segunda-feira, 31 de agosto de 2009

RIBEIRA - 390

ASSIM VEIO A GUERRA
Em 1º de setembro de 1939, as Forças Armadas alemãs deram início a invasão da Polônia, também conhecida como Operação Fall Weiss marcando o início da Segunda Guerra Mundial. A invasão culminaria na dominação completa do país em 6 de outubro do mesmo ano. A operação foi iniciada em resposta a um suposto ataque polonês a uma estação de rádio, o que depois foi comprovado como um ardil dos nazistas para justificar a invasão. Durante a operação, em 17 de setembro, a União Soviética, seguindo uma cláusula secreta do Pacto-Molotov-Ribbentrop, também declarou guerra a Polônia e deu início a invasão da parte leste do país. Em 3 de setembro, em resposta as hostilidades, França e Reino Unido, seguidos por Canadá, Nova Zelândia e Austrália, entre outros, declararam guerra contra a Alemanha nazista.
A Wehrmacht envolve suas melhores unidades, engajando 37 divisões de infantaria, uma de montanha, quatro de infantaria motorizada, quatro divisões blindadas leves, seis Panzer, uma brigada de cavalaria e uma variedade de unidades paramilitares. Para a invasão, o Grupo de Exercitos Norte tinha um efetivo de 630 mil soldados, enquanto que o Grupo de Exércitos Sul tinha 886 mil soldados. Ao todo, as forças alemãs tinham 559 batalhões de infantaria contra 376 da Polônia. Em artilharia, Wehrmacht tinha 5805 peças contra 2065 polonesas. Do lado polonês, haviam aproximadamente 39 divisões mais 16 brigadas, totalizando aproximadamente, 950 mil soldados. Do lado soviético, a despeito das esparsas fontes, estima-se um total de 800 mil soldados engajados.
As operações começaram aproximadamente às 4h45 min., do dia 1º, com o encouraçado alemão Schleswig-Holstein abrindo fogo contra as guarnições polonesas da Westerplatte, península localizada em Danzig, hoje Gdansk. Horas depois, o Grupo de Exércitos Norte e Sul iniciaram a invasão por terra. Empregando a tática da Guerra Relâmpago com tropas blindadas e mecanizadas, juntamente com inovadoras técnicas de combate e equipamentos modernos, os alemães rapidamente quebraram as linhas defensivas dos poloneses, alcançando o Vistula já em 3 de setembro, e iniciando o cerco à Varsòvia no dia 10. Ao sul, com o Grupo de Exércitos Sul, no dia 3 as tropas já se encontravam na retaguarda de Cracóvia, e cinco dias depois, tendo percorrido 140 milhas em uma semana, se encontravam a 10 km de Varsóvia. E assim, veio a guerra que durou até 1945, quando as tropas aliadas, depois de um moticinio incontavel, entraram em Berlim e, Hitler, pelo que se diz ainda hoje, pôs termo à vida para não se entregar ou ser capturado vivo. Há versões que negam isso, tendo sido Adolf Hitler lavado com vida para a União Soviética.
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domingo, 30 de agosto de 2009

RIBEIRA - 389

- LAURA -
Certa vez, eu passava em frente à casa de Laura, uma menina dos seus 10 anos de idade. Era a idade que eu tinha, também; 9 ou 10 anos, mais ou menos. Ela estava na janela de frente da sua casa e me fez um aceno dizendo:
--- Menino engraçado!!! - com sua voz alegre e sorridente.
Eu olhei para Laura e baixei a cabeça, como olhando para o chão, e rumei para a bodega de seu Chiquinho. Minha mãe tinha me mandado comprar - fiado, por sinal - açúcar, leite, café e pão. Era um dos tempos que as meninas diziam qualquer coisa para mim e aquilo, sem duvidas, até que me deixava acabrunhado. De pele alva, sem mostrar tanta cor - de sangue -, corpo esbelto, cabelos compridos baixando à cintura, olhos miúdos de cor castanha, mãos como de veludo era tudo que Laura ensinava ter. Ela estudava em um Grupo perto de sua casa, no mesmo turno que eu, porém em sala separada. Sempre que eu passava em frente à sua casa, ela soltava a mesma pilhéria. Eu nada respondia, com certeza por vergonha. Como se dizia antigamente: encabulado. Era o que eu sentia pelo modo como Laura me cuidava.
Nos fins de semana, eu ía à matriz de Santa Teresinha, onde Laura estava com sua mantilha branca cobrindo sua cabeça que descia bem perto da cintura, um pouco mais abaixo. Eu, ela e vários meninos lá estavam a esperar pelo Monsenhor Landim, pároco da Igreja. O sacerdote organizava a fila. De um lado ficavam as meninas. Do outro, os meninos. Nós íamos nos confessar para poder comungar no dia seguinte, na Missa das 7 horas do dia de domingo. Para mim, era um tremendo sacrifício passar aquele tempo sem poder pecar. Todo cuidado era pouco ter que cumprir os dez Mandamentos da Lei de Deus e mais sete da Igreja. Certa vez, eu ouvi o padre gritar quando um garoto se confessava:
--- MENIIIIIINO!!! - era a voz do padre, zangado.
Eu passei a informação para um colega que estava esperando a vez:
--- Esse deve ter cometido uma falta bem grave! Um pecado "cabeludo" - e sorri baixinho.
O colega também fez um sorriso aperreado e me dizendo que se tivesse outro padre para ele se confessar, bem que ía, pois o pároco parecia muito brabo. Mas não tinha outro e o sacrifício era esperar. De minha parte, eu tinha uns pecadinhos meio assombrosos. Não adiantava não dizer por que Deus sabia de tudo o que eu tinha guardado. E ficava nesse dilema: dizer ou não dizer.
Do lado das meninas, eu olhava a fila que se estirava para além de vinte garotas. Era um sacrificio e tanto para o sacerdote ter que ouvir toda aquela gente miúda. E depois, tinham os homens e mulheres, moças e rapazes. As moças eram as mais "cadavéricas", dizia eu ao meu colega. E o garoto sorria um tanto amargo, pois sentia que a sua vez estava para chegar. As mulheres, essas nem se fala. Matronas gordas e feias. Até que apareciam umas um tanto bonitas entre o meio das feias. Essas, contudo, não eram tanto "matronas" como as que estavam rezando, mortificando os seus pecados. Elas deviam ter casado há pouco tempo, pensava eu a bisbilhotar o templo sagrado da comunidade. E no fim do meu pensamento, sorria baixinho e não falava a meu colega de fila o que eu estava a imaginar.
No domingo, a Igreja estava cheia de gente. Homens, mulheres, rapazes, moças, meninos e meninas sem falar nas senhoras de idade avançada e nas belas mocinhas bem quietas, como demonstravam ser por sua junventude de beleza, feiura, meiguiçe, modesta ou de fino trato.
Um cheiro de rosas, alfazemas, colônias de doces fragrancias, as mais diversas existentes, óleos exóticos e entre os homens o cheiro incandescente da brilhantina e, nos sapatos o odor da graxa que eles passavam para deixá-los um esmero encantador. Eram assim, todos os domingos e dia de festa, principalmente na festa de Santa Terezinha, padroeira da paróquia. Lá fora do Templo, um bêbado fazendo caretas e improvisando um sermão entre os jovens bem trajados que não entravam na Igreja, pois diziam que dentro da Matriz fazia bastante calor.
A Missa teve início com todo aquele aparato. Mulheres bem vestidas, homens de terno de gabardine, mocinhas delicadas com seus vestidos bem ornados, rapazes de camisa de mangas compridas e de gravatas descendo até o cinturão, meninas impacientes por causa do calor que fazia dentro do templo, vestindo saias compridas, meias, sandálias e cabelos arrumados; meninos trajando roupas domingueiras e eu, vestindo um uniforme que parecia um infante da Marinha, todo branco e botões amarelos feitos de metal. Era a roupa que me agradava bastante, pois foi com ela que eu desfilei na Parada da Independência pela mesma escola que Laura estudava. Eu me sentia como um capitão de esquadra naval com a minha túnica soberba e reluzente por força da goma, só me faltando o quepe para ser completo. No cabelo, bem untado, era só brilhantina, colando fio por fio na cabeça. Eu nem me importava com ninguém. A não ser, com a divina e cândida Laura no meio de toda aquela gente, tendo ao lado a sua mãe e o seu irmão.
A missa era toda rezada em latim onde o sacerdote com suas vestes cor de ouro dizia coisas que eu não entendia. Por sinal, de nada eu entendia, a não ser ajoelhar e levantar, pois toda áquela gente já fazia o que o sacristão dizia com o sinal da sineta. Esse sacristão, eu o conhecia muito bem, porque, todo sábado ele estava lá olhando para nós, os meninos pecadores. Para mim, aquele garoto não pecava, pois ele era o sacristão do padre. Ora! Se ele era o sacristão, então não devia pecar, eu pensava. Um sacristão menino devia ser um quase padre. E se não era padre era porque ainda não tinha crescido. Era um padre-mirim. Era tanto que eu o olhava com o olhar desviado para não dar na vista.
Após certo tempo, quando o sacristão badalava a sineta, vinha o padre - Monsenhor Landim - para falar aos presentes coisas que eu sempre o ouvia discorrer. Era um tempo e tanto de falação que me deixava com sono. Laura, quieta, não se importava com tudo aquilo. Isso eu notava, pois de quando em vez eu tecia a vista para o outro lado do salão onde ela estava. Para todos os efeitos ela estava esplendorosa, quieta, calada sem se mexer para um lado ou para outro. Laura estava tranquila em meio a toda aquela gente que ouvia o padre falar sobre Deus, a Santa Madre Igreja e também, a Santa Terezinha, dos tempos que hão de vir e tantas outras ocorrencias que tínhamos que nos preparar para tal fim.
Depois do sermão, vieram às orações em silêncio até a vez de o padre dizer em latim frases que para mim não sabia o que elas diziam. Depois de tantas rezas, sempre baixas, chegava à hora da comunhão. Os meninos e meninas na frente, depois eram a vez dos rapazes e moças, em seguida as mulheres e, no fim, os homens. Todos separados. Homens e mulheres em dupla fila. E veio o tempo da comunhão que nós recebiamos, a Hostia Santa depositada pelo sacerdote em nossas bocas para, em seguida, irmos, calados, contritos razar um Pai Nosso e três Ave Maria, pedindo pelos nossos parentes. Mãe, pai, tias, tios, os que já morreram e os que tinham nascidos há pouco tempo, os amigos e inimigos, os nossos vizinhos. Enfim: por toda a gente que conheciamos. Era essa a nossa penitencia.
Rosas espalhadas por toda a Igreja. Brancas, róseas e de tantas outras nuances enfeitando os bancos e o Altar de Santa Terezinha onde se podia observar grandes velas acesas iluminando todo o ambiente. Com mais um pouco de rezas, estava no fim a Santa Missa quando, então, o sacerdote dizia em latim: "Ides em paz". E todos saiam contritos do Templo, pegando o rumo de suas casas. Aquele era um domingo de sol. A gente se espalhava por seus caminhos e, com pouco tempo, ninguém mais era vista nas ruas. Eu segui com meus colegas de classe para a minha moradia. Alé chegando, me despedindo dos colegas, entrei e fiz logo o desjejum, ficando com mais um tempo sentado na janela da frente da minha casa. Olhava quem ia e quem vinha passando junto a calçada, calados, pensativos como ovelhas saídas do cercado.
Fazia pouco tempo que eu voltara da Missa. E nesse instante eu vi um aglomerado de gente, correndo na outra rua, vozes, choros, ataques de pessoas. Gritaria sem fim. Alguém dizia:
--- A menina morreu!!! A menina está morta!!! Chama a ambulância!!! - diziam vozes.
Eu, nada entendia do que se passava. Era gente muita. Minha mãe acudiu à porta e perguntou de repente, como se nada soubesse:
--- O que é isso?! - perguntou a minha mãe.
Foi tempo para saber. Um longo tempo. Eu desci da janela onde estava e corri em direção à rua onde as pessoas se aglomeravam. Quando dobrei a esquina vi um monte de gente apinhada em frente à casa de Laura. Tive medo! Meus joelhos estremeceram! Ivan, um colega que morava mais próximo a Laura foi quem me chamou para dizer, espantado, com olhos esbugalhados e voz trêmula:
--- Laura morreu!!! - disse Ivan, chorando.
--- Como?!!! - perguntei eu com meus joelhos em chocalhos.
--- Laura!! Laura!! Ela se enforcou!!! - comentou Ivan em lágrimas.
--- Enforcou?!! - voltei a perguntar, espavorido.
--- É. Deixou um bilhete na cabeceira na cama! Dizia que fazia aquilo porque estava em comunhão com Deus e podia entrar no Céu. Passou a corda da rede no pescoço, estirou em um caibro da casa e morreu !!! - concluiu Ivan em eternos prantos.
Foi um acontecimento terrivel, aquele. Por muito tempo o pessoal comentava o caso da menina que morreu após ter feito a comunhão do domingo, na Igreja. Ninguém soube dizer, tempos depois qual a razão de tudo aquilo e o que motivou Laura a por termo à própria vida. Apenas se sabia que a menina morreu após ter vindo da Missa. Um caso estranho, aquele, que motivou o pessoal da cercania a indagar por que a garota quis ir para o Céu tão cedo assim. Nunca se obteve resposta para tal caso. Menina viva, alegre, sorridente, parecia confiante, até, morreu envolta em mistério. Tal fato me perseguiu até os dias de hoje sem nunca eu ter recebido alguma explicação para o ato tresloucado. Hoje, já velho e encanecido ainda procuro saber o que levou àquela menina a cometer tão torpe suicídio.
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sábado, 29 de agosto de 2009

