sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 259



CARLOS GOMES


A música de Carlos Gomes, de temática brasileira e estilo italiano, inspirado basicamente nas óperas de Giuseppe Verdi, ultrapassou as fronteiras do Brasil e triunfou junto ao público europeu. Antônio Carlos Gomes nasceu em Campinas, Sp, em 11 de julho de 1836. Estudou música com o pai e fez sucesso em São Paulo com o Hino Acadêmico e com a modinha "Quem Sabe?" ("Tão longe, de mim distante"), de 1860. Continuou os estudos no Conservatório do Rio de Janeiro, onde foram apresentadas suas primeiras óperas: "A Noite do Castelo", em 1861, com libreto de Fernandes dos Reis, e "Joana Flandres", em 1863, com libreto de Salvador de Mendonça. Com uma bolsa do Conservatório, estudou em Milão, It, com Lauro Rossi e diplomou-se em 1866. Em 19 de março de 1870 estreou no Teatro Scala, de Milão sua ópera mais conhecida, O Guarani, com libreto de Antonio Scalvini e baseado no romance homônimo de José de Alencar. Encenada depois nas principais capitais européias, essa ópera consagrou o autor e deu-lhe a reputação de um dos maiores compositores líricos da época. O sucesso europeu do O Guarani repetiu-se no Brasil, onde Carlos Gomes permaneceu por alguns meses antes de retornar a Milão, com uma bolsa de D. Pedro II, para iniciar a composição da Fosca, melodrama em quatro atos em que fez uso do Leitmotiv, técnica então inovadora, e que estreou em 1873 no Scala. Mal recebida pelo público e pela crítica, essa viria a ser considerada mais tarde como a mais importante de suas obras. Depois de "Salvatore Rosa" (1874) e "Maria Tudor" (1879), Carlos Gomes voltou ao Brasil e foi recebido triunfalmente. Nessa temporada brasileira, dirigiu na Bahia e no Rio de Janeiro a montágem do "O Guarany" e de "Salvatore Rosa". Ainda na Bahia apresentou Hino a Camões e em São Paulo realizou, no Teatro São José, a primeira montagem de O Guarany no estado natal. A partir de 1882, Carlos Gomes passou a dividir seu tempo entre o Brasil e a Europa. No Teatro Lírico do Rio de Janeiro estreou " O Escravo", em 1889, de tema brasileiro. Com a Proclamação da República, perdeu o apoio oficial e a esperança de ser nomeado diretor da Escola de Música do Rio de Janeiro. Retornou então a Milão e estreou "O Condor", em 1891, no Scala. Doente e em dificuldades financeiras, compôs seu último trabalho: "Colombo", oratório em quatro atos para coro e orquestra a que chamou de poema vocal sinfônico e dedicou ao quarto centenário do descobrimento da América. A obra foi encenada em 1892 no Teatro Lírico do Rio de Janeiro. Em 1895 Carlos Gomes dirigiu O Guarany, no Teatro São Carlos, de Lisboa, cidade em que recebeu a última homenagem: foi condecorado pelo Carlos I. No mesmo ano chegou ao Pará, já doente, para ocupara diretoria do Conservatório de Música de Belém, cargo criado pelo governador Lauro Sodré para ajudá-lo. Os modernistas de 1922 desprezaram Carlos Gomes, mas o público brasileiro sempre valorizou suas modinhas românticas - "Bela Ninfa de Minh'Alma", "Suspiro D'Alma", "Quem Sabe?" -, a parte mais autenticamente nacional de sua obra, e a abertura de "O Guarany". Em 1993 essa ópera, meio esquecida, voltou aos palcos europeus ao ser montada por Werner Herzog, na ópera de Bonn, com Placido Domingo no papel de Pery. Carlos Gomes morreu em Belém, em 16 de setembro de 1896.
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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 258

ZÉ DA CARROÇA
Eu conheci José Moura quando ainda eu era um menino, seis anos de idade. Ele era mais velho que eu. Não sei quantos anos. Talvez 9. Talvez. Eu lembro quando Zé passava na frente de minha casa para buscar a "chepa" no Quartel do Exército que ficava na rua Trairy, em Natal (Rn), detardezinha. Ele e um mundão de gente vindos do Morro Alto do Juruá. Era gente demais. Gente muita. E Zé com o pessoal. Eu me lembro que Zé era de uma família que se chamava "As Caboclas" ou mesmo "Cabocas". Um pessoal fino de natureza, tão magro como um risco. Não raro, depois de uma bebedeira, eles, os caboclos, começavam uma "briga" que durava da tarde à noite. Era uma lenga-lenga tamanha que, quase não tinha fim. Quando era para pegar a chepa, um resto de comida que os soldados não queriam mais, o comandante do Quartel mandava entregar por cima do muro. Era arroz, feijão, carne, jerimum, tomade e outras coisas mais, tudo misturado, que "as caboclas" juntavam tudo em uma lata para cada família, se formando aquela ruma de gente que caminhavam de volta para as suas casas ou taperas. Quando passavam de ída, iam todos cantando, batendo nas latas. Quando voltavam, era tudo cantando modas que eu não sabia o que eles diziam. Às vezes, lá por volta de 2 horas da tarde, lá se iam eles, "os caboclos", um busca de madeira no morro do Estrondo. Entravam de morro a dentro e ficavam por lá até quando ía anoitecer. Assim, voltavam para as suas taperas feitas de taipa, cobertas de palha de coqueiro. Em outros dias, o pessoal - e Zé também - ía buscar pó de serra numa serraria de Plínio Saraiva, no cruzamento das ruas Mossoró com a Afonso Pena, no Tirol. Era a mesma cantoria de todos faziam, indo e vindo. Tinha tempo que "as caboclas" íam buscar água no xafariz de seu Artur Marinho que tinha uma vacaria na rua sem nome e que é hoje rua Tuiutí. O baticum era terrivel, com as latas em fileiras, para ver a que chegava primeiro. Depois disso, eles apanhavam água no Xafariz do Governo, existente no início da rua Teófilo Brandão. Porém, ali pagava um centavo por cada lata. Não valia a pena. Era melhor buscar no outro xafariz, onde seu Artur não conbrava nadica e nada. Assim se passou o tempo. Terminada a chepa, terminado o pó de serra, terminada a lenha do morro, Ze da Carroça só tinha um meio de vida: pegar mesmo a carroça, que era de aluguel, deixar o material do depósito do seu Levino nas casas que compravam, não raro, fiado. Levino punha fé em quem vendia, pois no final do mês ele tinha somado as compras e recebia o dinheiro. Se não passem tudo, pelo menos, uma parte. E Levino foi levando o seu negócio com Zé da Carroça, todo dia alí, pronto para fazer a entrega. E o tempo foi passando. De 1946 m diante estava o Zé tocando o burro para fazer entrega de madeira, tal como o caibro, linha, ripas, pregos, tijolos, telhas, cal, cimento, barro e tudo que o cliente comprasse. Era luta e tanto para Zé que, depois viu chegar, no "armazem" de Levino outros companheiros que chegavam para fazer entrega de material, como ele e o seu pai faziam. Teve um dia que Zé da Carroça cassou. A moça era também filha das "caboclas". Crinaura, era o seu nome Com um casamento, filho para nascer, Zé procurou construir um casebre de alto do morro de Mãe Luiza. E assim, fez. Vieram os filhos, todos raquiticos como ele e a sua mulher. E foi um, dois, tres, quatro e não sei quantos mais. Agora, por volta de 1970, já não havia mais briga como acontecia no tempo dos seus avós. Apenas discussão, e pronto. O tempo passou, os meninos creceram e veio um dia que Crinaura morreu. Foi sofrimento atroz para Zé e seus filhos, irmãos, sobrinhos e alguem mais. De um xafariz que Crinaura tomava conta, em frente à sua casa, na rua João XXIII, pouco ou nada restou. Tão logo depois veio a água encanada. E Zé da Carroça continuava o seu labor, de vez em quando tomando pinga, já um tanto alquebrado, evergado pelo jeito que lhe dava a sua carroça. Quando os trocados ajudavam, ele fazia outra morada, vendendo a casa que lhe sobrara do tempo de Crinaura. E foi passando os dias, José Moura arranjou outra mulher com quem vivia. Ela, em casa dela. Ele, em casa dele. Não brigavam por nada, nem discutia por coisa alguma. Só uma coisa restava para fazer: a carroça. Todos os dias, lá estava ele rumando com a sua carroça, levando as madeiras, a cal, tijolo, barro e telha para a freguezia do depósito. Levino já havia morrido. Ficou o filho. E Zé, para fazer de conta. Certa vez, em um mes de final de ano ele teve outro desgosto. A sua segunda companheira morreu. Era janeiro de 2009. Zé não suportou tamanha solidão. Para ele, era chegado oseu fim. Perdeu o apetite, não mais comeu e em uma noite de fevereiro, José Moura, escambichou. Morreu de morte morrida. Era o fim de um caboclo que nunca teve nada a contar. Nem mesmo do seu afazer.

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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 257

