segunda-feira, 10 de agosto de 2009

RIBEIRA - 362

- SIMONE -
No tempo em que veio ao mundo, talvez não existisse a tal boneca "Barbie". Sei, apenas, que a vi crescer de um mês e tanto tempo assim. As tais "Barbie's" chegaram por seu mundo apenas em sonho. Eu tive a oportunidade de conduzi-la nos braços, no primeiro dia de sua vida. Chorona que era!!!. Mas, a mim não importava aquele choro de criancinha. Eu a cuidava e quando aquela frágil criança começava a chorar, imediatamente eu a largava nos braços de sua mãe que sabia acalentar de formas a que o nenen se calasse. A mãe era todo orgulho. Anseio eterno de uma mãe. Mãe-Coruja, certamente. O umbigo de Simone foi enterrado na porta de casa. Isso era uma surperstição das mães. Dizia-se que o umbigo deveria ser eterrado na porta de casa. Assim foi feito. Tudo era muito simples, então. Simples mesmo.
Passaram os dias e na primeira vez que Simone saiu de casa, foi coisa de um mês. A mãe já estava boa - mais ou menos boa - do resguardo. Então, um dia de domingo, de tarde, sua mãe, a filha Simone, e eu saímos para uma visita e também mostrar a filha amada a uns conhecidos da gente. A tarde era de sol, fazia calor, embora não muito. Seguimos viajem de casa para a casa dos conhecidos nossos. Foi uma festa total aquela que se fez notar. Na casa dos nossos amigos havia mais gente e todos queriam pegar naquele pequeno presente de Deus que veio ao mundo como que por encanto. Eu, jamais esqueci daquele dia de tanta ternura, aconchego e benquerer. A menina nada fazia. Pouco abria os olhos. E quando abria, então era uma festa como todos querendo ver. Passou-se a tarde toda nesta festança.
Porém, um dia se passou. Um, dois, três e mais dias. A guria crecia mais, chorava menos. Nos seus afazeres domésticos a sua mãe não perdia o olho, conzinhando, batento roupa, engomando e um olho na menina. Era sempre assim. Dores? A menina não sentia. Dor, que é uma coisa tão comum nas crianças. Simone, entretanto não sofria desses incômodos. E o tempo passou. Um ano. A festa que se fez. Pouca festa, enfim. Apenas para os vizinhos e amiguinhos. Quando cheguei em casa, apenas tive direito ao bolo confeitado. Um pedaço, apenas. Contudo, eu saboreei aquele repasto como se tivesse feito a festa por completo. Um, dois, três anos. Nesse tempo, eu chamei Simone para o meu colo e alí demonstrei todo o meu amor que eu sentia por ela. Acanhada, sem saber o que representava aquele momento para mim, apenas balançou a sua linda e bem feita cabeça ornada de cabelos curtos, chegando à orelha, vestido de algodão, de duas cores - branca e vermelha - era o que Simone vestia.
O tempo foi passando, veio a escola e, tempos depois, o Atheneu. Mone já era grandinha. Sempre deleitou por mim um largo e confidente afeto. Era chorona por tudo e por nada. Magrinha que nem uma gazela. Ela brincava com as suas colegas, guardava segredos de menina e quando já estava com seus 14 anos, achou de arranjar um "namorado". Qual, o que!!! Namorado?!!! - Eu então me "espivitei". Eu cheguei a ameaçar em passar como o meu carro sobre eles, se o namoro continuasse. E o namoro, então, acabou. Eu me dei por satisfeito. Nesse tempo, Simone aprendia a dançar em um Ballet da cidade. E teve a oportunidade de se apresentar no Teatro de Natal (Rn), o Teatro "Alberto Maranhão", antes chamado por Teatro "Carlos Gomes". Essa festa talvez tenha sido por volta do ano de 1980 ou um pouco mais.
A peça foi deveras bem feita. Havia gente demais para assistir ao espetáculo. Eu a levei ao Teatro todas as vezes que havia espetáculo. Orientei ao fotógrafo a tirar foto da minha princesa, muito embora não fosse a primeira bailarina. A assim, se fez. O tempo mais uma vez passou tão rápido e, aos 17 anos Simone foi pedida em casamento. E, logo se casou. Uns tempos morou em Natal e depois viajou para Florianópolis, (SC). À sombra de uma lembrança que nunca se apaga, lá ela está, hoje com os seus 43 anos e quando me telefona não sei porque, sempre acaba chorando. E e também.
Hoje, eu não me lembro de quatas "Barbies" ele teve ocasião de brincar. Não sei mesmo. Para mim, ela é a própia Barbie dos meus eternos sonhos onde e quando durmo na esperança de um dia poder revê-la. Se não teve uma boneca Barbie é porque, tão somente ela sempre foi, para mim uma Barbie. Eterno pássaro dos meus mais diletos sonhos. Berbie mulher capaz de envolver e encantar os sonhos eternizados de quando eras apenas uma menina.
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