RIBEIRA - 388

- COCO CHANEL -
Produção francesa mostra a vida de Chanel antes da fama. No papel principal, a atriz Audrey Tautou volta as cinemas depois de dois anos longe das câmeras. Ela está de volta às telonas: depois de dois anos de pausa, Audrey Tautou vive a estilista Coco Chanel. A atriz francesa, sempre entusiasmada com as produções de seu pais, confessa que aguardou um convite que a cativasse para voltar aos sets de filmagem. "Fiz uma pequena pausa, sem nunca ter definido quanto tempo iria ficar parada. Os dois anos sem filmar não foram um problema. Com esse filme, que me encantou profundamente, retorno então o trabalho. Meu pai já estava ficando preocupado", conta Tautou com bom humor, em Berlim.
O filme dirigido por Anne Fontaine mostra os primeiros 28 anos da estilista Coco Chanel, que cresceu num orfanato juntamente com sua irmã. Depois da experiencia com apresentações em cabarés franceses e do envolvimento com homens poderosos, Gabrielle (verdadeiro nome de Chanel) descobriu aos poucos e por acaso o gosto pela moda. "Não tive receio de encarnar um ícone, mas sim de representar uma mulher famosa, cuja a história não se conhece muito. Há pouquissimo material originário do tempo de sua juventude, antes que ela se tornasse famosa", disse Tautou, ao comentar o fato de o filme retratar apenas um período da vida da estilista.
A atriz lembra que o talento de Chanel, uma vez descoberto, se tornou rapidamente perceptivel. "Ja naquela época, ela conseguia esconder os seus erros e pontos fracos. Essa liberdade em relação à Chanel me interessou, embora tenha sido interessante e desconfortável ao mesmo tempo", confessa Tautou.
A atuação marcante de atriz e a direção de Anne Fontaine contribuem para que o filme sobre Chanel seja um sucesso de público. Outros filmes da diretora como "A Garota de Mônaco" e "Nathalie X" foram anteriormente bem recebidos pelo público. Apesar de sua predileção por situar personagens femininas no centro de seus trabalhos, Fontaine não se diz feminista. Sem esconder seu fascínio por Chanel como mito, a diretora vê com sobriedade sua protagonista. "A juventude dela foi muito misteriosa, mas também muito edificante. Como uma mulher do campo, da província, pode ter sido completamente autodidata, tendo desenvolvido seu próprio estilo". No fim da vida, Chanel se tornou muito autoritária e muito dura. E também antipática, declarou a cineasta, Anne Fontaine.
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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

RIBEIRA - 387

- O ANJO AZUL -
No dia 1º de abril de 1930 foi a data da pré-estréia do filme "O Anjo Azul", de Josef von Sternbergue. O papel principal coube à atriz berlinense Marlene Dietrich, até então quase desconhecida. O filme, baseado na obra "Professor Unrat", de Heinrich Mann, fez um enorme sucesso e tornou famosa Marlene Dietrich, que emigrou pouco depois para os Estados Unidos.
Só no mercado negro ainda havia ingressos para a estréia de "O Anjo Azul". Até o último momento, corriam boatos de que a exibição do filme não seria autorizada. Heinrich Mann foi o autor do romance que inspirou o roteiro do dramaturgo Carl Zuckmayer. O tema do filme - tragédia e degradação - era altamente suspeito para a época, com o nazismo em plena ascensão. No enredo, o severo professor Unrat descobre que seus alunos frequentavam o cabaré "Anjo Azul", onde a atração principal era Lola-Lola (Marlene Dietrich). Para puni-los, segue-os à casa de espetáculos, mas acaba envolvido pela sensualidade da cantora que, pouco a pouco, arruína a sua vida.
O jovem diretor Joseph von Sternberg foi trazido especialmente de Hollywood para realizar o filme. Para o papel principal, logo foi escolhido Emil Jannings, ator alemão que havia protagonizado clássicos do expressionismo e fora premiado com um Óscar no ano anterior. Ele era um dos raros artistas que, em 1929, podia dar-se ao luxo de escolher seus papéis. Na época, seu projeto era filmar a história de Rasputin, mas acabou convencido pelo diretor Joseph von Sternberg a estrelar a adaptação do livro "Professor Unrat", de Heinrich Mann, irmão do escritor Thomas Mann. No papel de Lola-Lola, houve várias candidatas antes da escolha de Marlene. Assistindo a uma peça de teatro de Hans Albers, em Berlim, Sternberg descobriu num papel secundário a atriz Maria Magdalena von Losch, que tinha pouca experiencia no cinema. Ela era a tentação em pessoa, com um corpo sedutor e um sorriso irônico nos lábios. Foi imediatamente convidada para um teste de estúdio. Inicialmente, recusou, por achar-se incapaz fazer o papel de uma cínica atriz de teatro de revista, mas foi demovida pela insistência do diretor e mudou o seu nome para Marlene Dietrich.
Já duruante o teste, ela demonstrou ser a escolha certa para fazer o papel da intrigante e determinada Lola-Lola. A música do filme - uma valsa lenta e sensual - foi composta por Friedrich Hollander e interpretada por Marlene. Ninguém podia imaginar o sucesso que teria "O Anjo Azul". O filme transformou-se em obra-prima da transição do expressionismo para o realismo alemão e projetou Dietrich para o mundo, valendo-lhe um contrato para outros cinco filmes com Sternberg nos estúdios da Paramount, em Hollywood.
Segundo um crítico de cinema, trata-se de uma obra prima do realismo fantástico de Sternberg, com seu típico cenário barroco, refinamento fotográfico e atmosfera de neblina. O Anjo Azul também contribuiu para criar uma nova estética do cinema audiovisual, dando ao som grande importância. E, é óbvio, criou o mito Marlene Dietrich (1901-1992). Ela foi, na opinião dos críticos, a encarnação definitiva da "vamp", a sedutora e devoradora de homens. O escritor Ernest Hemingway, apaixonado por Marlene, escreveu que ela podia derreter um homem com um levantar de sombrancelhas e destruir uma rival com o olhar. O filme mais recente sobre a vida da atriz é "Marlene", de Joseph Vilsmaier. Ele enfoca a vida da atriz desde O Anjo Azul, seu sucesso nos Estados Unidos e a turnê com os soldados norte-americanos pela Europa, depois que se naturalizou norte-americana.
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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

