inaugurada emissora alugou o Teatro Cultura Artistica, em São Paulo, conseguindo assim estúdios e auditórios respeitáveis.. Com o novo espaço vieram novas atrações, entre elas programas humorísticos, de auditórios e musicais, como Brasil 60, com Bibi Ferreira. Primeira televisão brasileira a se utilizar tanto da programação horizontal, em que a mesma atração é exibida no mesmo horário todos os dias e a programação vertical, em que a atração que sucede a anterior visa manter o público desta por afinidade de conteúdo, torna-se dentro de seis meses de operação a líder de audiencia na cidade de São Paulo. Em 1962, constroi um grande estúdio no bairro da Vila Guilherme, em São Paulo e adquire equipamentos modernos.. Ainda neste ano, inovou no telejornalismo ao lançar o programa Jornal de Vanguarda, que, criado pelo jornalista Fernando Barbosa Lima, trazia vários locutores e comentaristas. Em 1963 comprou a concessão do canal 2 do Rio de Janeiro, até então pertencente à Rádio Mayrink Veiga, que nunca desenvolveu sua estação de TV. E assim, a Excelsior começa a implantar o conceito de rede de televisão no Brasil, visto que a TV Tupy de São Paulo encarava sua homônima do Rio como concorrente. A Excelsior usava da tecnologia do vídeoteipe, novidade na época, para distribuir programas que eram exibidos na mesma hora pelas TVs afiliadas. Também em 1962 se torna a primeira emissora no pais a tentar transmitir em cores. O sistema utilizado foi o NTSC americano e o primeiro programa em cores foi o Moacyr Franco Show. A TV Tupy somente transmitia em cores em 1964, quando começou a transmitir o seriado Bonanza aos sábados. A TV Record também começaria a transmitir em cores a partir do seriado Bonanza. O Sistema NTSC não decolou no Brasil, pois os receptores em cores eram muito caros.. A primeira transmissão oficial, já com o sistema Germano-Brasileiro PAL-M, foi realizado pela rede Record e TV Rio., em parceria com a Rede Globo, Rede Tupy e Rede Bandeirantes, a partir da TV Difusora de Porto Alegre que fazia rede com a TV Bandeirantes, em 1972, com a Festa da Uva de Caxias do Sul.
Com o passar do tempo, com o atraso em seus compromissos, perdendo 170 milhões de cruzeiros só em impostos, no dia 1º de outubro de 1970, com seu capital à beira da falencia, a Excelsior por fim, ruiu. Por volta das 18h40, Ferreira Neto invade o estudio, que estava trasmitindo o programa humorístico, e anuncia aos telespectadores que o governo decreta o fim da Excelsior. A emissora saiu do ar exatamente as 17h56 do dia 30 de setembro de 1970. Era o começo da TV Manchete, emissora com padrão diferenciado da Excelsior.

sábado, 23 de maio de 2009

RIBEIRA - 287

ESTÚDIO
Na década do ano de 1940, na pequena cidade do Natal, capital do Rio Grande do Norte, um grupo de comerciantes propôs a criação da primeira rádio da cidade: a Radio Educadora de Natal, mais conhecida por REN. A cidade tinha pouco mais de 55 mil habitantes. Nessa época, os meios de comunicação de massa, encontrados em Natal, eram os jornais impressos e o sistema de alto-falantes, denominado Indicador da Agência Pernambucana - I.A.P. , fundada em 1938, de propriedade de Luis Romão. Os amplificadores de som, popularmente designadode "bocas de ferro", eram instalados em praças publicas, no Grande Ponto, Alecrim, Rocas, Petropolis, Lagoa Seca, Tirol além da própria Ribeira, bairro onde funcionava Agência. Suas interligações eram feitas por fios e a programação tranmitia musicas, informações de casas de comércio, revistas, além de poesia e dramas com apresentação ao vivo. O sistema de auto-falantes - IAP -se configurou num importante divulgador de notícias, principalmente durante a II Guerra Mundial. Eider Furtado, diretor artístico da primeira estação de rádio do Estado, disse que quando marcava 09h00 da noite o pessoal da cidade procurava ouvir a BBC de Londres, com a duração de quinze minutos. Depois desse encontro a cidade se esvaziava com cada um indo para as suas casas. O sistema de alto-falantes pode ser considerado como o precursor do rádio de Natal., fornecendo ao publico entretenimento e informação.
