quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 220

FIM DE ANO
"Adeus ano velho. Feliz ano novo. Que tudo se realize no ano que vai nascer. Muito dinheiro no bolso. Saúde prá dar e vender". Esse é um trecho de uma canção que eu aprendi quando ainda era um jovem dos meus 15 anos. Deste ano para cá houve muitas outras coisas para se "cantar" ou contar. No meu tempo de menino, quando eu era menino mesmo, o fim de ano dava gosto de olhar. Esse negócio de fogos pirotécnicos, não havia. E se havia, só na entrada de ano, quando terminava a Missa. Então, um homem não sei aonde, enfeitava o céu com os seus fogos de lágrimas ou mesmo de espoucar, perto da Catedral de Natal, na Cidade Alta. Minha mãe tinha medo que um fogo daqueles viesse a cair sobre nossas cabeças e, de imediato, saía do lado de fora da Igreja e se enfurnava no interior do templo, sempre com seu jeito amedrontado pedindo a Nossa Senhora que o homem já acabasse com aquele foguetório. ssim era o fim de ano em Natal, animado apenas com as rodas-gigantes, os cavalinhos, as barracas de tiro ao alvo, a casa dos mal-assombros, as bancas de apostas do Barraca do Leão, o trem que viajava em seu destino certo e os balanços em gangorras e outros carros que iam e voltavam, para cima e para baixo.Coisas do tempo antigo e que não voltam mais. Assim era o fim de ano por essas terras de ninguém. Depois, minha mãe e meu pai, saiam para visitar, após à meia-noite, os seus parentes, minhas tias e meus avós. Quase sempre e adormecia onde eu chegava para tomar a benção dos meus parentes. Dormia como um anjo e só acordava no amanhecer do dia 1º de janeiro quando estava já em casa, levado nos braços por meu pai.
Denomina-se de periodização da História à divisão, para fins didáticos, da História em épocas, períodos ou idades. A necessidade desses "cortes"(ou recortes) é tão antiga quanto a da escrita da História, cada época ou cultura tendo usado uma diferente metodologia. O método mais antigo de periodização empregado pelo Homem foi o da articulação político-genealógico, observado os limites dos reinados e das dinastias. Na Grécia Antiga, Hesíodo, poeta que viveu no fim do século VIII a.C., em seu livro "Os Trabalhos e os Dias", propôs uma articulação por épocas, as cinco idades (Ouro, Prata, Bronze, Heróis e Ferro). O Cristianismo trouxe uma concepção de devir histórico linear. Cada época passou a ter um caráter único de acordo com o modelo bíblico dos seis dias da Criação.
Hoje, já não se ocupa mais em se saber a história para cada fase do ano. Leva-se na diversão o passar de um ano para o outro. Enfim, esses fundamentos históricos, para os que estão vivedo o dia-a-da, nada tem a informar, pois para a humanidade o que vale apenas é o entretenimento. Nas residencias se acompanha o nascer de um novo dia sem se importar com o que houve no passado. As donas de casa se incomodam em limpar as salas, móveis e outras partes da habitação. Porém, isso está na história. Limpar que dizer tirar o que é sujo e não se quer mais pensar no que houve no passado. Limpar, varrer, espanar, enxugar, tudo isso tem um simbolismo e começar um ano novo com a casa cheia de esperança. Por isso, se faz essas atividades tão corriqueras para o lar. Roupas novas, cores brancas, enfim, tudo novo para uma ano que vem. Adeus ano velho, diz a composição como que querendo dizer: adeus velhas cartas que não fiquem jamais em nossas lembranças.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 219

OPUS DEI
A Prelatura da Santa Cruz e Opus Dei ou simplesmente Opus Dei (Obra de Deus) é uma instituição hierárquica da Igreja Católica, uma prelazia pessoal, composta por leigos, na sua maior parte casados, e por uma pequena porcentágem de sacerdotes. Tem como finalidade participar da missão evangelizadora da Igreja. Concretamente, o Opus Dei procura difundir a vida cristã no mundo, no trabalho e na família, a chamada universal à santidade e o valor santificador do trabalho cotidiano. No dia 28 de novembro de 1982 o papa João Paulo II constituiu o Opus Dei em "prelatura pessoal". A prelatura segue uma via de conduta que passa pela santificação do trabalho cotidiano. Assim, todo e cada um, homem ou mulher, é chamado à santificação pelo trabalho que exerce cotidianamente, encontrando Deus nas coisas ordinárias da Terra.
O Opus Dei foi fundado por José-Maria Escrivá de Balaguer em 2 de outubro de 1928 em Madri, Espanha. "A Obra de Deus não foi imaginada por um homem", escreveu o Monsenhor Jose-Maria. "Há muitos anos que o Senhor a inspirava a um instrumento inepto e surdo, que a viu pela primeira vez no dia dos Santos Anjos da Guarda, no dia 2 de outubro de 1928". Em 14 de Fevereiro de 1930, o fundador compreendeu que a instituição também deveria desenvolver o apostolado entre as mulheres, e posteriormente para receber e atender ao clero da Prelazia foi fundada, em 14 de Fevereiro de 1943, a Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, uma associação de clérigos intrinsicamente unida ao Opus Dei.
Segundo a Constituição Apostólica Ut Sit, o Governo central da Prelazia tem sede em Roma, ficando erigido, como Igreja prelatícia o oratório de Santa Maria da Paz, que se encontra na sede central da Prelazia e onde se encontra o Prelado. À época do falecimento do fundador, em 26 de Junho de 1975, a prelatura já se estendia pelos cinco continentes, contando com mais de sessenta mil membros de 88 nacionalidades. O fundador foi sucedido no governo da prelazia pel Bispo Dom Álvaro del Portillo e, após o falecimento inesperado em 23 de março de 1994, por Mons. Javier Echevarria Rodriguez, atual prelado nomeado pelo Papa em 20 de abril de 1994 e sagrado Bispo por João Paulo II no dia 6 de janeiro de 1995 na Basílica de São Pedro.
Nos primeiros anos do cristianimo a utilização de tecidos grosseiros, como meio de mortificação física e para ajudar a resistir às tentações da carne se tornou muito comum. Não somente os ascetas e aqueles que aspiravam uma vida de perfeição cristã, mas mesmo entre os leigos ordinários que viviam no meio do mundo dele se serviam como de um antídoto discreto contra a ostentação exterior e o conforto nas suas vidas. Moderadamente, o cilício tem sido substituido por instrumentos mais discretos que produzem efeito corporal similar.. Muitos santos usaram o cilício como forma de penitência, mortificação ou sacrificio voluntário. O Papa Paulo VI, Madre Tereza de Calcutá e a irmã Lucia de Fátima praticaram a mortificação corporal dentre muitos outros religiosos e leigos. A mortificação corporal, que é praticada com moderação e senso comum, pertence ao patrimônio espiritual da Igreja e é entendida como um sacrificio mental ou fisico aos olhos de Deus. A "unidade da vida" é outro alicerce nos ensinamentos do Opus Dei. De acordo com a sua mensagem, um cristão não deve procurar Deus apenas na Igreja, mas também nas menores atividades ou ocupações de sua vida. Deixar de ser cristão quando se sai do templo, como quem tira um chapéu ao entrar num restaurante, é "ter vida dupla".

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 218

BALÕES VERMELHOS
Eu estava sentado na minha cadeira, em frente ao birô de madeira, do tempo antigo, mais que isso, quando Zé Areias, que estava sentado numa cadeira do escritório, lendo uma revista de um número atrasado, disse que, na China antes daquele tempo, era comum os comerciantes pendurarem balões vermelhos com velas no seu interior, nas salas das casas de negócio para vender a quem quisesse comprar. Com certeza, Zé Areias estava lendo tal artigo na revista, pensei eu. Ele falou aquilo para quem quisesse ouvir. Zé Areias, cujo nome era José Antonio Areias Filho, era um homem dos seus 50 anos ou mais. Quando os soldados norte-americanos estiveram aquí, no tempo da IIª Guerra, ele esteve por todo o tempo lá pelo Campo de Parnamirim, no Rio Grande do Norte, fazendo a barba, cortando o cabelo dos gringos e mesmo vendendo urubu como se fosse peru. Ele era um homem vivedor como ninguém sabia. Depois da Guerra, veio o perído de recessão para Zé Areias. Quando não tinha nada o que fazer, ele vendia rifas de qualquer coisa: bode, burro ou carneiro. Dava gosto de ouvir o que o homem contava em suas façanhas dos dias e das noites e, de quando em vez, com seu corpo cheio de gorduras, peitos caídos até a barriga enorme por sinal, ele parava a conversa com um tradicional "plutzz" que costumava fazer entre os lábios carnudos. Com relação aos balões vermelhos, dizia Zé Areias, era uma tradição do povo a colorir suas moradias, principalmente no final de ano, quando eram recebidos os parentes para tomar um chá em meio da conversa, não raro, para acertar um casamento entre seus familiares. Com relação ao chá, contava o barbeiro gozador, que foram os chineses os seus inventores. Certa vez, um cidadão da aldeia fazia uma poção de água quente com folhas de ramos de alguma coisa que ele chamava de "agua quente". Estava o homem a mexer a água quente quando não sabe bem porque, a poção derramou sobre seus braços, busto e corpo a baixo. Indignado com o incidente mal acontecido o chinês gritou: "CHÁ", como forma de desespero e malcriação. Não se sabe ao certo, a verdade é que daquele dia em diante quem procurasse a água quente com gravetos finos de árvores saberia dizer que estaria procurando tomar um "chá" para beber, pois foi assim que se passou a chamar a tradicional de água com gravetos. Tal fato, Zé Areias contava enquanto o meu tio Zeca, sorria, baixinho, gordo como era, com as alfinetadas do barbeiro natalense. Era frequente a visita de Zé Areias ao escritorio de José Leandro, o tio Zeca, pois havia uma enorme afinidade entre os dois homens. Ze Leandro era mais moço sete anos que Zé Areias. Mas, nas alfinetadas da vida, apesar da diferença de dinheiro, não havia nada a temer. Zé Areias, por certo tempo, quando os norte-americanos estiveram por aqui, ele era um homem cheio de dólares e costumava ir aos bares da Ribeira onde gastava tudo o que levava em uma noite. Se alguém perguntasse a ele o que havia feito para gastar tanto dinheiro assim, ele respondia: "Dólares em alta!!!". E assim continuava a beber à noite toda. Com relação aos balões vermelhos, ele dizia sempre: "Um dia eu ainda vou lá!!!". Logo a seguir. mudava de assunto, pois a China era longe demais, apesar das chinesas serem mulheres cheias de candor. E por uma mulher de qualquer tipo ou preço, seja lá como fosse, que fosse gorda, rechonchuda, ele estava pronto para ir até à China.

