segunda-feira, 30 de março de 2009

RIBEIRA - 278


PASSAGEIROS
Há algum tempo o diretor Rodrigo Garcia pode ser reconhecido por mérito próprio, e não apenas por ser o filho do grande escritor Gabriel Garcia Marquez, vencedor do Nobel de Literatura. Rodrigo desenvolveu toda a sua carreira nos Estados Unidos e ganhou destaque como operador de câmera em alguns filmes, como em "Grandes Esperanças". Foi posteriormente diretor de fotografia de alguns projetos, como "Gia - Fama e Destruição" e, na direção já comandou episódios das premiadas séries televisivas A Sete Palmos e Amor Imenso. "Passageiros" é a primeira grande produção dirigida pelo colombiano, que já havia trabalhado em projetos menores no cinema, como o drama "Questão de Vida". É uma pena perceber que tal profissional tão elogiado por seus outros trabalhos, não tenha conseguido tornar esse filme em algo mais interessante. Mas os erros não são apenas do diretor, que voltará a ser citado em breve, e já se iniciam com a premissa de suspense. Com a queda de um avião comercial, um pequeno grupo de sobreviventes passa a ser entrevistado por Claire Summers, terapeuta que procura minimizar os possíveis traumas causados pelo acidente. Com algumas sessões de terapia a mesma se deixa envolver com um dos sobreviventes e passa a investigar os motivos que estão levando seus pacientes a desaparecerem, um a um. Se uma curta sinopse já deixa pistas do que pode acontecer em "Passageiros", a campanha de divulgação do filme apenas potencializa isso, o que prejudica imensamente a produção que utiliza a estrutura básica dos suspenses que se desenvolvem mantendo as surpresas para serem reveladas em seu final.
Anne Hathaway, Patrick Wilson, Dianne Wiest, Clea DuVall e Andre Braugher, todos atores competentes, todos desperdiçados em "Passageiros". Hathaway em particular, indicada ao Oscar este ano por seu excelente desempenho em "O Casamento de Rachel",tem a performance mais incorreta do longa, sendo em parte prejudicada por sua personagem. A atriz se esforça mas não consegue fugir da caricatura, criando uma terapeuta que parece duvidar de sua capacidade, extremamente influenciável, que funcionaria mais se fosse uma colegial e não alguém que possui dois mestrados, como um dos personagens menciona durante o filme.
E Rodrigo Garcia, por sua vez, aparentemente não faz muito esforço para tirar "Passageiros" da ponta do precipício. A cena de sexo entre os protagonistas é uma das mais frias que o cinema já desenvolveu. É até estranho ver "Passageiros" nos cinemas brasileiros, visto que o filme foi ignorado pelo público americano.
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