O desejo da sociedade em possuir uma estação de rádio no Estado não ficou apenas no campo das idéias. A população colaborou para a instalação da primeira estação de rádiodo Rio Grande do Norte, com a doação do cimento e fazendo as festas do microfone, do disco e da radiofonia que contava com a colaboração de cantores. Carlos Lamas e Carlos Farache encabeçaram o sonho da instalação e foram considerados os dois grandes idealizadores da rádio pioneira. Entretanto, para Carlos Lamas, além do ansêio popular, havia o interesse comercial atuando como motivador da instalação de uma emissora radiofonica em Natal.Isso porque, Carlos Lamas era um representante oficial dos aparelhos de rádio RCA Victor, sendo o proprietário do estabelecimento comercial "Casa Carlos Lamas".
E foi nesse contexto de ansiedade e desejo social que surgiu a Rádio Educadora de Natal - REN, a primeira do Rio Grande do Norte que teve seu estatuto aprovado em 11 de março de 1940. No entanto, a concessão pelo Ministério de Obras e Viação só foi dada em 16 de maio de 1941 e a Radio Educadora de Natal entrou efetivamente no ar em 29 de novembro de 1941, na voz do locutor Genar Wanderley. A emissora passou a transmitir em Ondas Média e Curtas.
A Rádio Educadora de Natal, apesar dos dois grandes idealizadores e da participação social, pertencia a vários acionistas, dentre eles: Carlos Farache, José Gurgel do Amaral Valente, Paulo Pimentel, Gentil Ferreira de Sousa, José Elpídeo dos Santos, e Luis da Câmara Cascudo. Inicialmente a emissora transmitia em três horários: 8h as 11 horas; 13h às 15h: e 18h às 22h.
Um ano depois da instalação da primeira estação radiononica do Rio Grande do Norte, o Brasil entrou n II Guerra Mundial e, Natal, localizada numa posição geografica estratégica, sendo limitada a leste pelo Oceano Atlantico, é o ponto mais próximo até Dakar, na África, por isso tornou-se Base Militar americana, no ano de 1942. A partir desse fato a REN e Natal sofreram algumas interferências. A pequena cidade recebeu um grande contingente de militares, sobretudo americanos, a partir da criação da Base Aérea de Natal e de "Parnamirim Field". A população natalense aumentou em 20%, o que mudou drasticamente os hábitos locais e Natal passou a ter vida noturna, com a inauguração dos bailes nos clubes de lazer para os soldados americanos. Glorinha Oliveira, cantora da Radio Educadora de Natal, disse que cantores e orquestras da emissora se apresentavampara os americanos. Entretanto, a presença dos norte-americanos em Natal trouxe também medo e ansiedade. A sociedade natalense, na expectativa de um ataque militar do "EIXO" - Alemanha, Itália e Japão - era submetida pelos soldados americanos ao "toque e recolher" e ao "black-out" - o apagar das luzes da cidade para dificultar a chegada do "inimigo".
Enquanto isso a Rádio Educadora de Natal era fiscalizada, podendo ser censurada quando se achava necessário. Foi, portanto, nesse clima de conflito que os profissionais da REN relatam um episodio interessante: "dentro de uma programação musical foi colocada no ar uma música alemã e imediatamente a estação foi fechada e lacrada. O locutor do horário - Genar Wanderley - e o discotecario - Ubaldo Lima foram detidos. Depois, percebeu-se que tinha colocado no ar o hino alemão, mas quem programou não sabia do que se tratava, e quem leu não deve ter recebido o nome em alemão. A questão foi resolvida por Carlos Lamas que era o diretor da emissora no período".
Foi entao que entrou em cena o cidadão Assis Chateaubriand. No ano de 1944 ele compra a REN, cujos estudios e auditorio eram na Avenida Deodoro e a torre retransmissora era logo atrás, na rua, hoje conhecida como General Cordeiro de Farias, em um terreno desocupado e que dava acesso naquele tempo à Penitenciaria de Natal, hoje um ponto turístico. Assis Chateaubriand transformou a emissora em Radio Poty. Com outra denominação e fazendo parte do conglomerado midiático de Chateaubriand que na época continha jornais impressos em várias cidades brasileiras, algumas revistas, como O Cruzeiro, e poderosas estações de rádio, a pioneira emissora do estado recebe modificações.
