sábado, 27 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 216

FELIZ ANO NOVO
Agora me lembro de quando eu trabalhava no escritório do Armazem de Madeiras Santa Teresa, de José Leandro, por sinal, meu tio. No mês de dezembro, todos os anos, ele contava o dinheiro para fazer doações aos seus parentes, empregadas da casa, à sua mulher, às meninas, filhas dele, e aos empregados do armazém, inclusive a mim. Isso, foi bem antes do governo instituir o 13º salário. De minha parte, eu recebia um valor igual ao de um salário. Com poucos dias, ele fazia o pagamento do mês de dezembro, bem no final do ano. Isso, ele, tio Zeca, vinha fazendo desde 1952, quando eu trabalhava para ele em um escritório de vendas de terras. Com isso, para mim, tio Zeca se antecipou em muito ao Governo que estabeleceu muitos anos depois o pagamento do 13º salário. Sei bem que ele mandava uma quantia para as suas irmãs, como para tia Anunciada, tia Justa, tia Alice, tia Nenem, tia Noza e à minha mãe, que era também a sua irmã. Tio Zeca costumava dizer a mim, quando entregava o dinheiro: "Dê à sua mãe, ouviu?". E eu respondia que sim. O dia 25 de dezembro era feriado religioso. Mas, no dia seguinte ao feriado, tio Zeca voltava a me perguntar: "Deu o dinheiro à sua mãe?". E eu respondia que sim. Assim, ele procedia todos os anos, e ainda no periodo da Semana Santa, de São João e, com certeza, ao aniversário de cada uma de suas irmãs. Eu me lembro bem que, para os irmãos, ele sempre dizia: "Eles, não! São ricos!". Era assim que tio Zeca falava. Não raro, o seu coração amolecia quando chegava ao escritório o tio Miguel. Apesar de ganhar dinheiro como um homem dono de Cartório, tio Zeca lhe dava um presente de uma garrafa de vinho, pois, dinheiro, ele já tinha dito que não lha daria. Aos Grentes dos Bancos, tio Zeca fazia uma oferta de um relógio belo, que se abria para mostar às horas. Também a outras personalidades que viviam aqui, na cidade do Natal, Rn, e que mereciam o olhar atencioso de tio Zeca. Naquele tempo, a Festa do Natal era celebrada com presentes, os mais diversos. Todos muito chiques. Era um tempo de paz que nós pracuravamos encarar como o verdadeiro natal de Jesus. À meia noite do dia 24 e começo do dia 25, eu acompanhava a minha mãe à Igreja para assistir a celebração da Santa Missa onde todos os participantes se cumprimentavam com alegria. Na saída da Igreja, minha mãe costumava ir na casa de sua irmã, tia Justa, consumir um pedaço de bolo e outras iguarias. Tia Justa morava perto da Matriz de Nossa Senhora da Apresentação. As duas e outras mulheres, trocavam conversa e se alegravam quando tio Zeca aparecia para dar o seu boa noite, embora já fosse de madrugada. Tia Anunciada também se acercava, pois era oseu caminho de casa. Era uma festa geral de todos os irmãos que se faziam presentes. Eu me lembro bem de tudo isso, passados já quase 70 anos. Aquele era um tempo de pura felicidade.

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