terça-feira, 31 de março de 2009

RIBEIRA - 279

JOÃO ALVARES
No dia 30 de abril de ano de 1896 nascia João que na pia batismal recebia o nome de João Àlvares de França, filho do professor Luis Alvares de França e de Ana Isabel Alvares Pinheiro. Era o primogênito da famila de mais seis irmão - Sebastião, Francisco, Beatriz, Alzira, Alice e Gabriela. Natal, Rn, era ainda uma pequena cidade e o professor Luis de França tinha um sítio da rua Camboim, estreia, por sinal. No seu tempo, a rua Camboim nem começava da rua Jundiaí, pois essa não existia ainda. E nem terminava da rua Apodi, pois essa também nem começava naquele canto. A rua Camboim era a última rua da Cidade que se chamou depois de Cidade Alta. O sítio terminava quando começava o sitio do "Coronel" Cascudo, pai de Luis da Câmara Cascudo, homem que se projetou na cidade do Natal por seus estudos. O sítio de Luis de França ficava no seu final, onde hoje é a sede da Assen,tomando quase todo o que seria chamado de quarteirão, tempos depois. Ali, vivia João com seus pais e irmãos, à sombra dos cajueiros, mangueiras, e de outros pés de frutas, numa sombra que parecia eterna. Luís de França, além do seu sítio na rua Camboim, tinha um outro terreno, em parceria com o seu tio. O terreno ficava onde hoje está a Nova Catedral. Em 1890 até 95, Luis concordou em doar o espaço ao padre João Maria para a construção de uma Igreja. Padre João Maria Cavalcante de Brito começou naquele local a construção da Catedral de Natal, um pouco distante da velha Catedral. Mas, com a sua doença, Padre João Maria não pode dar continuidade à obra e faleceu em 1905 deixando boa parte da construção feita.
João Alvares estudou em escola particular e no Atheneu, onde concluiu o primeiro estagio dos seus ensinos. Para ir mais além, João Alvares fez os estudos na Escola Normal, em 1918, onde, ele e tantos outros, inclusive moças, receberam diploma do Professores. No ano seguinte, em 1919, João Alvares conseguiu uma colocação no Estado, sendo Mestre da Secretaria de Ensino, tendo que partir pelo sertão, já como Inspetor de Ensino. Assim, ele foi para o municipio de Pau dos Ferros, terra distante da capital para onde se chegar, tinha-se que levar um bom tempo. De lá, partiu para Mossoró, Papari (hoje Nísia Floresta), Flores (hoje, Florânea) e tantos outros sertões bravios. Na condição de Inspetor de Ensino, ele era recebido pelos professores primários de cada municipio desses, como uma sumidade, com o mais prestigiado respeito. Em 1927, João Alvares teve que ir ao Rio de Janeiro, capital da República, para fazer o mestrado em sua profissão. Foi um longo período de sacrificios. A viagem foi de navio. E com o seu final, ele voltou à Natal, tendo sido recebidos com imenças corbeles de flores e festa por todos que habitavam Natal. Em 1929, veio o seu primeiro casamento com a jovem Raymunda Barbosa de França, gente de classe fina, natural de Belém, do Pará. Contudo, esse matrimonio durou pouco tempo, pois a sua esposa faleceu em principios de 1930, não deixando familia. Para João, foi um abalo muito grande a morte de sua mulher. Ambos moravam na rua "Vai Quem Quer", hoje chamada de rua Mossoró. O sepultamento ocorreu no cemitério do Alecrim, único da cidade. O tempo passou e João conheceu uma outra moça - Reinéria - com quem veio a se casar. A jovem moça era da família Leandro. Em casa, era chamada por Néra. Os dois foram morar um uma casa na rua Camboim, onde João nascera. A moça tinha sua família que residia na Rua da Estrela (hoje, José de Alencar) e assim, ficava perto dos seus familiares, pois a casa dos pais de Néra era na esquina da rua da Estrela, onde havia um local para a comercialização de urnas mortuarias, feitas pelo seu pai, Miguel Leandro que, por sinal, ocupava o seu tempo como Tabelião do 1º Cartorio de Natal, dando emprego também, a seus filhos. Em 1935, faleceu Miguel Leandro, um abalo para a familia composta de 16 filhos, deixando a esposa, Estefânia Leandro. Quem cuidou do enfermo, antes dele vir a falecer, foi a sua filha, Néra. Passado o tempo, João e Néra cuidaram de sua vida. Em 1936, no verão, mês de dezembro, eles foram passar as férias de fim de ano na Praia de Areia Preta. Alí, so havia casebres de taipa. Em um deles se abrigava João e Néra em companhia de seus parentes, Maria do Carmo e Tenente Severino, ambos casados. No ano seguinte, 1937, João Álvares foi incumbido de fazer inspeção das escolas de Baixa Verde, onde para lá rumou em companhia de sua esposa, Néra. A mulher reclamava muito das cobras que se escondiam nas paredes da casa em que residiam. E quando João teve que voltar a Natal, a sua esposa deu graças a Deus. Certa vez, ainda em Baixa Verde, eles - João e Néra - estavam jantando quando ouviu-se uns passos de algo de não se sabia o que era. De repente, um cavalo pôs a cabeça no vão da porta do corredor e balançou-a como quem dá "boa noite" e rumou de volta por por onde o educado animal havia entrado. Foi um susto e tanto. contava Néra, aquele cavalo tão educado entrando para apenas dar um "boa noite" e avisar ao dono que a porta da casa estava aberta àquela hora da noite, até cedo, por sinal, mesmo em se tratando de uma cidade do interior. Seu primeiro filho nasceu no ano de 1938. Foi uma festa para todos os seus familiares. Nôza - Leonor - era a mais encantada com o novo rebento, quase não o tirando dos braços para inticar, assim, a sua irmã, que morria de ciumes. Em 1940, João Alvares esteve empregado no Campo de Aviação de Parnamirim, cerca de tres léguas do centro. Foram cinco anos de assombros e medos. Havia o tradicional "apagão", quando ninguém podia ficar com qualquer luz acesa, mesmo num casebre do bairro do Carrasco ou Lagoa Seca. Nesse perido de "escuridão", um homem foi preso quando transmitia via código "Morse" informações sobre a cidade, escondido, no interior de uma catacumba do Cemitério do Alecrim. Isso, foi mais que um assombro, sem dúvidas. No mesmo período, em 1942, dois fatos aconteceram em ambas as famílias Leandro e Alvares. Um, foi a morte de Dona Estefãnia, mãe de Néra, vítima de diabetes. Ela faleceu no dia 23 de janeiro de 1942, sete anos após perder o marido que morreu de um desarranjo intestinal. O segundo foi a morte de Luís de França, pai de João Alvares, que morreu vítima do coração. Em igual tempo, João Álvares estava morando na rua Trairí esquina com av Hermes da Fonseca, última casa daquela rua. Deu-se ai um fato curioso. Certa vez, em 1944, o seu filho viu uma "gravata" pendurada nas telhas do quarto da casa, uma casa isolada por todos os lados, e plantios de pés de banana anã e de mamão. O garoto chamou a sua mãe para ver a tal "gravata". Quando a mulher chegou ao quarto, mas que repente, agarrou o filho nos braços e partiu para a rua clamado: "aquilo é uma cobra!!!". Os vizinhos acorreram para socorrer dona Néra enquanto João procurou ajuda de um guarda florestal que estava no morro do Estrondo. O homem veio e mirou na cabeça da serpente, deflagrando um único tiro e acertando em cheio na cabeça da cobra. O sangue que desceu, molhou todo o lençol da cama e dona Néra juntou tudo o que podia, encharcado com o sangue da serpente e atirou na rua, pois tal sangue não sairia com uma ou duas lavagens com água e sabão, por mais que se esfregasse. O caçador advertiu que uma outra serpente deveria aparecer pelas redondezas e dois dias depois a segunda serpente apareceu numa casa próxima a que o casal morava. O homem disse mais que aquelas cobras só andavam em parelha. "Se não fosse o menino!!!", era o que dizia uma mulher que morava na casa vizinha. Da rua Trairi, João Alvares, alarmado por sua esposa, que não tirava da cabeça a imagem da cobra, tratou de vender o imóvel e adquirir uma outra casa, não muito longe, na rua Afonso Pena. E a familia se mudou para o novo endereço. Como Inspetor de Ensino, João costumava a viajar para locais não muito longe. Néra ficava em casa, visitava os parentes, às vezes iá até a praia tomar banho de mar e dar banho no seu garoto. Em 1947, veio o segundo filho. Esse foi de um parto bem mais dificil, pois a mulher estava com 41 anos de idade. A parteira, Mãe Luiza, lutou em vão para extrair a criança do útero de dona Néra. Após dois dias de sacrificio, recomendou que aquele caso estava dificil e era bom que a mulher procurasse um médico e fosse ao hospital para ter o seu filho. Chamado às pressas pelo pai da criança. o Dr João Leandro que, além de dentista era médico, buscou uma ambulancia e levou a sua irmã para o Hospital Miguel Couto (hoje Hospital Onofre Lopes) e ali foi feita a operação de retirada do garoto. Ela costumava dizer: "Foi tirado a ferro!!!". Mesmo assim, o garoto, extraido a ferro não apresentava maiores transtornos, a não ser um ferimento na cabeça causado na hora da extração. Coisa de só menos importância e que sarou bem depressa. Passado o tempo, em 1953, João Alvares vendeu o imóvel e comprou uma casa do bairro de Petrópolis. Alí, ele viveu até o dia de sua morte, a 29 de março do ano de 1958. quando uma leucemia lhe cobrou a liberdade de viver. Morreu um mês antes do completar aniversário. Na hora de sua morte, estava com ele apenas a sua mulher, dona Reinéria Leandro Álvares. Era o fim de um professor, entre muitos outros, que foi lente da Polícia Militar durante vários anos, formando soldados, cabos, sargentos e tenentes. Hoje, nem uma pedra tem afixada para lembrar o seu nome naquele Quartel. Ou mesmo, nem uma rua, praça, beco ou vila qualquer para lembrar quem foi aquele professor João Álvares de França.