RIBEIRA - 386

- ELISABETH ROCKEL -
Quem é essa Elise? Durante anos pensou-se que ela fosse "Therese". Agora, um musicólogo alemão pretende ter resolvido o mistério sobre a identidade daquela a quem o compositor natural de Bonn dedicou uma de suas obras mais populares. A "Bagatela" para piano em lá menor de Beethoven é uma das peças clássicas mais conhecidas que existem. Composta em 1810, ela traz uma dedicatória intima: "Para Elise, em 27 de abril em recordação de L.v.Bthvn". Do jazz ao hardrock, do cabaré ao toque de celular, passando pelo hit italiano (Maledetta Elisa!), poucas melodias são tão onipresentes quanto essa. Não há dúvida: caso Ludwig van Beethoven (1770-1827) ainda recebesse direitos autorais, bastaria Para Elise para torná-lo milionário.
Porém durante logos anos uma questão extramusical permaneceu em aberto: quem era a homenageada? Até há pouco. pensava-se tratar-se de uma jovem e bela amiga do compositor, uma certa Therese Malfatti. O que, do ponto de vista lógico, não faz muito sentido. admita-se. Agora, o musicólogo alemão Klaus Martin Kopitz crê haver encontrado a resposta. Não que tivesse essa intenção: a descoberta foi mero subproduto de seu trabalho mais sério de pesquisa historiográfica.
Há anos Kopitz trabalhava numa edição do livro "Beethoven no olhar de seus contemporâneos", contendo relatórios de gente que conheceu o compositor pessoalmente, diários, poemas, lembranças. "Algumas mulheres são presenças constante. E uma delas é Elisabeth Rockel". Nascida em 1793, ela era a irmã caçula do cantor Joseph Rockel, que em 1806 cantou o papel de Florestan na única ópera de Beethoven, "Fidelio", sob a regencia do próprio compositor. Assim como seu irmão, a graciosa bávara, que os amigos chamavam "Elise", afeiçoou-se ao excêntrico gênio nascido em Bonn. Alegre e despreocupada, ela possuía também talento musical, tocava piano e mais tarde tornou-se cantora. Na primavera européia de 1810, mudou-se de Viena para Bamberg, em seu primeiro contrato teatral. E este é mais um argumento de Kopitz: se Beethoven escreveu a peça "em recordação", é de se supor que ocorreu uma separação.
O compositor e a jovem conheciam-se bem, sem dúvida, já que ele dedicou a obra não a "Fraulein Rockel", mas sim a "Elise". A amizade entre os dois está bem documentada, inclusive pela possível musa. A um conhecido, ela contou, por exemplo, de uma noitada na casa do celebrado violonista Mauro Giuliani. Apesar de acompanhada por seu futuro marido, o compositor Johann Nepomuk Hummel. "Beethoven, em sua extroversão renana, não cansava de cutucá-la e de brincar com ela. Tanto que, ao fim, ela não sabia como se livrar dele: de tanto carinho, ele não parava de beliscá-la no braço", cita Kopitz. O fato de Elisabeth haver se decidido por Hummel não abalou a amizade do casal com Beethoven. Poucos dias antes da morte do músico, em março de 1827, ela o visitou, cortou um cacho da cabeleira do compositor e ganhou como suvenir suas últimas penas de escrita.
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RIBEIRA - 385

- FRANCISCO FRANCO -
Na primavera espanhola de 1939, o ditador Francisco Franco proclamou o fim da guerra civil de três anos. Ele classificou sua vitória sobre as tropas republicanas como uma vitória do cristianismo. Numa missa de ação de graças na Igreja de Santa Bárbara, em Madri, Franco depositou simbolicamente sua espada diante do altar: "Senhor, aceite de bom grado os esforços deste povo, que sempre lhe pertenceu e que, comigo e em vosso nome, venceu com grande heroísmo o inimigo da verdade neste século. Dai-me a vossa ajuda para conduzir este povo à completa liberdade do vosso reino, para a vossa glória e a glória da vossa Igreja."
E, de fato: à parte de raras exceções, a Igreja Católica da Espanha estava em peso do lado dos golpistas de Franco.. Houve, pois, enorme satisfação, quando o "generalissimo" assumiu o poder no país, em 1939. Também o recem-eleito papa Pio XII comgratulou o ditador vitorioso de maneira efusiva: "Elevando o nosso coração a Deus, juntamente com Vossa Excelência, expressamos nossa profunda gratidão pela vitória que ansiávamos da Espanha católica. Desejamos que, depois de lograr a paz, esse país - que nos é tão caro - dê nova força à sua velha tradição católica, que o fez tão grande. Concedemos Vossa Excelência e a todo o nobre povo espanhol nossa bênção apostólica".
Ao lado dos militares e dos latifundiários, a Igreja continuou sendo um dos principais baluartes da ditadura franquista - mesmo quando o país foi internacionalmente boicotado, após o término da Segunda Guerra Mundial. A maioria das nações retirou seus embaixadores da Espanha e a ONU recusou a filiação espanhola. Mas, no início da década de 1950, em face da Guerra Fria, o boicote começou a se desfazer paulatinamente. Os Estados Unidos iniciaram negociações com a Espanha sobre uma cooperação econômica e militar.
Era esta a situação internacional, quando a Santa Sé assinou uma concordata com o Estado espanhol em 1953. A concordata - uma espécie de tratado entre a Santa Sé e o governo do pais signatário - regula as questões de política eclesiástica, por exemplo, os limites das dioceses, a ocupação das cátedras episcopais, mas também assuntos relacionados às leis matrimoniais, à educação ou às ajudas financeiras do Estado para o trabalho da Igreja.
Na concordata de 1953, a Igreja e o Estado espanhol fizeram amplas concessões mútuas. A Igreja recebeu privilégios extraordinários de Franco. O catolicismo foi designado como única religião da Espanha. Foi concedida à Igreja Católica uma enorme influência na área educacional, nas escolas e nos currículos escolares. Dificultou-se muito a realização de casamentos exclusivamente civís. Eventuais julgamentos de padres, monges e freiras deixaram de ser da alçada da Justiça comum.
Em contrapartida, foi dada ao ditador a prerrogativa da indicação dos bispos, um direito concedido tradicionalmente à monarquia espanhola. Através da nomeação de adeptos da sua linha política para as cátedras pontificias, Franco esperava uma ligação mais estreita dos bispos com o Estado e impedir qualquer oposição ou simpatia com a oposição - por exemplo, com os movimentos de autonomia no País Basco ou na Catalunha.
Roma aprovou tal acordo que, na verdade contrariava sua política, porque Pio XII tinha grande conformidade com a política eclesiastica de Franco. Para o ditador, a concordata significou uma espécie de justificativa tanto para a política interna como a política exterior. Ela atuou como um aval da Igreja Católica para o Estado espanhol e foi um passo decisivo para romper o isolamento internacional do regime de Franco. Depois disto, os EUA assinaram uma aliança econômica e de defesa com a Espanha, no outono setentrional de 1953, e - dois anos depois - a Espanha foi aceita na ONU.
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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