domingo, 28 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 217

IGREJA CENTENÁRIA
A Igreja de Natal (Rn), celebra a partir de amanhã o seu centenário como Diocese. Até 1909, a Igreja de Natal era apenas uma paróquia pertencente à Diocese da Paraíba, cidade que em 1930 passou a ser chamada de João Pessoa. Como Paróquia, Natal não tinha a presença de um Bispo. Era governada por um vigário. A criação da Diocese de Natal foi iniciativa do Bispo da Paraiba, Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, 1º Bispo e Arcebispo da Arquidiocese da Paraiba. O Bispo deve visitar todas as paróquias da sua diocese. Porém, pela dificuldade de transporte no início daquele século, essa tarefa se tornou dificil para o Bispo da Paraíba, ter que visitar as paróquias da Paraiba e do Rio Grande do Norte. Por isso, Dom Adauto, um homem dos 85 anos, fez um apelo ao Santo Padre que ordenasse um bispo para Natal, fazendo a cidade a sua Diocese. O Papa Pio X nomeou Dom Joaquim Antônio de Almeida o primeiro Bispo da Diocese de Natal. De lá para cá, Natal, já Arquidiocese, conta com o trabalho de 10 Bispos. Apesar de independente, a Diocese de Natal esteve ligada a Arquidiocese da Paraiba, então já sendo chamada de João Pessoa, até 1952, quando foi criada a Arquidiocese de Natal dirigida pelo arcebispo Dom Marcolino de Souza Dantas, quarto Bispo e primeiro Arcebispo da Arquidiocese de Natal. No Rio Grande do Norte, já haviam sido criadas as Dioceses do Mossoró, em 1934 e a do Caicó, em 1939.
Durante o triênio de comemoração do centenário da Diocese de Natal o arcebispo Dom Matias Patricio de Macedo, tem feitos visitas pastorais mensalmente às paróquias do interior do Estado com o objetivo de fazer a reaproximação do pastor com os fieis. A participação do Bispo, em Natal, fez a formação de um Seminário para a formação dos Seminaristas que se transformaram em Padres. Natal tem, hoje, uma Igreja mais próximas dos seus fieis. Mas, tem um velho problema que a Diocese de Natal vai ter que enfrentar: é o subjetivismo, onde a pessoa pensa muito em si. As pessoas costumam ir a Igreja como se vai a um supermercado, tirando tudo para si e não se importando com os planos de Deus. Com o ano jubilar, haverá uma intensa programação no calendário da Igreja, em Natal, que começa nessa segunda-feira, quando Natal faz 100 anos de criação da sua Diocese, instituida no dia 29 de dezembro de 1909 e que foi transformada em Arquidiocese em 1952. Para marcar o ano jubilar, todas as 88 paróquias que compõem a Arquidiocese caminharão em concentração, a ter inicio pelo bairro de Candelária até oEspaço João Paulo II, onde haverá celebração de Missa e abertura do ano jubilar.

sábado, 27 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 216

FELIZ ANO NOVO
Agora me lembro de quando eu trabalhava no escritório do Armazem de Madeiras Santa Teresa, de José Leandro, por sinal, meu tio. No mês de dezembro, todos os anos, ele contava o dinheiro para fazer doações aos seus parentes, empregadas da casa, à sua mulher, às meninas, filhas dele, e aos empregados do armazém, inclusive a mim. Isso, foi bem antes do governo instituir o 13º salário. De minha parte, eu recebia um valor igual ao de um salário. Com poucos dias, ele fazia o pagamento do mês de dezembro, bem no final do ano. Isso, ele, tio Zeca, vinha fazendo desde 1952, quando eu trabalhava para ele em um escritório de vendas de terras. Com isso, para mim, tio Zeca se antecipou em muito ao Governo que estabeleceu muitos anos depois o pagamento do 13º salário. Sei bem que ele mandava uma quantia para as suas irmãs, como para tia Anunciada, tia Justa, tia Alice, tia Nenem, tia Noza e à minha mãe, que era também a sua irmã. Tio Zeca costumava dizer a mim, quando entregava o dinheiro: "Dê à sua mãe, ouviu?". E eu respondia que sim. O dia 25 de dezembro era feriado religioso. Mas, no dia seguinte ao feriado, tio Zeca voltava a me perguntar: "Deu o dinheiro à sua mãe?". E eu respondia que sim. Assim, ele procedia todos os anos, e ainda no periodo da Semana Santa, de São João e, com certeza, ao aniversário de cada uma de suas irmãs. Eu me lembro bem que, para os irmãos, ele sempre dizia: "Eles, não! São ricos!". Era assim que tio Zeca falava. Não raro, o seu coração amolecia quando chegava ao escritório o tio Miguel. Apesar de ganhar dinheiro como um homem dono de Cartório, tio Zeca lhe dava um presente de uma garrafa de vinho, pois, dinheiro, ele já tinha dito que não lha daria. Aos Grentes dos Bancos, tio Zeca fazia uma oferta de um relógio belo, que se abria para mostar às horas. Também a outras personalidades que viviam aqui, na cidade do Natal, Rn, e que mereciam o olhar atencioso de tio Zeca. Naquele tempo, a Festa do Natal era celebrada com presentes, os mais diversos. Todos muito chiques. Era um tempo de paz que nós pracuravamos encarar como o verdadeiro natal de Jesus. À meia noite do dia 24 e começo do dia 25, eu acompanhava a minha mãe à Igreja para assistir a celebração da Santa Missa onde todos os participantes se cumprimentavam com alegria. Na saída da Igreja, minha mãe costumava ir na casa de sua irmã, tia Justa, consumir um pedaço de bolo e outras iguarias. Tia Justa morava perto da Matriz de Nossa Senhora da Apresentação. As duas e outras mulheres, trocavam conversa e se alegravam quando tio Zeca aparecia para dar o seu boa noite, embora já fosse de madrugada. Tia Anunciada também se acercava, pois era oseu caminho de casa. Era uma festa geral de todos os irmãos que se faziam presentes. Eu me lembro bem de tudo isso, passados já quase 70 anos. Aquele era um tempo de pura felicidade.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 215

NATAL
Natal completa 409 anos de sua fundação. Foi em um dia 25 de dezembro de 1599 que Jerônimo de Albuquerque entrou nesse canto de terra e fincou o marco de fundação da cidade: um pelourinho. Pelourinho ou picota são colunas de pedra colocadas em lugar público da cidade ou vila onde eram torturados e expostos criminosos. Tinham também direito de pelourinho os grandes donatários, os bispos, os cabidos e os mosteiros, como prova e instrumento da jurisdição feudal. Picota é uma designação mais antiga e popular. A que Jerônimo de Albuquerque demarcou aquilo que um dia seria a cidade, está, hoje, no Instituto Histórico do Rio Grande do Norte.
Hoje, não há documentos que provem ter sido Natal verdadeiramente descoberta nesse dia. Porém, tudo indica que foi nesse dia. Antes, Jerônimo de Albuquerque tinha dialogado com os indios que aqui moravam. Passou-se o tempo e, então, só em 25 de dezembro de 1599 ele chegou a um entendimento pacifico com os sivicolas e instalou o pelourinho na chamada Cidade dos Reis. Nessa data também foi mandada construir uma capela feita de palha. Há controversia com relação a Cidade, pois alguns historiadores chegaram a dizer que Jerônimo de Albuquerque madou construir a capela a meia legua do Forte que levaria a acreditar ser no ponto mais alto do lugar, onde hoje está a Catedral Antiga. Mesmo assim, há quem acredite que a cidade teve seu começo no, hoje, bairro de Santos Reis. Deu-se o nome de Natal por ter sido fundada no dia 25 de dezembro. Contudo, naquele tempo, a cidade, que não tinha uma casa sequer, se chamava Cidade dos Reis ou Cidade dos Reis Magos.
O certo é que Jerônimo de Albuquerque começou a fundar a povoação, depois de fazer as pazes com os índios, e construir algumas casas para os oficiais que participaram da tentativa da conquista.. Assim, nasceu a povoação que se chamou Santos Reis.. Natal seria fundada, posteriormente, e não tinha nenhuma relação com a povoação que nasceu próxima ao Forte..
Sem casas e sem ruas, Natal começou a existir depois de um pacto de paz firmado com os indios. Esses, habitavam nas proximidades da antiga Catedral, local propicio para se fazer a caça e a pesca, o que os sivicolas sabiam desenvolver. Natal recebeu vários nomes, até mesmo Cidade de Santiago. Mesmo assim, vigorou o seu nome pincipal como hoje é conhecida. Com relação a fundação da cidade, surgiu ate a indicação do nome de João Rodrigues Colaço. Dito ou nao dito, Colaço, permaneceu no lugar, mas o seu fundador, na verdade, foi Jerônimo de Albuquerque que logo dapois da fundação zarpou com destino ao Maranhão.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 214

NOSSOS IRMÃOS
Em tempos remotos de quase 12 mil anos, chegaram por aqui os primeiros povos que se chama hoje de "indios". As pesquisas são as mais diversas. Uma delas enfoca que os indios chegaram à Natal e fundaram suas aldeias. Eles viviam da caça e da pesca, isso há 12 mil anos.Povoaram todo o Estado entre lutas e guerras das tribos diversas. Nesse tempo, não havia "homem branco" por esses lados. Os índos custaram a ver esse tal homem branco aparecer por essas bandas. Eles eram os primitivos habitantes desse mundo. Diversos estudos arqueológicos foram feitos aqui, no Rio Grande do Norte, fornecendo importantes subsídios para a nossa pré-história. A pesquisa encontrou vestígios de diversas culturas pré-históricas, sendo a mais antiga do sítio "Mangueira", em Macaíba.
Quando os portugueses chegaram por esses lados, em 1597, encontraram uma taba que se chamava "Água que Invade", na tradução para o português, Aldeia Velha ou mesmo Igapó. Por aqui já andavam franceses no tráfico de pau-brasil. Eles entraram em um acordo pacifico com os indios, permitindo que eles deixassem os franceses embarcar o pau-brasil em troca de bugigangas, como espelhos, marrafas, pentes entre outros adereços de pouca valia, porém, bastante curiosos para os sivicolas. Por anos e anos os franceses faziam esse tipo de contrabando, chegando até a levar em uma náu indios da terra potiguar para conhecer a França. Por esses lados tinham indios que falavam muito bem o francês e indias que arranjavam um marido do além-mar. Isso tudo era um território indígena. Os indios negociaram com os franceses extensa mata de pau-brasil existente na parte norte do rio Potengi, no local onde tempos depois os portugueses montaram a Estação da Coroa, confrontando com o cais que , posteriormente se chamou Tavares de Lira. Essa é uma parte da história bem mais rescente. No tempo primitivo, onde os indios não tinham e nem sabiam ler e escrever, as pesquisas feitas pelos estudiosos só encontraram desenhos, pinturas, feitas em cavernas ou achados de partes de caco de utensilios que eles usavam. Os indios sempre se impressionaram com enfeites que ornavam o seu corpo. As tribus mais crueis, quando entravam em luta com os seus adversários, tinham o costume de comer partes dos corpos do indios valentes, seus inimigos, que haviam sido abatidos na luta. Partes dos enfeites dos indios trucidados eram tirados como "sobra de guerra".
É fato que a "guerra" surgida entre as tribus, era uma consequencia da fome por que passava aquele grupo invasor. Eles, os invasores, vindos de plagas remotas, procuravam tirar o proveito do que os seus "inimigos" estavam a desfrutar. Então, era a "guerra" por um punhado de peixe que eles sabiam que estava dando aqui. Se vencessem, eles sairiam vitoriosos. Caso contrario, fugiriam. Em Natal , Rn, não havia ainda a cidade até os portugues chegarem por esses lados. Mesmo assim, no largo da Matriz Velha, havia choças de indios. Dali, eles partiam para a margem do rio Potengi, onde pescavam peixes. Ou então, enveredavam pela mata em busca de aves ou de animais silvestres. Era assim que os nossos irmãos viviam.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 213