segunda-feira, 30 de março de 2009

RIBEIRA - 278


PASSAGEIROS
Há algum tempo o diretor Rodrigo Garcia pode ser reconhecido por mérito próprio, e não apenas por ser o filho do grande escritor Gabriel Garcia Marquez, vencedor do Nobel de Literatura. Rodrigo desenvolveu toda a sua carreira nos Estados Unidos e ganhou destaque como operador de câmera em alguns filmes, como em "Grandes Esperanças". Foi posteriormente diretor de fotografia de alguns projetos, como "Gia - Fama e Destruição" e, na direção já comandou episódios das premiadas séries televisivas A Sete Palmos e Amor Imenso. "Passageiros" é a primeira grande produção dirigida pelo colombiano, que já havia trabalhado em projetos menores no cinema, como o drama "Questão de Vida". É uma pena perceber que tal profissional tão elogiado por seus outros trabalhos, não tenha conseguido tornar esse filme em algo mais interessante. Mas os erros não são apenas do diretor, que voltará a ser citado em breve, e já se iniciam com a premissa de suspense. Com a queda de um avião comercial, um pequeno grupo de sobreviventes passa a ser entrevistado por Claire Summers, terapeuta que procura minimizar os possíveis traumas causados pelo acidente. Com algumas sessões de terapia a mesma se deixa envolver com um dos sobreviventes e passa a investigar os motivos que estão levando seus pacientes a desaparecerem, um a um. Se uma curta sinopse já deixa pistas do que pode acontecer em "Passageiros", a campanha de divulgação do filme apenas potencializa isso, o que prejudica imensamente a produção que utiliza a estrutura básica dos suspenses que se desenvolvem mantendo as surpresas para serem reveladas em seu final.
Anne Hathaway, Patrick Wilson, Dianne Wiest, Clea DuVall e Andre Braugher, todos atores competentes, todos desperdiçados em "Passageiros". Hathaway em particular, indicada ao Oscar este ano por seu excelente desempenho em "O Casamento de Rachel",tem a performance mais incorreta do longa, sendo em parte prejudicada por sua personagem. A atriz se esforça mas não consegue fugir da caricatura, criando uma terapeuta que parece duvidar de sua capacidade, extremamente influenciável, que funcionaria mais se fosse uma colegial e não alguém que possui dois mestrados, como um dos personagens menciona durante o filme.
E Rodrigo Garcia, por sua vez, aparentemente não faz muito esforço para tirar "Passageiros" da ponta do precipício. A cena de sexo entre os protagonistas é uma das mais frias que o cinema já desenvolveu. É até estranho ver "Passageiros" nos cinemas brasileiros, visto que o filme foi ignorado pelo público americano.
---

domingo, 29 de março de 2009

RIBEIRA - 277

SEGREDOS ÍNTIMOS

Parece que o mundo se fechou numa redoma onde todos vivem sem segredos. É bastante sentir o que trata o cinema. Foi ontem e é hoje. Tudo a mesma coisa. Em "Segredos Íntimos", é o tema que se debate. A intolerância religiosa, novamente em foco, como fator provocador de profundas dores na alma humana é sempre um tema fascinante. Só não precisava ser um tema tão mal-tratado como neste insano e bem arrumado "Segredos Íntimos", coprodução franco-israelense espantosamente indicada para oito prêmios da Academia de Cinema de Israel. Aliás, isso não é de admirar. A produção é israelense, por certo.
O roteiro se centraliza em Noemi (Ania Bukstein), uma jovem estudiosa, filha de rabino, que tem tanta sede de saber que espera se tornar ela própria uma religiosa. Após a morte da mãe, Noemi decide adiar seu casamento por um ano para se internar num seminário, onde aprimoraria ainda mais seus estudos. Lá chegando, porém, ela conhece a insubordinada colega Michel (Michal Shtamler) e a misteriosa estrangeira Anouk (Fanny Ardant, a viúva de François Truffaut). Estas duas mulheres mudarão para sempre a vida da protagonista.
"Segredos Íntimos" é dirigido com mão pesada e falta de sutileza, que não é de admirar. Peca pelos exageros, por interpretações fracas e por um tom novelesco que acaba por desperdiçar um roteiro que poderia ter resultado num bom filme. Sente-se, então, que oito prêmios conquistados ainda foi pouco, para um produção israelense, feito em Israel e por acaso dado pela Academia de Cinema de Israel. É pouco ou quer mais?.
----

sábado, 28 de março de 2009

RIBEIRA - 276

GLAUBER ROCHA
O longa-metragem "Anabazys" surgiu em meio ao trabalho de restauro dos filmes de Glauber Rocha que vem sendo feito desde 2003 por Joel Pizzini e Paloma Rocha, filha do cineasta. As sobras de imagens inéditas dos demais filmes de Glauber vinham sendo editadas para os extras dos DVDs das obras restauradas.
Mas a quantidade e a riqueza de imagens e sons deixados por "A Idade da Terra" - assim como o interesse despertado por eles em festivais internacionais - levaram Paloma e Pizzini a transformar o material num documentário com existência independente e condições de exibição nos cinemas.
Lançado agora, poucos dias depois da data (14 de março) em que Glauber completaria 70 anos, e 27 anos depois de sua morte, "Anabazys" aborda questões cruciais sobre o último período da vida do cineasta. Elas podem ser agrupadas em dois aspectos ligados entre si: as polêmicas posições políticas assumidas por ele da década de 1970 e o impacto estético desorientador provocado por "A Idade da Terra". "E´um filme que não se pode classificar segundo as regras tradicionais, uma obra feita claramente com a idéia de que não se completa", diz o professor e crítico de cinema Ismail Xavier. "Glauber expressa todas as angústias que enfrentou na vida dele em face da história"
Ismail, que coordena a reedição da obra escrita de Glauber pela editora Cosac & Naify, diz fazer esse trabalho com "um recorte bem claro de encorajar as pessoas a assistir ao trabalho" do cineasta, sem que suas declarações políticas venham a "servir de filtro" para chegar a ele. No calor da hora, isso não foi possível.
O grande abalo político causado por Glauber, então exilado, foi uma carta escrita ao jornalista Zuenir Ventura e publicada em março de 1974 na revista Visão. Nela o cineasta defendia o apoio a uma suposta ala moderada ou progressista do Exército que conduziria a transição para um regime civil. Glauber elogiava o presidente Ernesto Geisel e o General Golbery do Couto e Silva, estrategista do governo militar a quem chamou de "gênio da raça".
"Anabazys" examina demoradamente o episódio e seus possíveis significados. "A leitura da realidade feita por Glauber era a de um artista" diz Joel Pizzini. "Sua intuição sobre política não pode ser analisada do ponto de vista teórico". Nem por isso, observa Ismail, o cineasta deixou de pagar um preço alto por suas declarações após a exibição de "A Idade da Terra" no festival de Veneza de 1980. O filme foi execrado nem tanto por sua estranheza formal, mas porque teria sido financiado pelo regime militare estaria a serviço de forças de direita. Glauber protestou veementemente no palácio do festival, com sua gestualidade e franqueza verbal caracteristicas, e tudo isso teve ampla repercussão.
"Foi uma experiencia muito traumática para ele ter feito um filme visionário numa época de crise, quando o cinema industrial americano cooptava autores como John Cassavetes e Louis Malle", diz Pizzini, citando dois dos cineastas em competição no festival de Veneza daquele ano. A tensão vivida por Glauber na época foi um dos motores da criação de "Anabazys", na medida em que faz parte das memórias de Paloma Rocha, que trabalhou como continuista e atriz no filme do pai. O "viés afetivo", nas palavras dos realizadores, e a preciosidade do material que tinham em mãos os levou a dar um tratamento glauberiano ao que de início tendia a se circunscrever ao registro histórico.
Isso significou, segundo Pizzini, "desblocar" a edição que havia sido feita originalmente para o DVD, com seu formato adequado ao menu interativo, e criar um novo filme, em que "A Idade da Terra" se relaciona com trechos de outros títulos de Glauber, além de dar ao cineasta baiano a voz do narrador. Sobretudo, buscou-se "um fluxo mais livre, mais circular. às vezes delirante" em consonância com o estilo glauberiano. Foram suprimidos os créditos de identificação - "A Idade da Terra" é célebre por não conter nenhum letreiro e quase nenhuma palavra escrita - e tentou-se incorporar alguns conceitos estético-narrativos de Glauber. como a montagem nuclear, pela qual as sequencias do filme podem ser vistas em ordem independente (o diretor queria, no caso de "A Idade da Terra", que essa decisão ficasse a cargo do projecionista a cada exibição).
"Anabazys" resultou numa colágem com a grande abrangência que Ismail aponta como caracteristica dos filmes de Glauber. Misturam-se cenas de vários filmes com entrevistas em vídeos e áudio, trechos nas aparições do cineasta no programa de TV Abertura e bastidores de filmagens. Debatem-se questões políticas, estéticas e religiosas, e fala-se muito do cinema no Brasil, pelo qual Glauber trabalhou não só como autor, mas também como historiador e articulador. Sobre o estado geral da arte e da industria, ele diz em "Anabazys' uma frase lapidar: "Uma coisa é conquistar o público; outra é explorar o público".
----

sexta-feira, 27 de março de 2009

RIBEIRA - 275

"CHE"

