quinta-feira, 27 de agosto de 2009

RIBEIRA - 386

- ELISABETH ROCKEL -
Quem é essa Elise? Durante anos pensou-se que ela fosse "Therese". Agora, um musicólogo alemão pretende ter resolvido o mistério sobre a identidade daquela a quem o compositor natural de Bonn dedicou uma de suas obras mais populares. A "Bagatela" para piano em lá menor de Beethoven é uma das peças clássicas mais conhecidas que existem. Composta em 1810, ela traz uma dedicatória intima: "Para Elise, em 27 de abril em recordação de L.v.Bthvn". Do jazz ao hardrock, do cabaré ao toque de celular, passando pelo hit italiano (Maledetta Elisa!), poucas melodias são tão onipresentes quanto essa. Não há dúvida: caso Ludwig van Beethoven (1770-1827) ainda recebesse direitos autorais, bastaria Para Elise para torná-lo milionário.
Porém durante logos anos uma questão extramusical permaneceu em aberto: quem era a homenageada? Até há pouco. pensava-se tratar-se de uma jovem e bela amiga do compositor, uma certa Therese Malfatti. O que, do ponto de vista lógico, não faz muito sentido. admita-se. Agora, o musicólogo alemão Klaus Martin Kopitz crê haver encontrado a resposta. Não que tivesse essa intenção: a descoberta foi mero subproduto de seu trabalho mais sério de pesquisa historiográfica.
Há anos Kopitz trabalhava numa edição do livro "Beethoven no olhar de seus contemporâneos", contendo relatórios de gente que conheceu o compositor pessoalmente, diários, poemas, lembranças. "Algumas mulheres são presenças constante. E uma delas é Elisabeth Rockel". Nascida em 1793, ela era a irmã caçula do cantor Joseph Rockel, que em 1806 cantou o papel de Florestan na única ópera de Beethoven, "Fidelio", sob a regencia do próprio compositor. Assim como seu irmão, a graciosa bávara, que os amigos chamavam "Elise", afeiçoou-se ao excêntrico gênio nascido em Bonn. Alegre e despreocupada, ela possuía também talento musical, tocava piano e mais tarde tornou-se cantora. Na primavera européia de 1810, mudou-se de Viena para Bamberg, em seu primeiro contrato teatral. E este é mais um argumento de Kopitz: se Beethoven escreveu a peça "em recordação", é de se supor que ocorreu uma separação.
O compositor e a jovem conheciam-se bem, sem dúvida, já que ele dedicou a obra não a "Fraulein Rockel", mas sim a "Elise". A amizade entre os dois está bem documentada, inclusive pela possível musa. A um conhecido, ela contou, por exemplo, de uma noitada na casa do celebrado violonista Mauro Giuliani. Apesar de acompanhada por seu futuro marido, o compositor Johann Nepomuk Hummel. "Beethoven, em sua extroversão renana, não cansava de cutucá-la e de brincar com ela. Tanto que, ao fim, ela não sabia como se livrar dele: de tanto carinho, ele não parava de beliscá-la no braço", cita Kopitz. O fato de Elisabeth haver se decidido por Hummel não abalou a amizade do casal com Beethoven. Poucos dias antes da morte do músico, em março de 1827, ela o visitou, cortou um cacho da cabeleira do compositor e ganhou como suvenir suas últimas penas de escrita.
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