RIBEIRA - 384

- RACHEL -
- CONTO -
Eu conheci Rachel, aos 10 anos de idade, igual a minha idade, também. Ela era uma garota ingênua e simples, como a maioria das crianças daquele tempo que viviam em uma cidade suburbana, igual a que nós viviamos. Sempre que Rachel passava na rua, meu olhar era só para ela e nada mais. Só depois de muito tempo é que eu descobri que estava verdadeiramente apaixonado pela menina. Naquele tempo, eu nada sabia desse assunto. Eu a via e estava bem. Nos tempos de meninice eu via a natureza como uma flor que um dia vai abrir para os encantos do mundo, e nada mais. No meu pensar, Rachel era uma dessas flores que ainda serão abertas para a vida. Porém, eu já nem pensava assim. Eu tinha um doentio ciume por conta dos garotos da rua quando Rachel passava. Não sei o por que de tal ciúme. Toda a tarde, ou quase toda, eu estava em frente à sua casa. Nem precisava chamar por Rachel pois ela estava logo alí, na frente porém de dentro de sua casa. Desse momento em diante, nós conversávamos coisas de meninos. simples idéias por horas a fio. Ela mostrava os desenhos que havia feito e então achava graça como se tudo aquilo não representasse nada. Uma rosa, uma casa, uma boneca. Eventos desse estilo.
--- Tá bom, né? - perguntava Rachel.
--- Tá bom. sim! - eu respondia se saber de nada.
Para mim. um desenho deveria ser de um navio, um avião, um trem. Negócios grandes. Esses desenhos de flores não me apeteciam. Mesmo assim, eu concordava com Rachel no seu estilo de desenhar. Como que advinhasse o meu pensamento de não gostar dos desenhos, ela dobrava o caderno, olhando para mim como quem dissesse:
--- "Você não gostou!" - pensamento de Rachel.
Eu, então sorria, o que lhe forçava em dizer abertamente, sem nenhuma desculpa.
--- Chato! Vou guardar minhas preciosas dádivas! - ela então falava.
Eu calava. Nada dizia. Eu pensava que Rachel advinhava meus pensamentos. E tremi de medo.
Encostado na parede da casa, do lado de fora, com um pé recolhido ao meu joelho, quem me via logo pensava que estava fazendo um quatro com a minha posição. Mesmo assim, eu não ligava para tal. Do lado de dentro da sala, Rachel arrumava seus caderninhos, livros, lápis, borracha e tudo mais, e saía em direção à gaveta do birô para guardar os seus pertences. Ficava alí, olhando, cismada para mim e ,de repente se acercava da janela convidando-me para que eu entrasse na sala. Fazia muito sol, às 4 horas da tarde e minhas pernas estavam queimando. Eu não queria entrar na casa. Preferia a sombra de uma mangueira que existia em uma casa em frente da de Rachel, onde nós podiamos conversar bem mais animados. E convidei-a para irmos naquela pendente hora ficarmos à sombra do mangueiral.
--- Mãe reclama! Tem menino, lá! - dizia Rachel.
--- Eu meto o murro neles. - dizia eu como se fosse eles uma fera, cujo retrato trazia na revista que eu lera antes. Um homem esmurrando uma onça.
Ela sorriu cheia de encantos maviosos. Era, na verdade, uma boneca encantadora exposta em uma vitrine, aquela menina por quem eu nutria forte amizade. Talvez, amor.
Ao sair de casa, gritou para dentro da residência, sem esperar resposta:
--- Mãe! Tô aqui na frente! - falou Rachel.
--- Pra onde vai? - gritou uma mulher, com certeza a sua mãe, de dentro da habitação.
Rachel não respondeu pois já estava saíndo. Apenas um comentário breve se fez notar:
--- Chata! - disse a menina em voz baixa, trancando a porta.
E ficamos à sombra das mangueiras, assistindo a peleja entre os outros menos, que disputavam a primazia de quem vencia a competiçaão de bola de gude. jogando de uma cova à outra, para se acertar, deixando a bolinha cair dentro da caçapa. Se não caísse, aquele estava fora. Perdia o jogo. E eu e Rachel olhavamos calados. Ela era sorrisos vez por outra quando um garoto acertava no alvo. Ou seja, na caçapa, um buraco feito no chão, calcado com o próprio calcanhar dos meninos. A garotada estava alí, apostando as bilocas, todo santo dia, a menos se estivesse chovendo. Quando chovia, chão sem calçamento, mesmo de paralelepípedos, virava uma poça de lama. Todo o quarteirão da rua ficava quase que intransitavel. Não raro, as pessoas que se dirigiam de uma rua a outra, enveredava por um muro cheio de areia, em seu pé, para poder assim atravessar. Lá em baixo, no meio do cruzamento entre as duas ruas, alí ficava cheia de lama um bom tempo até que o inverno chegasse ao seu final.
Certa vez, Rachel saiu de casa para ir comprar uns objetos que a sua mãe pedia. Linhas, agulhas, botôes, alfinetes e coisa desse tipo. Eu a encontrei na metade do caminho, ela dizendo que estava saindo para o armarinho de Dona Dalva, uma mulher esquelética e atendia à freguesia que procurava desses artigos. Nós fomos, juntos. Ela levava um papel com os nomes dos artigos de era para comprar. No armarinho, Dona Dalva fez uma pergunta:
--- De que cor? - perguntou dona Dalva.
A menina não entendeu a indagação, e fez:
--- Hum? - fez a garota
--- A cor da linha? - voltou a indagar a mulher.
--- A cor da linha? Não sei! Voce sabe, Dinho? - perguntou Rachel a mim.
--- Eu, não. Você não me disse! - respondi eu.
--- Chato! - falou Rachel.
Dona Dalva olhou para mim e desviou o olhar para Rachel, dizendo-lhe.
--- Vou mandar essas três cores, e sua mãe escolhe. O resto você traga de volta. Ouviu? - falou a mulher um tanto antipática.
A menina concordou e saiu mais que depressa, quase correndo, para a sua casa. Em lá chegando, disse a sua mãe qual a cor da linha. A mulher respondeu:
--- Verde! - respondeu a mãe de Rachel.
--- Dessa aqui? - perguntou a menina.
--- Dessa mesma, - respondeu a mulher.
---Então, vou levar as outras.- argumentou Rachel enquanto a sua mãe foi dizendo.
--- Basta devolver a azul. Vou precisar dessa outra. Vá. Vá. - pontuou a sua mãe.
Esse namoro entre nós dois demorou um certo tempo até que um dia Rachel veio me dizer que a sua mãe teria que se mudar de casa. Na verdade, a garota não sabia para onde ela - a mãe - se mudaria. Perguntei para onde, e Rachel me disse:
--- Não sei. É lááá..pra bem longe! - respondeu a menina.
--- Isso é uma bosta. - disse eu.
A menina começou a sorrir. Sorria tanto que se engasgava. Eu ficava olhando para o chão, respondendo a mim mesmo; "É uma bosta. Que merda. Já agora? - perguntava sozinho com os meus botões. Quando tudo se acalmou, eu perguntei:
--- Quando você vai? - indagei a Rachel.
--- Essa semana. Amanhã. Depois. Não sei bem. - disse Rachel.
Eu senti vontade de chorar. As lágrimas acudiram-me o rosto e eu acanhado porque eu sentia que aquele amor se acabaria para sempre. Nao tinha mais as sombras das mangueiras, os jogos de gude, o armarinho nem ao menos os desenhos que Rachel fazia com esmero e com carinho. Eu sentia-me caindo em um poço profundo onde o fim não tinha fim. . O ermo era um precipiocio longo onde eu caia, caia, caia até que uma voz tênue me despertou:
--- Acorda! Tais dormindo? - falou Rachel
Naquele instante eu não tinha nada a dizer e agarrei-lhe pelos ombros e teci um longo ósculo que, por sinal, pegou-lhe a macia, quente e suave boca. Um beijo total de despedida. Quando Rachel foi embora, eu não saí de casa, trancado em meu quarto, chorando, chorando, chorando. Era o fim do meu primeiro e grande amor. Nunca mais tive noticias dela e nem sei para aonde foi. Mesmo depois de crescido, rodei a cidade e nunca a encontrei. Ficou-me o sabor daquele beijo. Do mesmo modo, ela sentiu o afeto que lhe açoitou o corpo de menina, quase moça megulhando no seu sonho de inesquecivel atração afetiva. Lembranças de um tempo sem fim.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

RIBEIRA - 383

- TELESCÓPIO -
De há muito o homem vem prescrutando o céu, o infinito. querendo saber de onde veio e porque está aqui na Terra. De algumas vezes, olha o céu com um instrumento de médio ou de longo alcançe. De outras, ele olha pondo a mão sobre os olhos e procura ver algo mais que não vê. Com a mão na testa, ele, o homem, só alcança até o céu, quando não está chovendo. E quando está, vê, o homem, apenas as nuvens baixas e nada mais. Nesse drama de querer ver mais e não poder, enfim, o homem sossega. Faz como quer dizer: "É. Não vale à pena".
Mas, bem que vale. Há 400 anos - a vida de cinco gerações - um homem, Galileu, italiano, astrónomo, criou, em um dia como hoje, 25 de agosto de 1609, um telescópio. A palavra vem do grego: tele = longe + Scopio = observar. Ou seja: observar longe, distante, mais além. O telescópio óptico é um instrumento que permite estender a capacidade dos olhos humanos de observar e mensurar objetos longínquos. Pois, permite ampliar a capacidade de enxergar longe, através da coleta da luz dos objetos distantes (Celestes ou não), da focalização dos raios de luz coletados em uma imagem óptica real e sua ampliação geométrica.
Costuma-se dizer que Hans Lippershey, um fabricante de lentes holandês, construiu em 1608 o primeiro instrumento para a observação de objetos à distância: o telescópio. O conceito que desenvolveu era a utilização desse tubo com lentes para fins bélicos e não para observações do céu. A notícia da construção do tubo com lentes por Leppershey espalhou-se rapidamente e chegou até o astrônomo italiano Galileu Galilei, que, em 1609, apresentou várias versões do aparelho feitas por ele mesmo a partir de experimentações e polimento de vidro. Galileu logo apontou o teléscopio para o céu noturno, sendo considerado o primeiro homem a usar o telescópio para investigações astronômicas. O telescópio de Galileu também é conhecido por luneta. Galileu, utilizando seu instrumento óptico, descobriu diversos fenômenos celestes, entre os quais as manchas solares, as crateras e o relevo lunar, as fases de Vênus, os principais satélites de Júpiter e a natureza da Via Lactea como a concentração de incontáveis estrelas, iniciando assim uma nova fase da observação astronômica na qual o telescópio passou a ser o principal instrumento, relegando ao esquecimento os melhores instrumentos astronômicos da antiguidade. As descobertas de Galileu forneceram evidências muito fortes aos defensores do sistema heliocêntrico de Nicolau Copérnico, polonês que viveu até 1543. Ele foi um astrônomo e matemático que desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar.
Portanto, hoje faz 400 anos que Galileu ofereceu ao mundo um novo invento que se espalho e se recriou outros mais apurados que estão observando o universo sem fim, mais além da Via Lactea, que abriga o nosso sistema solar. Pode-se sitar o Telescòpio Espacial Hubble lançado ao espaço em 1990. O seu nome é em homenagem a Edwin Powell Hubble, que revolucionou a Astronomia, ao constatar que o Universo estava se expandindo.
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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