DALVA DE OLIVEIRA
Dalva nasceu no dia 5 de maio de 1917 na cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo. Intérprete de música popular brasileira, tinha uma extensão de voz que ía do contralto ao soprano. Dalva marcou época como intérprete e uma das grandes estrelas dos anos 40 e 50. Filha de um carpinteiro e clarinetista, nas horas vagas, Mário Antônio de Oliveira, e da portuguesa Alice do Espírito Santo Oliveira, teve mais três irmãs, Nair, Margarida e Lila. As três filhas entraram para um Internato das Irmãs e Caridade, o Internato Tamandaré, onde Dalva teve aulas de piano, órgão e canto. Devido a uma séria infecção nos olhos, ela saiu do Internato bem moça, uma menina, em 1928. Aos 14 anos começou a trabalhar como arrumadeira, como babá e ajudante de cozinha em restaurantes. Logo depois conseguiu um emprego de faxineira em uma escola de dança onde havia um piano e, dona de uma poderosa voz, iniciou asua carreira. Passou a usar o nome de Dalva, sugerido por sua mãe, pois um seu amigo empresário nao achava que seu nome, Vicentina de Paula Oliveira, não era bom para uma cantora. Dalva foi aconselhada para ir para o Rio de Janeiro, pois na Capital Federal teria mais chances, e transferiu-se para o Rio com a sua família, em 1934, na tentativa de deslanchar artísticamente como cantora. Empregou-se como costureira numa fabrica de chinelos, da qual um dos proprietários, Milton Guita era diretor da Rádio Ipanema, a atual Mauá, e este convidou-a para um teste na emissora. Aprovada, logo depois transferiu-se para as Rádios Sociedade e Cruzeiro do Sul, onde cantou ao lado de Noel Rosa. Depois, passou pela Rádio Phillips e finalmente conseguiu trabalho na Rádio Mayrink Veiga. Dalva de Oliveira trabalhou, em 1936, na temporada popular da Casa de Caboclo, do Teatro Fênix, onde atuou o lado de Jararaca e Ratinho, Alvarenga e Ranchinho, Ema D'Ávila e muitos outros artistas da época que faziam sucesso. Já no mesmo período, trabalhou na Cancela, em São Cristóvão, num teatro regional onde ela apresentava números imitando a atriz Dorothy Lamour, e lá conheceu Herivelto Martins, com que formou o Trio de Ouro, de maior sucesso, com sua voz de soprano se sobresaindo no grupo, haja vista "Ave Maria", "Ave Maria no Morro". Em 1937, Dalva se casou com Herivelto com quem teve seus dois filhos, o cantor Pery Ribeiro e o produtor de tv, Ubiratã. O trio gravou seu primeiro disco em 1937 na RCA Victor, com as músicas "Itaguaí" e "Ceci e Peri", razao do nome do seu primeiro filho, Pery Ribeiro. Logo então, o Trio transferiu-se para a Radio Tupy e para a gravadora Odeon. Dalva de Oliveira participou do filme "Barlim na Batucada", em 1944, quando o Brasil lutava no front e Berlim era um inimigoe no filme "Caídos do Céu, em 1946, depois da II Grande Guerra Mundial. Veio o ano de 1947, e Dalva de Oliveira se separou de Herivelto Martins, depois de calorosa briga familiar, porém nunca esqueceu de cantar em suas músicas o amor que sentia por ele, notando-se "Errei, sim", "Segredo" e tantos outros êxitos de sua espinhosa carreira. Somente dois anos depois dessa separação, Dalva de Oliveira veio a conhecer o argentino Tito Clement, com quem casou e foram morar em Buenos Ayres. Porém, como disse em uma de suas melódias, "A Bahia te espera", e, com ceteza Dalva retornou ao Brasil, em 1950. Na sua terra, ela cantou inúmeras canções, sempre de grande êxito, como "Fim de Comédia", "Tudo Acabado" e "Que será" deixando por dentro à sombra de um grande amor que um dia teve fim. O casamento com Tito Clement durou até 1963, quando Dalva se separou. Em sua vida, veio Manoel Carpinteiro e também um grave acidente de automovel, em 1965, que há fez abandonar a carreira por um bom período. Foi Max Nunes e Laércio Alves, em 1970, que compuseram sua última canção e que ez voltar ao verdadeiro sucesso até hoje lembrada: "Bandeira Branca" que não deixa de ser uma evocação ao seu velho e primeiro amor. Morando em uma confortável casa no bairro carioca de Jacarepeguá, no Rio de Janeiro, Dalva de Oliveira fez apresentações no Teatro Tereza Raquel e em vários programas de televisão e em shows, vindo a falecer dois anos depois, em 31 de agosto de 1972, vítima de hemorragia do esôfago. Dalva de Oliveira deixou como herança o fascínio que exerceu sobre o seu público e a influência sobre cantoras do porte de Elizeth Cardoso, Angela Maria e Elis Regina, as quais reconheciam admirá-la e tê-la ouvido muitas vezes antes de definir o seu próprio estilo. Dalva foi proclamada a Raínha do Rádio.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 256

DEIXA PRA LÁ
Hoje é o segundo dia de carnaval no Brasil. O segundo por assim dizer. Pois o carnaval começou mesmo na quinta-feira. Sendo assim, esse segundo vai mesmo virar sexto dia com o pessoal brincando e pulando noite e dia, como está acontecendo em Salvador (Ba) e Recife-Olinda (Pe), só para citar os mais quentes dias de folia do Carnaval 2009 que se vive. Se for contar, na verdade, a folia impera no interior do País, como Ouro Preto (Mg) e mesmo no norte do Brasil. Em Natal, a folia começou, hoje, logo cedo com o chamado bloco "dos Cão", no bairro - antes vila - da Redinha. Não eram ainda 8h quando os primeiros integrantes do tradicional bloco "Os Cão" começaram a se melar de mangue e abrir, oficialmente, a terça-feira do Carnaval na Redinha. O medo maior era se a chuva não fosse parar. Porém, nesta terça-feira o sol brilhou e a chuva não veio, motivando ainda mais os participantes a mergulhar no mangue. A fantasia é a mesma, mas a criatividade fazia a diferença nos corpos enlameados. Tinha "Cão" de chifre, de peruca rosa, montado a cavalo e até o Rei Momo foi lá se melar na lama. A desconcentração mais uma vez foi o quesito marcante do bloco "Os Cão", que arrastou centenas de foliões pelas ruas da Redinha, como faz há mais de 40 anos. Mesmo grávida, Arlete Feitosa Alves, 21 anos, não se intimidou e mergulhou na lama para seguir nos "Cão". "É muito bom. O divertimento desse bloco é incomparavel", afirmou Arlete, carregando uma barriga de cinco meses. Como acontece todos os anos, quem chega perto do bloco vira um "Cão". E foi um dia de cão, pode-se dizer, com a lama do rio Potengi não dando espaço para nenhum outro limpo, pois aquele que era limpo, "era"! Pois virou "Cão". E na folia, estavam crianças, jovens, adultos e idosos em um encontro de gerações com o simples objetivo de curtir o mela-mela. Alguns anos antes, o bloco saía com paus e latas para animar a folia. Contudo, o negócio começou quando um folião se meteu no mangue e sair pela rua. Foi ele Zé Lambreta e contagiou os demais foliões que se meteram no mangue e acompanharam o da frente, invadiram as casas da gente nobre que alí fazia o seu carnaval bem alinhado e nunca mais pararam. E essa tradição vem durando até os dias de hoje. "Os Cão" já é tradição e, hoje, o bloco saiu da Rua do Cruzeiro e finda o percurso na praia de Santa Rita, bem distante do rio Potengi.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 255

PLUMAS E PAETÊS
"Tava jogando cinuca, uma 'nêga' maluca me apareceu. Vinha com o filho no colo dizendo ao povo que o filho era meu". Essa estrofe é de uma marcha do carnaval de alguns tempos atrás. Hoje, o negócio não mudou muito. Porém, quem vai à avenida, leva seu samba na ponta da língua. De um modo ou de outro, é Carnaval e todos podem e devem dançar, até os jornalistas que fazem cara feia para não ser eles os escolhidos para cobrir a folia. Este ano, até mesmo o presidente da República, Luis Inácio estava na avenida de Sapucaí. Ele e sua esposa em companhia de amigos, inclusive o Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e do prefeito da cidade, Eduardo Paes. Isso, aconteceu no Rio. Porém, nas demais cidades, prefeitos e governadores também prestigiaram a tradicional festa, considerada pelos visitantes que vem de fora, como Europa e Asia, sendo a melhor de qualquer parte do mundo, mesmo com assaltos e tudo mais.
A primeira noite de desfiles do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro indica uma disputa equilibrada entre as seis escolas que se apresentaram. O Carnaval é um período de festas regidas pelo ano lunar do Cristianismo da Idade Média. O período do Carnaval era marcado pelo "adeus à carne" ou "carne vale" dando origem ao termo "Carnaval". Durante o período do Carnaval há uma grande concentração de festas populares. Cada cidade brinca a seu modo, de acordo com os seus costumes. Em Natal (Rn) tem festas populares que, este ano, tem sido debaixo de chuva e nem por isso o folião se desanima. No domingo, houve o baile das Kengas que é uma tradição do carnaval moderno na cidade. O bloco das Kengas foi fundado em 1983 por um grupo de intelectuais, jonalistas e foliões da cidade. No começo era fraco, porém, com o decorrer dos anos, foi ganhando simpatia e, hoje, a turma faz um ótimo carnaval nas avenidas centrais da capital riograndense do norte, sem se importar com o desfile central de rua que (novamente) acontece no bairro da Ribeira. O Carnaval começou sendo desfilado pelo bairro da Ribeira. Depois, mudou para a Cidade Alta, acontecendo entre o quadrado das ruas João Pessoa, Av Rio Branco, rua Ulisses Caldas, Av Deodoro para chegar novamente à rua João Pessoa. Com o passar do tempo, o Carnaval de Natal ficou sendo apenas na Av, Deodoro. Houve um tempo que passou para Avenida Prudente de Morais; em outra ocasião, o desfile aconteceu no Bairro do Alecrim e, por fim, o Carnaval retornou ao bairro da Ribeira, com tudo que tem direito Hoje, a zona norte de Natal, pode-se dizer que já tem o seu carnaval. Tirando a alegria que promove a festa na praia da Redinha Velha, hoje com um carnaval apenas na Praça do Cruzeiro, a zona norte, envolvendo todos os conjuntos habitacionais que formam aquele recanto, não vem mais para a Redinha Velha e nem mesmo para a Ribeira. A zona norte faz o seu carnaval ao longo das ruas dos conjuntos. No ano de 2005, o Carnaval de Salvador, na Bahia entrou no Guinness Book como a maior festa de rua do mundo. Mesmo assim, com pandeiro ou sem pandeiro, hoje se tem festa de Carnaval de maior importância em Recife, Fortaleza, São Paulo, Santa Catarina e Porto Alegre, sem falar com o norte do Brasil, onde há ótimo carnaval. E como diz o samba: "Sou feliz se o Senhor me atender e ouvir minhas preces de dor. Olhai por nossa terra, todo mundo espera vossa proteção, Senhor". Parece que tal preçe começou a ser atendida, pois a Igreja, no Brasil, já faz o seu Carnaval: o Carnaval com Cristo. Se tiverdes fé, é só ir para vê.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 254