REDINHA
Uma pesquisa feita pelo historiador Olavo de Medeiros Filho aponta que a praia da Redinha, antigamente era um sítio. Ali, morava ou, pelo menos era a dona, a viúva Grácia do Rego. Com o passar do tempo, ela doou o sitio a dona Joana de Freitas da Fonseca. No documento está dito que "receberam, por título de compra, da viúva Dona Gracia do Rego o sítio chamado de Redinha". Desse modo, leva-se a crer que o nome Redinha tenha origem no nome que era o sítio. Hoje, a Redinha, que já foi um distrito, é um bairro e dos mais nobres da capital. Com a construção da ponte Forte-Redinha, a praia perdeu o seu encanto de provincia, como mantinha nos idos de 1950, para ganhar um status de maior mercado que dá acesso aos núcleos habitacionais que se formaram na zona norte de Natal (Rn) a partir do ano de 1980. Hoje, já não se vê uma terra desprovida de encantos, porém, quem vai da Redinha para Extremoz, encontra um verdadeiro comércio onde está a av. João Medeiros que leva ao antigo distrito de Igapó e, dalí, cruzando a antiga ponte que tem no rio, entra para o oeste de Natal. Por tempos, a população da zona norte clama por independencia política. Os conjuntos que formam aquele bairro têm uma população de 300 mil habitantes, quase igual ao que tem Natal, onde moram 500 mil habitantes. Na zona norte já tem de tudo para se tornar independente. Mesmo assim, a Prefeitura de Natal prefere calar diante de tal hipótese. Tudo isso começou pela venda ou doação de um sítio que se chamava Redinha, há muitos anos passados. Em 1960, a Redinha era só uma praia quase que deserta. Seus moradores atravessavam o rio Potengí de barco ou de lancha para vir à Cidade vender o que produziam e comprar o que nescessitavam. Ninguém punha fé na praia, levada pelo vento do mar e onde os pescadores dormiam cedo. No entanto, o tempo foi passando. E a população foi crescendo, emendado a Redinha, pela beira do mar, com Genipabu, à 25 quilômetros de distância, ligado ao municipio de Extremoz. Hoje, já não se sabe o que é a Redinha ou Genipabu, ponto de lazer da gente que vem do sul passar o verão no nordeste. As duas praias estão emendadas por casas e conjuntos. Na praia de Genipabú, por incrivel que pareça, tem moradias que estão sendo oferecidas ao preço de 150 mil reais. E isto é apenas uma casa. E a Redinha segue o mesmo ritmo, longe do que foi, um dia, onde só existam mocambos de palha ficados na areia lambidos pela maré. Em se ir à Redinha, era um dia de lazer. Tapioca, peixe assado, jinga e zinebra ou mesmo um vinho mais forte, tal como o Vermute, a aquele que deixava o consumidor dormindo no chão, como a cachaça. Redinha da Praeira, tão bem cantada em versos como fez Othoniel Menezes: "Canção do pescador". "Praieia de meus amores, o encanto do meu olhar". Hoje, a Redinha é o progresso da zona norte de Natal.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O RADIO - 212

O RÁDIO
Nos ídos de 1950, em Natal, Rn, quem tinha um rádio era uma pessoa rica. Muito rica, mesmo. O rádio era uma fonte de informação e diversão. Na rua onde eu morava só havia um rádio. Era em uma casa de um funcionário do Hospital Miguel Couto que, hoje, é chamado de Hospital Onofre Lopes, ligado a Universidade Federal. Além desse, tinha um médico-dentista que, em sua casa, também tinha um rádio até porque o homem era um rádio-amador, e foi o primeiro rádio-amador do Estado.
O rádio é um sistema de comunicação através de ondas eletromagnéticas propagadas no espaço.Que por serem de comprimento diferente são classificadas em ondas curtas de alta frequencia e ondas longas de baixa frequencia, assim, utilizadas para fins diversos. Entre essas duas ondas, temos as ondas médias, frequencia modulada, FM, e outras mais. Os sistemas de rádiocomunicação normais são formados por dois componentes básicos: Transmissor - composto por um gerador de oscilações, que converte a corrente elétrica em oscilações de uma determinada frequencia de rádio; um transdutor que converte a informação a ser transmitida em impulsos elétricos equivalentes a cada valore um modulador, que controla as variações na intensidade de oscilação ou na frequência da onda portadora, sendo efetuada em níveis baixo ou alto.Quando a amplitude da onda portadora varia segundo as variações da frequencia e da intensidade de um sinal sonoro, denomina-se modulação AM. Já quando, a frequencia da onda portadora varia dentro de um nível estabelecido a um ritmo igual à frequencia de um sinal sonoro, denomina-se modulação FM. Receptor - Tem como componentes principais: a antena para captar as ondas eletromagnéticas e convertê-las em oscilações elétricas, amplificadores que aumentam a intensidade dessas oscilações, equipamentos para a demodulação; um alto-falante para converter os impulsos em ondas sonoras e na maior parte dos receptores, osciladores para gerar ondas de rádiofrequencia que possam se misturar com as ondas recebidas.
História:
Segundo alguns autores, a tecnologia de transmissão do som por ondas de rádio foi desenvolvida pelo italiano Guglielmo Marconi, no fim do século XIX, mas a Suprema Corte Americana concedeu a Nikola Tesla, austríaco, o mérito da criação do rádio, tendo em vista que Marconi usara 19 patentes de Tesla em seu projeto. Na mesma época em 1893, no Brasil, o padre Roberto Landell de Moura também buscava resultados semelhantes, em experiencias feitas em São Paulo.
Landell de Moura, nascido em Porto Alegre a 21 de janeiro de 1861, foi um padre católico e inventor brasileiro. Foi pioneiro na transmissão da voz humana sem fio antes mesmo que outros inventores tivessem transmitido sinais de telegrafia por rádio.
No Brasil a primeira transmissão foi realizada no centenário da Independência do Brasil. em 7 de setembro de 1922, em que o presidente Epitácio Pessoa, acompanhado pelos reis da Belgica, abriu a Exposição do Centenário no Rio de Janeiro. O discurso de abertura de Epitácio Pessoa foi transmitido para receptores instalados em Niterói, Petrópolis e São Paulo, através de uma antena instalada no Corcovado. Era o começo da primeira estação de rádio no Brasil: a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Fundada por Roquette Pinto, a emissora foi doada ao governo em 1936 e existe até hoje.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 211

JESUS MENINO
Mais uma vez o Natal se aproxima. Natal, que significa o nascimento de Deus-menino, segundo a história cristã. Ao longo dos anos, os países católicos ao festejarem a data utilizam várias tradições natalinas como canções, a figura do Papai Noel, a ceia de Natal, a árvore de Natal e o presépio de Natal. O presépio é uma das representações mais singelas do nascimento de Jesus Cristo. Procura resgatar a importância e magnitude daquele momento ao mesmo tempo que nos lembra a forma simples e humilde em que se deu o nascimento. A presença do menino Deus naquele estábulo, ao lado de seus pais, tendo por testemunhas os pastores e os animais e recebendo a visita dos Reis Magos guiados à gruta pela estrela de Belém, mostra a grandeza e a onipotência de Deus representada na fragilidade de uma criança.
Esta representação foi criada por São Francisco de Assis em 1223 que, em companhia de Frei Leão e com a ajuda do senhor Giovanni Vellina, montou em uma gruta da floresta na região de Greccio, Itália, a encenação do nascimento de Jesus. Na época já havia 16 anos que a Igreja tinha proibido a realização de dramas litúrgicos nas Igrejas, mas São Francisco pediu a dispensa da proibição desejoso que estava de lembrar ao povo daquela região a natividade e o amor a Jesus Cristo. O povo foi convidado para a missa e ao chegarem à gruta encontraram a cena do nascimento vivenciada por pastores e animais.
São Francisco morreu dois anos apos mas os Frades Franciscanos continuaram a representação do presépio utilizando imagens. No Brasil, a cena do presépio foi apresentada pela primeira vez aos índios e colonos portugueses em 1552 por iniciativa do jesuita José de Anchieta. A partir de 1986 São Francisco é considerado o patrono universal do presépio. "Fazer presépios é unir mundos". O mundo animal, os homens e o mundo mineral se unem na contemplação do nascimento de Jesus. Os reis Magos em uma interpretação mais recente são lembrados como um símbolo da união dos povos: Gaspar, o negro; Melchior, o branco e Baltazar, o asiático. As palavras de paz e serenidade de São Francisco trazem até nós o sentido verdadeiro do Natal: "Todos os homens nascem iguais, pela sua orígem, seus direitos naturais e divinos e seu objetivo final"..
Em muitos países do Mundo, um Natal sem presépio mão é Natal. Esses cenários coloridos que representam o nascimento do Menino Jesus, a adoração dos pastores e dos Reis Magos, são expostos tanto em igrejas como nos lares onde se passa o Natal em família. Trata-se frequetemente de valiosas peças que são passadas de pais para filhos. Mas, os presépios nem sempre existiram. A tradição do presépio, na sua forma atual, tem suas orígens somente no século XVI. Antes dessa época, o nascimento e a adoração do Menino Jesus eram representadas de outra maneira. Os Cristãos celebram a memoria do nascimento de Jesus desde finais de século III. E, é precisamente nessa época que datam os primeiros testemunhos referentes a peregrinos que se dirigiam ao local de nascimento de Cristo, a gruta de Belém. O nascimento de Jesus é representado em imágens desde o século IV. Relevos e sarcófagos ou em instrumento litúrgicos, assim como afrescos, mostram a Virgem Maria, a adoração dos Reis Magos e o Menino a repousar no seu leito. A primeira réplica da gruta no Ocidente foi executada no século VII, em Roma, onde em Santa Maria Maggiore um particular proveniente da gruta era adorado em relíquia. Mais tarde, colocou-se uma mangedoura de madeira nesse mesmo local, da qual provavelmente provém as tabuinhas que ainda hoje são veneradas como parte do presépio onde dormira o Menino Jesus.
Na escultura do século XIII encontram-se testemunhos que englobam todos os elementos do presépio. No séc. XV começa-se a manifestar o desejo, típico para a forma de viver a religiosidade nessa época, de representar cenicamente e de uma forma muito espontânea, os acontecimentos bíblicos e o local onde sucederam, o que leva a criação de algumas reconstruções não modificáveis da Noite de Natal. Frequentemente estas representações eram compostas por figuras em tamanho natural, sendo expostas em salas de oração concebidas para o efeito. No gótico, na região do norte dos Alpes, encontram-se sobretudo presépios em retábulos com figuras talhadas que relatam os acontecimentos do Natal, completados por graciosas cenas do cotidiano. Normalmente, o painel central representa a adoração dos Reis, enquanto que pequenos relevos, com cenas como a anunciação aos pastores e seu caminho em direção ao presépio, formam o pano de fundo.
Os paineis laterais interiores e exteriores mostram quase sempre cenas da vida da Virgem Maria e do Menino Jesus. Mas, um presépio não é somente constituido por figuras: a paisagem contribui da mesma forma como os edifícios que não se limitam somente ao estábulo para o efeito geral das cenas. Além do mais, a veracidade de muitas das cenas deve-se sobretudo aos pequenos adereços , os quais normalmente são típicos da região em que os presépios são executados.