O médico e revolucionário (entre outras coisas) argentino Ernesto "Che" Guevara é uma figura tão polêmica quanto fascinante. Assim sendo, sua trajetória comporta bem mais do que um único filme. No caso do diretor Steven Soderbergh, ele fez dois, o primeiro deles, "Che", chega aos cinemas de São Paulo, Rio e Campinas, nesta sexta-feira, 27 de março. Certamente, Soderbergh não foi o primeiro a inspirar-se na aventurosa vida de Che. Em 2004, o brasileiro Walter Salles dirigiu "Diários de Motocicletas", baseado num livro de memórias de uma viagem da juventude do médico argentino.
No ano passado (2008), o documentário "Personal Che", de Adriana Marina e Douglas Duarte, mostrou o quanto o personagem é visto por vários ângulos, desde vilão até santo milagreiro. O filme de Soderbergh não busca responder quem foi realmente Che Guevara e qual a sua importância para a história do século 20. Trabalhando a partir de um roteiro assinado por Peter Buchman, baseado num livro de memórias do próprio revolucionário, o diretor filma com distanciamento quase documental dois momentos na vida do personagem: a campanha para a tomada do poder em Cuba, em 1959, e a visita à ONU em Nova York, em 1964.
Filmada em preto-e-branco, com uma imagem com aspecto de envelhecida, a viagem de Che (Benício Del Toro, premiado como melhor ator em Cannes 2008 por esse trabalho) intercala as cenas de guerrilha ao lado de Fidel Castro (interpretado por Demián Bichir). Nos Estados Unidos, o revolucionário se torna santo e demônio ao mesmo tempo.
Para o governo norte-americano, ele é uma força que deve ser reprimida antes de espalhar a revolução pelo resto do continente. Para outras pessoas, ele se torna quase um ícone pop. imagem que foi reforçada com a famosa foto de Alberto Korda, estampada em camisetas por todo o mundo, tornando-se o panfleto ambulante dos esquerdistas. Uma fala central em "Che" é dita logo numas das primeiras cenas, por Raul Castro, interpretado pelo brasileiro Rodrigo Santoro: "O importante não é tomar o poder; é saber o que fazer com ele". Soderbergh, porém, está mais interessado em mostrar como Che e seus aliados tomaram o poder e não com o que foi feito depois da derrubada do ditador Fulgencio Batista. Por isso mesmo, Che é visto mais no meio da floresta, atuando na guerrilha, do que nos corredores do poder. A contraposição entre as cenas de luta e a burocracia na visita à ONU faz lembrar que toda revolução precisa, em certos momentos, de diplomacia e negociação.
No centro da obra de Soderbergh está o comprometimento de um homem com seus ideais. Se aqui o diretor mostra a ascensão de Che, com a Revolução Cubana, na segunda parte, "Guerrilha", prevista para estrear nos próximos meses, o diretor explora a queda, com o fracasso da tentativa de revolução na Bolívia, que culminou na morte do guerrilheiro, em 1967. De qualquer forma, seja nos corredores da ONU, numa festa chique em Nova York ou tendo um ataque de asma em plena selva, o Che Guevara que vemos na tela é uma figura tão fascinante quanto emblemática, uma pessoa disposta a lutar por seus ideais, seja pegando em armas ou duelando com palavras.
----

quarta-feira, 25 de março de 2009

RIBEIRA - 274

ALEXANDRA MARIA LARA
Depois que ela fez o papel da secretária de Hitler em "A Queda", todos querem filmar com Alexandra Maria Lara, estrela do novo filme de Francis Ford Coppola. Seu sucesso lá fora, no entanto, não se repete na Alemanha.
Nascida em Bucareste, em 1978, Alexandra Maria Lara fugiu com seus pais do regime de Ceausesco quando tinha 4 anos. Criada em Berlim, Alexandra Maria Platareanu mudou seu nome para Lara em homenagem à amante de Omar Sharif em "Dr. Jivago". No cinema, ela foi descoberta pela diretora alemã Dorris Dorrie, no filme "Nu", em 2002. Dois anos mais tarde, no papel de Traudl Jung, a secretária de Hitler em "A Queda", chegava sua hora de estrela. A partir de então, os convites para filmar com renomados diretores internacionais não pararam mais de chegar.
Alexandra Maria Lara, a menina com olhos de gazela, é considerada hoje a grande promessa alemã para Hollywood. A imprensa de seu país, no entanto, não divide a mesma opinião dos famosos diretores. Incentivada pelo seu pai, o ator Valentin Platareanu, que chegou a ser vice-diretor do Teatro Nacional na Romênia de Ceausescu, a atual namorada do ator britânico Sam Riley começou sua carreira em séries de televisão alemã aos 11 anos de idade. Ao desfilar no tapete vermelho de Hollywood ao lado do ator Bronu Ganz, que fez o papel de Hitler em "A Queda", candidato ao melhor filme estrangeiro no Oscar de 2005, não somente Coppola deixou-se encantar por seus talentos. Desde então caíram convites internacionais. Somente no ano passado, Maria Lara atuou no novo filme do diretor americano Spike Lee, "Milagre de Sant'Ana", na produção britânica "Controle", do holandês Anton Corbijn sobre a vida do vocalista Ian Curtis: em "Poeira do Tempo", do grego Theo Angelopoulos; e no novo filme de James Ivory, "Cidade do Seu Destino Final".
Além de sua participação no júri do Festival de Cannes em 2007, seu desfile no tapete vermelho hollywoodiano também lhe valeu o convite para estrelar no novo filme de Francis Ford Coppola. Apesar de dizer que adora filmar no seu país, Alexandra Maria Lara não participou de nenhuma produção alemã nos ultimos anos. Com tanto trabalho, ela recusou o comvite de Tom Cruise para participar de seu novo filme rodado na Alemanha, "Operação Valquíria", onde deveria novamente fazer um papel de uma secretária.
---

terça-feira, 24 de março de 2009

RIBEIRA - 273

ARCA RUSSA
O russo Sergei Eisenstein, um dos grandes nomes da história do cinema e teórico refinado, via a montagem como a alma dos filmes. Para ele, o sentido da obra não estava nas cenas, e sim no encadeamento entre elas. Essa idéia ainda vigora. Mas outro russo, Alexandr Sukurov, decidiu ser do contra. Fez um filme sem montágem, rodado em um único plano-sequencia, uma longa cena sem corte. O resultado desse feito, nunca antes alcançado, é o monumental "Arca Russa". São 96 minutos filmados sem interrupções e com mais de dois mil figurantes.
A sensação de ação é dada apenas pelo movimento da câmera e dos atores em 35 salas do museu L'Hermitage, em São Petersburgo, ex-palácio dos czares, onde os quadros e três décadas da história da Rússia convivem em melancólica harmonia. Perfeccionista, o diretor exigiu que nenhum ruído fosse feito durante a gravação. Marcou as posições dos atores com o rigor de um coreógrafo de balé. Distorções sonoras e visuais foram corrigidas por computador depois da filmagem e o material captado em vídeo foi transposto para a película. Foi uma realização épica.
Para cumpri-la, Sukurov esperou 15 anos. Antes da tecnologia digital, que permite filmar por mais tempo sem cortar, seria impossível a produção de "Arca Russa". Sukurov teve de pedir para fazerem uma alteração em uma câmera digital de alta definição. O aparelho foi amarrado na cintura do diretor de fotografia alemão Tilman Buttner, que se locomovia com o material de 30 quilos sem poder errar. Antes, porém, houve muito ensáio. Oito meses de dedicação exaustiva a cada detalhe.
O diretor é de uma ambição sem medidas. Tateia uma noção de identidade russa em sua empreitada. Ela está dividida entre a tradição eslava e a vontade de ser européia, algo traduzido pela convivência de dois narradores fantasmagóricos. Um é invisivel e russo. O outro, visivel, é europeu Ambos andam diante dos quadros como se fossem ectoplasmas perdidos e sem bússola para o futuro. Esses dois guias um tanto confusos ciceroneiam o espectador pelas várias portas abertas de "Arca Russa". É um grande filme. Principalmente porque subverte a técnica em benefício de sua proposta. Alfred Hitchcock fez apenas oito cortes quase imperceptiveis em "Festim Diabólico", porque tinha de trocar o negativo a cada dez minutos. Sukurov fez de "Arca Russa" um clássico - e mostrou que o cinema é diferente de todas as outras artes.
---
veja também: http://www.rnsites.com.br/. e http://nataldeontem.blogspot.com/.

segunda-feira, 23 de março de 2009

RIBEIRA - 272

JANELA INSDISCRETA
Uma certa madrugada dessas, eu acordei e liguei a Tv, mas para ver a hora. No entanto, de relance, eu vi que estava passando um filme muito já conhecido pelos cinéfilos. Esfreguei os olhos e pude assistir uma parte do filme, verdadeiro museu do cinema americano: "Janela Indiscreta". Se fosse outro filme, eu desligava na hora. Mas, Hitchcock é Hitchcock. Então, acordei de verdade e assisti ao filme que, no original tem o título de "Rear Window", uma produção de 1954. "Rear" quer dizer: "de tras". Portanto, o filme se chama "Janela de tras". A facilidade que o mago Alfred Hitchcock tem em pegar situações simples, cenários mais simples ainda, e transformá-lo em um antro de medo e tensão é algo indiscutivel. Com isso, ele fez "Psicose", "Um Corpo que Cai", "Disque M para Matar", "Festim Diabólico" e até mesmo "Janela Indiscreta". Filmado entre novembro de 1953 e janeiro de 1954, "Janela Indiscreta" conta a história que gira em torno de um jornalista chamado Jeff (James Stewart) que está de "molho" em sua casa - um apartamento -, depois de quebrar a perna arriscando-se na produção de uma matéria. Como não tem nada para fazer durante o dia, (e a noite, também), ele passaa espiar o cotidiano de seus vizinhos, costume até hoje feito por várias pessoas que espreitam as casas dos visinhos ou as pessoas que andam na rua,. Até que um dia Jeff desconfia que um deles tenha matado a própria esposa e tenta provar isso para a sua mulher - ou namorada, chamada Ilsa) e um amigo detetive.
Um enorme cenário foi construido nos estúdios da Paramount, contendo 31 janelas para o filme ser ambientado. Ele começa um pouco devagar justamente para apresentar aos espectadores essa enorme vizinhança artificial para se entender o que está acontecendo ao redor. O filme tem seu suspense apresentado de maneira crescente, a partir do momento da suspeita já citada. O modo como que Hitchcock coloca tudo que é apresentado no filme, é a mesma como fez para os personagens, descobrindo as coisas com eles e levando o espectador a descobrir também, bisbilhotando o que acontece em volta. No final, o espectador vive em meio as situações de apreensão e envolvido completamente na trama, graças ao roteiro firme e bem estruturado. As atuações de James Stewart e Grace Kelly são magníficas, contribuindo bastante para o clima proposto. A fotografia, que começa com tomadas calmas e distantes, também evolui para um ponto dramático e com planos fechados. Na verdade, é uma obra-prima que nos deu Alfred Hitchcock com "Janela Indiscreta". O filme mostra como espiar janelas alheias não é tão cordial.