VESTIDA DE NOIVA
Já passara das 11 horas da noite quando José Severo se levantou da mesa do bar "Tabuleiro da Baiana" para saldar a sua conta. Esse bar existia em 1950 e mais tempo atrás, ficando no fim da praça Augusto Severo, já em um contorno que se fazia na praça. Os bondes, àquela hora da noite não mais circulavam e quem quisesse beber, teria que ficar a esperar que o dia clareasse ou, então, partir, à pé, para a sua casa, fosse perto ou longe. O amigo de Severo tinha saido, fazia alguns minutos. Porém. os outros frequentadores continuavam a jogar conversa fora, sem dar por conta de quem saía ou não. Na rua Dr. Barata estava a loja que Severo trabalhava. Ele olhou, como se fosse um guarda, para a rua e se voltou para o garçon que já lhe trazia o troco de suas despesas. Outra vez, Severo olhou em torno, vendo os habituês do Bar. Uns, gargalhava. Outros, dormiam com o rosto escorado na mesa e, alguns estavam a chorar por motivo nenhum ou por causa da prostituta que lhe abandora. No bar, tinham prostitutais que se acercavam dos demais fregueses em busca de alguns trocados, ou mesmo para "sair" no final da farra.Eram meretrizes que já não tinham mais "quarto" nos lupanares da velha Ribeira. No bairro, havia lupanares que se sustentavam a troca dos homens ricos que frequentavam os locais. Severo conhecia muito bem esses lugares. Vez por outra, o jovem trabalhador inventava de aparecer em um deles e, alí, tirar uma mulher e levá-la para o seu quarto. Porém, naquele dia, Severo não estava a fim de mulher e chegou ao Tabuleiro da Baiana logo cedo da noite.
Logo que recebeu o troco, saiu. E na saída, encontrou uma mulher de seus 65 anos a mendigar uma ajuda pela santa caridade. Ele não fez questão e doou uma parte do troco que o garçon lhe passara. A mulher fez seus agradecimentos, como sendo um "Deus lhe pague e tenha tudo o que o senhor quiser", e Severo simplesmente disse "Amen". Já era costume da velha se postar ali para pedir auxilio e Severo não seria o primeiro, nem o único. O rapaz olhou para o seu pulso e verificou a hora, saindo, em seguida, vendo um prédio que ficava logo à frente, fazendo-o pensar num velho cinema que funcionou no local. E partiu, seguindo pela calçada da praça, vendo ao centro, um coreto que, naquele tempo já era ponto de bêbados que procuravam se agasalhar para, então, dormir. Severo esboçou um leve sorriso se lembrando da sorte dos bêbados equilibristas que se enrolavam a qualquer preço com folhas de jornais de passado remoto. "Coisa incrivel", pensou o rapaz. A noite estava calma, com um céu límpido e sereno. Na praça havia uns pés de goití por todo o ângulo e que servia muito bem para o pouso dos aglomerados morcegos que por ali viviam.
Com o passar do tempo, o jovem já pegara desde em baixo, a Avenida Junqueira Ayres, passando pela frente de um colegio e por um jornal no qual ele ouvia os cilindros de impressão a tilintar. Com a cabeça baixa, Severo só pensava em chegar a sua casa, no bairro do Alecrim. Era uma caminhada e tanto que só ele sabia calcular. Por vezes, lhe dava uma preguissa e chegava a pensar em dormitar em um banco qualquer de uma praça logo à frente, perto da Prefeitura, em frente ao Palácio do Governo. A cabeça começava a latejar e ele fazia uma careta como se aquilo fizesse passar a dor que,de leve, vinha a chegar. "Merda da Cerveja", pensava o rapaz. Com sono e um tanto ébrio, o jovem chegou quase ao fim da ladeira, dobrado em frente do Atheneu de velhas memórias. E ele pensou que, certa vez, foi reprovado por causa de um tinteiro que ferveu a tinta e derramou na folha de papel de exame. Era uma tarde de forte calor. E Severo tinha se posto junto a uma janela que dava para a Avenida Junqueira Ayres. Com roupa toda suja de tinta, a caneta escarrapichada, ele não contou conversa, e saiu da classe. Quando passava em frente ao colégiu, logo pensou: "Atheneu velho de guerra". E, levemente, sorriu.
À sua esquerda ficava o Mercado Público da Cidade Alta. E Severo pode observar dois caminhões carregados de frutas, verduras, legumes e algo mais, ao lado esquerdo do Mercado, esperando, com certeza que o lugar abrisse para eles poderem descarregar os seus produtos. E viu tambem, dois homens circundando os caminhões, com certeza para ver se tudo estava em ordem. Severo não deu importancia ao caso. Andando, pegou a rua Ulisses Caldas e, logo após, a Avenida Rio Branco que levava direto ao Alecrim. Alí, era plano e o jovem soltou um leve "ufa" de quem já conseguira vencer uma boa parte da caminhada. Alí, naquela avenida ele assumiu o compasso de andar um pouco mais rápido, só pensando em chegar em casa: "Nunca mais faço uma merda dessa", pensou o jovem. Na rua, só tinha casa de moradia, com excessão de um Hotel, um armazem, uma casa de bebidas e um cinema. Quase tudo estava fechado àquela hora, menos o hotel e a casa de drinques. No cruzamento da rua João Pessoa, ele olhou para a casa e vendo que ainda havia gente para beber. "Puxa,!!!", pensou o rapaz. E largou com o seu passo rápido para mais depressa chegar em sua casa. Em um cruzamento da Avenida Rio Branco com um beco estreito que vinha do matadouro, ele quase topa com uma moça, vindo também apressada para entrar na Avenida Rio Branco. O impácto seria inevitável se o rapaz não passa de chofre.
---- Opa! Quase atropelo a senhora! - disse Severo
---- E eu também! - respondeu a moça, sorrindo a seguir, tomada de um susto.
----Pois é! A senhora tambem não esperava! Puxa! - respondeu Severo.
---- Não esperava! - lhe disse a moça.
Ao olhar àquela figura, Severo observou o seu traje, todo branco, dos sabatos,meias, vestido com bem cinco saias por dentro, fazendo uma circular em torno do corpo, cintura apertada por um cinto igualmente branco, subindo estava a blusa igualmente branca que parecia ser um vestido só, mangas compridas, até o pulso, luvas cobrindo as mãos euma bolsa a tira-colo. Seu cabelo comprido era enrolado no alto da cabeça, ornada por uma tiara. O jovem ficou impressionado com aquele traje em uma moça que parecia ter seus 21 anos. Então, passado o susto daa imediata surpresa, Severo perguntou à moça:
---- Vens de onde? - Severo perguntou.
---- De uma festinha, ali, atrás. - respondeu a moça.
---- Essa hora, não tem mais Bonde. A senhora mora perto daqui? - inquiriu o rapaz
---- É. Não tem. Moro logo alí. - respondeu a moça.
O rapaz se aquietou e logo a seguir, rumando pela ladeira da Rio Branco em direção ao Baldo, passando pela Associação dos Professores que estava com suas luminárias acesas, o jovem, entre outras conversas, perguntou-lhe:
----Sabe que não perguntei o seu nome? Ora! -disse Severo
---- Isolda! - respondeu a moça e em seguida, perguntou, como devia. - E o seu? - perguntou Isolda
---- Ah Bom! Você tem um lindo nome. Cabe bem com a sua beleza que resplandece em plena noite. O meu é comum. Chamam-me de Severo. Meu nome por completo é José Severo, pois não - respondeu o jovem.
A moça sorriu, levemente, olhou o rapaz e lhe disse com ternura:
---- Nome lindo também. É casado? - perguntou Isolda.
---- Solteiro e sem compromisso. Não tenho namorada. E nem tive! - respondeu o jovem, fazendo um sorriso franco.
---- Ah bom. Um belo rapaz sem compromisso. - respondeu Isolda
---- É, sim. Sem compromisso. E voce, é noiva? - perguntou Severo
---- Não! Sem compromisso! Por que? O vestido? - retrucou Isolda.
---- É. O vestido. Bem podia ser uma noiva correndo em disparada por causa de uma "fera"! - disse Severo.
---- Não! Não sou! O traje é questão de gosto. Que achas? - perguntou Isolda
---- Um belo vestido para uma digna princesa! - respondeu Severo.
---- Você é gentil. Que princesa eu sou? - perguntou Isolda.
---- A Princesa de uma noite de verão! - respondeu Severo.
A moça sorriu alegremente, cheia de doce fragrancia que exalava de seu corpo, como uma linda borboleta que voava ao sentir o calor das lãmpadas de luz. Uma linda borboleta que procura ilusões na nostalgia de um salão.
---- Sabe? A cada instante você me inspira maior confiança. Não por que? - - sorriu Isolda
---- Dá-me o braço, pois a ladeira é íngreme, e assim estaremos mais amparados! - falou Severo
Em um instante, após olhar o rapaz com o seu sorriso franco, Isolda lhe deu o braço e ambos caminharam como duas aves solitárias descendo aquela imensa ladeira que só os que conseguem descer podem contar o sério perigo que se pode ter. Nesse instante, Isolda tocou de leve o rosto do rapaz e depositou um leve e suave beijo de amor. Com isso, o rapaz se sentiu lisogeado e lhe depositou nos lábios um outro beijo de reciprocidade. E ambos pararam da ladeira tracando beijos imortais de leve ternura e mais amparado afeto. As copas copiosas das árvores de ficus que guardavam os dois amantes, como que saudando aquele imenso amor, estremeçaram de alegria. As copas faziam como se dissessem "Halleluia". E o casal de namorado, agarradinho, descuidado teceram mil juras de amor.
O Canal do Baldo onde passava um riacho, tinha já no seu final a Usina da Companhia Força e Luz. Quem olhasse bem, notava ali os bondes que passavam por revisão e, mais à frente, uma espécie de um imenso jardim zunindo com um esguincho de água tempos sem fim Severo olhou para o jardim e nada comentou, pois estava bem longe do local. Isolda agarrava o braço do rapaz como se evitasse perde-lo a qualquer instante. O luar não existia, pois, no horizonte, caía uma tenra e serena lua em minguante igual uma Lilith. O casal de namorados subia a estrada e, por vez, Severo perguntou a Isolda:
---- Você mora aqui perto? - falou Severo
---- Sim. Bem ali -respondeu Isolda
Bem ali ela dissera, antes. Mas o "bem ali" deveria ser em algum canto. Severo não entendeu muito bem, e não mais perguntou onde era esse "bem ali". No caminhar, ele aproveitou para enchê-la de beijos, acariciando o seu pescoço deixando a jovem em êxtase como se tudo o que fizera outro nenhum nunca fez. A cada beijo que lhe dava, assumia pelo corpo inteiro da jovem um aroma de um perfume meigo igual aos perfumes orientais de que ele ouvira tanto falar. Foram carícias supremas as que depositara no corpo da angelical amada da noite. E ela ansiava por todos os locais, cujo torpor nunca d'antes lhe mergulhara. As carnes dos dois se encandeciam a cada instante de calor errante. A Igreja de São Pedro estava ao lado e eles passavam em uma padaria que existia alí e, naquele tempo, trabalhava nos pães frescos que o padeiro entregaria logo mais. O casal não se importou com coisa alguma daquilo. Rumaram pela eestreita calçada do Cemitério do Alecrim. Aos beijos, nada importava a Severo. Ele somente queria beijar aquela doce criatura que encontrara naquelas horas em uma estreita e pequena rua da cidade. Para Severo, tudo se consumava em um delicado beijo. Foi aí que a moça falou ligeiramente:
---- Chegamos! Moro aqui.! - disse Isolda
E num imenso ósculo, pressionando seus lábios sobre os do seu namorado, ela partiu, subindo os degraus do batente que dava para um portão de ferro, e entrou, sem tocar em coisa alguma, desaparecendo em meio aos túmulos que se plantava no caminho do campo-santo. O homem, por um instante seguiu a moça e num derradeiro momento acordou do seu torpor. Um calafrio lhe despertou o corpo fazendo com que Severo assumisse a razão e gritasse como em um sonho. Dali, gritando e uivando, saiu ele a correr até ao fim da longa rua, onde estava aberto Bar Quintandinha. Sem forças, exasto, ele com toda sua compulsão que lhe restava, soltou um berro e caiu ao chão, desacordado.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 253