domingo, 21 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 210

VERÃO
Hoje, às 10h04, horário de Brasilia, começa no hemisfério sul o verão. Para quem mora em regiões de praia, é algo sensacional. Praia e Sol. Além do mais, hoje é domingo o que dá mais liberdade ao pessoal que vive de praia. No Rio de Janeiro, a situação é outra. Por incrivel que pareça, o verão do sul do Brasil vem com chuva. E no Rio, Espírito Santo, Minhas Gerais e mesmo São Paulo, é chuva muita. Alí não se canta: "O sertão vai virar mar. O mar virar sertão". Quem está nesses locais reza para que a chuva páre. Minas e Rio, são as que tem situações mais graves, com diversos municipios em estado de calamidade pública.
Porém, no Brasil, há dois horários de verão. Um no nordeste e o outro no restante do país. Isso se chama Horário de Verão. Quer dizer que esse é um horário com alterações nas duas regiões. Com o horario de verão adianta-se o relógio em umaa hora nos locais onde ele existe. O procedimento é adotado costumeiramente durante o verão, quando os dias são mais longos, em função da posição da Terra em relação ao Sol. Daí, o nome em português, espanhol, alemão e outras línguas.
A idéia de adiantar os relógios para aproveitar melhor as horas de sol foi lançada em 1784 nos Estados Unidos por Benjamin Franklin, numa época em que ainda não existia luz elétrica. Mas sua idéia não sensibilizou o governo norte-americano. Mais tarde. em 1907, William Willett, da Sociedade Astronômica Real tentou persuadir, sem sucesso, a sociedade britânica a adotar a prática. O primeiro pais a adotar oficialmente o horário de verão foi a Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial.
O horário de verão contribui para reduzir o consumo de energia, mas a medida só funciona nas regiões distantes da linha do equador, porque nesta estação os dias se tornam mais longos e as noites mais curtas. Porém nas regiões próximas ao equador, como a maior parte do Brasil, os dias e as noites têm duração igual ao longo do ano e a implantação do horário de verão nesses locais, traz muito pouco ou nenhum proveito. No Brasil, o Horário de Verão foi adotado pela primeira vez em 1931, abrangendo todo o território nacional. Houve vários períodos em que este horario não foi adotado.. Desde 1985 o horário de verão é adotado anualmente. Nesse período a abrangência, inicialmente nacional, foi reduzida sucessivas vezes até que em 2003 atingiu a atual. Atualmente, o horário de verão é adotado nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Nos estados brasileiros onde não vigora o horário de verão, a exemplo do Rio Grande do Norte, os impactos que as pessoas sentem são na programação das emissoras de televisão e nas agências bancárias, onde o horário de funcionamento em muitos locais é antecipado em uma hora, para comtabilizar com o horário de Brasilia. É importante também saber que o horário de verão não tem muita importância nos estados próximos a linha do equador porque nesses a difereñça de duração entre o dia e a noite não é relevante. Não importante, é fato dizer que a partir de hoje se está vivendo em pleno verão, um periodo do ano que dura três meses, com horario ou sem horário de verão.

sábado, 20 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 209

DISCO VOADOR
O OVNI não é necessariamente um disco voador, já que o termo original e literal inclui qualquer objeto voador ou fenômeno óptico, detectado visualmente ou por um radar, cuja natureza não é conhecida de imediato. O interesse nesses objetos é a especulação de que alguns deles poderiam ser originários de natureza extraterrestre. Muitos são os casos em que os ufólogos se deparam com aves, meteoritos, aviões ou satélites artificiais nas fotografias analisadas.
Com o passar dos anos o formato dos OVNIs, considerados supostos discos voadores extraterrestres, evoluiu, nas fotos e filmagens, tanto quanto os discos que aparecem no cinema. Alguns consideram que esta evolução se deve ao fato de as imágens serem falsificadas e nada tem de extraterrenas. Assim, por serem produzidas aqui na Terra mesmo, a aparência dos discos muda conforme nossa visão sobre a tecnologia muda. Ninguém espera ver um disco voador com aparência de cacareco. Todos esperam por uma máquina que aparente avançada tecnologia.
Outra vertente da ufologia mundial acredita que parte dos registros visuais dos chamados "discos voadores" são, na verdade, registros visuais de aeronaves terrestres em forma de disco, que desde meados dos anos 40 têm sido estudadas, construídas e testadas. Projetos secretos, que explicariam, em tese, a negativa das Forças Armadas diante de indagações sobre discos voadores.
No inicio do século XX, esse sistema foi explorado pela literatura e pelo cinema, atingindo o auge de popularidade na década de 1950. Cerca de 90% dos relatos registrados em todo o mundo são explicados pela ciência, incluidos nesse valor os embustes, relatos fictícios e provas documentais forjadas. Entre os casos mais conhecidos, salientam-se da queda de um objeto estranho, em Roswell, em 1947, nos EUA, na sequencia da qual, segundo algumas testemunhas, teriam aparecido corpos alienigenas junto dos destroços. O episódio ficou conhecido como Caso Roswell. Este caso foi encerrado em 1997, cinquenta anos mais tarde, quando os serviços secretos norte-americanos disponibilizaram os relatórios oficiais.
Os casos a seguir ainda carecem de explicação cientifica: o da JAL(Japan Airlines), em que durante o vôo 1628 para os Estados Unidos em 1986 foram avistadas luzes seguidas do aparecimento súbito de duas possiveis naves espaciais; o de 2000, no Chile, quando três helicópteros militares voavam em plena luz do dia e seus tripulantes observaram um objeto pousado no solo que subiu repentinamente até a altura dos aparelhos, colocando-se à sua frente, quase em rota de colisão; ou ainda em Varginha, no Brasil, em 1996, quando várias testemunhas declararam ter avistado não só o objeto voador não identificado, mas também os seus tripulantes.
Os países com o maior número de OVNIS avistados, são os Estados Unidos, México, Peru, Brasil, Russia e Chile.
Incidente de Varginha:
A cidade ficou famosa com um suposto episódio conhecido como o "ET de Varginha". Segundo teorias de algumas pessoas, a cidade teria sido visitada por criaturas alienígenas em 20 de janeiro de 1996 e, segundo os mesmos, pelo menos uma dessas supostas criaturas teria sido capturada com vida numa operação militar secreta e entregue aos cuidados da Unicamp, Universidade Estadual de Campinas. Entretanto, nada ainda foi provado, tratando-se apenas de teorias. Por isso, autoridades brasileiras negam veementemente que algo desta natureza tenha realmente ocorrido, tratando o caso como uma idéia pitoresca de algumas pessoas.
Os fatos:
As irmãs Liliane e Valquiria Silva, além da amiga mais velha de ambas, Kátia Xavier, ao passarem próximo a um terreno baldio no bairro de Jardim Andere, afirmaram terem visto uma das tais criaturas, que teria pele marrom, viscosa, olhos enormes de cor vermelha e três protuberâncias na parte superior da cabeça, que era bastante volumosa. As tres garotas, visivelmente abaladas emocionalmente, reafirmaram esse relato diversas vezes, chegando a mãe de duas delas a afirmar, algum tempo depois, ter a sua família sido submetida a uma tentativa de suborno de um agente que não se identificou, para que não mais levassem a história a diante.
A mídia informou que várias testemunhas afirmam que no mesmo dia em que as três meninas teriam visto a tal criatura, também notaram uma movimentação anormal de patrulhas da PM, veículos do Exercito e do Corpo de Bombeiros pela cidade. Testemunhas que também não tinham qualquer tipo de ligação com as primeiras também afirmaram terem visto a queda de um OVNI nos arredores de Varginha.
Segundo os ufologos que investigaram o Caso Varginha, o perito Badan Palhares teria sido chamado pelas Forças Armadas a Varginha para fazer a necrópsia do cadáver de um dos supostos ETs, que teria sido morto por um PM após uma operação de captura. Neste mesmo evento, ainda segundo os ufólogos, o policil Marco Eli Chereze teria capturado apenas os braços de uma outra criatura do mesmo tipo, e os levado aos militares. O policial nunca teria contado este evento a ninguém, além de familiares, vindo a morrer cerca de 30 dias depois de uma infecção desconhecida.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 208