Dentre elas, destaca-se a construção de um primeiro andar, o aumento do palco onde eram apresentados os programas de auditorio e a retirada do vidro que dividia a platéia e o palco, fato que promoveu melhor tratamento acústico e tornou a comunicação, efetivamente bidirecional, tendo em vista que o público além de ouvir a própria voz dos emissores, podia interagir facilmente com os locutores. Com o título de Rádio Associada, a emissora recebia a presença de muitos cantores nacionalmente conhecidos como: Vicente Celestino, Isaurinha Garcia, Ângela Maria, a famosa orquestra de Agostin Lara, Josefine Backer, Gregorio Barrios, Linda Batista, Dircinha Batista, Orlando Silva, Gilberto Alves, Carlos Galhardo, e tantos outros artistas de renome.
A Rádio Poty para poder transmitir programas de auditorio, humoristios, jornalísticos, musicais, radionovelas e outros, possuía um elenco de profissionais enquadrados nos Departamentos: artístico, jornalistico e administrativo, chamado de o "cast" da Poty. Os locutores da emissora eram os responsáveis em transmitir informações jornalisticas ou de entretenimento, recebiam designações diferentes, correspondendo ao local onde o programa era apresentado. Dentre os profissionais de locução destacaram-se: Genar Wanderley - "o cacique", porque era o mais antigo da emissora. Foi ele quem criou e apresentou o primeiro noticiario do radio potiguar: Gazeta Sonora.. Alem dele se conta Luis Cordeiro, Wanildo Nunes, Fonseca Junior, Lourdes Nascimento, Teixeira Neto,Roberto Ney, Marcelo Fernandes, Edmilson de Andrade e Aluizio Machado entre muitos outros que o tempo não esquece.
No cast de rádioteatro tinha em sua grande maioria: Zilma Rayol, Alba Azevedo, , Francisco Ivo Cavalcante, Marly Rayol, Clarice Palma, Lurdinha Lopes, Wanildo Nunes, Fonseca Junior, Lourdes Nascimento, Teixeira Neto, Roberto Ney, Glorinha Oliveira, Luis Cordeiro, Genar Wanderley, Nilson Freire, Sandra Maria e Anibal Medina. O contra-regra das telenovelas era João Maria Freire. Hoje, a Radio Poty não mais existe. Os seus gloriosos feitores estão esquecidos. Em data recente, abril, os "donos" dos Associados" botaram para fora os últimos dirigentes da rádo, inclusive Cassiano Arruda que estava ha 39 anos na empresa. Antes, em 1996, foram demitidos setenta funcionarios. No periodo de 1990, também foi demitido o superintendente dos Diarios Associados no Estado, Luis Maria Alves. O tempo correu e agora expulsaram outro superintendente, Albimar Furtado. Desse modo, a Radio Poty foi transformada em Radio Clube de Natal e todo o seu acervo cultural, até mesmo os discos de 78 rpm e os LPs foram postos fora. A era de um sonho, por fim, acabou.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

RIBEIRA - 286

HERON DOMINGUES
REPORTER ESSO: TESTEMUNHA OCULAR DA HISTÓRIA.
Durante 18 anos, o Jornalismo de rádio se resumia á leitura ao microfone de noticias recortadas de jornais. Tesoura, papel e cola eram os três recursos usados pelos radialistas de então. Os locutores apenas liam, ao microfone, informações velhas, que já haviam sido publicadas. Isso mudou no dia 28 de agosto de 1941, quando o Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial, ao lado das forças aliadas e a Radio Nacional, do Rio de Janeiro, colocou no ar a primeira edição do Reporter Esso, que já funcionava, de forma experimental, na Rádio Farroupilha de Porto Alegre. noticioso era patrocinado pela Esso Brasileira de Petróleo e já existia em cidades como Nova York (EUA), Buenos Ayres (Argentina), Santiago (Chile), Lima (Peru) e Havana (Cuba) - fruto da Politica de Boa Vizinhança dos Estados Unidos com os paises da América Latina, seus aliadosna guerra.
O programa era produzido no escritório de uma agência estrangeira de Publicidade e Propaganda, sediada no Rio de Janeiro, a partir de informações distribuidas pela agência internacional de notícias UPI (United Press International). Até maio de 1945, quando a guerra acabou, as noticias transmitidas pelo Repórter Esso eram principalmente informes sobre o desenrolar da guerra. Os dois slogans principais do programa eram: "o primeiro a dar as últimas" e "testemunha ocular da História".
A maior contribuição do Repórter Esso foi introduzir o noticiário adaptado para a linguagem radiofônica. Pela primeira vez, um jornal falado tinha horários certos para entrar no ar: às 12,55, 18 horas, 19,55 e 22,55 - sem contar as edições extras , que dependiam de informações urgentes do front direto da Europa. O Repórter Esso também lançou no Brasil o primeiro guia impresso para orientar radialistas na preparação do noticiario. O Manual de Produção destacava três regras básicas cumpridas com rigor pelo programa:
- O Repórter Esso é um programa informativo.
