terça-feira, 9 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 200

CHE
Nascido em 14 de junho de 1928 na cidade de Rosário, Guevara foi o primeiro dos cinco filhos do casal Ernesto Lynch e Celia de la Serna y Llosa. Sua mãe foi a principal responsável por sua formação porque, mesmo sendo católica, mantinha em casa um ambiente de esquerda e sempre estava cercada por mulheres politizadas. Desde pequeno, Ernestito - como era chamado - sofria ataques de asma e por essa razão, aos 12 anos, se mudou com a família para as serras de Córdoba, onde morou perto de uma favela. A discriminação para com os mais pobres era comum à classe média argentina, porém Che não se importava e fez várias amizades com os favelados. Estudou grande parte do ensino fundamental em casa com sua mãe. Na biblioteca de sua casa - que reunia cerca de 3000 livros - havia obras de Marx, Engels e Lenin, com os quais se familiarizou em sua adolescencia. Em 1947, Ernesto entra na Faculdade de Medicina da Universidade de Buenos Ayres, motivado em primeiro lugar por sua própria doença, desenvolvendo logo um especial interesse pela lepra. Em 1952, realiza uma longa jornada pela América do Sul com o melhor amigo, Alberto Granado, percorrendo 10.000 km em uma moto Norton 500, apelidada de 'La Poderosa'. Observam, se interessam por tudo, analisando a realidade com olho crítico e pensamento profundo. Os oito meses dessa viagem marcam a ruptura de Guevara com os laços nacionalistas e dela se origina um diário. Aliás, escrever diários torna-se um hábito para o argentino, cultivado até a sua morte.
No Peru, trabalhou com leprosos e resolveu a se tornar um especialista no tratamento da doença. Che saiu dessa viagem chocado com a pobreza e a injustiça social que encontrou ao longo do caminho e se identificou com a luta dos camponeses por uma vida melhor.. Mais tarde voltou à Argentina onde completou seus estudos em medicina. Foi convocado para o Exercito, porém, no momento estava incompatibilizado com a ideologia peronista. Não admitia ter de defender um governo autoritário. Portanto, no dia da inspeção médica, tomou um banho gelado antes de sair de casa e na hora do exame teve um ataque de asma. Foi considerado inápto e dispensado.
Já envolvido com a política, em 1953 viajou para a Bolívia e depois seguiu para a Guatemala com seu novo amigo Ricardo Rojo. Foi lá que Guevara conheceu sua futura esposa, a peruana Hilda Gadea Acosta e Ñico Lopez, que, futuramente, o apresentaria a Raul Castro, no México. Na Guatemala, Arbenz Guzmán, o presidente esquerdista moderado, comandava uma ousada reforma agrária. Porém, os EUA, descontentes com o tal ato que tiraria terras improdutivas de suas empresas concedendo-as aos famintos camponeses, planejou um golpe bem sucedido colocando no governo uma ditadura militar manipulada pelos yankees. Che ficou inconformado com a facilidade norte-americana de dominar o país e com a apatia dos guatemaltecos. A partir desse momento, se convenceu da necessidade de tomar a iniciativa contra o cruel imperialismo.
Com o clima tenso na Guatemala e perseguido pela ditadura, Che foi para o México. Alguns relatos dizem que corria o risco de vida no território guatemalteco, mas essa ida ao México já estava planejada. Lá lecionava em uma Universidade e trabalhava no Hospital Geral da Cidade do México, onde reencontrou Hilda Lopez, que o levou para conhecer Raúl Castro. Raúl, que se encontrava refugiado no México após a fracassada revolução em Cuba em 1953, se tornou rapidamente amigo de Che. Depois, Raúl apresentou Che a seu irmão mais velho, Fidel Castro, que, do mesmo modo, tornou-se amigo instataneamente. Tiveram a famosa conversa de uma noite inteira onde debateram sobre política mundial e, ao final, estava acertada a participação de Che no grupo revolucionário que tentaria tomar o poder em Cuba.
A partir desse momento começaram a treinar táticas de guerrilhas e perações de fuga e ataque. Em 25 de novembro de 1956 os revolucionários desembarcaram em Cuba e se refugiam na Sierra Maestra, de onde comandam um exercito rebelde na bem-sucedida guerrilha que derrubou o governo de Fulgêncio Batista. Depois da vitória, em 1959, Che tornou-se cidadão cubano e vira o segundo homem mais poderoso de Cuba. Marxista-leninista convicto, é apontado por especialistas como o responsável pela adesão de Fidel ao bloco soviético e pelo confronto do novo governo com os Estados Unidos. Guevara queria levar o comunismo a toda a América Latina e acreditava apaixonadamente na necessidade do apoio cubano aos movimentos guerrilheiros da região e também da África. Da revolução em Cuba até a sua morte, amargou tres mal-sucedidas expedições guerrilheiras. A primeira, na Argentina, em 1964, quando seu grupo foi descoberto e a maioria morta ou capturada. A segunda, um ano depois de fugir da Argentina, no antigo Congo Belga, mais tarde Zaire e atualmente República Democrática do Congo. E por fim, na Bolívia, nde acabaria executado.
Sem a barba e a boina tradicionais, disfarçado de economista uruguaio, Che Guevara entrou na Bolívia em novembro de 1966. A ele se juntaram 50 guerrilheiros cubanos, bolivianos, argentinos e peruanos, numa base no deserto do sudeste do país. Seu plano era treinar guerrilheiros de vários países para começar uma revolução continental. Ernesto Che Guevara foi capturado em 8 de outubro de 1967. Passou a noite numa escola de La Higuera, a 50 quilometros de Vallegrande e, no dia seguinte, por ordem do presidente da Bolívia, general René Barrientos, foi executado com nove tiros numa escola da aldeia de La Higuera, no centro-sul da Bolívia, no dia seguinte à sua captura pelos soldados do Exercito bolivianos, treinados pelos Estados Unidos.
A sua morte, no dia 9 de outubro de 1967, aos 39 anos, interrompeu um sonho de estender a Revolução Cubana à América Latina, mas não impediu que seus ideais continuassem a gozar de popularidade entre as esquerdas. Os boatos que cercaram a execução de Che Guevara levantaram dúvidas sobre a identidade do guerrilheiro. A confusão culminou no desaparecimento dos seus restos mortais, encontrados apenas em 1997, quando o mundo recordava os trinta anos de sua morte, sob o terreno do aeroporto de Vallegrande. O corpo estava sem as mãos, amputadas para reconhecimento poucos dias depois da sua morte, e contrabandeadas para Cuba. Em 17 de outubro de 1997, Che foi enterrado com pompas da cidade cubana de Santa Clara (onde liderou uma batallha decisiva para a derrubada de Fulgêncio Batista), com a presença da família e de Fidel Castro. Embora seus ideais sejam romanticos aos olhos de um mundo globalizado, ele se transformou num ícone na história das revoluções do século XX e num exemplo de coerencia política. Sua morte determinou o nascimento de um mito, até hoje símbolo da resistência para os países latino-americanos.
"Os poderosos podem matar uma, duas até três rosas, mas nunca deterão a primavera". Che Guevara.
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