RIBEIRA - 382

- TELEFONE -
Não teve negócio que mais me enervou do que atender um telefone. Ainda hoje eu olho para o "cidadão" com um certo desprezo. Tudo isso foi porque, quando trabalhava no escritório do meu tio, na rua Dr. Barata, ele tinha o costume de quando o telefone tocar ele mandava que eu atendesse. Era uma volta e tanto que eu fazia para chegar até o repugnante telefone, enquanto para o meu tio, o aparelho estava em cima do birô e não precisava de nenhum esforço para ele pegar e atender. E era a norma eu dizer: "Alô! Quem fala? De onde é? Um momento!". Então eu dizia ao meu tio quem estava falando e passava o repugnante aparelho telefônico para ele. Essa mania que ele então impusera se perpetuou até quando encerrou as suas atividades no bairro da Ribeira, em Natal, Rn. E por isso, dada a mania do meu "caridoso" e meritoso tio, eu tomei um asco por aquele e outros instrumentos de telefonia.
Esse caso veio a propósito de uma história das comunicações onde a mostra exibe aparelhos raros das telecomunicações no Museu Nacional da República, em Brasília. Uma mostra que conduz o visitante pela história da comunicação desde os primórdios, quando a voz humana era o recurso possivel, até as principais inovações tecnológicas, que promoveram o encurtamento das distâncias geográficas e, ainda hoje redefinem relacionamentos sociais e estruturas urbanas no Brasil e no mundo. Assim é a exposição "Tão Longe, Tão Perto" que a Fundação Telefônica apresenta de 20 de agosto a 04 de outubro, no Museu Nacional da República, em Brasília. Serão exibidas cerca de cem peças, entre aparelhos, centrais telefônicas, as primeiras listas, fotos da época e documentos históricos, que ajudam a compor o painel da evolução da telefonia e das diferentes formas de comunicação das sociedades. Destaque para o "Ericsson de parede", de 1884, um dos primeiros modelos a chegar ao Brasil em escala comercial; o "Pé de Ferro", de 1892, pioneiro por unir receptor e transmissor em uma só peça; o "Tambor", da década de 1940, que tem como diferencial um tambor, no lugar do discos ou teclas; o "JK Ericofon", de 1954, que revolucionou o design dos telefones e ganhou as iniciais do presidente eleito de 1956; e o primeiro telefone com teclas do Brasil, produzido nos anos de 1980. Os visitantes conhecerão ainda um fax utilizado em 1950, um vídeofone da década de 70 e um dos primeiros modelos de celular, fabricado nos anos 90. Também estarão no museu uma mesa operadora com mais de 100 anos, a Central Automática Passo a Passo Strowger, conhecida como "Velha Senhora", de 1928, ainda em funcionamento, e os antigos "orelhões" de ficha, que tinham cores diferentes para ligações locais (vermelho), e interurbanas (azul). Entre os documentos históricos, uma seleção de revistas Sino Azul, uma pioneira publicação institucional da extinta Companhia Teletônica Brasileira (CTB), que circulou de 1928 a 1989; reproduções de patentes de algumas das principais invenções tecnológicas; uma lista telefônica de 1911 de São Paulo e a primeira lista de Brasília, além de fotos históricas que registraram a rotina de trabalho de funcionários da CTB.
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domingo, 23 de agosto de 2009

RIBEIRA - 381

- MARILYN MONROE -
Faz algum tempo que eu conheci Marilyn Monroe - (conheci é um modo de falar, expressar) -. Na verdade eu a vi pelos idos de 1955 nas telas do cinema, em Natal, Rn., quando eu era um rapaz ainda de menor idade. Nesse tempo, em Natal, só existia cinema e rádio. E nem todo mundo tinha um rádio em sua casa. Eram poucos os receptores existentes por esses lados do planeta. Mesmo sendo Natal um polo que abrigou os aviões americanos durante a II Guerra Mundial, tornando a cidade mais conhecida do mundo. Pena, porque nem o cinema contou - naquele tempo - a história de Natal na II Guerra. Mesmo assim, Natal se tornou a cidade mais próxima de Dakar, no Senegal, África.
Quando o cinema abria suas telas, os espectadores ficavam a olhar o que se passava no Brasil e no Mundo, como se tudo aquilo fosse uma novidade. Assim, eram os jornais da tela: norte-americanos, franceses e brasileiros. Era um verdadeiro mundo novo para os espectadores que viam toda aquela cena de boca aberta. E eu estava metido no meio daquela gente. Entre as mais belas deusas do cinema estava a meiga e única: Marilyn Monroe. Os rapazes que tinham acesso ao templo das ilusões vibravam ao ver a deusa, enfeitiçando as magnificas salas de espetáculos, com seu jeito simples de uma garota do interior. Uma beradeira, por assim dizer. Marilyn personificou o glamour hollywoodiano com incomparável brilho e energia que encantaram o mundo. Apesar de sua beleza deslumbrante, suas curvas e lábios carnudos, Marilyn era mais do que um símbolo sexual na década de 50. Sua aparente vulnerabilidade e inocência, junto com a sua inata sensualidade, a tornaram querida no mundo inteiro. Ela dominou a Era das grandes estrelas e, sem dúvida, foi a mulher mais famosa do século 20.
Ela nasceu Norma Jeane Mortenson no dia 1º de julho de 1926, em Los Angeles, California, filha de Gladys Baker. Como a identidade de seu pai era desconhecida, ela foi batizada como Norma Jeane Baker. Gladys trabalhava nos estudios da RKO como editora de filme, mas problemas psicológicos a impediram de permanecer no emprego e ela foi eventualmente levada para uma instituição mental. Norma Jeane passou grande parte de sua infância em casas de família e orfanatos até que, em 1937, ela mudou-se para a casa de Grace Mckee Goddard, amiga da família. Infelizmente, em 1942, o marido de Grace foi transferido para a costa leste, e o casal não tinha condições financeiras para levar Norma Jeane, na época com 16 anos. Então, a jovem tinha duas opções: voltar para o orfanato ou se casar. No dia 19 de julho de 1942, ela casou com Jimmy Dougherty de 21 anos, com quem estava namorando há seis meses. Ambos viveram felizes até 1944 quando seu marido foi transferido pela Marinha para o Pacifico Sul. Após essa partida, Norma foi trabalhar numa fábrica de rádios, em Burbank, California. Alguns meses depois o fotógrafo Davis Conover a viu enquanto tirava fotos de mulheres que estavam ajudando durante a guerra, para a revista Yank. Ela era um "sonho" para qualquer fotógrafo. Conover a utilizou para a seção de fotos e começou a lhe enviar propostas de trabalho como modelo. Em dois anos ela tornou-se uma modelo respeitavel e estampou seu rosto em várias capas de revistas. O seu marido, Jimmy, regressou em 1946, o que significou que Norma tinha que fazer outra escolha: dessa vez, o casamento ou a carreira, pois Jimmy não aprovou sua mulher sendo vista por milhares de homens.
Norma Jeane se divorciou de Jimmy em junho de 1946 e assinou o seu primeiro contrato com a 20thª Century Fox em 26 de agosto de 1946. Ela ganhava 125 dolares por semana. Pouco tempo depois tingiu seu cabelo de loiro e mudou seu nome para Marilyn Monroe.(Monroe era o sobrenome de sua avó). O primeiro papel de Marilyn foi uma participação em um filme, em 1947. Depois de curtas atuações, Marilyn se tornou estrela e rendeu muito no seu filme "Torrentes de Paixão". O seu sucesso nesse filme rendeu os papeis principais em "Os Homens Preferem as Louras", "Como Agarrar um Milionário", "O Rio das Almas Perdidas", "O Mundo da Fantasia", "O Pecado Mora ao Lado", "Nunca fui Santa" e "Quanto Mais Quente Melhor".
Em 1956, ela abriu a sua própria produtora, Marilyn Monroe Productions que produziu "Nunca fui Santa" e "O Príncipe Encantado", com a participação de Sir Laurence Olivier. Reconhecida por seu trabalho "Em Quanto Mais Quente Melhor", em 1959, Marilyn venceu o Globo de Ouro de melhor atriz em uma comédia. Esses dois filmes serviram para Marilyn mostrar o seu talento e versatilidade como atriz. No "Globo de Ouro" de 1962, Marilyn foi nomeada a personalidade femenina favorita de todo cinema mundial, provando mais uma vez que é mundialmente adorada. Lamentavelmente, o pior aconteceu na manhã do dia 5 de agosto de 1962, aos 36 anos Marilyn faleceu enquanto dormia em sua casa em Brentwood, Califórnia. O mundo estava em choque. O brilho e a beleza de Marilyn faziam parecer impossível que ela tivesse deixado a todos. Durante sua carreira, Marilyn atuou em 30 filmes e deixou por terminar "Something's Got to Give". Ela foi mais do que uma estrela de cinema e raínha do glamour. Um verdadeiro furacão durante toda sua vida, a popularidade de Marilyn foi muito além de qualquer ícone.
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sábado, 22 de agosto de 2009