- O Repórter Esso não comenta notícias.
- O RepórterEsso sempre fornece as fontes da notícia.
Boa parte da grande credibilidade do Repórter Esso juntos aos ouvintes na época da guerra foi resultado da locução de Heron Domingues, escolhido entre centenas de candidatos para dar voz ao Reporter Esso. Milhares de ouvintes se acostumaram e aprenderam a confiar no estilo de locução de Heron, que passou a ser imitado em todo o País. Profissional exigente, ele dava atenção às leituras de cada detalhe da notícia - como a pronúncia correta de nomes e palavras estrangeiras, o ritmo das frases para valorizar a informação, e a interpretação do texto para conseguir atrair o ouvinte. Uma demonstração da força do Repórter Esso junto ao público foi vista no fim da guerra. Apesar de a Radio Tupy ter sido a primeira emissora a anunciar o pacto de paz, a população só foi às ruas comemorar após ouvir a confirmação da notícia pela voz de Heron Domingues, em uma edição extra do informativo.
Até hoje é bastante comum encontrarmos pessoas que se referem a jornais de Rádio ou TV como "o repórter" ou "deu no reporter" - uma prova de prestigio alcançado tanto por Heron Domingues, quanto pelo Repórter Esso. Depois da Segunda Guerra Mundial, o Repórter Esso noticiou grandes fatos, como a Guerra da Coréia (1950), a morte de Getúlio Vargas (1954) e a Revolução Cubana (1959). Mas não informava, por exemplo, notícias da Europa, da Ásia e da África se não houvesse interesses norte-americanos envolvidos.. O programa terminou suas transmissões em 31 de dezembro de 1968 com Heron Domingues narrando a abertura, e Roberto Figueiredo despedindo-se dos ouvintes bastante emocionado.
O Reporter Esso ganhou sua versão na televisão em 10 de abril de 1952. Naquele dia, às 19h45, o famoso prefixo musical marcou a entratada do programa jornalistico no ar pela Tv Tupy. A edição paulista tinha Kalil Filho como apresentador. No Rio, Luís Jatobá e Gentijo Teodoro, que ficou até o final. Na Tv Itacolomí, em Belo Horizonte, tinha Luiz Cordeiro no comando - e que atuou um bom tempo na Rádio Poty, de Natal, Rn, fazendo "Sabatina da Alegria" - na Tv Piratiní, em Porto Alegre, Helmar Hugo, na Tv Rádio Clube, em Recife, Edson Almeida. A Agencia Nacional e a United Press International (UPI) abasteciam o telejornal com noticias. A empresa norte-americana de petroleo, a ESSO, patrocinava e orientava o modelo deste noticiario em diversos paises. Assim como no rádio, o Reporter Esso na TV ficou conhecido pela pontualidade e credibilidade junto aos telespectadores.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

RIBEIRA - 285

ASSIS CHATEAUBRIAND
A Televisão Tupy de São Paulo, canal 3, foi a primeira emissora de televisão do Brasil e da América do Sul. Fundada em 18 de setembro de 1950 por Assis Chateaubriand, fazia parte do Grupo Diários Associados. Em 18 de julho de 1980, devido aos vários problemas administrativos e financeiros, a concessão foi declarada perempta (não-renovável) pelo governo brasileiro, e além dela, mais 6 emissoras pertencentes aos Associados também saíram do ar.
Depois de poucos meses de treinamento, alguns radialistas escolhidos por Assis Chateaubriand, o Chatô, lançaram-se à aventura de fazer TV. Os estúdios eram pequenos, o equipamento precário, mas o nascimento da TY Tupy foi solene. Chateaubriand presidio a cerimônia que contou com a participação de um frade cantor mexicano, Frei José Mojica, que entoou "A Canção da TV", hino composto pelo poeta Guilherme de Almeida, que contou também com a atriz Lolita Rodriguez, especialmente para a ocasião. Um balé de Lia Marques e a declamação da poetisa Rosalina Coelho Lisboa, nomeada madrinha de "moderno equipamento" fizeram parte do show. A jovem atriz Yara Lins foi convocada especialmente para dizer o prefixo da emissora - PRF-3 - e o de uma série de rádios que transmitiam em cadeia o acontecimento. A seguir entrou a programação na tela dos cinco aparelhos instalados no saguão do prédio dos Diários Associados.