ISTO É CARNAVAL
Isto é carnaval!!! Com dinheiro ou sem dinheiro, meu amor, eu brinco!!! Eu estou relembrando os antigos - não, "velhos", como diz uma marchinha - carnavais de Natal, por excelencia. Nos anos "dourados" de 1950 se pulava a folia de qualquer forma. Eu lembro de Zé Areias, todo sujo de farinha de trigo, confetis, serpentinas, chapeu de palha emplumado, calças curtas, chinelos e o rosto completamente pintado de rouge, baton - nos lábios - camisa aberta aos peitos, mostrando seus volumosos mamilos que ele fazia questão de espremer onde estava ou chegava. E todos os que estavam presente, sorriam às pampas. "Olha o Zé Areia, Olha lá!!!", gritavam os mais afoitos para chamar mais de perto o "velho" boêmio que estava a sambar com toda a sua leveza de um homem de um corpo bem gorducho, mais que um Rei Momo e menos que um glutão. No tempo de 1920, o carnaval era mais tranquilo, com desfiles pela Avenida Tavares de Lyra, Rua Chile, Cais do Porto, Esplanada Silva Jardim, Rua Duque de Caxias e, voltando pela Avenida Tavares de Lyra. Uns poucos carros faziam o chamado corso, com seus proprietários conduzindo o veículo e ao lado, a esposa, emplumada à rigor e atras, as belas meninas, tres ou quatro, fazendo mesuras para os foliões da época. Nesse tempo, tinha seu Yoyo, que não era o Rei Momo, mas fazia a vez de um rei sem coroa e sem rainha, sem págens nem, carruagens, sem mordomos e ninguem para beijar-lhe os pés. Não importava-se, pois Yoyo era o rei que ele imaginava. No carnaval de Zé Areias, ele pulava (como, "pulava", se ele era gordo?) e brincava e o pandeiro era quem sortia o ritmo e Zé nem se importava com o fracasso do palhaço. Certa vez, eu vi Zé Areias na Avenida Rio Branco, sendo conduzido por dois ou três "vassalos", acompanhado o ritimo, mostrando seus exuberantes peitos, sem mascaras porém todo pintado da cabeça aos pés. O folião sorria a velas soltas com as peripércias do Zé que nem ligava aos que faziam fila e caminhava em frente, cantando e pulando ao seu jeito com todo o imenso corpanzil desarrumado. Nos bares do barro Ribeira, Zé Areias fazia a festa para o agrado de todos. Se alguém pergundasse a ele quem o estava a patrocinar, na certa levaria um jato de pó de arroz na cara, pois ninguêm patrocinaria a sua alegria de viver. Enfim, Zé Areias era o primeiro e único, igual aos outros que brincavam, sem corôa e sem dinheiro. Com a chegada do carnaval, tem gente que estravasa nas suas alegorias ou mesmo trejeitos, aproveitando a festa momesca para abusar de sua condição de ser apenas um ser macho. Estes fazem de tudo para depois dizer: "É Carnaval.!!!!".
O carnaval é considerado uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo. Tem sua orígem no entrudo português, onde, no passado, as pessoas jogavam uma nas outras, água, ovos, farinha e bosta mesmo. O entrudo acontecia num periodo anterior a quaresmae, portanto, tinha um significado ligado à liberdade. Este sentido permanece até os dias de hoje no Carnaval. O entrudo chegou ao Brasil por volta do século XVII e foi influenciado pelas festas carnavalescas que aconteciam na Europa. Em países como a Itália e França, o carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias. Personagens como a colombina, o pierrô e o Rei Momo também foram incorporados ao carnaval brasileiro, embora sejam de origem européia. No Brasil, no final do século XIX, começam a aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos "corsos". Estes últimos, tornaram-se mais populares no começo do século XX. As pessoas se fantasiavam, decoravam os seus carros e, em grupo, desfilavam pelas ruas das cidades. Está a origem dos carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais. O carnaval de rua manteve suas tradições originais na região Nordeste. Em cidades como Natal, Recife e Olinda, as pessoas saem às ruas durante o carnaval no ritmo do frevo e do maracatú. Dona Isabel, mais conhecida por Bebé, dona de um bar no bairro da Ribeira, costumava dizer que o carnaval bem que podia durar o ano todo. No bar de Bebé frequentavam as mais célebres intelectualidades de Natal, para se fazer na orgia que o Rei Momo mandava.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 252

CARAVELA
Antes da "descoberta" de Natal pelos portugueses, havia nesta cidade caravanas de corsáros fazendo contrabando, principalmente de pau-brasil e muitas outras madeiras, além de pássaros silvestres e de até mesmo de tabaco. Para tanto os corsários, na totalidade, franceses firmaram um acordo com o povo índio recebendo o que queriam e. em troca, presentes como espelhos, tintas além de outros objetos sem valor. Para os indiginas, aqueles "presentes" eram coisa de suma importância para eles. Para os franceses, não valia nada. Dentre os corsário que por esses lados estiveram, estava Jacques Riffault que, com o passar do tempo o local onde ele ancorava a sua nau passou a ser chamado de Refole ou mesmo Rifole. Esse homem negociou madeiras, como o pau brasil, que existia em abundância na margem esquerda do rio Potengi e, principalmente pelo lado direito onde havia a chamada Mata Atlântica. Os corsários levaram madeiras daqui, do Rio Grande do Norte até ao Rio de Janeiro. Jacques Riffault foi um deles.Em termos de expansão marítima, os franceses, mesmo perdendo a corrida, buscaram terras sem colonização para poder explorar. O Tratado de Tordesilhas, assinado por Portugal e Espanha, não era respeitado pela França. Os corsários recebiam apoio do governo francês, com financiamento, para explorar as riquesas das Américas. É tanto que Jacques Riffault, depois de Natal foi para São Luis, no Maranhão. Em Natal, a boa amizade que Riffault tratava com os índios, dava-se à falta de colonização efetiva do território. É tanto que a denominação Riffault perdura até hoje sendo que se chama então de Refole, onde está, nos dias atuais, a Base Naval de Natal. E com os contatos entre europeus e potiguares surgiu, então, a miscigenação da raça potiguar bem a de outros lugares por onde os europeus passaram. Eram europeus da Normandia e da Bretanha que andavam em íntima promiscuidade com grupos indigenas, de modo especial, as mulheres índias. Um mapa francês datado de 1579 identifica a terra do Rio Grande do Norte. Nele, se identifica acidentes geográficos, das tribos e de produtos economicos. Desse modo, fica provado que os franceses tinham maiores conhecimentos dessa terra que os próprios portugueses. Porém, so no final do século XVI os portugueses se armaram e expulsaram os franceses de Natal que nem tinha ainda esse nome. O nome de Natal só veio com a sua "descoberta", em 25 de dezembro de 1599 que, por coincidencia, o território foi tomado e sendo o dia 25 de dezembro um Natal, o que estaria por a cidade também seria Natal, em homenagem ao nascimento de Jesus. Dai por diante, os portugueses iniciaram a construção do Forte que levou o nome dos Tres Reis Magos. Com a retomada do Rio Grande, que já se fazia até no interior do Estado, Portugal passou a também perseguir os franceses do territorio do Maranhão.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 251 - CANTORES DE DEUS


OS CANTORES DE DEUS
Em uma de suas viagens pelo Brasil, chegando a um show, numa faixa de divulgação estava
escrito: Show com Pe.Zezinho, scj e os Cantores de Deus. E em 1.995 Pe. Zezinho, scj
lançava seu LP/CD: Quando a gente encontra Deus! No verso desse trabalho havia um
desenho de alguns jovens intitulados: Cantores de Deus! Foi aí que começou nossa história!
Dalva Tenório, Luan, Vanessa e Suely Ferreira cada um com sua história se aproximaram de
Pe.Zezinho, scj. Começaram a viajar com ele, e logo veio Karla Fioravante que integrou o
grupo e a partir daí: “OS CANTORES DE DEUS”.
Durante 6 anos esses jovens, unidos gravaram: Em verso e em canção (1998), que também
houve a versão em espanhol com a tournée na Europa (Espanha e Portugal - 1999), Iguais
(2000) e De olho no mundo (2002). A partir de 2003 o grupo Cantores de Deus foi
reestruturado com a mudança de Luan e Vanessa para os EUA, onde deram continuidade à
música católica fora do país! Integra ao grupo Robson Jr., e em 2004 com a saída de Suely
Ferreira, veio somar Andréia Zanardi!
O grupo Cantores de Deus também apresentou o programa PALAVRAS QUE NÃO PASSAM,
que era exibido pela Rede Vida de Televisão no período de Julho de 2000 até Fevereiro de
2002, juntamente com Pe. José Fernandes de Oliveira (Pe.Zezinho,scj). E tão logo ganharam
um programa próprio intitulado UNIVERSO EM CANÇÁO, exibido também pela Rede Vida de
Televisão, todos os sábados 19h, com reprise aos domingos 10h com o objetivo de divulgar os
grupos ou solistas que evangelizam através da música, levando um conteúdo às famílias.
Os quatro jovens: Dalva Tenório, Karla Fioravante, Andréia Zanardi e Robson Júnior gravaram
em 2004 o CD Nas ruas do país, apresentando a nova formação.
No mesmo ano (2004) o Grupo Cantores de Deus recebe da Gravadora Paulinas
COMEP, Disco de ouro duplo pela vendagem dos CD’s: Em verso e em canção e Iguais.
Em dezembro de 2006 o grupo perde o integrante Robson Jr., e as três integrantes, firmes ao
SIM da evangelização permanecem fiéis àquilo que se propuseram!
Em 2007, completam 10 anos de música católica e brindam com o CD Nossa História que
conta com a participação dos ex-integrantes do grupo!
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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 250