domingo, 22 de março de 2009

RIBEIRA - 271

GRACE KELLY
Grace Kelly nasceu na Filadélfia, a 12 de novembro de 1929. Foi uma atriz norte-americana, vencedora do Oscar de Melhor Atriz e um ícone da moda. Após seu casamento com Rainier III, príncipe soberano de Mônaco, ela ficou conhecida também como Pincesa Grace de Mônaco. O Instituto de Cinema Norte-Americano já a listou como a 13ª das 50 maiores lendas do cinema.
Grace Patricia Kelly nasceu na Filadelfia, no estado da Pensilvânia, como a segunda filha de John B. Kelly, filho de imigrantes irlandeses, e de sua esposa Margaret Katherine Maier. Por causa de uma promessa de seu pai, ela foi nomeada a partir de sua tia paterna, que morreu jovem Tinha duas irmãs, Peggy e Lizanne e um irmão, Kell, todos já falecidos. John (Jack) Kelly, filho de imigrantes irlandeses, tornou-se milionário por conta própria: sua empresa de tijolos era a maior de todo o leste dos Estados Unidos, e concorreu, pelo Partido Democrata, à prefeitura de Filadélfia em 1935, perdendo por uma margem pequena. Kelly era também conhecido por ter ganho uma medalha olímpica de ouro tripla em remo.
Desde criança, Grace tinha um talento especial para as artes dramáticas. Aos doze anos de idade, ela atuou em uma pequena peça na Filadélfia. Em 1947, porém, foi rejeitada pela Bennington College, escola de artes, devido às suas baixas qualificações em matemática. Kelly decidiu então seguir seu sonho de atuar em peças de teatro.
Em Nova York, Grace estudou na Academia Americana de Artes Dramáticas, onde já tinha estudado outros grandes atores, tais como Katharine Hepburn, Lauren Bacall e Spencer Tracy. Ela chamou a atenção do produtor de televisão Delbert Mann, o qual a chamou para alguns programas ao vivo. O sucesso na televisão levou Grace a conseguir o seu primeiro papel no cinema. Em 1951, aos 22 anos, Grace estreou no cinema em um pequeno papel no filme Fourteen Hours. Logo o produtor de Hollywood Stanley Kramer a chamou para mais um filme. No ano seguinte, ao fazer um par romântico com Gary Cooper em "Matar ou Morrer", Grace tornou-se muito popular. Em 1953 trabalhou com Clark Gable e Ava Gardner em "Moganbo", que contava a história de um caçador de gorilas africanos.. Pelo filme, Grace ganhou o prêmio Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante e foi nomeada ao Oscar pela primeira vez, mas não conseguiu vencer.. Depois, Grace foi protagonista em "Disque M para Matar", sob a direção de Alfred Hitchcock. Ganhou o Oscar pelo filme "Amar é Sofrer", no qual fez a esposa de um artista fracassado, interpretado por Bing Crosby. Em 1955, ela fez ao lado de Cary Grant o filme "Ladrão de Casaca", filmado em Mônaco. A estrada em que viria a falecer mais tarde aparece no filme. Nesse mesmo ano, voltaria a trabalhar com Hitchcock no clássico "Janela Indiscreta". Voltou a atuar com William Holden em "As Pontes de Toko-Ri". Em seu último filme, "Alta Sociedade", em 1956, trabalhou com Bing Crosby e Frank Sinatra.
Grace Kelly teria tido vários relacionamentos amorosos enquanto esteve solteira, entre eles romances com atores com quem havia trabalhado como Clark Gable, William Holden, Bing Crosby e Cary Grant, muitos deles inclusive casados na época. Em 1955, Grace Kelly foi convidada pelo governo da França para participar do Festival de Cannes, onde conheceu o principe Rainier III. Eles se casaram de dia 19 de abril de 1956 e tiveram três filhos: Caroline, Albert II e Stéphanie. Em 14 de setembro de 1982, Grace Kelly morreu em um acidente de carro em Monte Carlo, após sofrer um derrame cerebral, aos 52 anos. Sua filha, Stephanie, então com 17 anos, que estava também dentro do carro, foi acusada de ter conduzido o veículo e causado o acidente após uma discussão com sua mãe. Embora Grace tivesse entrado em coma, Stéphanie sofreu ferimentos menos graves.
---
veja também: http://www.rnsites.com.br/. e http.//nataldeontem.blogspot.com/.

sábado, 21 de março de 2009

RIBEIRA - 270

CASABLANCA
Casablanca me faz lembrar os tempos dos, verdadeiramente, bons filmes. Talvez na lista dos melhores filmes que a crítica costuma fazer, Casablanca esteja em um dos dez filmes. Talvez. Porque já tem muitos filmes feitos e não sei se ele cabe entre os dez. Mas, entre os cem, ele certamente estará presente. Se formos analisar a história do cinema, temos que averiguar o cinema mudo. Só nu cinema mudo, o elenco é soberbo. Depois de 1930, vem o cinema falado. E ponha-se filmes. Em primeiro lugar, só no cinema falado, tem a França. E depois tem a Itália, a Inglaterra, a Suécia, a União Soviética, Alemanha, Estados Unidos com uma penca de filmes e até mesmo o Brasil, com alguns bons filmes nos anos 30, 40, 50 e mesmo em 1960. Certo que por esse tempo aparecia o Japão, China e até mesmo a India, essa, com uma enorme produção, porém um tanto desconhecida. É certo que, nos anos 60, tinhamos a Techoslovaquia, Polônia e mesmo Israel. Desses países, o Brasil pouco conhecia o seu cinema. Tinha-se por "obrigação" se conhecer o cinema americano. Naquele tempo, um menino sabia muito mais a história dos Estados Unidos, sendo ele brasileiro, do que a história do Brasil.
Em plena Segunda Guerra Mundial, aparecia o Marrocos, um pais da África e que muito pouca gente conhecia. . Então, o cinema invadiu a África, descobriu Marrocos e fez um clássico lá dentro do país. Para "agradar" os cine-espectadores, a produção norte-americana escolheu um tema de romance. Esse filme foi feito em 1942, em plena Guerra, como um meio de soerguer os ânimos do povo americano. A direção coube a Michael Curtiz. No elenco, tinha nos principais papeis, Humphrey Bogart e a sueca Ingrid Bergman. Isso, marcaria uma produção maravilhosa, apesar de ser feita em preto-e-braco. No enredo tinha-se como tema que, enquanto cidades eram invadidas pelos alemães, duas pessoas conseguiam viver um romance intenso e inesquecivel em Paris, cidade ocupada pelo nazismo. O que torna a história mais interessante é exatamente a impossibilidade deste amor continuar. O roteiro e os diálogos do filme são perfeitos neste sentido. Ilsa, interpretada pela bela atriz suéca Ingrid Bergman, apaixona-se por Rick, o charmoso galã Humphrey Bogart, mas , em vez de fugir com ele de Paris, mandá-lhe um bilhete de despedida na estação de trem. Ele parte sem entender o que havia acontecido. Tudo isso é contado em flashback. Anos depois já em Casablanca, na Marrocos francesa, ela aparece com seu marido, o herói Victor Laszlo ,justamente no Rick's Bar do qual o personagem de Bogart é dono. Eles estão à procura de um meio de fugir para a América. O sofrimento de Rick ao vê-la é inevitável e ela fica novamente dividida entre seus dois amores. O final é realmente surpreendente. Mas o sucesso do filme, que até hoje continua ganhando muitos fãs de todas as gerações, explica-se pela fórmula bem-dosada de romance, humor, intriga e suspense.
O pano de fundo para o romance vivido por Rick e Ilsa não poderia ser mais tenebroso, com os estrondosos canhões nazistas que invadiam Paris. Logo no começo do filme, dois soldados alemães são assassinados no trem e as suspeitas da polícia recaem sobre os traficantes de vistos de saída. Um deles é detido em pleno Rick's Bar e morto ao tentar escapar. O clima volta a ficar tenso quando o líder da resistência francesa Victor Laszlo desafia os nazistas cantando o hino da França, La Marseillaise. No final do filme, o capitão Renault joga a garrafa de água Vicky no lixo num claro protesto contra o protecionismo francês. Um dos momentos mais emocionantes do filme acontece depois que Ilsa reconhece Sam, o pianista, no Rick's Bar e pede para ele tocar a música que ouviram juntos em Paris: As Time Goes By. A frase mais famosa do filme talvez seja a que nunca existiu. Em vez de dizer "toque outra vez, Sam, Rick apenas insiste para seu pianista repetir a música que ele havia tocado antes para Ilsa, dizendo o seguinte: "Se ela aguentou, eu também posso aguentar. Toque, Sam".

sexta-feira, 20 de março de 2009

RIBEIRA - 269

O ESPÍRITO
Quem conhece o personagem Spirit, criado pelo roteirista e quadrinista Will Esner na década de 1940, vai implicar com o tratamento que ele recebeu do também quadrinista e agora diretor de cinema Frank Miller na adaptação de sua história para a telona. "The Spirit - O Filme", em estreia nacional. E quem nunca leu o gibi do mestre da arte sequencial ao só ver o filme, nunca saberá do que é feito esse detetive galanteador, sempre às voltas com mulheres arrebatadoras e perigosas, numa cidade infestada de armadilhas, cópia noir de uma Nova York valorizada por um jogo de luz e sombra. "The Spirit - o Filme" incorpora mais o mundo visual de Miller do que o de Esner. Responsável por um cuidado na direção de arte e nos efeitos visuais que beira o exibicionismo, Miller novamente tentou explorar em película a estética dos quadrinhos, com trama e personagens quenão precisam necessariamente ser realistas. Mas a referencia que faz é ao seu próprio ego. Quem viu o seu filme anterior, "Sin City" encontrará particularmente uma continuidade visual, enfatizada logo nas imagens iniciais com a gravata esvoaçante do personagem, num tom vermelho-sangue, destacando-se ostensivamente do cinza-chumbo de sua roupa e do cenário. O Spirit de Miller é mais violento e sombrio do que o original, cm algumas pitadas de humor que Eisner explorava com muito talento. Mas, justiça seja feita, as mulheres escaladas para os papeis de vilãs não deixam nada a dever às sensuais bandidas de lábios carnudos e curvas generosas que reinam no mundo criado pelo desenhista. E com que o herói sempre se envolve, mesmo de "involuntariamente", para desespero de sua ciumenta namorada, a loirissima Ellen Dolan, filha do chefe de polícia. Na história criada por Miller, Spirit é um detetive durão que se esconde sob uma mascara para não ser reconhecido como Denny Colt, policial morto em confronto com bandidos, mas que ressuscita graças a uma substancia inoculada em seu corpo pelo vilão Octopus. Essa história é contada em flashback para explicar por que o personagem tem esse nome (Spirit = Espirito) e porque combateo crime à sua maneira, sem os limites impostos pela corporação policial. Octopus procura uma garrafa que contém uma substância que o tornará imortal e está prestes a ser encontrada no fundo de um lago por Sand Saref, ladra internacional de jóias e por quem Denny Colt foi apaixonado na adolescencia. Na perseguição a Octopus, mesmo contrariando os pedidos de prudencia do comissário Dolan, Spirit começa a lembrar-se de cenas do passado. Aos poucos, vai ligar Sand Saref à sua amada da adolescência e entenderá porque ela entrou para o mundo do crime. Quem conhece a história original, sentirá falta de dois personagens centrais dos quadrinhos: a viuva negra P'Gell, que tem uma queda especial pelo horoi, e Ébano White, um rapaz negro e com forte sotaque sulista, seu motorista oficial.
---

