quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 220

FIM DE ANO
"Adeus ano velho. Feliz ano novo. Que tudo se realize no ano que vai nascer. Muito dinheiro no bolso. Saúde prá dar e vender". Esse é um trecho de uma canção que eu aprendi quando ainda era um jovem dos meus 15 anos. Deste ano para cá houve muitas outras coisas para se "cantar" ou contar. No meu tempo de menino, quando eu era menino mesmo, o fim de ano dava gosto de olhar. Esse negócio de fogos pirotécnicos, não havia. E se havia, só na entrada de ano, quando terminava a Missa. Então, um homem não sei aonde, enfeitava o céu com os seus fogos de lágrimas ou mesmo de espoucar, perto da Catedral de Natal, na Cidade Alta. Minha mãe tinha medo que um fogo daqueles viesse a cair sobre nossas cabeças e, de imediato, saía do lado de fora da Igreja e se enfurnava no interior do templo, sempre com seu jeito amedrontado pedindo a Nossa Senhora que o homem já acabasse com aquele foguetório. ssim era o fim de ano em Natal, animado apenas com as rodas-gigantes, os cavalinhos, as barracas de tiro ao alvo, a casa dos mal-assombros, as bancas de apostas do Barraca do Leão, o trem que viajava em seu destino certo e os balanços em gangorras e outros carros que iam e voltavam, para cima e para baixo.Coisas do tempo antigo e que não voltam mais. Assim era o fim de ano por essas terras de ninguém. Depois, minha mãe e meu pai, saiam para visitar, após à meia-noite, os seus parentes, minhas tias e meus avós. Quase sempre e adormecia onde eu chegava para tomar a benção dos meus parentes. Dormia como um anjo e só acordava no amanhecer do dia 1º de janeiro quando estava já em casa, levado nos braços por meu pai.
Denomina-se de periodização da História à divisão, para fins didáticos, da História em épocas, períodos ou idades. A necessidade desses "cortes"(ou recortes) é tão antiga quanto a da escrita da História, cada época ou cultura tendo usado uma diferente metodologia. O método mais antigo de periodização empregado pelo Homem foi o da articulação político-genealógico, observado os limites dos reinados e das dinastias. Na Grécia Antiga, Hesíodo, poeta que viveu no fim do século VIII a.C., em seu livro "Os Trabalhos e os Dias", propôs uma articulação por épocas, as cinco idades (Ouro, Prata, Bronze, Heróis e Ferro). O Cristianismo trouxe uma concepção de devir histórico linear. Cada época passou a ter um caráter único de acordo com o modelo bíblico dos seis dias da Criação.
Hoje, já não se ocupa mais em se saber a história para cada fase do ano. Leva-se na diversão o passar de um ano para o outro. Enfim, esses fundamentos históricos, para os que estão vivedo o dia-a-da, nada tem a informar, pois para a humanidade o que vale apenas é o entretenimento. Nas residencias se acompanha o nascer de um novo dia sem se importar com o que houve no passado. As donas de casa se incomodam em limpar as salas, móveis e outras partes da habitação. Porém, isso está na história. Limpar que dizer tirar o que é sujo e não se quer mais pensar no que houve no passado. Limpar, varrer, espanar, enxugar, tudo isso tem um simbolismo e começar um ano novo com a casa cheia de esperança. Por isso, se faz essas atividades tão corriqueras para o lar. Roupas novas, cores brancas, enfim, tudo novo para uma ano que vem. Adeus ano velho, diz a composição como que querendo dizer: adeus velhas cartas que não fiquem jamais em nossas lembranças.

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