DIA DO REPÓRTER
A passagem hoje do Dia do Repórter - segundo consta do calendário brasileiro de eventos - é a oportunidade de cumprimentar esse profissional responsável pela elaboração das notícias que são veiculadas em jornais, revistas, programas jornalísticos de rádio e televisão e mais recentemente para os sites de conteúdo informativo, incluindo blogs. Para ser repórter, é necessário primeiramente cursar Faculdade de Jornalismo, o fato que me faz voltar no tempo, para lembrar a formatura ocorrida há 30 anos, da "Turma Berilo Wanderley", da UFRN. Era a primeira formada integralmente na Universidade Federal, após a absorção do curso, antes ministrado pela Faculdade de Jornalista "Eloy de Souza", da Fundação José Augusto. Foi lá, até em sinal de reconhecimento, que em 14 de dezembro 1979 ocorreu no Salão dos Grandes Atos, a aula da saudade, antecedendo a colação de grau no dia seguinte, na Praça Cívica do Campus Universitário, hoje denominada de concha acústica. Aula ministrada pelo professor José Bezerra Marinho e eu - representando os colegas. Sobre o homenageado fazia uma referência especial. "Para ele - dizia - a saudade maior. O eco inesquecível dos seus ensinamentos. Como numa tela imaginária, vemos passar as imagens de Charles Chaplin, ou do filme "O Encouraçado Potenkim", marco do cinema político, descrito e admirado pelo professor Berilo Wanderley. E aduzia, citando Ortega y Gasset - "Se o gênero humano fosse chamado a enviar aos habitantes de outra raça planetária o representante típico e exemplar do nosso Planeta, a quem pudesse escolher - o eleito seria um poeta. Segundo ele, não sendo escravo de nenhum tempo, ele é o senhor de todos os tempos". Na homenagem, avocamos uma mensagem que o professor Berilo Wanderley - falecido quatro meses antes, dia 20 de julho de 1979 - havia dirigido à turma de 1974 e que adaptada, cinco anos depois, ficava assim: "Lá se vão 29 companheiros de quatro anos de jornadear através de aulas, conceitos, teorias, jornais-laboratórios, experiências fascinantes de vida. Lá se vão. Eles se espalharão, se distanciarão, enveredarão pelas redações dos jornais, se adaptarão com o cheiro das tintas gráficas, o rumo das manchetes, criarão imagens vivas daqueles conceitos e teorias aprendidas na Casa. Outros abrirão outras portas, percorrerão outras salas de trabalho, mas nunca esquecidos das lições que aqui receberam, dos livros que aqui percorreram, dos professores que aqui escutaram. Lá se vão 29 companheiros. Durante quatro anos cultivaram nesta Escola as lições que ensinam que o Jornalismo é a mais bela e mais ousada opção para o homem do nosso tempo, que ama cavar a verdade, arrancá-la da terra e do coração dos homens; extraí-la do sangue das guerras e do suave sopro da paz e transformá-la em obra gráfica impressa para informar, tornando mais próximo o homem da Rua Soledade, em Natal, do homem da Rua do Gato que Pesca em Paris. O homem da esquina de Bangkok, do homem da esquina de São José de Mipibu. Nesta casa, aprenderam que Liberdade - essa palavra fugidia e tão buscada pelo homem de todos os recantos do mundo - encontra na imprensa o seu bastião de defesa, sua moradia impenetrável, que nem a bombas que "mente e sorri sem dente" e vai a todas as conferências e senta-se de todos os lados, consegue destruir. Nesta casa - concluía Berilo e repetíamos na aula da saudade - aprenderam que, através da Imprensa, os homens podem se tornar mais solidários, menos solitários; mais irmãos, menos esquivos; mais companheiros, menos desunidos. Os 30 anos da formatura deverão ser comemorados. E a iniciativa deve partir da maioria, pois foi nesse ano que as mulheres consolidaram a hegemonia nessa área: eram 15 a 14 - Arizela Cunha, Diana Maria Campos Nunes, Eliana Maria Tavares de Lima, Francisca das Chagas Cruz, Francisca Sirleidey Pereira, Grácia Maria Figueiredo de Farias, Lígia Maria da Silva, Maria Auxiliadora de Azevedo, Maria Auxiliadora Pinheiro, Maria das Graças Freire de Souza Santos, Maria de Fátima Fernandes, Maria Rosilda da Conceição, Miriam Moema Filgueira Pinheiro, Uilma Maria de Carvalho e Vânia Maria Marinho Fagundes. Éramos somente 14: Arnilton Cavalcanti Montenegro, Claudionor de Oliveira, Edmo Amorim das Virgens, Erivaldo Pinheiro Pinto, Francisco Lopes da Costa, João Batista Silva Júnior, José Aécio Avelino Costa, José Djalma do Nascimento, José Edvaldo Guimarães de Farias, José Flamínio de Oliveira, Roberto Luiz Ribeiro Viana, Rômulo Batista Nunes, Túlio Maurício de Sena Fernandes, e o orador que vos fala. (*) Wellington Medeiros

domingo, 15 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 249

SANTO PADRE PIO XII
Era o mês de janeiro do ano de 1956. Princípio do mês. O dia era um sábado. Paulo Campelo havia me chamado uns dias antes para nós irmos a uma reunião da JOC, negócio que me entusiasmou bastante apesar do nome - JOC - me soar estranho. Mesmo assim, Paulo disse que eu iria gostar, pois, se eu já estava a trabalhar no comércio, então, valeria a pena ir para essa tal de JOC, um movimento novo, em Natal, de jovens entusiastas e, todos eles, cristãos. Católicos. Chegou o sábado e lá estava eu, com as mãos suando, porém alegre, a esperar Paulo, o seu irmão Pedro, o seu amigo Chico, e outros rapazes para irmos à tarde, à reunião desse movimento. Eu cheguei com Paulo e os seus amigos, por volta das três horas da tarde e lá entrei em um prédio que se dizia ser o inicio da nova Catedral de Natal. Uma sala ampla, repleta de cadeiras formando um círculo bem acentuado, com vários jovens já sentados, conversando sobre coisas que eu nem sequer entendia. Paulo comprimentou a todos e a um mais velho da turma que ele me apresentou como sendo JBOliveira. Eu, ainda, acanhado, o cumprimentei e, de imediato procurei uma cadeira para me sentar, de preferência junto a Paulo ou a Pedro. Em instantes, o jovem mais velho que nós, JBOliveira começou a falar para os novatos que eu fiquei sabendo ser "simpatizantes" sobre a história da tal JOC. De minha parte, eu só fazia ouvir. Uns dez minutos depois, entrou na sala um outro rapaz, um tanto carancudo, e que levou uma bronca por estar atrazado para o encontro dos sábados. O rapaz, um tanto gago ou mesmo por falar daquele jeito, se desculpou, dizendo que saíra tarde do emprego, fora almoçar e só então conseguira chegar para a reunião dos jocistas. Então, o caso tomou outro rumo, pois fiquei sabendo que o rapaz era o presidente do movimento e o tal de JBOliveira era o secretário. Fomos apresentado ao rapaz, cujo seu nome era Arlindo de Melo Freire. Eu o olhei, desconfiado. Mesmo assim, Arlindo começou a falar de um encontro que seria realizado durante o período do Carnaval, no Abrigo dos Velhos - Abrigo Juvino Barreto -. Ele falou esperar que todos os presentes pudessem comparecer a esse encontro, um tipo de 'recolhimento', que se passaria durante todo o período carnavalesco. Houve uma ovação. Todos os jovens presentes se comprometeram em ir ao retiro, mesmo aqueles que trabalhavam nos dias de carnaval, como era o caso de um rapaz, de nome Hugo. Outros disseram que só poderiam ir dormir no final do sábado quando começaria o retiro. Arlindo falou, então, do valor que nós teriamos que pagar. Eu já nem sei quanto era. Mas, no dia, fiz as contas e ajustei que daria para pagar. Tinha um caso: E que não trabalhasse naquele tempo?. Arlindo explicou que, para esses, haveria uma rserva especial. E eu me lembrei de chamar um meu amigo, Aloísio, pois, certamente, ele gostaria de estar presente ao retiro, apesar de suas tias - de criação - fazerem "cara feia" em deixá-lo ir. Isso se deu mais à frente, no outro sábado, quando o convidei a participar da reunião da Juventude Operária Católica, a JOC. Vencidas as batalhas, passados os sábados, chegou o carnaval. E nós, então - pelo menos, eu - já um tanto sabidos dos direitos e deveres do empregado do comércio, estavamos reunidos no prédio da Catedral, no período da tarde de um sábado, partimos para o nosso retiro, acompanhados da chamada JOC-F, que era o movimento das moças. No Abrigo dos Velhos, passamos dias de orações e de lazer, principalmente à noite, quando era aberta a parte do divertimento, em meio aos homens e mulheres idosas, que gostavam, a valer dos papeis que nós apresentavamos. Foram passados os dias de carnaval, com pregações por parte dos sacerdotes - o padre Raimundo Menezes Brasil e o Padre José Luís - e de lazer, sempre à noite, por nós, brincando e fazendo imitações de médicos, sapateiros, alfaiates e tantos mais. Foi o nosso primeiro carnaval do retiro que nos fez bem. Daí em diante, foram dias de labor, viagens e palestras em todos os bairros de Natal, formando núcleos da JOC, aumentando o seu poder de ajudar aos jovens trabalhadores a se organizar para a verdadeira luta. A JOC foi criada na Bélgica, pelo Padre Joseph Cardjin, em 1925, para reunir jovens filhos de trabalhadores das minas de carvão, orientá-los e capacitá-los para o seu futuro. Cardjin tinha o objetivo de levar o seu movimento aos diversos países do mundo. Em 1935, a JOC chegou ao Brasil, pelos Estados do Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul e outros mais. Com a deflagração da II Guerra Mundial, o movimento paralizou um pouco. Em 1946, a JOC retomou as suas atividades e depois de 1950, ela chegou a Natal. Era um movimento valente, dando orígem à JAC - jovens agrários - a JEC - jovens estudantes - a JIC - jovens independentes - a JUC - jovens universitários. Com o passar do tempo, a JOC fez uma grande perigrinação à Roma, indo representantes de todos os Estados do Brasil, inclusive Natal, com João Batista de Oliveira, O JBOliveira, Alda Leda de Melo Freire, representado a JOC Feminina e o Padre Raimundo Brasil, como Assistente Espiritual. Foi, naquela época, em 1957, no dia 24 de agosto, um movimento colossal, apresentando ao Sumo Pontíce o Papa Pio XII, o que era, na verdade, a JOC em todo o mundo, com uma encenação de cada povo mostrando o seu meio de trabalho e como se fazia para poder cumpri-lo "Se tiverdes fé, ireis à conquista do mundo", disse o Monsenhor Cardjin. Ele esteve em Natal, antes da JOC enviar seus representantes à Roma, para ver de perto o que se estava a fazer. Pele clara, cabelos brancos, porte um tanto alto, Joseph Cardjin mostrou-se alegre com a juventude de Natal e, quando partiu, disse: "Até Roma".