RIBEIRA - 268


ALMA PERDIDA
Entra, hoje, em circuito nacional, o filme de terror, "Alma Perdida" que é uma reprodução de outros filmes do gênero, como "O Exorcista" ou mais dois que foram feitos no Japão, sem se falar nos que foram produzidos dos Estados Unidos. Muito se fala no cinema sobre o holocausto e a perseguição sofrida pelos judeus na Segunda Guerra Mundial, mas esse tipo de tema é abordado, basicamente, somente por dramas. "Alma Perdida" explora o mesmo tema, mas prefere desenvolver um terror a partir desses trágicos acontecimentos. Dirigido por David S. Goyer, "Alma Perdida" acompanha o terror instaurado na vida da jovem estudante universitária Casey Beldon (Odette Yustman). De repente, ela começa a ser assombrada por um dybbuk - espírito malevolente e vagante no folclore judaico - que encarnou num menino perseguido no campo de concentração de Auschwitz na Sengunda Guerra Mundial. O namorado da jovem, Mark Hardigan e a melhor amiga, Romy, ajudam Casey da forma que podem, mas ela é obrigada a procurar a ajuda do rabino Sendak, especializado em casos espirituais, para conseguir se livrar do tormento. A perseguição, aparentemente inexplicável, começa a ganhar forma na medida em que a protagonista descobre seu passado familiar, baseado num pai ausente e numa mãe suicida. Se na família ela não encontra apoio, é nos amigos que encontra o conforto para tentar afastar o menino de olhos azuis e brilhantes que a assombra. Goyer é capaz de criar algumas imagens bem perturbadoras em "Alma Perdida". Nota-se, também, uma clara influência dos filmes de terror orientais tanto na construção da trama quanto na base estética do longa. Temas como crianças fantasmas, bebês e o protagonista lidando com seu passado são recorrentes no cinema de horror oriental, tão em voga em Hollywood. Mesmo tendo essa cara de remake sem ser baseado numa obra previamente filmada, "Alma Perdida" ainda consegue dar seus passos ao tentar explorar o rico folclore judaico, embora perca pontos ao não aprofundar tema tão interessante. "Alma Perdida" acaba resultando num filme irregular.
---



quinta-feira, 19 de março de 2009

RIBEIRA - 267

VIVIEN LEIGH
Vivien Leigh nascida Vivian Mary Hartley, veio ao mundo em Darjeeling, Índia, no dia 5 de novembro de 1913. Foi uma famosa atriz britânica que fez muito sucesso no teatro e no cinema, considerada uma das mais belas e importantes atrizes do século XX. Apesar de suas aparições no cinema terem sido relativamente poucas, ela venceu o Oscar de Melhor Atriz duas vezes. A primeira foi interpretando Scarlett O'Hara em ...E O Vento Levou (1939), e a segunda foi interpretando Blanche DuBois em Uma Rua Chamada Pecado (1951) (a mesma personagem que ela interpretara nos palcos da West End, em Londres). Vivien fazia frequentemente colaborações com seu marido, Laurence Olivier, que dirigiu-a em vários de seus filmes. Durante mais de trinta anos como atriz de teatro, ela se mostrou bastante versátil, interpretando desde heroínas das comédias de Noel Coward e George Bernard Shaw às personagens dos dramas clássicos de Shakespeare.
Aclamada por sua beleza, Vivien sentia que isso às vezes atrapalhava o público de vê-la como uma atriz séria. Afetada por um distúrbio bipolar durante a maior parte de sua vida adulta, o humor de Vivien era quase sempre não-entendido pelos diretores, e ela ganhou a reputação de ser uma atriz dificil. Diagnosticada com tuberculose crônica na metade da década de 1940, Vivien se tornou uma pessoa enfraquecida a partir de então. Ela e Olivier se divorciaram em 1960, e Vivien continuou a trabalhar esporadicamente no cinema e no teatro até sua morte súbita por tuberculose.
Em 1932, aos 18 anos, Vivien entrou na Academia Real de Artes Dramáticas de Londres. Surpreendentemente, no entanto, ela saiu no outono do mesmo ano, quando decidiu se casar. Vivian conhecera e se apaixonara pelo jovem advogado Hebert Leigt Holman, e os dois se casaram em 20 de dezembro de 1932. Logo em seguida, em 1933, nasceu Suzanne Holman, a filha do casal.
Vivien fez teste e foi escolhida para um pequeno papel num filme chamado Things Are Looking Up (1935). Embora o papel fosse pequeno, chamou a atenção de um empresário, John Glidden, do qual ela se tornou cliente. Depois, no mesmo ano, veio um filme barato: The Village Squire. John Glidden também criou um nome artístico para Vivian, usando o primeiro nome dela e um sobrenome do marido. Pouco depois, o produtor Sidney Carroll sugeriu que a letra "a", do nome Vivian, fosse substituido por uma letra "e" para dar mais feminilidade. Vivien Leigh estreou nos palcos de Londres interpretando a esposa namoradeira em The Green Sash. A carreira dela deu uma guinada quando ela protagonizou a produção de Sidney Carroll da peça The Mask Of Virtue. A peça, que estreou em 15 de maio de 1935 foi um estrondoso sucesso e, quase da noite para o dia. Vivien Leigh se tornou o assunto de Londres. Os elogios da crítica a Leigh, unidos a sua inconparavel beleza chamaram a atenção do produtor Alexander Korda, que a contratou por cinco anos. Vivien conseguiu aparecer em mais tres peças.Em 1937, Vivien Leigh filmou "Fogo sobre a Inglaterra" ao lado de Laurence Olivier. Nesse tempo, Olivier ficou íntimo de Vivien e restou muito pouco para que os dois se apaixonassem. Então, os dois revelaram ao marido de Vivien que ambos estavam apaixonados e ela queria o seu divorcio.
Em 1938, Laurence Olivier foi contratado para trabalhar em "O Morro dos Ventos Uivantes" (1939), em Hollywood. Vivien decidiu que precisava vê-lo, e partiu à bordo do Queen Mary. Dizem que, durante a viagem, ela ficava na cabine, lendo o livro "...E O Vento Levou", de Margaret Mitchell. Vivien não só estava ansiosa para rever o seu amado Olivier, mas também planejava conquistar o papel de Scarlett O'Hara, a protagonista do filme "E O Vento Levou" (1939) . Na época, havia muita divergencia sobre quem deveria interpretar Scarlett. A escolha da atriz que a interpretaria fascinou o mundo. Centenas de mulheres fizeram teste de setembro de 1936 até dezembro de 1938. Passaram pelo estudio Paulette Goddard, Jean Arthur, Lana Turner, Susan Hayward e outras tantas, conhecidas e desconhecidas. O produtor do filme, David O. Selznick, sempre preferia achar uma atriz novata, algum rosto novo que não fosse identificado por papeis anteriores. Vivien Leigh, que era inglesa, foi escolhida pelo produtor David O. Zelznick quando já haviam iniciado as fimagens. Durante as filmagens do incendio de Atlanta, ele a viu ao lado de Laurence Olivier, e logo lhe ofereceu o papel da heroína sulista.
O clássico ganhou o impressionante número de 10 prêmios Oscar, inclusive um dado a uma atriz afro-americana, Hattie McDaniel. Durante as filmagens, ninguém na produção acreditava que Vivien Leigh fosse resistir ao charme de Clark Gable. Mas, na verdade, eles não se entendiam, pois ela considerava pouco profissional que ele deixasse o estúdio sempre às seis horas da tarde, todos os dias. Ele, achava um abuso oferecer um papel essencialmente estadunidense a uma atriz inglesa. Vivien odiava o hálito de Gable - ele comia cebolas de propósito, poucas horas antes de gravar - e o cheiro de licor, que a deixava com náuseas. Ele revelou que, quando a beijava, pensava em bife. Vivien trabalhou nos sets de filmagens por 125 dias e recebeu por isso a quantia de 25 mil dólares. Já Clark Gable trabalhou 71 dias e ganhou 120 mil dólares.
Quando já retornara a Londres, depois do segundo casamento naufragado, com a separação em 1960 de Laurence Olivier, a atriz, Vivien Leigh, aos 54 anos de idade, ao ensaiar uma peça, teve uma recaída, dada como tuberculose, da qual nunca se apartou, e morreu de dia 7 de julho de 1967. Além de sua filha, também assitiu ao enterro a sua mãe. Ao todo, ela fez apenas vinte filmes.
----