RIBEIRA - 380

- LIXO ELETRÔNICO -
Em junho, a estudante Paloma Ferrarini trocou de celular, atividade banal para os 39 milhões de brasileiros que fazem isso todo ano. Modelo mais novo na mão, não teve dúvida: jogou o velho no lixo. Isoladamente, é uma gota num oceano. O problema é o tamanho e a toxicidade que esse oceano vem ganhando. No mundo, a cada ano, 1,5 bilhão de celulares são substituidos. Resultado: a montanha de lixo eletrônico -ou e-waste - aumenta em 50 milhões de toneladas. É descarte suficiente para carregar uma composição de vagões de trem capaz de abraçar o planeta na altura do Equador. Nos próximos três anos, o "abraço" vai ficar aínda mais caloroso, poia, segundo a ONU, o número deve subir para 150 milhões de toneladas anuais.
Maiores produtores mundiais de e-waste, EUA, Europa e Japão reciclam só 30% do seu lixo eletrônico. O restante é exportado para nações pobres. A justificativa: o refugo estimularia a inclusão digital. A estratégia evita gastos com reciclagem e dribla a legislação ambiental do Primeiro Mundo. Outro objetivo da manobra é escapar da Convenção de Basiléia, assinada por 166 nações (os EUA ficaram de fora) que proíbe os países industrializados de exportar e-waste para as nações da periferia econômica global.
Os principais destinos dessa pilha inútil são a China, alguns países da África, a Índia e o Paquistão, que recebem cerca de 500 conteineres mensais. O Greenpeace diz que a desova inclui outros destinatários, como Chile, Argentina e Brasil. Entre as soluções disponíveis, a reciclagem é a mais inteligente. E a recompensa é boa. Há mais ouro em 1 tonelada de PCs do que em 17 toneladas de minério. Mas, para extraí-lo, muita gente se intoxica e morre no processo. Ao se livrarem das suas toneladas de lixo eletrônico, os países desenvolvidos empurram para o Terceiro Mundo uma pilha que, na maioria dos casos, será manipulada sem proteção ou controle por famílias pobres, incluindo crianças. Além de intoxicar as pessoas, os resíduos acabam contaminando o ar, o solo e os veios de água. 228 mil toneladas é a produção diária do lixo. 146 mil toneladas são jogadas sem qualquer tratamento em lixões, vazadouros e áreas alagadas. Poucos Estados brasileiros possuem pontos de reciclagem de eletrônicos. Santa Catarina, São Paulo. Minas Gerais e Bahia, são os únicos Estado no Brasil, que possuem depósitos de lixo eletrônico. Os demais não possuem. E a pilha só cresce. Em 2010 1 bilhão de PCs serão descartados em todo o mundo. Em 2008 foram gerados 149,2 mil toneladas de lixo eletrônico no Brasil.
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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

RIBEIRA - 379

- LISBOA -
Quando menino eu sempre era interrogado sobre "quem descobriu o Brasil!". E eu respondia de pronto: "-Pedro Álvares Cabral!". Com isso, estava aprovado. Mesmo assim, eu não sabia que ele era de um tal "Portugal". E nem onde ficava essa terra. "Ora! Portugal era Portugal", eu pensava. Porém, o tempo foi passando e a minha curiosidade despertado sobre os lusitanos portugueses. A questão era onde procurar as respostas para tais indagações, Por fim, um dia eu encontrei a chave do segredo. Portugal era uma terra, naquele tempo, em 1500, bastante rica e procurava um novo caminho para as Indias. A questão era que a India não tinha nada a ver com aqueles indios americanos ou brasileiros. A India era um País e os indios eram um povo que se acreditou ser parte daquele território. Esta era a questão que ainda hoje perdura.
Os portugueses são um grupo étnico e a nação com origem em Portugal. O nome Portugal apareceu entre os anos 930 a 950 da Era Cristã. Cale, a atual Vila Nova de Gaia, já era conhecida por Portucale no tempo dos Godos, um dos povos germânicos originários da região de Gotaland. Geneticamente, os dados apontam para uma fraca diferenciação interna dos portugueses, cuja base é essencialmente continental européia de origem paleolítica.. A base genética da população do território português mantem-se aproximadamente a mesma nos últimos quarenta milênios, apesar da presença de inúmeros povos no território português que também contribuíram para o patrimônio genético dos seus habitantes.
Culturalmente, as presenças romana, germânica e moura foram significativas, tal como foram decisivas a vizinhança e as relações com o restante dos países europeus e as relações coloniais com a África, o Brasil e o Índico a partir dos séculos XV e XVI. As migrações de populações pré-celtas e celtas acentuam o caráter indo-europeu do panorama humano na Península Ibérica, e muito particularmente o português.. Trata-se, por um lado, do forte substrato pré-celta que dará orígem aos Lusitanos e aos seus vizinhos Vettones, e que parece estar também igualmente presente o Gallaeci. Notadamente, a população celta pode surgir aí, como uma celta da Ibéria.
A história de Portugal é muito nobre e cheia por invasões romanas, germanicas, mouras que troxeram o patrimônio genêtico do pais. Existem vários estudos focados no impacto dos séculos de domínio e a presença islâmica na Peninsula Ibérica. A História de Portugal é uma construção política de um espaço geo-demográfico que se diferencia dos seus vizinhos cristãos. No território português estiveram fenícios, cartagineses, romanos, suevos, búrios e visigodos, bizantinos, berberes, arábes e escravos eslavos, judeus, africanos e fluxos menos maciços de migrantes europeus. Todos estes processos populacionais terão deixado a sua marca, or mais forte, ora vestigial. Mas a base genética da população é do território português.
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Veja também: http://nataldeontem.blogspot.com/http://oteoremadafeira.blogspot.com/

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

RIBEIRA - 378

NU ARTÍSTICO
A exposição "Nude Visions - 150 Anos de Imagens de Corpos na Fotografia", em um museu de Munique, no sul da Alemanha, conta a história do nú artistico na fotografia através das décadas. Com cerca de 250 trabalhos de seu acervo, a mostra do Munchener Stadtmusem procura investigar os limites entre a arte, sensualidade e pornografia. Aberta até dia 13 de setembro, a exposição é organizada cronologicamente, trazendo um panorama que vai de 1855 até 2005. As peças mais antigas são datadas do início da história da fotografia, na metade do século 19. Essas obras, entretanto, não tinham um fim artístico - eram produzidas para servir de apoio ao estudo de pintores, desenhistas e escultores. Essas primeiras experiencias, desenvolvidas dentro de ateliês, trazem pessoas em trajes históricos, em poses inspiradas em motivos da antiguidade e do renascimento e retratam tanto homens, como mulheres e crianças. Somente no começo do século 20 é que o gênero ganha vida própria, se transformando em obra de arte, com diversas correntes. Os anos 20 e 30 marcam o começo das experiências com perspectivas, distorções e ãngulos mais arrojados. Os movimentos de vanguarda nos anos após a Primeira Guerra Mundial desconstruiram e fragmentaram o corpo humano através de exposições multiplas e contrastes fortes de claro e escuro. Nas décadas posteriores, os retratos de nus foram ganhando o glamour, tomando as páginas de revistas de moda e conquistando estrelas de cinema. Uma imagem que já entrou na memória coletiva é a de uma lasciva Marilyn Monroe clicada em 1962 pela câmera do fotógrafo Bert Sterns.
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RIBEIRA - 377

- VIDAS SECAS -
O assunto é de alarmar. O homem do Nordeste do Brasil já está acostumado com essas retiradas que sempre fez ou faz. Este ano, o homem não precisou fazer. Teve muita água e os açudes sangraram o que não foi preciso sair por aí, sem rumo, na procura dos estados do sul onde a vida é melhor - pensa o homem. Mas, agora há previsão de seca. E de seca braba na região nordeste. Com isso, essa gente vai querer migrar para outras regiões, principalmente São Paulo. Pelo que a Organização Mundial de Meteorologia, com sede em Genebra, afirma os padrões climáticos para os próximos seis meses deverão ser diferentes, devido ao impacto do fenômeno El Niño, no Oceano Pacifico. As chuvas serão escassas em todo o nordeste brasileiro bem como em toda a Amazônia. Isso quer dizer: vai faltar água. Com a falta de água, o camponês só tem um jeito - migrar. Sair em procura de novas terras, com o saco de roupa na cabeça, a xibanca, a "mulher" que sempre vem atrás, e um cachorro magro, pois não suporta mais viver na tapera em que nasceram os seus dois filhos miúdos. Com sede e com fome, ele, a mulher e os dois filhos, batem em retirada, na velha sina dos tempos vividos por seus bisavós ou mesmo avós. As tralhas do passado ficam para trás. O que o homem leva no bisaco é apenas o necessário. Um cuia para beber água, quando encontra e um par de calça e camisa, chapeu de couro, alpargatas de rabicho e muita sorte em poder alcançar um lugar menos escaldante do que aquele que lá deixou. O negócio é sério mesmo, pois os fazendeiros da Ásia já estão alarmados com a falta das tradicionais chuvas que atingem a região nesta época do ano. A seca está causando um efeito devastador nas lavouras e nos estoques de alimentos do Quênia e regiões ao leste da África. Para os técnicos, isso é o efeito do El Níño, que está de volta depois do que causou no nordeste brasileiro no ano de 1997. Há 12 anos, o fenômeno foi responsabilizado pela perda de lavouras e cetenas de morte no mundo inteiro, inclusive no Nordeste do Brasil, em particular, no Rio Grande do Norte. Hoje, quem ainda anda pelo sertão, pode vê casebre abandonado, cheio de mato seco ao seu redor e o rastro do sertanejo que alí viveu. Vê-se o sertão pegando fogo e a familia em alvoroço. O homem nada diz, enquanto a fiarada reclama do sol inclemente torrando suas cabeças. A temperatura do Oceano Pacífico está um tanto elevada, e isso vai cair como um efeito cascata em toda a região Nordeste do Brasil e dura, pelo menos, 12 meses. Os efeitos serão sentidos até março do ano que vem. No tempo da eleição, isso é um maná para os políticos experientes, distribuindo cesta de fubá de milho com uns retirantes e pondo culpa no governo poque foi ele - dizem - o autor de toda aquela mortandade, no falar dos capitães de areia.
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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