AUDREY HEPBURN
Audrey Hepburn nasceu em Bruxelas, no dia 4 de maio de 1929. Foi uma atriz, modelo e humanista belga radicada entre a Inglaterra e a Holanda. Nascida Audrey Kathleen Ruston na capital belga, era a única filha de Joseph Anthony Ruston (um banqueiro anglo-irlandês) e Ella van Heemstra (uma baronesa holandesa descendente de reis ingleses e franceses). Seu pai anexou o sobrenome Hepburn, e Audrey se tornou Audrey Hepburn-Ruston. Ela tinha dois meio-irmãos, Alexandre e Ian Quarles van Ufford, do primeiro casamento da sua mãe com um nobre holandês. Audrey foi considerada, a principio, uma garota "alta, ossuda, de pés excessivamente grandes para se tornar uma estrela". Mas Audrey, mesmo vivendo na época em que as baixinhas, de curvas generosas, pés miudos e olhos claros imperavam, soube usar os seus "defeitos" como os seus dons e conquistar o mundo com seu lindo rosto, sua elegância e seus profundos olhos castanhos. Segundo o estilista Givenchy, que era incumbido de vestí-la, Audrey era um ideal de elegância e uma inspiração para o trabalho dele.
Audrey sempre será lembrada pelo filme "Bonequinha de Luxo", de 1961, como Holly Golightly, uma prostituta de luxo que sonhava em se casar com um milionário, papel totalmente oposto ao com que ela foi premiada com o Oscar de 1954, em que vivia Ann, uma princesa que fugindo de seus deveres reais, se apaixona por um jornalista interpretado por Gregory Peck, em "A Princesa e o Plebeu", de 1953. O ator Gregory Peck, par romântico de Audrey no filme "A Princesa e o Plebeu" foi quem a apresentou ao ator Mel Ferrer, que, depois de participar de uma peça com Audrey, pediu-a em casamento.. A atriz contracenou no filme "Guerra e Paz", (1956). Os dois fizeram um casal, em que Audrey interpretava uma aristrocrata russa que se apaixona pelo príncipe da Rússia, André (Mel Ferrer).
Audrey Hepburn casou-se duas vezes, primeiro ao ator americano Mel Ferrer, e logo a um psicólogo italiano Andrea Dotti. Ela teve um filho com cada um - Sean em 1960 por Ferrer, e Luca em 1970 por Dotti. O padrinho de seu filho mais velho é o autor britânico A.J.Cronin, quem residiu perto de Audrey na Lucerna, uma comunidade da Suíça. Depois do nascimento dos dois filhos, ela abandonou a carreira no cinema. Ao final de sua vida, nomeada embaixadora da UNICEF, trabalhou incansavelmente como voluntária para causas infantis. Audrey falava francês, italiano, inglês, holandês e espanhol. Havia dúvidas se ela falava espanhol ou não, mas recém descobertas imagens da UNICEF mostravam falando a lígua fluentemente no México. No filme "Bonequinha de Luxo", ela é mostrada tentando aprender português, e reclama do grande número de verbos irregulares. De acordo com o seu filho Sean, os filmes favoritos dos quais estrelou foram "Uma Cruz à Beira do Abismo" (por sua mensagem social) e "Cinderela em Paris" (por ter se divertido muito nas filmagens deste). No entanto, ela havia declarado numa entrevista à Barbara Walters que "A Princesa e o Plebeu" era o filme mais querido dela.
Além de um rosto bonito, Audrey era uma mulher humilde, gentil e charmosa, que preferia cuidar dos outros ao seu redor do que de si mesma. É considerada a eterna "bonequinha de luxo". Faleceu aos 63 anos, de câncer no útero, em Tolochenaz, a 20 de janeiro de 1993. Audrey Hapburn trabalho em 27 filmes sendo o último "Além da Eternidade". A foto que aparece na matéria é do filme "Charada", de 1963. Audrey Hepburn se tornou um dos poucos artistas a conseguir ganhar as maiores honras de cada arte em Hollywood: Tony (teatro), Oscar (cinema), Grammy (música) e Emmy (televisão).

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 207

PAPAI NOEL
O personagem Papai Noel ou Papai Natal foi inspirado em São Nicolau Taumaturgo, arcebispo de Mira, no século IV. Nicolau costumava ajudar, anonimamente, quem estivesse em dificuldades financeiras. Colocava o saco com moeda de ouro a ser ofertado na chaminé das casas. Foi declarado santo depois que muitos milagres lhe foram atribuidos. Sua transformação em símbolo natalino aconteceu na Alemanha e daí correu o mundo inteiro.
Uma das pessoas que ajudaram a dar força à lenda do Papai Noel foi Clemente Clark Moore, um professor de literatura grega de Nova Iorque, que lançou um poema "Uma Visita de São Nicolau", em 1822, escrito para seus seis filhos. Nesse poema, Moore divulga a versão de que ele viajava num trenó puxado por renas. Ele também ajudou a popularizar outras caracteristicas do bom velhinho, como o fato dele entrar pela chaminé.
O caso da chaminé, inclusive, é um dos mais curiosos na lenda de Papai Noel. Alguns estudiosos defendem que isso se deve ao fato de que várias pessoas tinham o costume de limpar as chaminés no Ano Novo para permitir que a boa sorte entrasse na casa durante o resto do ano.
No poema, várias tradições foram buscadas de diversas fontes e a verdadeira explicação da chaminé veio da Finlândia. Os antigos lapões viviam em pequenas tendas, semelhantes a iglus, que eram cobertas com pele de rena. A entrada para essa "casa" era um buraco no telhado.
A última e mais importante característica incluída na figura do Pai Natal é sua blusa vermelha e branca. Antigamente, ele usava cores que tendiam mais para o marrom e costumava usar uma coroa de azevinhos, um arbusto de folha persistente cultivado para efeitos ornamentais devido aos seus frutos vermelhos. Esses azevinhos, Papai Noel usava na cabeça, mas não havia um padrão.
Seu atual visual foi obra do cartunista Thomas Nast, na revista Harper's Weeklys, em 1886, na edição especial de Natal. Em alguns lugares na Europa, contudo, algumas vezes ele também é representado com os paramentos eclesiásticos de bispo, tendo, em vez do gorro vermelho, uma mitra episcopal.
Nos países do norte da Europa, diz a tradição que o Papai Noel não vive propriamente no Pólo Norte, mas sim na Lapônia, mais propriamente na cidade de Rovaniemi, onde de fato o "escritório do Papai Noel" bem como o parque conhecido como "Santa Park", que se tornou uma atração turística do local. Criou-se inclusive um endereço oficial como a residencia do Papai Noel.
Em função disso, a região de Penedo, distrito de Itatiaia, no Rio de Janeiro, que é uma colônia finlandesa, se auto-declarou como a "residência de verão" de Papai Noel.
As renas do Papai Noel são as únicas renas do mundo que sabem voar, ajudando o Papai Noel entregar os presentes para as crianças do mundo todo na noite de Natal. Quando o Papai Noel pede para serem rápidas, elas podem ser as mais rápidas renas do mundo. Mas quando ele quer, elas tornam-se lentas. O mito das renas foi inventado na Europa, no século XIX. A quantidade de renas que puxam o trenó é controversa, tudo por causa da rena conhecida com Rudolph. Existe uma lenda que diz que Rudolph teria entrado para a equipe de renas titulares por ter um nariz vermelho e brilhante, que ajuda a guiar as outras renas durante as tempestades. E, a partir daquele ano, a quantidade de renas passou a ser nove, diferente dos trenós tradicionais, puxados por oito renas. Tal lenda foi criada em 1939. Os nomes das renas, são: Rodolfo, Corredora, Dançarina, Empinadora, Raposa, Cometa, Cupido, Trovão e Relâmpago.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 206

JOHN WAYNE
Durante grande parte da história do cinema americano no século XX, um ator encarnou como ninguém o herói máximo do gênero western, sendo muitas vezes considerado ele próprio, o seu nome, um sinônimo do faroeste, pois para a geração que cresceu assistindo as suas películas, filmes de bandido e mocinho, eram praticamente a mesma coisa que filmes de John Wayne. Símbolo do machismo e um dos maiores campeões de bilheteria de Hollywood, John Wayne não era considerado um grande ator pela crítica, que o chamava apenas "um tipo", principalmente de faroeste. Era o que bastava para que sua figura corpulenta e seu olhar ambíguo - ora doce e ingênuo, ora iracisvel - criasse a mitologia do durão que muitas vezes fazia justiça com as próprias mãos. John Wayne nasceu em Winterset (Iowa) em 25 de maio de 1907. Começou como dublê de faroestes, em 1928, até ser lançado po Raoul Walsh em "A Grande Jornada" (1930). Demorou nove anos e cerca de cinquenta filmes classe B antes de John Ford o escalasse para o filme "No Tempo das Diligências". John Wayne foi o favorito dos diretores John Ford e Howard Hawks, que dele arrancaram peformances inesqueciveis em clássicos como nesse sucesso absoluto. O filme juntou pela primeira vez John Ford e John Wayne num grande filme - dois heróis e símbolos do próprio cinema americano daqueles tempos - e seria o pontapé inicial definitivo do mais americano dos gêneros- ou do único gênero genuinamente americano., já que ele somente se desenvolverá em território americano em sua premissa básica - o desbravamento do oeste americano. As paisagens do Monument Valley apareciam esplendorosas para contar a mais clássica das histórias do gênero - a carruagem que atravessa o deserto e sofre um violento ataque de índios. As bases para o gênero foram lançadas. O públicou aprovou. Uma era se iniciava na terra o Tio Sam. O sucesso seguinte de John veio com "Depois do Vendaval" - arrastando Maureen O'Hara pelos cabelos diante dos habitantes de uma cidade irlandesa. Sendo seguido por Rio Vermelho, que lançou Montgomery Clift. A famosa crítica de cinema Pauline Kael chamou o filme de "ópera a cavalo". Na opinião de John Wayne, somente "Rastros de Ódio" o superava. Era um de seus preferidos. O astro americano gostava de personagens fortes. Em "Rastros.." ele compôs o mais perfeito retrato da amargura com Ethan Edwards. Aqui ele compõe igualmente o tipo forte.
Rastros de Ódio:
A virada definitiva na carreira de John Wayne se deu com "Rastros de Ódio". Este não é apenas o melhor filme do mestre John Ford. Foi incluido em várias listas como um dos melhores de todos os tempos em todos os gêneros. Poucos filmes tem a densidade psicológica deste drama das pradarias que narra a busca obstinada de Ethan, homem duro e insensivel, que luta por vingança. Ídios incendiaram a casa do seu irmão e de sua cunhada, mataram toda a família e raptaram suas duas sobrinhas. Uma delas é encontrada morta, e a outra, na visão de Ethan, está perdida para sempre e deve morrer... assim que ele a encontrar. Sua busca atravessa os anos como seu único objetivo de vida; atravessa as estações e nada pode pertubá-lo. Poucos personagens são a imagem da solidão e da obstinação. Pelo que representa e por tudo o que tem atras de sí, "Rastros de Ódio" é um dos maiores filmes da história do cinema. Na vida pessoal, John Wayne também tinha suas obsessões. Com acentuada preferencia por mulheres latinas, John Wayne foi casado com duas mexicanas: Josephine Saenz de quem teve os filhos Melinda, Michael, Patrick e Esperanza Baur. Em 1954 casou-se com a peruana Pilar Palette, que lhe deu os filhos: Aissa, Marisa e Ethan (nome de seu personagem em Rastros de Ódio). Divorciaram-se em 1973. O ator continuou sua carreira com uma grande lista de sucessos, entre eles : "Onde Começa o Inferno", "O Homem de Matou o Facínora" e "El Dorado".. Mas foi sob a direção de Henry Hathaway que John Wayne conseguiu o "Oscar" de melhor por "Bravura Indômita", como um xerife bêbado e caolho onde aparece como uma ruína de sí mesmo, velho e gordo.
Em 1976, Wayne se despediu das telas e fez o seu derradeiro filme: "O Último Pistoleiro", com Lauren Bacall, no papel de um velho cauboi morrendo de câncer mais ainda lutando.O roteiro, que tinha muito a ver com a própria vida do ator trazia a estória de um velho e lendário pistoleiro que sofria de câncer e procurava um local onde pudesse morrer em paz. Em 11 de junho de 1979. o homem que melhor se identificou com os heróis da colonização americana morreu vítima de câncer nos pulmões, mas entrou para sempre no Olimpo dos deuses da sétima´arte.