terça-feira, 17 de março de 2009

RIBEIRA - 266

JULIA ROBERTS
Julia Fiona Roberts nasceu a 28 de outubro de 1967, em Smyrna, Georgia, Estados Unidos. Hoje, tem 41 anos. Julia fará 42 anos em outubro. Filha de professores de arte dramática, que se divorciaram quando ela tinha 4 anos, deixou na adolescencia a pequena cidade de Smyrna, um pequeno subúrbio de Atlanta, onde nasceu e enfrentou a separação dos pais, ainda quando tinha 4 anos de idade, e seu pai, pelo qual tinha um grande carinho, morreu de cancer quando Julia tinha 9 anos. Embora seus pais tivessem montado uma oficina para atores antes de seu nascimento, ela cresceu para se tornar uma veterinária. Este sonho durou pouco, até Julia completar o Segundo Grau, aos 17 anos, quando foi promover a carreira de sua irmã Lisa em Nova York. Mudou-se para o apartamento dela, mas, em vez de frequentar as aulas, ia assistir as peças em cartaz na Broadway. Batizada como Julia Fiona Roberts, foi obrigada a escolher um pseudônimo quando resolveu tentar a carreira artística em Hollywood. Já havia uma atriz registrada como Julia Roberts no American Equity.
Trabalhou em lojas de sapatos, de sorvetes e como modelo fotográfico antes de seguir a tradição da família - seu pai, Walter Roberts, fundou em 1963 o Atlanta Actors and Writers Workshop, Mas, ao contrário do irmão, não se preocupou em obter formação clássica em arte dramática.
A persistencia de Julia levou-a a sua estreia no cinema, quando seu irmão, o ator Eric Roberts, convenceu o diretor Eric Masterson a lançá-la como atriz no drama "Sangue na Terra" (1988). Ela apareceu em filmes para a televisão de baixo orçamento, como Firehouse (1987) antes de adquirir um papel importante no drama "Satisfação" (1988), feito para a tv a Cabo. Isto a levou a um papel de grande destaque em "Três Mulheres, Três Amores" (1989), onde teve a oportunidade de rescimento da sua carreira, no papel de uma garçonete portuguesa de pizzaria, ela recebeu aplausos dos críticos por todo o país. Mas o seu reconhecimento como atriz veio no papel da filha da personagem de Sally Field em "Flores de Aço". Por seu ótimo desempenho, ganhou o Globo de Ouro e a indicação para o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Depois do sucesso em "Uma Linda Mulher", que lhe rendeu outro Globo de Ouro e outra indicação para o Oscar de Melhor Atriz, alcançou o status de estrela e passou a fazer exigências.
No mesmo ano, tentou se transformar em atriz dramática, vieram outros dois secessos "Linha Mortal" (1990) e o suspense "Dormindo com o Inimigo" (1991). Entretanto, um mar de problemas rondava a vida da atriz. Em 1991, logo após ter feito "Tudo por Amor", (1991), drante as filmagens de "Hook - A Volta do Capitão Gancho" (1991), quis melhores vestuários, carros e hoteis do que o protagonista Dustin Hoffman. Como trabalhava o tempo todo descalça no papel de Fada Sininho, pediu uma pessoa exclusivamente para lavar seus pés. Ao saber da excentrica solicitação, Hoffman ironizou: "Prefiro lavar meus próprios pés".
Mudou também o seu visual de mulher sensual, cortando as longas madeixas e tingindo os ruivos cabelos. Deixou de exibir seu lindo sorriso e adotou uma postura mais séria. Em 1993, Julia Roberts renasce mais madura e comemora a sua volta ao sucesso com o filme "O Dossiê Pelicano". Os dois filmes seguintes, os modestos "O Poder do Amor" (1995) e "Todos Dizem que te Amo" (1996), no entanto, não renderam uma boa bilheteria. Após o drama político "Michael Collins - O Preço da Liberdade" (1996), voltou a expressar alegria na comédia musical "Todos Dizem Eu te Amo", de Woody Allen. Não bastasse ser a atriz mais bem paga de Hollywood, e em 1997, lá estaria ela novamente no foco dos refletores com a comédia romântica "O Casamento do Melhor Amigo" (1997), sucesso jáa no fim-de-semana de estréia. que ganhou o respeito da crítica ao ser indicado ao Globo de Ouro; e com o paranóico suspense "Teoria da Conspiração" (1997), no qual trabalhou com Mel Gibson. Participou ainda de "Lado a Lado" (1998), e dos campeões de bilheteria "Um Lugar Chamado Notting Hill" - 1999 - e "Noiva em Fuga" - 1999 -. Seu trabalho nas telas que lhe rendeu muitos elogios do público e da crítica foi "Uma Mulher de Talento" (2000).
No momento, a atriz a atriz Julia Roberts comparece a premiere de "Duplicity" no Teatro Ziegfeld em Nova York. No filme, ela volta a contracenar com Clive Owen, com quem já trabalhou em "Perto Demais". A encantadora atriz ainda não perdeu a sua classe de mulher deslumbrante. O filme é apresentado durante toda esta semana de março (2009) e Julia aparece na passarela como a mulher fatal. Julia Roberts possui uma beleza atipica. Rosto fino, alta com belas pernas e com um lindo e ondulado cabelo ruivo, ela é mais que elegante. Seus grandes olhos castanhos e sua boca sensual são capazes de muita expressão, particularmente alegria quando ela abre um largo sorriso ou riso incontido. Em 2001, foi premiada com o Oscar de melhor atriz e com o passar dos anos, em 2004, ela anunciou que estava grávida de gêmeos e deu à luz a Hazel Patricia e Phinnaeus Walter, no dia 28 de novembro do mesmo ano. Por causa do filhos ela disse que iria abandonar a carreira. Não cumpriu a promessa, pois estreou na Broadway em 2006 com a peça "Tres Dias de Chuva". Essa foi a sua primeira atuação no grande palco de Nova York, e seu trabalho foi bem recebido pelos críticos. No dia 18 de junho de 2007, Julia deu à luz ao seu terceiro filho, Henry Daniel Moder. Para o nao de 2009, já tem o lançamento do seu último filme "Duplicidade". Evem mais aí. Julia já conquistou tres Oscar e seis Globo de Ouro. É só esperar para ver.
---

segunda-feira, 16 de março de 2009

RIBEIRA - 265




MARIANA XIMENES


Tem certos dias que eu fico a imaginar. Somente imaginar. Uma atriz que, para mim era tão desconhecida, me fez despertar do meu sono. Ela, uma menina, mocinha, coisa assim. E eu vivia a perguntar quem seria. Levou tempo para eu acordar do sono. Tempos e mais tempos. Uma certa vez, resolvi a procurar de onde ela seria. Busquei e busquei, até que enfim encontrei aquilo que eu tanto procurava.


Mariana Ximenes já aos seis anos de idade quiz ser artista. E nesse tempo interpretou um papel de Cinderela na sua escola, tendo se encantado pela profissão. Por isso, anunciou à sua família que desejava ser atriz, o que não foi levado a sério. O tempo passou e a moça Mariana Ximenes so Prado Nuzzi, nascida a 26 de abril de 1981, em São Paulo, Capital, estava pronta para estreiar. Era o ano de 1994 quando fez uma participação, com apenas 13 anos de idade, em uma novela chamada "74.5, Uma Onda no Ar", da então Rede Manchete, de lindas memórias. Foi aí que Mariana Ximenes começou a sua carreira de atriz. Daí para a frente, passados 4 anos, ele estreiou na Rede Globo no episódio "Dupla Traição". Em dezembro do mesmo ano, participou do piloto da série "Sandy & Júnior". Porém, a estreia da atriz em novelas aconteceu efetivamente neste mesmo ano - 1998 - pelas mãos de Walcyr Carrasco, quando interpretou a dissimulada Emília em "Fascinação", no SBT. Depois de "Fascinação", já na Globo, Mariana Ximenes participou das novelas "Andando nas Nuvens" e "Uga-Uga".


Em 2001, voltou a trabalhar com Walcyr Carrasco em "A Padroeira". Sua primeira protagonista foi Ana Francisca em "Chocolate com Pimenta", também de Walcyr Carrasco, em 2003, já então com seus 22 anos de idade. A novela fez retumbante sucesso, mostrado uma jovem buscado trabalhar em uma industria de chocolates, em uma cidade do interior. Vinda do campo, ela se fez esposa de um proprietario da fábrica. Dai para frente, entre queixas e mais queixas, o marido tendo morrido, ela veio a descobrir que o gosto do chocolate que a industria fazia estava no sabor da pimenta. Nesse mesmo ano, Mariana atuou na minissérie "A Casa das Sete Mulheres".

Em 2005, aos 24 anos, Mariana Ximenes esteve na novela "América" e em 2006 na minisserie "JK". Mariana Ximenes também protagonizou novamente, em 2006, como Bel a novela "Cobras & Lagartos". A atriz também vem atuando sucessivamente no cinema, onde estreou em 1999, no filme "Caminho dos Sonhos". Seu trabalho no filme "O Invasor", em 2002, lhe rendeu o Grande Prêmio Cinema Brasil de Melhor Atriz Coadjuvante e o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Festival de Recife. Também atuou nos filmes Muito Gelo e Dois Dedos D'Agua" e "JK - Bela Noite para Voar", Em 2007, Mariana Ximenes fez uma participação especial nos capítulos finais da novela "Paraiso Tropical". Em 2008, a atriz integrou o elenco da novela "A Favorita" e também esteve nos cinemas , com o lançamento do filme "A Mulher do Meu Amigo". A menina que sonhava em ser atriz é filha de Fátima Ximenes do Prado Nuzzi, uma fonoaudióloga e de José Nuzzi Neto, um advogado.