RIBEIRA - 376

RELÓGIO PERDIDO
Um relógio de bolso prateado que ficou no fundo do mar por quase 130 foi devolvido à família de seu dono na Grã-Bretanha. O mergulhador Rich Hughes, que o encontrou, viu a peça brilhando na areia quando explorava uma antiga embarcação naufragada durante uma tempestade em 1881 na costa de Pembrokeshire, no País de Gales. Hughes realizou um trabalho de detetive para encontrar os descendentes do dono do relógio, que pertencia ao capitão do navio, Richard Prichard. O nome do capitão estava gravado na tampa do relógio, com os dizeres: "Richard Prichard 1866 Abersoch North Wales".
"Fiquei surpreso com as boas condições do relógio, depois de ficar no fundo do mar durante gerações", disse o mergulhador. "Assim que eu vi o nome comecei a pensar em Richard Prichard. Sabia que ele devia ser o comandante do navio, porque ninguém da tripulação conseguiria pagar por um relógio caro." A antiguidade será entregue ao dentista aposentado Owen Cowell, da cidade de Pwllheli, o mais próximo parente vivo de Prichard.
Morte Misteriosa:
Hughes descobriu que Prichard era o capitão do Barbara, um navio pequeno que naufragou durante uma tempestade em 1881, há 128 anos. O comandante havia morrido misteriosamente durante uma viagem para buscar um carregamento de arroz em Mianmar. Seu corpo foi lançado ao mar seguindo a tradição dos marinheiros, e o seu substituto, conhecido apenas como capitão Jones, ficou com o relógio - possivelmente para entregá-lo à família de Pritchard depois da chegada em Liverpool. Mas o navio nunca chegou ao seu destino. Por falta de habilidade, o capitão Jones levou a embarcação para o Canal de Bristol em vez do canal de St. George. Atingido pela tempestade, o navio afundou. Toda a tripulação foi resgatada, exceto o capitão Jones, que afundou junto com o Barbara. "É possível que ele tenha morrido com o relógio prateado no bolso", disse Hughes. "Os restos dele já se foram há muito tempo mas o relógio sobreviveu, possivelmente pelo fato de ter sido enterrado em sedimentos, o que teria preservado o relógio".
Historiador:
Após a descoberta, o mergulhador afirmou que sentiu a necessidade de entregar o relógio a alguém da família do seu dono original. "O relógio não era meu e eu queria retorná-lo a quem de direito", afirmou Hughes. Ele entrou em contato com um historiador amador, David Roberts, para tentar encontrar a família do capitão Prichard. "Pela inscrição (gravada no relógio) sabia que ele era de Abersoch, então visitei dois cemitérios na área. Através de sua árvore genealógica, consegui encontrar os descendentes do capitão Prichard e me surpreedeu que eles ainda vivessem no norte do País de Gales", disse Roberts. O historiador descobriu duas homenagens ao capitão Prichard, uma em um túmulo dos seus familiares e outra no túmulo de sua esposa e filho. A avó do dentista aposentado Owen Cowell, que receberá a antiguidade no fim deste mês, era prima de Prichard. "Estou muito contente que o relógio vai voltar para casa depois de todos estes anos", afirmou Cowell. "Foi uma grande surpresa que meus ancestrais tivessem uma vida tão movimentada em navegação". A peça, fabricada pelo relojoeiro Richard Thomas, do norte do País de Gales, será exposta no vilarejo, mas não será consertada para voltar a funcionar.
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RIBEIRA - 375

RENAULT
No final dos anos 50, os carros populares que faziam sucesso da França eram o Citroen 2CV, projetado em 1936 e lançado em 1948, e o Renault 4CV, cujo lançamento datava de agosto de 1947. Para a necessária substituição do velhinho Renault, Pierre Dreyfus (presidente) reuniu a sua melhor equipe de técnicos e engenheiros. Dreyfus exigiu-lhes um automóvel simples, moderno, barato e funcional, capaz de atender a tudo e todos, eficaz em estradas e no campo.
Estava também definido que o novo Renault teria por volta de 600 cm3 e 20cv e que herdaria boa parte da mecânica do 4CV, mas a tração seria obrigatoriamente dianteira, o primeiro Renault com esta configuração. Em 3 de agosto de 1961 era apresentado o Renault 4L, mas ficaria para sempre apelidado com R4. O seu primeiro motor tinha quatro cilindros, caixa de três velocidades em linha e 600 cm3. A potência de 20 cv e 4.700 rpm permitia velocidade máxima de 95 km/h e um consumo médio de 15 km/l. O capô abria-se de trás para a frente e a suspensão era independente nas quatro rodas, com barras de torção em ambos os eixos. E tinha uma grande primazia: o primeiro sistema de refrigeração selado do mundo, que evitava a perda e consequente reposição do líquido de refrigeração. Uma peculiaridade do novo Renault 4L era a distância entre eixos maior no lado direito e uma imposição do tipo de suspensão traseira.
Foi por esse tempo que João Mota, mecânico que morava em Natal Rn, teve a primazia de ver de perto um Renault desse estilo. O rapaz - tinha cerca de 30 anos - olhou com toda a sua mudez o famoso carro que estava bem próximo de suas mãos. Ele admirava todos os seus detalhes, José Rodrigues, mecânico também nas horas vagas, se aproximou de Mota e lhes disse: "Esse não se quebra tão facil assim". Na sequência, Mota se refez daquele sonho que o mantinha entretido e, de imediato, disse: "Se quebrar, eu estou aqui!!!". para se sentir uma doce risada de Zé Rodrigues diante da altivez e a falta de modéstia de Mota. Em Natal, em 1963, Renault era um carro de praça (táxis). Mas, os mais antigos. De 1948 e coisa assim. E então, João Mota, como um bom mecânico, mesmo sem ter oficina, consertava todos os veículos que se apresentavam com defeito. Austin, Citroen, Oldsmobile e mesmo o tal chamado Ford, o veículo mais afamado no mercado de automóveis de Natal. Quem procurasse um carro bom para comprar, era perguntar a o jovem Mota, pois ele era conhecedor da macânica de qualquer tipo de veículo. Certa vez, um cidadão bastante conhecido na cidade, teve o desprazer de ver seu carro, um velho Austin, pegar fogo na Avenida Presidente Bendeira, já muito próximo do bairro de Lagoa Seca. A meninada tomou conta da folia e sacudiu areia para apagar o incendio que destruia o veículo. Isso era na parte da manhã. Logo que o fogo apagou, o dono do carro tomou o bonde que passava em frente, e largou para a Ribeira à procura de Mota. Em lá chegando, com a cara entristecida, foi logo dizer ao mecânico que ele fosse busar o seu carro, pois o mesmo pegara fogo. Dito e feito. Quando foi à tarde, lá chega Mota, todo sujo de graxa e areia, trazendo o carro e dizendo ao seu dono: "Pronto, Doutor. O carro! Não sei se presta, mas eu trouxe como pude. Eu sendo o senhor botava fora essa troçada!!" - comentou o rapaz. Dias após, o homem já vinha em um carro "novo" perguntado a Mota: "E esse!!! Presta!?". Mota examinou o carro e quando acabou, foi dizendo: "Ah! Agora o senhor tem um carro de qualidade! Só não presta para andar na chuva". O carro que o homem tinha comprado era um DKV, com o motor na frente e o distribuidor abaixo da linha d'àgua.
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terça-feira, 18 de agosto de 2009

RIBEIRA - 374

- ZUMBIS -
Um grupo de cientistas das Universidades de Carleton e Ottava, no Canadá, publicou um estudo que usa rigor matemático para responder a uma pergunta que faz sentido apenas na ficção: a Humanidade conseguiria sobreviver a um ataque de zumbis?. Intitulado "Quando os zumbis atacam: Criando um Modelo Matemático de um Surto de Infecção por Zumbis", o estudo foi publicado no livro científico "Pesquisa sobre Modelos de Progressão de Doenças Infecciosas". O exercício matemático considera várias opções e cenários, incluindo quarentenas bem e mal sucedidas de infectados, assim como a possibilidade de alguns humanos sobreviverem, mas terem que co-existir com zumbís.
Os autores afirmam que um ataque de zumbís poderia acabar com a civilização a não ser que a reação fosse "rápida e bastante agressiva". Mas advertem: "Se a escala do surto aumentasse, então, o resultado seria o do juízo final: um surto de zumbís resultaria no calapso da civilização, com todos os humanos infectados, ou mortos. Isso porque nascimentos humanos e mortes dariam aos zumbis um suprimento infinito de novos corpos para infectar, ressuscitar e converter", afirmam os autores.
Para dar aos vivos uma chance de lutar, entretanto, os pesquisadores escolheram zumbis "clássicos", que se locomovem lentamente, em vez de criaturas mais inteligentes e ágeis mostradas em alguns filmes recentes. O professor Robert Smith e seus colegas explicaram como o estudo foi feito. "Nós criamos um modelo de ataque de zumbis usando suposições biológicas baseadas em filmes de zumbis. Nós introduzimos um modelo básico para infecções de zumbi e ilustramos o resultado com soluções numéricas".
Em "A Volta dos Mortos Vivos", filme de grande repercução, mostra as pessoas que estavam mortas e voltaram à vida de uma forma putrefata e querendo comer as outras pessoas vivas. Essa era a idéia do que seria o caos completo e irremediavel para a humanidade. No filme, os mortos-vivos gostavam de comer cérebros. Em um outro filme, "A Capital dos Mortos", parte de uma profecia de que padre Dom João Bosco teria dito em 1883 sobre a construção de Brasília. Supostamente a profecia dizia que ele teria visto que o apocalípse começaria a acontecer alí. Em outro filme, "A Noite dos Mortos-Vivos", tão famoso por sinal, os zumbis começaram a sair dos túmulos e espalhar a sua doença pelos Estados Unidos inteiro. Em outras histórias, guerreiros medievais procuram um velho amigo que se escondeu em uma cidade por ser ele considerado um "bruxo". Quando os guerreiros chegam, encontram todo mundo morto. E descobrem que uma maldição foi lançada, sendo que um dia mil mortos voltam à vida. Os mortos-vivos eram todos zumbis. Esse é o tema da morte que até hoje estremece de pavor aos que estão vivos. É o horror, tal mistério que busca a espiritualidade. No filme, "O Exorcista", existe uma parte em que a jovem-menina se transforma em zumbi. Ela é a encarnação do demônio que cospe uma materia inorganica, parecido com um suco de abacate, quando o sacerdote lhe impõe um crucifixo sobre a sua testa. Esse fato foi real. Ao longo do tempo o homem sempre procura desencavar o que ele acredita ser alguem que não morreu e está morta. Porém, teme quando o espectro aparece a sua frente. A infestação de zumbi é o retorno dos excluídos existente no simbolismo da volta dos indesejáveis.. Por mostrar tudo isso, devemos explicar que lá dentro da mente humana, entre gemidos e sussuros há o querer de ter a verdade sobre quem já viveu e se pudesse voltar. Se não se pode tratar como um ser revivido, então se traz como um nada mais que zumbi buscando voltar a viver.
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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