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 248 -

ONIBUS DE NATAL
Ora vejam só!!! Em 1946, um ano depois da Segunda Guerra Mundial, em Natal (Rn) já circulava um ônibus fazendo a linha Rocas-Quintas. Isso é de admirar porque o Bonde ainda estava à todo vapor nesse tempo, vindo a sumir em 1956. Porém, quando o Bonde deixou de circular em suas linhas da Ribeira, Cidade, Alecrim, Lagoa Seca, Tirol e Petrópolis era porque, por esse tempo já havia os "caras-curtas", ônibus de fabricação da FNM, circulando pela cidade. Mesmo assim, a Companhia Força e Luz Nordeste do Brasil, acabara ou estava acabando o seu contrato com o Governo. Porém, sabe-se que até 1970 ainda havia luz eletrica nos postes das ruas, quase apagando. Em 1960, já era tempo de desligar rádios, geladeiras e outros coisas que utilizavam a energia elétrica, porque a luz nao dava mais para acender. Mesmo assim, nas ruas que levavam desde as Rocas até as Quintas, já circulavam carros, modelo Ford, comendo óleo cru, cara cumprida, fazendo a linha desde 1946. As Quintas eram um sonho. Poucas casas, quase nenhuma rua, um hospital para o trato dos portadores de tuberculose. Já no fim daquilo que se chamaria bairro com o decorrer do tempo, bem mais além, tinha o Leprosário de Natal. Uma região que não havia casa de jeito nenhum, pois o que se sabia era que a doença pegava mesmo com o vento. Quem era morador do Leprosário, não saia jamais dos seus cubículos, casa mal-assombrada e quem prestava serviço alí, era outro morador daquela casa, pois nem hospital seria desse modo. Carros vinham do interior, passando por longe, na estrada que levava à Peixe-Boi, um arremedo de casebres feitos de palha. E seguiam até encontrar o terminal que seria de ônibus. Então, se estava nas Quintas. Esse nome provem de um local pedido em sesmaria por um português que pagava um quinto do que lhe rendia a safra todos os finais de ano. De quinto ficou Quintas. Com o tempo, toda a região foi tomada por outros criadores e fazendeiros. Eles eram donos das terras e com o passar do tempo, foi se firmando até chegar ao que em 1946 era chamada de Quintas. Mesmo assim, antes de ser o que era chamada, podia-se dizer que o local também era conhecido como a Tração, pois em frente à Base Naval os trens faziam a tração, engatando os carros para voltar à Ribeira, de onde partiam com destino ao Recife (Pe). Por isso, antes de ser Quintas, o bairro se chamava de Tração. Porém, a tração findou com o término dos trens, e as Quintas tomou lugar definitivamente. E o ônibus Rocas-Quintas conquistou o seu espaço, apesar de ter que enfrentar, nas Rocas, um grande lamaçal quando a maré estava cheia.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 247

REDINHA
No ano de 1852, a Câmara Municipal de Natal (Rn) proíbe a construção de casas cobertas de palhas, capim ou junco nas principais ruas da Cidade. Isso faz lembrar que, naqueles longos ídos da nossa história havia no Centro da Capital, bem próximo ao que seria o predio da Prefeitura Municipal do Natal uma artéria que era conhecida por Rua da Palha. No mínimo, ali havia casebres feitos de pau a pique e cobertos com palha possivelmente de coqueiro. Depois de cem anos, casas cobertas de palha continuavam a se fazer nos arrabaldes da cidade, como por exemplo, Tirol, Petrópolis, Lagoa Seca, Quintas e Carrasco sem se contar com os casebres armados na chamada Avenida 15, no canto do morro, depois do Tirol. Isso mostra que a proibição não pegou de um modo geral. E se contar nos dedos, ainda hoje se encontra casebres de palha feitos na cidade. Um tempo desse, uma praia de pelíssima paisagem tinha para mostrar os seus casebres de palha cobertos igualmente de palha. Essa praia era a Redinha, hoje o expledor da nossa história com, até, ponte ligando à praia à cidade. Casas? Muito caras !! Coisa de até 150 mil reais. No tempo dos anos de 1930, quando a praia mal existia, somente casas de palha quase aterradas, por conta da ventania que sobrava do mar. Isso, ainda hoje tem.Para se chegar na Redinha, havia apenas um beco onde se podia ver a capela toda branca, de portas fechadas. Alí, só havia missa nos fins de semana ou a cada 15 dias, pois o padre que atendia aos fiéis era o mesmo que rezava missa em Igapó e, mais para frente, em Extremoz.Era uma andada e tanto que aquele padre da Irmandade do Bom Jesus tinha que fazer todos os finais de semana. Quase sempre, um fiel lhe arranjava um jerico para que o sacerdote pudesse alcançar a sua freguesia que ficava muito além. Atravessava-se o rio de bote. E era assim que o padre "José Velhinho" fazia aos finais de semana. O predio do mercado público era uma palhoça quase toda enterrada no chão por conta da areia vinda da encosta do mar, lá bem defronte ao Forte dos Reis Magos, como ainda hoje sofre com essa invasão das dunas. Alí, se alguém falasse em trem, em bonde e até mesmo em ônibus, todos - e era pouca gente que alí habitava - lhes chamavam de "doido". pois dessas coisas ninguém ouvia falar. O que se tinha para viver, era peixe. Disso, todos sabiam. Maré cheia, maré seca, força da lua, ventania, mar brabo, tudo isso qualquer pescador sabia dizer de cor e salteado. Peixe, os mais variados tipos: pargo, galo-do-alto, cioba, cação e o mais temido de todos: o tubarão. Quando vinha uma maré forte, trazia sargaço, um mato que dá no mar e que vem parar na terra trazendo folhas, pedaços de paus e até mesmo as temidas caravelas, que fazem tremendas queimaduras pelo corpo de quem por elas é apanhado. Essa era a Redinha do tempo antigo, sem tirar e nem botar. Casas feitas de barro, coberta de palha. O que se dizia por lá, de não poder cobrir casas daquele jeito, o pescador roncava um pouco, cuspia de lado e por fim dizia: "Não paga a pena".

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - CARMEN - 100 ANOS

100 ANOS SEM CARMEN
Carmen Miranda, pseudônimo de Maria do Carmo Miranda da Cunha, nascida em Varzea da Ovelha, Portugal, a 9 de fevereiro de 1909. Foi uma cantora e atriz luso-brasileira. Sua carreira artística transcorreu no Brasil e Estados Unidos entre as décadas de 1930 a 1950. Trabalhou no rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão. Chegou a receber o maior salário até então pago a uma mulher nos Estados Unidos. Seu estilo eclético faz com que seja considerada precursora do tropicalismo, movimento cultural brasileiro surgido no final da década de 1960.
Carmen Miranda era a segunda filha do barbeiro José Maria Pinto Cunha (1887-1938) e de Maria Emília Miranda (1886-1971). Ganhou o apelido de Carmen no Brasil, graças ao gosto que seu pai tinha por óperas. Pouco depois do seu nascimento, seu pai, José Maria, emigrou para o Brasil, onde se instalou no Rio de Janeiro. Em 1910, sua mãe, Maria Emília seguiu o marido, acompanhada da filha mais velha, Olínda, e de Carmen, que tinha menos de um ano de idade. Carmen nunca voltou à sua terra natal, o que não impediu que a Camara do Concelho de Marco de Canaveses desse seu nome ao museu municipal.
No Rio de Janeiro, seu pai abriu um salão de barbeiro na rua da Misericórdia, número 70, em sociedade com um conterrâneo. A família estabeleceu-se no sobrado acima do salão. Mais tarde mudaram-se para a rua Joaquim Silva, número 53, na Lapa. No Brasil, nasceram outros quatro filhos do casal: Amaro (1911), Cacília (1913), Aurora (1915) e Oscar (1916). Carmen estudou na escola de freiras Santa Teresa, na rua da Lapa, número 24. Teve o seu primeiro emprego aos 14 anos numa loja de gravatas, e depois numa chapelaria. Contam que foi despedida por passar o tempo cantando, mas seu biógrafo Ruy Castro diz que ela cantava por influência de sua irmã mais velha, Olinda, e que assim atraía clientes. Nesta época, a sua família deixou a Lapa e passou a residir num sobrado na Travessa do Comércio, número 13. Em 1925, Olinda, acometida de tuberculose, voltou a Portugal para tratamento, onde permaneceu até a sua morte em 1931. Para complementar a renda familiar, sua mãe passou a administrar uma pensão doméstica que servia refeições para empregados do comércio.
Em 1926, Carmen, que tentava ser artista, apareceu , incógnita em uma fotografia na seção de cinema do jornalista Pedro Lima da revista Selecta. Em 1929, foi apresentada ao compositor Josué de Barros que encantado com seu talento passou a promovê-la em editoras e teatros. No mesmo ano, , gravou na editora alemã Brunswick, os primeiros discos com o samba "Não Vá Sim'bora" e o choro "Se o Samba é Moda". Pela gravadora Victor, gravou "Triste Jandáia" e "Dona Balbina".
INICIO:
O grande sucesso veio a partir de 1930, quando gravou a marcha "Pra Vocè Gostar de Mim" ("Taí") de Joubert de Carvalho. Antes do fim do ano, já era apontada pelo jornal O País como a maior cantora brasileira. Em 1933 ajudou a lançar a irmã Aurora na carreira artística. No mesmo ano, assinou um contrato de dois anos com a rádio Mayrink Veiga para ganhar dois contos de réis por mês. Foi a primeira cantora de rádio a merecer contrato, quando a praxe era o cachê por participação. Logo recebeu o apelido de "Cantora do It". Em 30 de outubro realizou sua primeira turnê internacional, apresentando-se em Buenos Ayres. Voltou à Argentina no ano seguinte para uma temporada de um mês na Rádio Belgrano.
CINEMA:
Em 20 de janeiro de 1936, estreou o filme "Alô, Alô Carnaval" com a famosa cena em que ela e Aurora Miranda cantam "Cantoras do Rádio". No mesmo ano, as duas irmãs passaram a integrar o elenco do Cassino da Urca, de propriedade de Joaquim Rolla. A partir de então as duas irmãs se dividiram entre o palco do cassino e excursões frequentes pelo Brasil e Argentina. Depois de uma apresentação para o astro de Hollywood Tyrone Power em 1938, aventou-se a possibilidade de uma carreira nos Estados Unidos. Carmen recebia o fabuloso salário de 30 contos de réis mensais no Cassino da Urca e não se interessou pela idéia.
Em 1939, o empresário americano Lee Shubert e a atriz Sonja Henie assistiram ao espetáculo de Carmen no Cassino da Urca. Depois de um espetáculo no transatlântico Normandie, Carmen assinou contrato com o empresário. A execução do contrato não foi imediata, pois a cantora fazia questão de levar o grupo musical Bando da Lua para a acompanhar , mas o empresário estava apenas interessado em Carmen. Depois de voltar para os Estados Unidos, Shubert aceitou a vinda do Bando da Lua. Carmen partiu no navio Uruguai em 4 de maio de 1939, às vesperas da Segunda Guerra Mundial.
CONSAGRAÇÃO:
Em 29 de maio de 1939 Carmen estreou no espetáculo musical "Streets of Paris", em Boston, com êxito estrondoso de público e crítica. As suas participações teatrais tornaram-se cada vez mais famosas. Em 5 de março de 1940, fez uma apresentação perante o presidente Franklin D. Roosevelt durante um banquete na Casa Branca. Em 10 de julho de 1940 retornou ao Brasil, onde foi acolhida com enorme ovação pelo povo carioca. No entanto, em uma apresentação no Cassino da Urca com a presença de políticos importantes do Estado Novo, foi apupada pelos que a consideravam "americanizada". Entre seus críticos havia muitos que eram simpatizantes de correntes políticas contrárias aos Estados Unidos. Dois meses depois, no mesmo palco, Carmen foi aplaudida entusiasticamente por uma platéia comum. No mesmo mês gravou seus últimos discos no Brasil, onde respondeu com humor às acusações de ter esquecido o Brasil e ter-se "americanizado". Em 3 de outubro, voltou aos Estados Unidos e gravou a marca de seus sapatos e mãos na Calçada da Fama do Teatro Chinês de Los Angeles.
No início de agosto de 1955, Carmen gravou uma participação especial no programa televisivo do comediante Jimmy Durante. Durante um número de dança, sofreu um ligeiro desmaio, desequilibrou-se e foi amparada por Durante. Recuperou-se e terminou o número. Na mesma noite, recebeu amigos em sua residência em Beverly Hills. Por volta de duas horas da mnhã Carmen subiu para o seu quarto para dormir. Acendeu um cigarro, vestiu um robe, retirou a maquiagem e caminhou em direção à cama com um pequeno espelho à mão. Um colápso cardíaco fulminante derrubou-a morta sobre o chão. Seu corpo foi encontrado pela empregada na mesma noite/madrugada. Carmen Miranda estava com 46 anos de idade, morrendo no dia 5 de agosto de 1955. Em 12 de agosto de 1955, seu corpo embalsamado desembarcou de um avião no Rio de Janeiro. Seu velório foi no saguão da Camara Municipal. O cortejo funebre até o Cemitério São João Batista foi acompanhado por cerca de meio milhão de pessoas que cantavam em surdina, "Taí", um dos seus maiores sucessos.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 245