domingo, 14 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 205

GILDA
Tem filmes que a voragem do tempo é incapaz de passar. Filmes que nos faz lembrar as mais belas realidades que podem existir em nossas vidas.Um desses casos tem um nome: Gilda. Ele é apenas um filme dirigido por Charles Vidor e trazendo no elenco Rita Hayworth e Glenn Ford nos papéis pincipais desse drama. Gilda é do 1946, relativamente novo em comparação a outros, anteriores, como "...E o Vento Levou" . É um filme "noir", um drama de sedução e cheio de cinismo. Na história de "Gilda", Johnny Farrell interpretado por Glenn Ford, vai trabalhar para Ballin Mundson, o propretário de um cassino ilegal numa cidade da América Latina (a Argentina) e, rapidamente, desponta como seu braço direito. Tudo vai bem até que Mundson retorna de uma viagem com sua esposa, Gilda - uma mulher do passado de Johnny. Sem saber do seu antigo caso, Mundson designa a Farrell o trabalho de manter Gilda uma esposa fiel. Cheia de ódio, Gilda faz de tudo para antagonizar, intimidar e injetar ciúmes em Farrell - até que as circunstâncias permitam que ele se vingue. Um clássico do cinema americano no qual a lendária Rita Hayworth brilha com sensualidade e magnetismo quando canta "Put the Blame on Mame". Até certa altura do filme não dá para entender porque o título GILDA.. Quem chama para si as atenções é Glenn Ford e seu personagem, Johnny Farrell, "assessor" de um rico proprietário de negócios ilegais em Buenos Ayres. Até que Johnny conhece a mulher do patrão, Gilda, com quem já tivera um caso no passado. Ela parece querer vigança contra seu ex, ao mesmo tempo que desdenha do marido que, na verdade, parece não ter conquistado a moça e, sim, comprado. Tudo isso faz com que Gilda libere seus impulsos, provoque homens, dê mole para eles e até se ofereça para alguns. Tudo ao desejo de vingar-se de Johnny, aliado ao pouco caso para com o marido. É aí que Rita Hayworth nos faz entender o porque o título do filme. Gilda é um clássico devido ao elenco e não a história em sí. No entanto, Gilda é verdadeiramente uma obra de arte para ser vista e revista, não só pela belíssima atuação de Rita como também pela estética apuradíssima do filme. Rita Hayworth nunca ganhou um "Oscar", mesmo assim foi uma das brilhantes estrelas de Hollywood. Com certeza, nunca houve mulher igual a Gilda.

sábado, 13 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 204

ALLAN KARDEC
Hippolyte Léon Denizard Rivail era o nome verdadeiro do codificador do Esperitismo, Allan Kardec, nascido em Lyon, na França, a 3 de outubro de 1804 e faleceu em Paris, a 31 de Março de 1869. O seu pseudônimo "Allan Kardec", segundo biografias, foi adotado pelo Prof. Rivail a fim de diferenciar a Codificação Espírita dos seus trabalhos pedagógicos anteriores. Segundo algumas fontes, o pseudônimo foi escolhido pois um espírito revelou-lhe que haviam vividos juntos entre os druidas, na Gália, e que então o Codificador se chamava "Allan Kardec".
Nascido numa antiga família de orientação católica com tradição na magistratura e na advocacia, desde cedo manisfestou propensão para os estudos das ciencias e da filosofia. Fez os seus estudos na Escola de Pestalozzi, no Castelo de Zahringenem, em Yverdun, na Suiça (pais protestante), tornando-se um dos seus mais distintos descipulos e ativo propagador de seu método, que tão grande influência teve na reforma do ensino na França e na Alemanha. Aos quatorze anos de idade já ensinava aos seus colegas menos adiantados. Concluídos os seus estudos, o jovem Rivail retornou ao seu país natal. Profundo conhecedor da língua alemã, traduzia para este idioma diferentes obras de educação e de moral, com destaque para as obras de François Fenelon, pelas quais manifestava particular atenção. Era membro de diversas sociedade, entre as quais da Academia Real de Arras, que, em concurso promovido em 1831, premiou-lhe uma memória com o tema "Qual o Sistema de Estudos mais de Harmonia com as Nescessidades da Época?". A 6 de fevereiro de 1832 desposou Amélia Gabrielle Boudet. professora e artista plástica francesa. Como pedagogo, o jovem Rivail dedicou-se à luta para uma maior democratização do ensino público, Entre 1835 e 1840, manteve em sua residencia, à rua Sèvres, cursos gratuitos de Quimica, Fisica, Anatomia comparada, Astronomia e outros. Nesse período, preocupado com a didática, criou um engenhoso método de ensinar a contar e um quadro mnemônico da História da França, visando facilitar ao estudante memorizar as datas dos acontecimentos de maior expressão e as descobertas de cada reinado no país. Publicou diversas obras sobre Educação.
Das mesas girantes:
Conforme o seu próprio depoimento, publicado em Obras Póstumas, foi em 1854 que o Prof, Rivail ouviu falar pela primeira vez do fenômeno das "mesas girantes", bastante difundido à época, através do seu amigo Fortier, um magnetizador de longa data. Sem dar muita atenção ao relato naquele momento, atribuindo-o somente ao chamado magnetismo animal de que era estudioso, só em maio de 1855 sua curiosidade se voltou efetivamente para as mesas, quando começou a frequentar reuniões em que tais fenômenos se produziam. Convencendo-se de que o movimento e as respostas complexas das mesas deviam-se à intervenção de espíritos, Rivail dedicou-se à estruturação de uma resposta de compreensão da realidade baseada na necessidade de integração entre os conhecimentos científico, filosófico e religioso, com o objetivo de lançar sobre o real um olhar que não negligenciasse nem o imperativo da investigação empírica na construção do conhecimento, nem a dimensão espiritual e interior do Homem. Adotou, nessa tarefa, o pseudônimo que o tornaria conhecido - Allan Kardec - nome esse, segundo o que teria lhe dito um espírito, que teria utilizado em uma encarnação anterior como Druida. Tendo iniciado a publicação das obras da Codificação em 18 de abril de 1857, quando veio à luz "O Livro dos Espíritos", considerado como o marco de fundação do Espiritismo, após o lançamento da Revista Espírita (1 de janeiro de 1858), fundou, nesse mesmo ano, a primeira sociedade espírita regularmente constituida, com o nome de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas
Kardec passou os anos finais da sua vida dedicado a divulgação do Espiritismo entre os diversos simpatizantes, e defendê-lo dos opositores. Faleceu em Paris, a 31 de março de 1869, aos 64 anos de idade, em decorrencia da ruptura de um aneurisma, quando trabalhava numa obra sobre as relações entre o Magnetismo e o Espiritismo, ao mesmo tempo em que se preparava para uma mudança de local de trabalho. Está sepultado no Cemitério do Père-Lachaise, uma célebre necrópole da capital francesa. Junto ao seu túmulo, erguido como os dólmens druídicos. Acima de sua tumba, seu lema: "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei".