domingo, 15 de março de 2009

RIBEIRA - 264

CANTINFLAS
Era uma tarde de domingo quando eu tomei assento em uma das cadeiras daquele cinema, doido para assistir o filme que ouvira dizer ser uma fita magnifica. Nas poltronas ao lado, atrás, na frente, somente eu ouvia as pessoas ratardatarias que chegavam também para ver aquela tão magnifica obra. Era uma película norte-americana, mas a história se desenvolvia, no início e no seu final, em Londres. Seu nome era: "A Volta ao Mundo em 80 Dias", baseado em um livro de Julio Verne. Depois de muito alvoroço, gente passando - "Com licença" - e eu tendo que erguer os pés - "Droga!" - tudo se aquietou, a não ser por causa de alguém que resolvera acender um cigarro e fumar às escondidas. Em cima, chegava o lanterninha e mandava que o gajo apagasse o famigerado cigarro. Ficava só o mal cheiro para perturbar o que estavam por perto. O filme era longo. Longo demais. 170 minutos. Ora vejam só! Mas, que importa? Era a minha vez de ver toda uma história contada no cinema. No elenco, tinha uma penca de atores, alguns que eu nunca ouvira falar. No entanto, nos papeis principais estavam David Niven, um ingles fleumático, e um artista (zinho) que eu ainda não ouvira falar: Cantinflas. O rapaz fazia o papel de um auxiliar de David Niven. Um auxiliar pobre. Bem pobre, mesmo. Porém, essa figura me chamou a atenção pelo seu modo de desempenhar. E eu fiquei atento a tudo quando o rapaz - com um verdadeiro humor - conseguia fazer. O seu nome não me saiu da mente e cheguei a vê-lo em outras produções. Mesmo assim, nunca a altura desse deslumbrante filme.
Fortino Mario Alfonso Moreno Reyes, mais conhecido como Cantinflas, nasceu em Santa Maria la Redonda, cidade do México, em 12 de agosto de 1911. Foi o sexto de doze irmãos, o filho de Pedro Moreno Esquivel, carteiro, e Soledad Reyes Moreno Guizar. Além de ser conhecido como Cantinflas, foi também conhecido como El Mimo ou A Comédia de gabardine. De origem humilde, tinha sofrido da pobreza durante a sua infância. Ele cresceu no bairro de Tepito. Fez o curso de Medicina na Universidade do México para agradar o seu pai. Mesmo assim, durante os estudos começa a dar seus primeiros passos como um bailarino e ator profissional.
Ele trabalhou num circo e em breve o seu grande talento para a interpretação, a sua sensibilidade e a sua visão otimista do mundo o levou a criar o tipo de "Pelão" (homem vulgar e pobre do México, que marcou com as calças caídas, camisa em trapos, gravata amarrada no pescoço - uma espécie de Carlitos do cinema mudo americano -) e assim nasceu "Cantinflas. Assim começou a sua carreira de comediante. Charles Chaplin se admirou com o rapaz e chegou a chama-lo para trabalhar em um filme. No entanto não deu certo. Chaplin o considerava como o melhor comediante do mundo. Sua filmografia é extensa, realizando uma infinidades de papeis, variando de varredores de rua. Tem em seu crédito 50 filmes, entre os quais sao curtas, dois americanos e uma produção espanhola. A grande parte é mexicana. Sua primeira participação no cinema foi em 1936, no filme "Coração de Garoto" e a sua ultima vez foi em 1981, com os varredores. As decadas de 40 e 50 foram os mais produtivos para Cantinflas, tendo em 1946 assinado contratos com a Columbia Pictures. Sempre para Cantinflas era ver como um cidadão comum e ver como era visto entre o povo pobre do México. Quando abandou o mundo da arte ele se dedicou à instituições de caridade, de modo especial, às crianças. Sua morte aconteceu em 20 de abril de 1993. O seu funeral foi seguido por milhares de pessoas, tendo sido enterrado na cidade do México, na cripta da família Moreno Reyes. Entre os premios que recebeu em vida estáo uma estrela no Passeio da Fama, de Hollywood, o Globo de Ouro com sendo o de Melhor Ator por seu papel em A Volta ao Mundo em 80 Dias e os resultados alcançados ao longo de sua vida pela Academia Mexicana de Cinema. Em 27 de outubro de 1936 casou com Valentina Ivanova Zubareff, cuja origem era russa e permaneceu com ela até o dia de sua morte, no ano de 1966. No entanto, com Valentina, ele não teve filhos, tendo adotado uma criança em 1961 que pôs o nome de Mário Arturo Moreno Ivanova.
***

sábado, 14 de março de 2009

RIBEIRA - 263

BRIGITTE BARDOT
Brigitte Bardot, nascida Brigitte Anne-Marie Bardot, veio ao mundo em Paris, França, a 28 de setembro de 1934. BB é uma atriz e cantora francesa, apesar de ter gravações, inclusive em português, como "Maria Ninguém". Conhecida mundialmente por suas iniciais, BB, é considerada o grande simbolo sexual dos anos 60 e 70. Seu pai, Louis Bardot, foi um industrial da alta burguesia francesa. Sua mãe, Anne-Marie, era quatorze anos mais jovem que seu pai e casaram-se em 1933. Ela recebeu influência da mãe nas artes da dança e música. Em 1947, foi aceita no Conservatório de Dança e Música de París e cursou aulas de balé por três anos. Com o apoio e incentivo da mãe, começou a fazer trabalhos de moda em 1949, aos quinze anos, e em 1950 foi capa da edição de março da revista ELLE francesa, trabalho que chamou a atenção do então jovem cineasta Roger Vadim. Vadim mostrou a capa da revista ao cineasta e roteirista Marc Allegret, que convidou Brigitte para um teste para seu filme "Les Lauriers sont Coupés". BB foi escolhida para o papel, mas o filme acabou não sendo realizado. Mesmo assim, esta oportunidade fez com que ela pensasse em se tornar atriz. Mais do que isso, seu encontro com Vadim , que assistiu ao teste, iria influenciar sua carreira e sua vida. Brigitte Bardot estreou no cinema aos 17 anos no filme Le Trou Nomand (1952) e no mesmo ano, após dois anos de namoro à revelia dos pais, casou-se com Roger Vadim. Em seu segundo filme, "Manina, la fille sans voile", suas cenas de biquine fizeram com que seu pai recorresse à Justiça para impedir que as cenas fossem levadas ao cinema, sem sucesso. Entre 1952 e 1957 ela fez dezessete filmes, nenhum de grande sucesso, dramas romanticos e históricos, sendo três filmes em inglês, entre eles "Helena de Tróia", mas foi o grande centro de atenção da mídia presente ao Festival de Cannes de 1953. Vadim não estava contente com isso e achava que Brigitte estava sendo subestimada pela indústria. A nouvelle vague francesa, inspirada no neo-realismo italiano estava começãndo a crescer internacionalmente e ele, acreditando que Bardot poderia estrelar filmes de arte nessa linha, a escalou para o papel principal do seu novo filme , "E Deus Criou a Mulher" (1956), com a então jovem sensação masculina do cinema francês, Jean-Louis Trintignant. O filme, sobre uma adolescente amoral numa pequena e respeitável cidade do litoral, fez um grande sucesso - e causou grande escândalo - mundial, transformando BB num símbolo sexual, com suas cenas de nudez correndo as telas de cinema de todo o mundo.
Na moralista Hollywood dos anos 50, onde o maior símbolo sexual, Marilyn Monroe, no máximo havia aparecido nas telas de maiô, seu perfil erótico a transformou numa aposta arriscada para os estúdios, e isso, além de seu sotaque e se inglês limitado, a impediram de fazer uma grande carreira no cinema norte-americano. De qualquer modo, ela se tornou a mais famosa atriz europeia nos Estados Unidos e permanecer na França beneficiou sua imagem. Durante a década de 60, quando a Europa, principalmente Londres e Paris, começou a ser o novo centro irradiador de moda e comportamento e Hollywood saiu por um tempo da luz dos holofotes, ela acabou eleita a deusa sexual da década. Verdadeiro ou falso, nesta época se dizia que Brigitte Bardot era mais importante para a balança comercial francesa que as exportações da industria automobilista do pais.
Bardot se divorciou de Vadim em 1957 e dois anos depois casou-se com o ator Jacques Charrier, que lhe deu seu único filho, Nicolas, e com quem estrelou "Babette Vai à Guerra" (1959). Seu casamento mudou o rumo de sua carreira. Seus filmes tornaram-se mais substanciais com aclamação da crítica na França. Em 1963, ela estrelou o aclamado filme de Jean-Luc Godard, "O Desprezo". Por toda essa década, ela continuou fazendo filmes, cantando e gravando nos musicais de televisão. Em 1973, pouco antes de completar quarenta anos, Brigitte Bardot anunciou que estava deixando a carreira de atriz. Após mais de cinquenta filmes e de gravar dezenas do LPs, a diva se recolheu.
...
veja também: http://nataldeontem.blogspot.com/.