CARMEN MIRANDA


Talentosa, extrovertida, vibrante e generosa. Esses e outros tantos atributos fizeram de Carmen Miranda uma paixão nacional. A cantora começou a conquistar a fama em 1930 com a música Eu fiz tudo pra você gostar de mim, mais conhecida como Taí, de Joubert de Carvalho. A canção fez tanto sucesso que Carmen conquistou um feito sem precedentes: a marchinha sobreviveu à Quarta-Feira de Cinzas daquele ano e chegou ao ano de 1931 como o hit dos bailes carnavalescos. E essa era apenas uma palhinha do que estava por vir. "Se Carmen estivesse viva, ela seria talvez a Madonna, em matéria de poder, só que muito melhor como cantora", afirma Ruy Castro, autor do livro Carmen - uma biografia. "Não vejo ninguém por aqui hoje, nem em parte alguma, que chegue aos seus pés".» Veja mais fotos de Carmen Miranda Apesar de ter nascido em Portugal, no dia 9 de fevereiro de 1909, em Várzea da Ovelha, Carmem Miranda se transformou rapidamente em uma legítima brasileira. Com apenas dez meses e oito dias de vida, ela, a irmã mais velhaa, Olinda, e a mãe, Maria Emilia, atravessaram o Atlântico a bordo de um navio para encontrar o pai, José Maria, que havia se estabelecido no Rio de Janeiro e trabalhava como barbeiro.A família Miranda veio ao Brasil em busca de melhores condições de vida. Segunda filha de uma prole de cinco, Carmen foi influenciada desde muito cedo pela irmã mais velha. Olinda era uma moça que não perdia um bom baile de Carnaval por nada, tinha gosto apurado para se vestir impecavelmente e encantava a todos com seu ar de mulher eletrizante. Uma desilusão amorosa, porém, tirou o brilho de Olinda. Ela estava noiva de um rapaz, Feliciano, quando descobriu que o moço tinha engravidado outra mulher. Olinda defez o noivado e em pouco tempo ficou doente. Acabou morrendo por conta de uma tuberculose. "Parece cruel dizer isto, mas se Olinda não tivesse morrido, será que teríamos Carmen?", questiona Ruy Castro. "Olinda é que parecia que seria a Carmen Miranda", especula o autor. Ao contrário da irmã, Carmen não se deixava abalar pelas infidelidades do primeiro namorado, Mario Cunha, que tinha 24 anos e era oito anos mais velho do que ela quando começaram a relação. Carmen não resistiu ao charme daquele remador de 1,81m de altura, bonito e bronzeado, que adorava exibi-la para a sociedade carioca nos passeios pela Cinelândia e por outros points da década de 1920. Foi com ele que, aos 16 anos, a cantora deixou de ser virgem. Sobre o caso, Carmen declarou posteriormente que sentira "uma dorzinha de dente; culpa, nenhuma". Seja para apimentar a relação ou para dar broncas no namorado infiel, a cantora costumava enviar fotos com dedicatórias ousadas para Mario Cunha. "Eu te quero muito, meu Maridinho. Não quero que meu amorzinho pense que essa piquinininha deseja outra pessoa na vida. Eu só quero a ti, meu idolatrado maridinho. Meu minino, fostes tu o primeiro que me ensinastes a gozar a vida", escreveu Carmen em uma das fotos.Mas Carmen e Olinda tinham uma coisa em comum: ambas eram criativas e conseguiam fazer com que qualquer pedaço de pano se transformasse em uma peça da última moda. Essa característica acabou ajudando Carmen a encontrar seu primeiro emprego, ela trabalhava em um ateliê de chapéus. A engenhosidade em criar trajes exóticos também colaborou para que ela criasse as famosas sandálias com salto plataforma que passariam a ser uma marca registrada; tais sandálias também funcionavam como disfarce para a altura de Carmen, que media apenas 1,52m.Já os balagandãs (figas e amuletos de metais nobres e outros objetos que representavam pedidos e promessas feitas aos santos) surgiriam mais tarde para incrementar o figurino do filme Banana da Terra, de Wallace Downey , em 1938. Carmen começou a usar o traje típico das baianas após receber uma aula sobre as vestimentas da Bahia do jovem compositor Dorival Caymmi, autor da música O que é que a baiana tem, que era interpretada por Carmen.Na década de 1930, Carmen era a cantora mais aclamada pelo povo, mas foi no Cassino da Urca que ela conseguiu ainda mais fama e se tornou uma das mulheres mais influentes do país. E foi no Urca que o empresário americano Lee Shubert descobriu Carmen e decidiu levá-la para os Estados Unidos, onde estrearia na Broadway, em Nova York, com o espetáculo Streets of Paris, em 1939, cuja canção principal era South American Way.De imediato, Carmen conquistou a simpatia dos americanos. Por conta do sucesso, a cantora passou a ser bastante requisitada e começou a fazer vários shows em um só dia. Em pouco tempo, Carmen acumulou uma fortura, foi convidada para fazer cinema, comprou casa em Beverly Hills e trocou o frio de Nova York pelo calor da Califórnia. O problema que é que o excesso de trabalho não trouxe apenas benefícios. Logo após desembarcar nos Estados Unidos, Carmen passou a tomar remédios para conseguir se manter acordada, e outros comprimidos para conseguir dormir.Com tão pouco tempo livre, Carmen acabou conhecendo seu marido enquanto trabalhava. David Alfred Sebastian era assistente do produtor do longa-metragem Copacabana. Os dois se casaram no dia 17 de março de 1947. Após um ano e meio de casamento, a cantora parecia realizar seu maior sonho: tornar-se mãe. Mas por conta da saúde frágil, ela perdeu o bebê no começo da gestação e jamais voltou a engravidar.O matrimônio não foi uma experiência boa para Carmem. Sebastian não trabalhava, gastava o dinheiro da mulher como bem entendia e ainda destratava familiares e amigos que freqüentavam sua casa em Hollywood. Para agüentar tanto trabalho, Carmen continuava a tomar generosas doses de remédios. "Ninguém sabia na época os efeitos desastrosos que isso provocava no organismo. Nem os médicos", diz Ruy Castro. Bombardeada pela medicação, longe do Brasil e presa a um casamento falido, Carmen começou a ver sua estrela se apagar. Aos 46 anos, saiu de cena vítima de um infarto fulminante no dia 5 de agosto de 1955.Confira os melhores trechos da entrevista com Ruy Castro:Terra - Após O Anjo Pornográfico, sobre a vida de Nelson Rodrigues, e Estrela Solitária, a respeito de Garrincha, você contou a história de Carmen Miranda. Por que a escolheu para ser a personagem da sua terceira biografia?Ruy Castro - Porque quando o nome "Carmen Miranda" me piscou na cabeça, em fins de 2000, vi logo todas as possibilidades narrativas em torno dela. Além disso, eu tinha uma longa convivência com Carmen, por meio de seus discos e filmes, e do amor que meus pais tinham por ela desde os anos 1930.Terra - Carmen teria inventado que começou a cantar escondida do pai, mas tanto ele quanto a mãe da cantora sempre deram total apoio à carreira da filha. Por que ela teria feito isso? Ruy Castro - Para se valorizar. Os artistas vivem dizendo bobagens sobre si. Como ela poderia ter aquele fabuloso sucesso no Brasil sem que sua família soubesse? O que me espanta é ver como os repórteres compraram aquela versão absurda.Terra - Como uma mulher tão independente como ela se curvava às traições do primeiro amor, o remador Mario Cunha? Ruy Castro - Acho que as relações entre homem e mulher naquele tempo, mesmo entre uma mulher poderosa e um homem nem tanto, obrigavam as pessoas a agirem desta forma. Mas assim que amadureceu, Carmen chutou Mario e ele é que passou a andar com um cartão de visitas dizendo "Mario Cunha, ex-pequeno de Carmen Miranda".Terra - Ao pisar em solo americano, Carmen foi imediatamente reconhecida como uma comediante. Ela jamais conseguiu se livrar desse estigma assim como o de que falava inglês errado. Isso limitou sua carreira internacional?Ruy Castro - Não. Acho que ela viu que precisava fazer algumas adaptações. Todos os astros de Hollywood faziam concessões. John Wayne nunca se queixou por não poder interpretar Hamlet ou King Lear - estava satisfeito em ser um cáuboi, desde que o maior deles.Terra - Carmen sempre foi uma "mulher-família". Ela se sentia frustrada por não ser mãe?Ruy Castro - Nesse ponto, Carmem se sentiu frustrada sim. Ela não se contentava em ser Carmen Miranda - queria também ser mãe, vê se pode.Terra - Além de seus balagandãs, o que de tão especial Carmen tinha?Ruy Castro - A energia, a alegria, a vibração, a criatividade. Precisamos deixar um pouco de lado os balangandãs e nos concentrar no seu fabuloso talento como cantora brasileira.