O então radialista Cassiano Gabus Mendes que, aos 23 anos, foi o mais jovem diretor a assumir uma emissora de televisão.
Quando a TV Cultura, canal 2, foi lançada pelos Diários Associado, suas imagens interferiam no canal 3, onde a TV Tupy era sintonizada e vice-versa. Por essa razão, em 1960, a PRF-3 Tupy de São Paulo passou a ocupar o canal de número 4, onde ficariaaté o fechamento.
Acostumados à improvisação e rapidez do rádio, os pioneiros não tiveram problemas em se adaptar ao moderno veículo e aprenderam muito: ator virava sonoplasta, autor dirigia, diretor entrava em cena. A TV Tupy dos primeiros anos era uma verdadeira escola. Dois dias depois da primeira emissão, em 20 de setembro de 1950, estreou o primeiro programa humoristico, chamado Rancho Alegre com Mazzaropi. Aos poucos, outros programas ganharam fama: o primeiro telejornal, a primeira telenovela. O programa TV de Vanguarda revelou a primeira geração de atores, atrizes e diretores. Foram apresentadas peças como Hamlet, de Shakespeare, e Crime e Castigo, de Dostoiévski. Alguns programas dos primeiros tempos da TV Tupy tornaram-se campeões de audiencia e permanência no ar. Alô Doçura, Sítio do Picapau Amarelo, O Céu é o Limite, Clube dos Artistas e o famoso telejornal Reporter Esso, que ficou 18 anos no ar. No jornalismo a emissora repetiu na tela o sucesso do Reporter Esso que marcou época no rádio a partir de 1941. Os locutores Heron Domingues e Gontijo Teodoro entravam no ar com as últimas notícias nacionais e internacionais ao som de um dos mais famosos prefixos musicais da história do rádio e da televisão brasileiros. Se durante a primeira década de sua existência a Tupy foi líder absoluta, nos anos 60 as emissoras concorrentes aprimoraram sua programação para lutar pela audiencia.
A longa crise dos Diários Associados já havia começado bem antes da morte de Assis Chateaubriand, em 4 de abril de 1968. Abalada por problemas financeiros, mal administrada, sem investimentos, a Tupy perde a qualidade e audiencia. Além da audiencia, a publicidade também escapolia para as concorrentes, o caixa se esvaziava, os salários deixavam de ser pagos e a greve era questão de tempo. Em outubro de 1977, com três meses de salários atrasados, os funcionários iniciaram a primeira greve, mas ela é interrompida com o pagamento parcelado dos débitos.
Os constantes atrasos dos salários mantinham um clima tenso na emissora pioneira, em 1978. As perspectivas de pagamento dos atrasados eram cada vez mais remotas e as explicações dadas aos funcionários, cada vez mais inconsistentes. Para piorar ainda mais a situação, em outubro de 1978 um incendio no prédio da emissora, em São Paulo, tirou a Tupy do ar por alguns minutos e destruiu os novos equipamentos adquiridos pela emissora no mesmo ano, e que nem chegaram a entrar em funcionamento. Ainda em 1978, iniciou a construção de uma nova antena transmissora, que seria a maior torre de TV da América do Sul. Essa torre seria concluida pelo SBT alguns anos depois. Em 1979 e 1980, nova greve. A crise chegou a Brasilia. O então presidente da República, João Baptista de Figueiredo se dispôs a receber uma comissão de dirigentes dos sindicatos envolvidos. Muito se discutia e pouco se fazia. A greve persistiu até inicio de fevereiro de 1980, quando a emissora fechou seu departamento de dramaturgia e dispensou os 250 funcionários que trabalhavam nesse setor.
Em 16 de julho de 1980, antes de completar 30 no ar, a Rede Tupy tem 7 de suas 10 concessões declaradas peremptas (não-renovável) pelo Governo Federal. Minutos antes do meio-dia de 17 de julho de 1980, três engenheiros do DENTEL subiram ao décido andar do edificio sede da TV Tupy de São Paulo, no Sumaré, e lacraram o transmissor da emissora. Saiam também do ar a TV Tupy do Rio, a TV Itacolomí, de Belo Horizonte, a TV Marajoara de Belém, a TV Piratiní de Porto Alegre, a TV Ceará de Fortaleza e a TV Radio Clube do Recife. Era o fim da TV Tupy. A emissora saía do ar exatamente 29 anos e dez dias depois de sua inaguração. Permanece, entretanto, um acervo de duzentos mil rolos de filmes, 6,100 fitas de vídeotape e textos de telejornais que contam 30 anos de muitas histórias do Brasil e do mundo.