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 203

OTHON BASTOS
Eu conheci Othon Bastos no ano de 1965, em Salvador, Bahia, quando se realizava alí um encontro de cineclubes de todo o Brasil. Ele vinha por uma das ruas tortuosas de Salvador, perto de onde morava. Ele já havia passado por mim quando alguém me alertou: "Olha! Aquele é Othon Bastos!". De imediato puxei a minha câmera fotográfica e gritei: "Othon Bastos!". E ele se voltou para mim. E eu: "clic". Tirei a foto do rapaz. Ele falou: "Que susto! É porque, agora tem a imprensa "marron" procurando a gente!". Aí, entramos em conversa, eu dizendo já ter visto cerca de 10 vezes o seu filme, "Deus e o Diabo na Terra do Sol". E ele se descontraiu de vez. Falamos sobre cinema e coisa e tal e ele me disse que "ali, na livraria" tinha um disco com os temas musicais e falados. Nós entramos da Livraria e, tão logo olhei a capa do LP, pedi ao rapaz e comprei aquela preciosidade que trouxe comigo para todo o sempre. O disco com a trilha sonora de "Deus e o Diabo". Depois de certo tempo, ele disse que já ía e eu lhe falei que naquela noite estava no encontro de cinema. Tempos depois, Othon Bastos esteve aqui, em Natal, Rn, como uma peça de teatro e eu fui lá visitá-lo. Conversamos à vontade até a hora em que ele entrava em cena. Na verdade, aquele foi um tempo memorável.
Othon José de Almeida Bastos, nascido em Tucano, BA, em 1933, é o seu nome verdadeiro. Ator de profissão, ele é intérprete da geração do teatro de resistência, tendo fundado sua própria companhia nos anos 70, produzindo espetáculos representativos do período, tais como "Um Grito Parado no Ar", "Ponto de Partida" e "Murro em Ponta de Faca".
Inicia fazendo teatro estudantil na Bahia, sendo levado ao Rio de Janeiro, por intermédio de Paschoal Carlos Magno, para integrar o Teatro Duse, uma escola de teatro,onde se inicia nos desempenhos de Terra Queimada, de Aristóteles Soares, 1951; "Lampião", de Rachel de Queiroz; e "Noiva do Véu Negro", de Leone Vasconcellos, ambos de 1954; e "Phaedra", de Jean Racine, 1955.
Integra teleteatro na TV Tupi, ao lado de Sergio Britto, transferindo-se logo após para São Paulo. O primeiro retorno à Bahia dá-se em 1956, para dirigir na recém-fundada Escola de Teatro, iniciativa do Reitor Edgar Santos e comandada por Martim Gonçalves. A Escola é para somar um choque intelectual e de modernidade à vida cultural baiana. Othon Bastos segue para Londres, onde estuda teatro e ao voltar, na Bahia faz entre outros espetáculos "As Tres Irmãs", "Um Bonde Chamado Desejo" ao lado de Maria Fernanda e "Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, em 1959.
Em 1960, Othon sai da Escola para fundar a Companhia de Teatro dos Novos, empenhando-se na construção de Teatro Vila Velha. Nessa ocasião, conhece a atriz Martha Overbeck, com se casa. Em 1962, tem sua primeira experiencia cinematográfica: "Sol Sobre a Lama", filme de Alex Vianni. Num pequeno e marcante papel, integra ainda o filme "O Pagador de Promessas", de Anselmo Duarte, no mesmo ano. A consagração, porém, vem com a personagem "Corisco", no lendário "Deus e o Diabo na Terra do Sol", filme épico de Glauber Rocha transformado em emblema do cinema novo. A sólida experiencia teatral do Othon Bastos é decisiva para a criação do personagem. Ele recorda que, nesse tempo, Glauber Rocha, certa vez, munido com um fone, gritava como um louco da frente do seu apartamento, em Salvador, em cima de um jeep: "Othon Bastos! Othon Bastos! Cadê voce? A turma está esperando lá nas rochas!Othon Bastos!!!". Ele acordou meio tonto sem entender de nada o botou a cabeça do lado de fora da janela. E Glauber continuava a insistir: "Vamos! Vamos! Já é tarde!". Aí foi que se lembrou: O filme. Coisa que Glauber falou com ele há algum tempo e não mais retonou a falar. E ele esquecera do tal filme. Nessa ocasião, deu-se um problema: no local onde se fazia a filmagem, quando Glauber chegou lá uma caméra havia se quebrado. Glauber mandou buscar outra em Salvador. Veio a segunda e também se quebrou. Mada-se buscar outra. E tempo passando, num sol de queimar. Finalmente, veio a terceira camêra e aí, se deu um outro problema: ator escalado para fazer "Lampião", não apareceu. Foi nessa hora que Glauber Rocha chamou Othon Bastos e lhe disse: "Você vai fazer os dois papeis. Lampião e Corisco". E Othon: "Como assim?". Glauber respondeu: "Faça e deixe comigo". Então, Othon fez os dois personagem. Por dentro, ele dizia; "Esse negócio vai dar uma merda danada!! Terminado o tempo de Othon, ele voltou para Salvador deixando Glauber pelo interior. Tempos depois, o telefone de Othon toca. Era Glauber: disse ele "Venha ver como ficou o filme, Othon!" . E Othon nem se lembrava mais. Não foi lá, no dia da estreia. No dia seguinte, no Rio de Janeiro, a imprensa estampa: "Novo Filme de Glauber é Sucesso". Foi então que Othon Bastos "acordou" do seu sono. "Deus e o Diabo" era pleno êxito.
Analisando a longa trajetória do ator, homenageado pela vida artística, o crítico baiano Carlos Alberto Matos destaca: "Desde que rodopiou no chão pedregoso de Cocorobó como o memorável cangaceiro Corisco, em Deus e o Diabo na Terra do Sol, a autoridade cênica do baiano Othon tomou de assalto a dramaturgia brasileira. Criou a partir dali um padrão de domínio que torna as suas performances inesquecíveis. Othon é o tipo de ator que não depende de sua imagem visual para ser reconhecido. A voz, uma das mais célebres do país, já é suficiente para identificá-lo mesmo no escuro"

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 202

SUSAN HAYWARD
De todos os filmes que eu vi com Susan Hayward, o mais encantador que fez foi, sem duvidas, "Quero Viver", um drama inspirado em fatos reais, contando história de Barbara Graham, presa por um crime que não cometeu e que findou na câmara de gás. O filme, de 1958, dirigido por Robert Wise, foi feito em preto-e-branco. Para se ter uma idéia de quem foi a estrela é bom lembrar que Susan Hayward nasceu em 30 de junho de 1917, em Brooklyn, New York, USA. Teve o nome de batismo como sendo Edythe Marrenner. Ela era filha de Walter Marrenner e de Ellen Pearson, respectivamente descendentes de irlandeses e suecos. Susan cresceu pobre à sombra de sua irmã mais velha, Florence, que era a favorita de sua mãe. Estudou em escola pública no Brooklyn, graduando-se num curso comercial.
A primeira vez em que ela se viu interessada em se tornar atriz, foi quando participou de uma peça na escola elementar. Na época, tinha apenas 10 anos. Uma de suas professoras, Eleanor O'Grady, foi quem a convenceu a participar da peça, por acreditar que ela tinha um enorme talento a ser desenvolvido. Aos 15 anos, apareceu como uma mulher de 28 anos numa produção do Brooklyn Masonic Lodge.
Em junho de 1935, Edythe conseguiu um emprego numa fábrica de lenços, em Manhattan. Em agosto do mesmo ano, começou a fazer testes para a Broadway. No ano seguinte, com a poupança que conseguira amealhar, deixou a fábrica e se inscreveu na Feagin School of Dramatic Arts, no Rockefeller Center. Pouco tempo depois, tornou-se modelo. Em 1937, o Saturday Evening Post resolveu fazer uma matéria sobre a Agência para a qual ela trabalhava, na qual foram incluidas várias fotografias suas. Uma semana depois, Edythe recebeu um telefonema de Kay Brown, caçadora de talentos para o produtor David O. Selznick, que estava a procura de uma atriz para o papel de Scarlett O'Hara, do filme "E o Vento Levou". Ela participou dos testes, mas perdeu o papel para Vivien Leigh. Entretanto, ainda em 1937 e 1938, conseguiu pequenos papéis em alguns filmes de menor importância. A essa altura, por decisão de um diretor de elenco, seu nome artístico passou a ser Susan Hayward.
Em 1939, após passar num teste, Susan foi contratada por sete anos pelos Estúdios da Paramount, com um salário de US$ 300 por semana. Quando o diretor William Wellman viu o seu teste, tomou imediatamente a decisão de colocá-la no elenco de "Beau Geste".
Ao longo de sua vitoriosa carreira, Susan Hayward foi agraciada com o Oscar de Melhor Atriz por sua magnifica atuação em "Quero Viver", de 1958. Anteriormente, ela já havia recebido quatro outras indicações: por seu trabalho em "Desespero", de 1947, perdendo a estatueta para Loretta Young por sua atuação em "Ambiciosa": por "Meu Maior Amor", de 1949, perdendo para Olívia de Havilland por seu trabalho em "Tarde Demais"; por "Meu Coração Canta", de 1952, perdendo para Shirley Booth por sua atuação em "A Cruz da Minha Vida"; e por"Eu Chorarei Amanhã", de 1955, perdendo a premiação para Anna Magnani, por seu trabalho em "Rosa Tatuada".
Susan Hayward casou-se duas vezes: a primeira com Jess Baker, em julho de 1944, de quem se divorciou em agosto de 1954; a segunda, com Floyd Eaton Chalkley, em fevereiro de 1957, com quem permaneceu até a morte dele em janeiro de 1966. Acometida de câncer, acredita-se que a doença teve como origem a perigosa exposição a toxinas radioativas quando das locações do filme "Marcados pela Vingança", em 1972, em Utah, Susan Hayward morreu em 14 de março de 1975. em Hollywood, Califórnia, USA, de câncer no cérebro. Essa hipótese, que se tornou um escândalo, é apoiada pelo fato de outros participantes desse filme terem contraído a mesma doença, tais como John Wayne, Agnes Moorehead, John Hoyt, o diretor Dick Powell, entre outros.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 201