sábado, 7 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 244

HEMOTERAPIA

AUTO-HEMOTERAPIA: NENHUMA LEI BRASILEIRA PROÍBE--- Walter Medeiros - A atitude drástica, injustificada e enviesada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, do Conselho Federal de Medicina - CFM e da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia – SBHH declarando proibida a auto-hemoterapia nos serviços de saúde do Brasil vem se tornado cada vez mais absurda. A cada dia cidadãos de credibilidade e competência a toda prova vêm se manifestando e mostrando ao Brasil que as autoridades da saúde estão na contra-mão da história, com suas decisões arbitrárias. Somente nos últimos dias alistamos três casos de manifestações importantes sobre auto-hemoterapia: o artigo “A prática da auto-hemoterapia no Brasil”, do Professor Douglas Carrara, Antropólogo; a série de artigos “Auto-Hemoterapia, Dr. Fleming e os antibióticos...”, do Dr. Jorge Martins Cardoso, Médico; e a matéria “Auto-hemoterapia: sem comprovação científica, técnica é aplicada em Araguari”, na qual o Dr. João Batista Caetano, Médico Hematologista diz que a ação de realizar a auto-hemoterapia não é ilegal.Depois de fazer uma exposição completa sobre a auto-hemtoerapia, o Professor Carrara afirma: “Para concluir, há que reclamar do descumprimento da missão primordial da ANVISA, que objetiva ‘proteger e promover a saúde da população garantindo a segurança sanitária de produtos e serviços e participando da construção de seu acesso.’”. Segundo o professor, “Além disso tal proibição impede as pessoas de realizarem a livre escolha dos serviços de saúde, infringindo o direito do consumidor (Lei 8078/90).”. Encerando, conclama: “Enfim convidamos os cidadãos brasileiros violentados em seu direito à saúde garantido pela Constituição Federal de 1988 a assinarem o abaixo assinado dirigido ao Presidente da República e ao Ministro da Saúde em http://www.abaixoassinado.org/assinaturas/assinar/736”.Em trecho de um dos seus brilhantes artigos, o Dr. Jorge Martins Cardoso assevera que “os médicos Dr. Jésse Teixeira, Dr. Olívio Martins e Dr. Luiz Moura afirmam que a auto-hemoterapia também regula o sistema nervoso autônomo, trazendo benefícios para a nossa saúde. Sendo assim, entre as terapias que podem atuar no sistema nervoso autônomo, dispomos: da acupuntura, da eletroacupuntura, da auto-hemoterapia, da homeopatia e da alopatia (drogas, remédios, fármacos, multinacionais, etc.). (...) Todavia, por enquanto, focalizemos nosso microscópio óptico nessas terapias, conquanto, exceto a auto-hemoterapia e a eletroacupuntura, as demais já são do conhecimento público.” Então ele indaga: “Pensado no seu bolso, no meu bolso, no nosso bolso, qual a terapia mais barata, a de menor custo? E, pensando na sua saúde, na minha saúde, na nossa saúde, qual a terapia mais eficaz e menos nociva?” E explica: “Pois é, simpáticos leitores e muito simpáticas leitoras. É só pensar e escolher, conscientemente, livremente e por que não dizer, o tão em voga, democraticamente...” Por outro lado, em 22 de janeiro de 2009 o jornal Gazeta do Triângulo publicou a matéria “Auto-hemoterapia: sem comprovação científica, técnica é aplicada em Araguari”, na qual o Hematologista João Batista Caetano, que possui 32 anos de profissão, afirma que a ação de realizar a auto-hemoterapia não é ilegal, somente o será, na medida em que for aplicada em uma farmácia ou em um hospital, visto que para a realização de qualquer procedimento nesses lugares é preciso prescrição médica.” A matéria cita os mesmos textos de lei que a ANVISA usou para alegar que a auto-hemoterapia poderia ser enquadrada como “infração sanitária”, mas que nós já comprovamos que não têm nada a ver, pois “ninguém será proibido de fazer nada senão em virtude da Lei”. Aqui eu mostro mais uma vez que a ANVISA está desnorteada. Por quê ela não apresenta nenhuma norma que afirme a proibição da auto-hemoterapia? A resposta todos sabemos: porque não existe nenhuma norma proibindo a auto-hemoterapia no Brasil. A proibição é, portanto, arbitrária. Responder Responder a todos Encaminhar


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 243

RACILVA
Eu conheci Racilva no ano de 1951. o mesmo ano que conheci o seu irmão, um jovem de 18 anos ou um pouco mais que isso, o qual nós chamavamos de Deca, apesar de seu nome verdadeiro ser Francisco Canindé. Racilva era uma menina meiga e bela com todos os requisitos que tem uma menina de seus 7 anos. Graciosa, vestido comprido até após os joelhos - no meio da canela por assim dizer - risonha e encantadora mas parecida com uma boneca de um bazar exposta em uma vitrine de cristal, era desse modo Racilva. No seu reino fascinal e multicolorido, a criança mostrava o seu doce encanto primaveril. Sua mãe era uma mulher esbelta que a sua avó, dona Cecilia, a tratava por Cecí, abreviatura do nome Cecília, igual o da sua mãe. A avó de Racilva era casada com um homem dos seus 70 anos e que, na sua juventude foi Venerável da Loja Maçonica "Filhos da Fé", que ficava a rua Santo Antônio, na Cidade Alta, em Natal Rn. O seu nome verdadeiro era Melchiardes Barros, porém lhe chamavam "seu Yo-Yo" ou simplesmente Yoyo. Ele chegou a ser Veneravel da Loja entre os anos de 1920 a 1925, talvez por dois veneralatos. A sua esposa, Dona Cecília, era uma eximia costureira, função que herdou a sua filha. Podia-se dizer que Dona Cecilia, de seus 60 anos, era uma mulher por demais forte para não se chamar de gorda, simplesmente. Isso era bem ao contrário de sua filha, Cecí, casada com um Arquiteto de nome Miguel Muniz de Melo. Afora Deca, Cecí tinha mais tres outros filhos, certamente de Miguel Muniz. Eram eles, pela ordem: Ralph Stabili, o menor de todos; Marcone, o do meio e, por fim, Racilva a maiorzinha de todos sem levar em conta o rapaz cujo nome era Deca, fruto de um relacionamento que Cecí tivera, anos antes, com um capitão da Policia Militar do Estado. Quando estava com seus 17 anos, Deca ficou cego completamente, apesar de ter os olhos negros e belos. Talvez a cegueira tenha sido por causa de uma doença que o acometia quase que diariamente, sempre quando ele estava jantando: Tal sintoma pode ter sido fruto de uma epilepsia simples ou até mesmo aguda. O jovem perdia os sentidos para recuperar instantes depois. Com isso, ele sempre tinha alguém para sustentá-lo na hora em que era acometido da crise. Certa vez, uma mulher, conhecida da mãe de Deca, disse que "aquilo era espítito do outro mundo" e receitou umas bordoadas com folhas de um crote "Folha de São Jorge", um tanto comprido e duro e que, por isso mesmo, Cecí tinha plantado no quintal de sua casa.
Racilva e sua familia moravam, quando a conheci, na rua Mipibu, bem perto da casa da esquina entre a rua Mipibu e a Avenida Hermes da Fonseca. Era uma casa de calçada alta semelhante a da vizinha que, tambem tinha a calçada alta. Logo depois, a calçada não era mais elevada, como a do relojoeiro que morava ali. Sempre às tardes, Racilva brincava com as meninas da vizinhança, apesar das advertencias constantes de sua mãe para que não fosse pinotar na rua. Ele era uma criança por demais obediente e quando tinha que sair de casa sempre pedia a autorização de sua mãe e mesmo da própria avó, Dona Cecilia. Nas tardes de sol quente, Deca me chamva para irmos ao quintal, onde ele costumava cantar as músicas de sucesso daquele tempo, como as melodias de Francisco Alves, Orlando Silva, Nelson Gonçalves, Francisco Carlos, Vicente Celestino e tantos outros mestres da musicalidade de outrora, incluindo Pedro Celestino, e para variar, as cantoras Dircinha Batista, Linda Batista, Emilinha Borba e a pouco citada Nora Ney, que dona Cecí a tinha como a rainha da voz famenina. Quando se podia ouvir a Radio Nacional, Cecí estava de ouvido colado quando a intérprete que cantava era Nora Ney. Nesses instantes em que Deca cantava os sucessos do presente, Racilva estava deitada em meu colo, ouvindo o seu irmão a cantar com um tom gutural na garganta que ele dizia ser aquilo melodia da voz.
Às vezes eu o acompanhava nas canções e foi por Deca que aprendi a ouvir os cantores e identificá-los quem estava a cantar. Minha preferencia era por Carlos Galhardo enquanto a de Deca era por Francisco Alves, o Rei da Voz. Racilva adormecia em meu colo a ouvir as cantigas que o seu irmão entoava, mimada pela brisa suave do vento que soprava leve, vindo do alto do morro que ficava mais à frente de onde nós estavamos a deleitar o que a brisa nos acolhia, à sombra do mangueral. O céu de uma tonalidade azulada fazia com que a doce criança toda aconchegada em meus braços, firmasse em um sono cálido e profundo para que, bem mais tarde eu a levasse a sua quente e macia cama onde Racilva dormiria sem fim. E eu, por fim, acalentava o sono da bonequinha de luxo às rimas de uma canção que dizia coisas para que o seu divino e puro sono se acalentasse bem mais amplo, como se estivesse velando por inúmeros anjos que lhe visitavam ao dormir. La fora, no campo do quintal, borboletas de asas douradas, brilhando na tarde de primavera, se aconchegavam para também dormir.

RIBEIRA - 242

IRMÃ LINDALVA
A construção do Santuário de Irmã Lindalva, em Assu, foi motivo de uma reunião no mes de janeiro com o secretário municipal de Turismo, Romildo de Queiroz, e representantes da Igreja Católica do municipio, incluindo-se o padre Francisco Canindé dos Santos, titular da paroquia de Sao João Batista, eo padre Raimundo Alexandre de Oliveira, da Área Pastoral Autônoma Irmã Lindalva e São Cristóvão. O projeto está sendo elaborado pela Secretaria Municipal de Urbanismo, o qual se insere na política de estímulo ao turismo religioso do município. Um novo encontro foi marcado para o dia 27 de fevereiro, na Casa Paroquial.
O Santuário de Irmã Lindalva será construído na comunidade de Malhada de Areia. local onde a religiosa nasceu. A Prefeitura de Assu está encaminhando o processo de desapropração do imóvel no qual a obra será erguida, cujo valor do terreno já foi devidamente depositado em Juizo pela administração anterior. A beatificação da Irmã Lindalva aconteceu em dezembro de 2007. A freira foi brutalmente assassinada a facadas por um interno de uma casa de abrigo em São Salvador, na Bahia. Os seus restos mortais foram trazidos para a cidade do Assu, Rn, tão logo houve a betificação da Irmã Lindalva que foi morta no ano de 1991.Desde então tem havido perigrinações ao local do seu nascimento e há um clamor dp povo católico pela canonização da Irmã, tornando-se preciso a confirmação de apenas um milagre feito por alguem por intercessão da Freira. Irmã Lindalva, antes de entrar para o Convento, trabalhou como operária na Indústria de Confecções Guararapes, em Natal, Rn, e logo seguir ingressou no Convento, em Natal e, posteriormente seguiu para o Refice, Pe, e, posteriormente para Salvador. Era costume seu visitar os familiares uma vez ao ano quando vinha em férias, passando o tempo em sua cidade natal.