RIBEIRA - 373

- MORTE CERTA -
Quando eu consegui o meu primeiro emprego ou trabalho, tinha que chegar logo cedo e deixar tudo arrumado, prontinho para que o meu tio não reclamasse. - "O espanador!!! Já passou aqui!!?" - era o tipo de reclamação que, com o tempo eu fui superando. O trabalho era em um escritório de vendas de imóveis. Terrenos e casas. Com o passar das horas, o meu tio inventou de abrir um armazém de madeiras, na Ribeira. O armazém, com o passar das eras e das feras, tornou-se grande. Não, imenso! Porém grande! E eu continuava com a minha obstinação: chegar cedo, em cima da hora e sair, de preferencia, quando o apito de uma fábrica que ficava no bairro, soava, anunciando 5 horas da tarde. Ferias!!? Muito poucas vezes eu tirei, pois queria apenas trabalhar. E a minha corrida vertiginosa do meu futuro também continuava com esse autêntico mal costume que as estações do tempo me deram.
Veio-me o trabalhar em Emissoras de Radio, e o péssimo costume continuava, eu sempre dormindo depois da meia-noite, até a 01h da madrugada. Eu dizia sempre aos meus colegas que em minhas veias circulavam virus de uma estação, pois eu verdadeiramente sentia impregnado pelos potenciômetros de um rádio. Era nada além do vício que me sacudia a qualquer instante em querer poder saber mais. E assim o tempo passou, eu na mesma ilusão de criança grande vasculhando as perepções quiméricas do meu não saber ou poder.
Passou-se o tempo do rádio, jornal, televisão e eu tinha o querer saber algo mais. Chegou a era do computador. Então, eu me infurnei nesse mal, procurando decifrar tudo aquilo que eu não sabia. Para mim, tudo era nada. A voraz nescessidade de poder conhecer o que eu não conhecia sucumbia-me nessa fabril razão ainda maior de buscar a tal necessidade de raciocinio. Eu queria saber os pormenores de um computador, por assim dizer. Tornei-me um assiduo perseguidor de todos os meios da lógica realizada. Hora lendo, hora pesquisando, hora sonhando.
E tantas quimeras levaram-me ao mentor de estenuado, não suportando tantas agruras que me rcolheram de uma só vez. Hoje, não estou mais a procura do sonho. Enfim, o sonho é apenas o sonho. Eu, por fim, decaí-me na mesa do teclado e adormeci de vez por todas. Ví, por fim, não bastava apenas a sede de saber e conhecer. Entregando-me ao próprio sonho, adormeci para sempre. Aos que ficaram na mesma sina, eu deixo a minha imagem solitária e triste, de um espectro sem vida, fugidiu e sem nenhuma forma de saber.
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domingo, 16 de agosto de 2009

RIBEIRA 372

BOLERO
Eu conheci José Menezes no ano de 1957, pouco antes de eu ter que ir morar no Bairro das Rocas. Ele já era de maior idade e no tempo que eu o conheci, ele estava desempregado, fazia poucos meses. Durante um certo tempo, Menezes trabalhou como cobrador em ônibus que faziam a linha das Rocas até às Quintas, bairros de Natal. Mesmo assim, no tempo que o conheci ele já não estava mais nesse serviço. Parado, em casa, ele me contava as injúrias feitas pelo seu padrasto, sapateiro, trabalhando na própria casa, por sinal, alugada. Quem assumia a despesa com tudo era o padrasto de Menezes. Por isso, o homem dizia poucas e boas pelo fato do jovem não ter emprego.
Logo que ele entrou para a JOC - Juventude Operária Católica - eu o conheci. Mesmo eu morando em Petrópolis, não fazia questão em ir por sua casa e de lá, nós pegavamos o ônibus na parada da Rua São João. É certo que Menezes, não raro, pedia que eu esperasse um pouco para que ele pudesse pegar uma condução cujo cobrador era seu conhecido, pois Menezes fez boas amizades com os seus colegas cobradores. Naquele tempo não existia o vale, como hoje. Quando aparecia um seu conhecido, ele subia e cumprimentava o cobrador, dizendo que eu estava com ele. E, assim, nós não pagavamos o valor da passagem. Eu sei que Menezes fazia isso para ficar grato comigo, pois, de qualquer jeito eu tinha dinheiro para custear as passagens minha e dele. Menezes sabia disso. Porém fazia questão em que eu guardasse o valor da passagem.
E assim, caminhavamos até à sede da JOC, na Cidade Alta. Um jeito que eu observava em José Menezes era que ele gostava de cantar. E, olhe que ele, de um modo ou de outro, cantava muito bem, mas a sua preferencia era somente por musicas em ritmo de bolero. Em plena viagem de ônibus o rapaz tamborilava em uma caixa de fósforo o ritmo do bolero. Era por demais jocoso aquela febre do jovem em gostar de um melodia de outras partes das Américas, deixando de lado até mesmo o samba, pois era muito melhor do que rumbas, tangos, mambos e também boleros. Nós dois fazíamos duplas, ele cantando bolero e eu, samba-canção ou até mesmo valsa, das mesmas que cantava Carlos Galhardo, o rei da valsa.
Certa vez, algo que bastante me preocupava, estive falando com Alda Leda Freire sobre a situação de desemprego pela qual Menezes passava. Ela ouviu e calou. Dias depois, Arlindo Freire, irmão de Alda Leda me perguntou o nível escolar de Menezes. Eu disse não saber e perguntei a razão do fato. Arlindo me falou que havia uma vaga em uma Cooperativa da Marinha, onde a sua irmã já estava trabalhando. Eu falei a Arlindo que, desta forma era melhor saber do próprio jovem. Arlindo concordou e pediu que eu ficasse incumbido da missão.
Todo acertado e eu, com dois dias já sabia aquilo que Arlindo queria saber. Dei-lhe a resposta e de pronto, José Menezes tomou conhecimento da vaga e ficou combinado que ele devia se apresentar no Cooperativa para trabalhar no novo posto. Depois de um longo espaço de tempo, quando Menezes já aprendera a trabalhar naquele local, surgiu uma outra vaga em uma nova cooperativa dos trabalhadores na agricultura. Daí em dianta, Menezes já estava definitivamente sem preocupação por um trabalho. Na nova cooperativa, ele teve que viajar ao interior por várias vezes, a fim de contactar com os trabalhadores rurais, dando-lhes as orientações necessária, de acordo com cada caso
Em 1961, José Menezes frequentou o curso de Segundo Grau do Colégio Marista onde, vez por outra faltava às aulas, por força do serviço. E foi assim até 1965, quando ele terminou o curso e passou a estudar em João Pessoa, Pb. fazendo o Curso Superior de Advogado onde colou grau e, então conseguiu um emprego público. Eu ví José Menezes no dia em que ele passava para ir para casa, cerca de 1992 ou mais. Sei que foi no dia em que ele faleceu por um motivo que não sei bem qual foi. Ele passou em seu carro e não me viu. Eu nem pude chamá-lo, pois nós estavamos em faixa diferente. Mesmo assim, ainda me lembro dos boleros que Menezes cantava na JOC ou na rua, onde ele estivesse. Certa vez, eu, falando com ele, fiz lembrar a sua semelhança com Jean-Paul Belmondo e ele se disse honrado. Menezes era um homem simples, mesmo sendo um advogado. Depois que eu passei a trabalhar em outros meios, perdi o contato com ele. Sua mulher era Silvéria, com quem casou por volta de 1963. Ela era professora do Estado e quase não foi possivel a gente se falar por longo tempo. Eu lembro que, no período do colégio Marista, ela já casada com Menezes, certa vez, nós dois - eu e Menezes -apresentamos um quadro humorístico, onde eu vestia uma roupa feminina, cedida por Silvéria que foi até ao Teatro do Marista maquiar-me por completo. Foi uma peça bastante jocosa a que nós apresentamos, numa festa que o Colégio promoveu para os seus estudantes. Depois de tudo, José Menezes cantou umas composições em espanhol, boleros, por assim dizer, o tema que ele sempre admirou. Hoje, quando eu ouço um bolero, só me vem a mente a figura de José Menezes da Silva.
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