DEUS E O DIABO
Glauber de Andrade Rocha, cineasta brasileiro, ator e escritor. Nasceu em Vitória da Conquista, Bahia, a 14 de março de 1939. Filho de Adamastor Bráulio Silva Rocha e de Lúcia Mendes de Andrade Rocha, Glauber foi criado na religião da mãe, que era convertida ao presbiterianismo por ação de missionários americanos da Missão Brasil Central. Alfabetizado pela mãe, estudou no Colégio do Padre Palmeiras, então o principal núcleo cultural do interior do Estado. Em 1947 mudou-se com a família para Salvador, onde seguiu os estudosno Colégio 2 de Julho, dirigido pela Missão Presbiteriana, ainda hoje uma das principais escolas da cidade.Alí, escrevendo e atuando numa peça, seu talento e vocação foram revelados para as artes performativas. Participou em programas de rádio, grupos de teatro e cinema amadores, e até do movimento estudantil, curiosamente ligado ao Integralismo, uma corrente política tradicionalista, inspirada na Doutrina Social da Igreja Católica, que surgiu em Portugal no inicio do século XX.
Começou a realizar filmagens (O PÁTIO, de 1959, o primeiro curta-metragem da Bahia), ao mesmo tempo em que ingressou na Faculdade de Direito da Bahia, que logo abandonou para iniciar uma breve carreira jornalística, em que o foco era sempre sua paixão pelo cinema. Da Faculdade foi o seu namoro e casamento com uma colega, Helena Inez, também atriz, com quem teve uma filha, a igualmente atriz Paloma Rocha. Sempre controvertido, escreveu e pensou cinema. Queria uma arte engajada ao pensamento e pregava uma nova estética, uma revisão crítica da realidade. Era visto pela Ditadura Militar que se instalou no país, em 1964, como um elemento subversivo.
Antes de estrear na realização de um longa-metragem (Barravento - 1962), Glauber Rocha realizou vários curtas-metragens, ao mesmo tempo que se dedicava ao cineclubismo e fundava uma produtora cinematográfica. Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), Terra em Transe (1967) e O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1969) são três paradigmáticos, nos quais uma crítica social feroz se alia a uma forma de filmar que pretendia cortar radicalmente com o estilo importado do Estados Unidos. Essa pretenção era compartilhada pelos outros cineastas do Cinema Novo, corrente artística liderada inegavelmente por Glauber. Ele foi um cineasta incompreendido no seu tempo, além de ter sido patrulhado tanto pela direita como pela esquerda brasileira. Glauber tinha uma visão apocalíptica de um mundo em constante decadencia e toda sua obra denotava esse seu temor. Com Barravento, ele foi premiado no Festival Internacional de Cinema da Tchecoslováquia em 1963. Um ano depois, com Deus e o Diabo na Terra do Sol, ele conquistou o Grande Prêmio do Festival de Cinema Livre da Itália e o Prêmio da Crítica no Festival Internacional de Cinema de Acapulco. Foi com Terra em Transe que tornou-se conhecido, conquistando o Prêmio da Crítica do Festival de Cannes, o Prêmio Luis Bunuel na Espanha e o Golfinho de Ouro de melhor filme do ano, no Rio de Janeiro. Outro filme premiado de Glauber foi O Dragão da Maldade, prêmio de melhor direção no Festival de Cannes e, outra vez, o Prêmio Luiz Bunuel,na Espanha.
Em 1971, com a radicalização do regime, Glauber partiu para o exilio, de nunca retornou totalmente. Em 1977, viveu seu maior trauma: a morte da irmã, a atriz Anecy Rocha, que, aos 34 anos, caiu em um fosso de elevador. Antes, outra irmã dele morreu, aos 11 anos, de leucemia. Glauber faleceu no Rio de Janeiro, Rj, a 22 de agosto de 1981, vítima de septicemia, ou como foi declarado no atestado de óbito, de choque bacteriano, provocado por broncopneumonia que o atacava ha mais de um mês, na Clínica Bambina do Rio de Janeiro, depois de ter sido transferido de um hospital de Lisboa, capital de Portugal, onde permaneceu 18 dias internado. Residia há meses em Sintra, cidade de veraneio portuguesa, e se preparava para fazer um filme, quando começou a passar mal.
Sem dúvidas, o marco de sua carreira no cinema foi logo no inicio com "Deus e o Diabo". Alí estava o marco do cinema novo, se é que assim se pode chamar o cinema de Glauber Rocha. Contudo, nesse filme ele projeta a figura de um cangaceiro conhecido como Corisco. Esse era o apelido de Cristino Gomes da Silva Cleto que viveu entre 1907, em Alagoas, e morreu no dia 25 de maio de 1940, na Bahia. Foi casado com Sergia Ribeiro da Silva, apelidada de "Dadá". Corisco era também conhecido como Diabo Louro. No ano de 1926, ele tomou a decisão de aliar-se ao bando do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, apelidado Lampião. Corisco era conhecido por sua beleza, seu porte físico atletico e cabelos longos deixavam-o com uma aparencia agradavel, além a força física muito grande. Por estes motivos foi apelidado de Diabo Louro quando entrou no bando de Lampião. Corisco sequestrou Sérgia Ribeira da Silva, natural de Belem, Pará e foi a única mulher a pegar em armas no bando de Lampião. Dadá estava com apenas 13 anos, ao ser sequestrada por Corisco. O homem usou da força bruta para que com ele a moça permanecesse e, mais tarde, o ódio passou a ser um grande afeto de Dadá. Corisco ensinou Dadá a ler, escrever e usar armas. Corisco permaneceu com ela até o dia de sua morte. Os dois tiveram sete filhos, mas apenas três sobreviveram.
Em 1940 o governo Vargas promulgou uma lei concedendo anistia aos cangaceiros quese rendessem. Corisco e sua mulher, Dadá, decidiram se entregar mas, antes que isso acontecesse, foram baleados. Dadá precisou amputar a perna direita e Corisco veio a falecer naquele mesmo ano. Com as mortes de Lampião e Corisco, o cangaço nordestino se extinguiu. Corisco foi enterrado em Jeremoabo, na Bahia. Depois de alguns dias sua sepultura foi violada, e seu corpo exumado.. Seus restos mortais ficaram expostos durante 30 anos no museu Nina Rodrigues ao lado das cabeças de Lampião e Maria Bonita. A vitalidade, energia e violência de Corisco fascinou Glauber Rocha e inspirou o seu filme "Deus e o Diabo na Terra do Sol". Corisco foi interpretado por Othon Bastos.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 200

CHE
Nascido em 14 de junho de 1928 na cidade de Rosário, Guevara foi o primeiro dos cinco filhos do casal Ernesto Lynch e Celia de la Serna y Llosa. Sua mãe foi a principal responsável por sua formação porque, mesmo sendo católica, mantinha em casa um ambiente de esquerda e sempre estava cercada por mulheres politizadas. Desde pequeno, Ernestito - como era chamado - sofria ataques de asma e por essa razão, aos 12 anos, se mudou com a família para as serras de Córdoba, onde morou perto de uma favela. A discriminação para com os mais pobres era comum à classe média argentina, porém Che não se importava e fez várias amizades com os favelados. Estudou grande parte do ensino fundamental em casa com sua mãe. Na biblioteca de sua casa - que reunia cerca de 3000 livros - havia obras de Marx, Engels e Lenin, com os quais se familiarizou em sua adolescencia. Em 1947, Ernesto entra na Faculdade de Medicina da Universidade de Buenos Ayres, motivado em primeiro lugar por sua própria doença, desenvolvendo logo um especial interesse pela lepra. Em 1952, realiza uma longa jornada pela América do Sul com o melhor amigo, Alberto Granado, percorrendo 10.000 km em uma moto Norton 500, apelidada de 'La Poderosa'. Observam, se interessam por tudo, analisando a realidade com olho crítico e pensamento profundo. Os oito meses dessa viagem marcam a ruptura de Guevara com os laços nacionalistas e dela se origina um diário. Aliás, escrever diários torna-se um hábito para o argentino, cultivado até a sua morte.
No Peru, trabalhou com leprosos e resolveu a se tornar um especialista no tratamento da doença. Che saiu dessa viagem chocado com a pobreza e a injustiça social que encontrou ao longo do caminho e se identificou com a luta dos camponeses por uma vida melhor.. Mais tarde voltou à Argentina onde completou seus estudos em medicina. Foi convocado para o Exercito, porém, no momento estava incompatibilizado com a ideologia peronista. Não admitia ter de defender um governo autoritário. Portanto, no dia da inspeção médica, tomou um banho gelado antes de sair de casa e na hora do exame teve um ataque de asma. Foi considerado inápto e dispensado.
Já envolvido com a política, em 1953 viajou para a Bolívia e depois seguiu para a Guatemala com seu novo amigo Ricardo Rojo. Foi lá que Guevara conheceu sua futura esposa, a peruana Hilda Gadea Acosta e Ñico Lopez, que, futuramente, o apresentaria a Raul Castro, no México. Na Guatemala, Arbenz Guzmán, o presidente esquerdista moderado, comandava uma ousada reforma agrária. Porém, os EUA, descontentes com o tal ato que tiraria terras improdutivas de suas empresas concedendo-as aos famintos camponeses, planejou um golpe bem sucedido colocando no governo uma ditadura militar manipulada pelos yankees. Che ficou inconformado com a facilidade norte-americana de dominar o país e com a apatia dos guatemaltecos. A partir desse momento, se convenceu da necessidade de tomar a iniciativa contra o cruel imperialismo.
Com o clima tenso na Guatemala e perseguido pela ditadura, Che foi para o México. Alguns relatos dizem que corria o risco de vida no território guatemalteco, mas essa ida ao México já estava planejada. Lá lecionava em uma Universidade e trabalhava no Hospital Geral da Cidade do México, onde reencontrou Hilda Lopez, que o levou para conhecer Raúl Castro. Raúl, que se encontrava refugiado no México após a fracassada revolução em Cuba em 1953, se tornou rapidamente amigo de Che. Depois, Raúl apresentou Che a seu irmão mais velho, Fidel Castro, que, do mesmo modo, tornou-se amigo instataneamente. Tiveram a famosa conversa de uma noite inteira onde debateram sobre política mundial e, ao final, estava acertada a participação de Che no grupo revolucionário que tentaria tomar o poder em Cuba.
A partir desse momento começaram a treinar táticas de guerrilhas e perações de fuga e ataque. Em 25 de novembro de 1956 os revolucionários desembarcaram em Cuba e se refugiam na Sierra Maestra, de onde comandam um exercito rebelde na bem-sucedida guerrilha que derrubou o governo de Fulgêncio Batista. Depois da vitória, em 1959, Che tornou-se cidadão cubano e vira o segundo homem mais poderoso de Cuba. Marxista-leninista convicto, é apontado por especialistas como o responsável pela adesão de Fidel ao bloco soviético e pelo confronto do novo governo com os Estados Unidos. Guevara queria levar o comunismo a toda a América Latina e acreditava apaixonadamente na necessidade do apoio cubano aos movimentos guerrilheiros da região e também da África. Da revolução em Cuba até a sua morte, amargou tres mal-sucedidas expedições guerrilheiras. A primeira, na Argentina, em 1964, quando seu grupo foi descoberto e a maioria morta ou capturada. A segunda, um ano depois de fugir da Argentina, no antigo Congo Belga, mais tarde Zaire e atualmente República Democrática do Congo. E por fim, na Bolívia, nde acabaria executado.
Sem a barba e a boina tradicionais, disfarçado de economista uruguaio, Che Guevara entrou na Bolívia em novembro de 1966. A ele se juntaram 50 guerrilheiros cubanos, bolivianos, argentinos e peruanos, numa base no deserto do sudeste do país. Seu plano era treinar guerrilheiros de vários países para começar uma revolução continental. Ernesto Che Guevara foi capturado em 8 de outubro de 1967. Passou a noite numa escola de La Higuera, a 50 quilometros de Vallegrande e, no dia seguinte, por ordem do presidente da Bolívia, general René Barrientos, foi executado com nove tiros numa escola da aldeia de La Higuera, no centro-sul da Bolívia, no dia seguinte à sua captura pelos soldados do Exercito bolivianos, treinados pelos Estados Unidos.
A sua morte, no dia 9 de outubro de 1967, aos 39 anos, interrompeu um sonho de estender a Revolução Cubana à América Latina, mas não impediu que seus ideais continuassem a gozar de popularidade entre as esquerdas. Os boatos que cercaram a execução de Che Guevara levantaram dúvidas sobre a identidade do guerrilheiro. A confusão culminou no desaparecimento dos seus restos mortais, encontrados apenas em 1997, quando o mundo recordava os trinta anos de sua morte, sob o terreno do aeroporto de Vallegrande. O corpo estava sem as mãos, amputadas para reconhecimento poucos dias depois da sua morte, e contrabandeadas para Cuba. Em 17 de outubro de 1997, Che foi enterrado com pompas da cidade cubana de Santa Clara (onde liderou uma batallha decisiva para a derrubada de Fulgêncio Batista), com a presença da família e de Fidel Castro. Embora seus ideais sejam romanticos aos olhos de um mundo globalizado, ele se transformou num ícone na história das revoluções do século XX e num exemplo de coerencia política. Sua morte determinou o nascimento de um mito, até hoje símbolo da resistência para os países latino-americanos.
"Os poderosos podem matar uma, duas até três rosas, mas nunca deterão a primavera". Che Guevara.
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