sexta-feira, 13 de março de 2009

RIBEIRA - 262

GILDA DE ABREU
Aquí, temos atores e atrizes que valem ouro. Essa, é Gilda de Abreu que foi cantora lírica, atriz, compositora, escritora e cineasta. Ela, ainda hoje, vale ouro. Nas telas, nos anos 30 desempenhou papeis singulares. Em 1946 escreveu o roteiro e dirigiu o filme "O Ébrio", ainda hoje considerado apenas como um "melodrama". Apenas. Mas, "O Ébrio" foi um marco na historia do cinema brasileiro, assim como o antológico "Ganga Bruta," feito por Humberto Mauro no ano de 1933. Considerado como o "abacaxi da Cinédia", "Ganga Bruta" findou consagrado como obra-prima de Humberto Mauro. Assim acontece com o imortal e inesquecivel "O Ébrio", de Gilda de Abreu. Ele é um filme perfeito, do começo ao fim. Se foi um tal melodrama, quem não usou dessa técnica para contar uma história?
Gilda de Abreu - era seu nome verdadeiro - nasceu em Paris, França, no dia 23 de outubro de ano de 1904. Ela era filha da cantora lírica portuguesa Nícia Silva de Abreu e veio para o Brasil com quatro anos para ser batizada. Seu pai era diplomata e , na época em que Gilda nasceu, ele e a mulher faziam uma viagem de férias pela França. Por isso, Gilda nasceu em Paris. Em 1914, com a Primeira Guerra Mundial, a sua mãe, que cumpria periodicamente contratos na Europa, instalou-se definitivamente no Rio de Janeiro. Aos 18 anos Gilda começou a estudar canto com sua própria mãe, que havia se dedicado ao ensino. A garota revelou-se excelente soprano ligeiro. Para quem ainda não sabe o que é soprano, isso quer dizer "soberano". E foi assim que Gilda se aplicou nos meios artisticos da capital do Brasil. Seu princípio foi cantar em festas de caridade e concertos, chegando a interpretar em 1920, (ano em que conheceu Vicente Celestino), no Teatro Municipal, do Rio de Janeiro, as óperas Les Contes d'Hoffmann, de Jacques Offenbach, O Barbeiro de Sevilha, de Gioacchino Rossini e Lakmé, de Léo Delibes.
O tempo foi passando e no ano de 1933, Gilda de Abreu iniciou suas atividades no teatro musicado, participando da opereta "A Canção Brasileira", de Luis Iglésias, Miguel Santos e Henrique Vogeler, trabalhando ao lado de Vicente Celestino, no Teatro Recreio, do Rio de Janeiro, com quem casou cinco meses após a estréia e passou a trabalhar em estreita colaboração. Ainda em 1933, Gilda de Abreu escreveu todo um ato da opereta "A Princesa Maltrapilha", levada à cena no mesmo ano.
Passados dois anos, em 1935, ela estrelou o filme de Oduvaldo Viana, "Bonequinha de Seda", baseado na valsa de mesmo nome, de sua autoria, um dos sucessos de Vicente Celestino. Nesse ano, Gilda compôs a opereta "Aleluia", estreada em 1939, no Teatro Carlos Gomes, do Rio de Janeiro.
Em 1937 fez o filme Alegria, que não teve grande repercussão. Em 1942. Gilda escreveu as letras das canções MESTIÇA (música de Ary Barroso) e OUVINDO-TE (música de Vicente Celestino). Até 1944, Gilda de Abreu esteve ligada a uma companhia de operetas, da qual Vicente também fazia parte, que realizou excursões por todo o Brasil. Em 1946, Gilda de Abreu escreveu o roteiro e dirigiu o filme "O ÉBRIO", também inspirado em outra composição de sucesso do marido, que atuava no papel-título. Sem dúvidas, esse foi o seu melhor trabalho para o cinema brasileiro, um êxito de bilheteria, movendo um público inominavel às casas de espetaculos ondo o filme era exibido. A história se passa quando um jovem - Gilberto Silva - vem para a cidade grande depois que o seu pai perde tudo o que tinha. Gilberto, na miséria, encontra abrigo numa Igreja e, dalí, ele vai recomeçãr a vida, retornando aos estudos, cursando a Medicina e conhecendo a sua esposa nos corredores do hospital. Porém, a mulher o abandona e ele torna a beber até chegar o fim quando a reencontrar e lhe diz que a perdoa pelo que fez mas não a reconcilia. O filme termina com Gilberto, todo em roupas rotas, cantando O Ébrio. O filme é brilhante e não deixa de ser um marco da carreira de Gilda de Abreu.
Em 1949, a cantora, escritora, cineasta e atriz escreveu o roteiro e dirigiu o filme "Pinguinho de Gente" e, em 1951, escreveu o roteiro, dirigiu e interpretou o papel principal do filme "Coração Materno", título de outro grande sucesso de Vicente Celestino. Em 1950 compôs com Vicente Celestino e Ercole Varetto a opereta "A Patativa", êxito de Vicente Celestino ao interpretar a canção e ainda foi autora de "Olhos de Veludo" (música de Vicente Celestino). Autora de vários livros infantis e romances, publicou também "A Vida de Vicente Celestino". em São Paulo, no ano de 1946. Gilda de Abreu morreu em 04 de junho de 1979. Seus filmes se tornaram material obrigatorio de estudos, retratando os primórdios do cinema nacional. Vicente Celestino morreu em em 1968 e Gilda de Abreu desapareceu de cena após o falecimento do marido.

***

Veja também: http://nataldeontem.blogspot.com/: http://www.naribeira.com/

terça-feira, 3 de março de 2009

RIBEIRA - 261

JEAN HARLOW
Pouca gente ainda hoje se lembra desse nome: Jean Harlow. E ainda poucos se recordam quem ela foi. Em Reckless, um musical produzido por David Selznick e dirigido por Victor Flemming (a dupla de ...E o Vento Levou) foi uma surpresa ao se ver Jean Harlow como uma boa moça. Lançado em 1935 pela MGM, traz um Mickey Rooney ainda criança, em uma única cena. Mas voltando à Harlow, que surgiu como a vamp que sacaneava tanto os caras que deixava, a ponto de quererem estrangulá-la, a estrela nesta produção aparece não dançando, porém flutuando, saltitando para um lado e para o outro, em especial na cena em que participa de uma festa na casa do marido, um playboy milionário, Bob Harrison, vivido por Franchot Tone.
A personagem de Harlow se chama Mona Leslie, uma dançarina da Broadway delicada e querida por todos, principalmente pelos seus dois admiradores - Ned (William Powell) e Bob (F.Tone). O personagem de Powell é o agente de Mona, e a corteja. Até o playboy Bob entrar em cena. Mona se apaixona por ele e os dois se casam. Daí em diante o filme passa de musical a drama. Harlow é humilhada pelo pai de Bob, que não aceita a união do filho com uma dançarina da Broadway e ao invés disso preferia que ele se casasse com Jo (Rosalind Russel).
O casal vai viver na mansão da família de Bob e as coisas se complicam até ele se embebedar na festa de casamento de Jo e maltratar Mona, já na presença de Ned. Completamente bêbado, infeliz com o casamento de sua antiga namorada, Bob se mata com um tiro em seu quarto. Incriminada pela imprensa como autora do crime, Mona recusa o dinheiro oferecido pelo pai de Bob. Outra cena ótima de Jean Harlow. A ex-atriz, agora com um filho, decide criar o menino longe da família do ex-marido e começa uma luta para voltar com sua carreira. Desprezada pelos produtores ela decide aceitar a ajuda de Ned, ainda apaixonado, e assim ele monta um show para ela.
A cena final é o ponto forte do filme. Jean Harlow sozinha no palco canta para uma audiencia que começa a vaiá-la e jogar coisas sobre ela. A atuação de Jean é tão cheia de emoção quando sua personagem, chorando tenta em vão terminar seu número. É angustiante vê-la tentar cantar debaixo de vaias e palmas maldosas. Ela então pára quando uma mulher levanta-se da cadeira e a chama de assassina. "Reckless" pode não ser grande como musical, mas como drama é estupendo e mostra ao público uma Jean Harlow diferente de "Mares da China". Então Mona, ferida pela reação do público, tem os seus olhos cheios de lágrimas. Ela termina a canção e é ovacionada pela platéia. Ao retornar canta "Reckless" encostada na lateral do palco. Um William Powell escondido atrás da enorme pilastra, se declara a ela entre suas falas e ela segura sua mão.Chega ao fim uma verdadeira ilusão de amor e o recomeço de uma nova paixão.
Jean Harlow foi a primeira vamp a virar heroina no cinema. Seu loiro platinado logo a marcou como um símbolo sexual dos anos 30, em um fenômeno semelhante ao de Marilyn Monroe. Harlow, porém, sempre personificou mulheres cruamente sexuais, fortes, vorazes. Jean Harlow nasceu Harlean Carpenter, em Kansas City, em 3 de março de 1911, um dia como hoje, há 98 anos, e entrou para o cinema em 1928, atuando por dois anos em papéis pequenos e passou a simbolo sexual platinada a partir de "Bombshell" (Mademoiselle Dinamite). Formou pares inesqueciveis com James Cagney e principalmente com Clark Gable. Após três rápidos casamentos, ela terminou sua carreira fulminante aos 26 anos ( 7 de junho de 1937), vítima de um edema cerebal em meio às filmagens de "Saratoga", com Clark Gable. Na sua filmografia, tem 36 filmes, inclusive "Reckless", rodado em 1935.

***

Veja também: http://www.rnsites.com.br/ e http://www.naribeira.com/.

segunda-feira, 2 de março de 2009

RIBEIRA - 260

ELIZABETH TAYLOR
Elizabeth Rosemond Taylor nasceu em Londres, no dia 27 de fevereiro de 1932. É uma atriz anglo-americana. Filha de pais estadunidenses, mudou-se para os Estados Unidos em 1939. Começou a carreira cinematográfica ainda criança, quando foi descoberta aos dez anos. Contratada pela Universal Pictures, filmou There's One Bom Every Minute, mas não teve o contrato renovado. Assim como o amigo pessoal Mickey Rooney, revelou talento participando de filmes infanto-juvenis, como na estréia em 1943 num pequeno papel da série Lassie. A partir de então, apaixonou-se pela profissão e permanecer no estudio tornou-se o maior sonho. Evoluindo com atriz talentosa e respeitada pela crítica, nos anos 50 filmaria dramas, como Um Lugar ao Sol, com o ator Montgomery Clift, Assim Caminha a Humanidade, com Rock Hudson, ambos atores homossexuais e um dos quais se tornou grande amiga. Nessa década faria ainda A Última Vez que Ví Paris, ao lado de Van Johnson e Donna Reed. Apesar de não gostar do apelido Liz, como é mais conhecida, é reverenciada como uma das mulheres mais bonitas de todos os tempos, a marca registrada são os traços delicados e olhos de cor azul-violeta. emoldurados por sobrancelhas espessas de cor negra. Celebridade cercada por intenso glamour e diva eterna dos anos de ouro do cinema norte-americano, é uma compulsiva colecionadora de jóias.
Certa vez, o amigo, o mágico David Copperfield, convidou-a para uma das apresentações e fez sumir das mãos um dos anéis favoritos. Liz, simpaticamente, e aos gritos, divertiu a platéia manifestando um momento de desespero ao ver o anel sumir. Ficou famosa também pelos inúmeros casamentos (oito ao todo), sendo o mais rumoroso o com o ator inglês Richard Burton, notório pelo alcoolismo, com quem se casou duas vezes e fez duplas em vários filmes nos anos 60, como o antologico Cleópatra, o dramatico Quem tem medo de Virginia Woolf, em queela ganhou o segundo Oscar, Os Farsantes e A Megera Domada. Vencedora duas vezes do prêmio Oscar de melhor atriz, o primeiro em 1960 pelo papel de call-girl de Disque Butterfield 8. Nessa década, com o reconhecimento do prèmio máximo do cinema mundial, consagrou-se como a mais bem paga atriz do mundo. Em estado grave e internada num hospital americano desde 15 de julho de 2008, com pneumonia e insuficiencia cardíaca, no momento ela é mantida com aparelhos respiratórios e corre risco de morte. Liz, que sofre de diabetes, também já enfrentou uma cirurgia para retirar um tumor no cérebro em 1997.
----