segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - CARMEN - 100 ANOS

100 ANOS SEM CARMEN
Carmen Miranda, pseudônimo de Maria do Carmo Miranda da Cunha, nascida em Varzea da Ovelha, Portugal, a 9 de fevereiro de 1909. Foi uma cantora e atriz luso-brasileira. Sua carreira artística transcorreu no Brasil e Estados Unidos entre as décadas de 1930 a 1950. Trabalhou no rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão. Chegou a receber o maior salário até então pago a uma mulher nos Estados Unidos. Seu estilo eclético faz com que seja considerada precursora do tropicalismo, movimento cultural brasileiro surgido no final da década de 1960.
Carmen Miranda era a segunda filha do barbeiro José Maria Pinto Cunha (1887-1938) e de Maria Emília Miranda (1886-1971). Ganhou o apelido de Carmen no Brasil, graças ao gosto que seu pai tinha por óperas. Pouco depois do seu nascimento, seu pai, José Maria, emigrou para o Brasil, onde se instalou no Rio de Janeiro. Em 1910, sua mãe, Maria Emília seguiu o marido, acompanhada da filha mais velha, Olínda, e de Carmen, que tinha menos de um ano de idade. Carmen nunca voltou à sua terra natal, o que não impediu que a Camara do Concelho de Marco de Canaveses desse seu nome ao museu municipal.
No Rio de Janeiro, seu pai abriu um salão de barbeiro na rua da Misericórdia, número 70, em sociedade com um conterrâneo. A família estabeleceu-se no sobrado acima do salão. Mais tarde mudaram-se para a rua Joaquim Silva, número 53, na Lapa. No Brasil, nasceram outros quatro filhos do casal: Amaro (1911), Cacília (1913), Aurora (1915) e Oscar (1916). Carmen estudou na escola de freiras Santa Teresa, na rua da Lapa, número 24. Teve o seu primeiro emprego aos 14 anos numa loja de gravatas, e depois numa chapelaria. Contam que foi despedida por passar o tempo cantando, mas seu biógrafo Ruy Castro diz que ela cantava por influência de sua irmã mais velha, Olinda, e que assim atraía clientes. Nesta época, a sua família deixou a Lapa e passou a residir num sobrado na Travessa do Comércio, número 13. Em 1925, Olinda, acometida de tuberculose, voltou a Portugal para tratamento, onde permaneceu até a sua morte em 1931. Para complementar a renda familiar, sua mãe passou a administrar uma pensão doméstica que servia refeições para empregados do comércio.
Em 1926, Carmen, que tentava ser artista, apareceu , incógnita em uma fotografia na seção de cinema do jornalista Pedro Lima da revista Selecta. Em 1929, foi apresentada ao compositor Josué de Barros que encantado com seu talento passou a promovê-la em editoras e teatros. No mesmo ano, , gravou na editora alemã Brunswick, os primeiros discos com o samba "Não Vá Sim'bora" e o choro "Se o Samba é Moda". Pela gravadora Victor, gravou "Triste Jandáia" e "Dona Balbina".
INICIO:
O grande sucesso veio a partir de 1930, quando gravou a marcha "Pra Vocè Gostar de Mim" ("Taí") de Joubert de Carvalho. Antes do fim do ano, já era apontada pelo jornal O País como a maior cantora brasileira. Em 1933 ajudou a lançar a irmã Aurora na carreira artística. No mesmo ano, assinou um contrato de dois anos com a rádio Mayrink Veiga para ganhar dois contos de réis por mês. Foi a primeira cantora de rádio a merecer contrato, quando a praxe era o cachê por participação. Logo recebeu o apelido de "Cantora do It". Em 30 de outubro realizou sua primeira turnê internacional, apresentando-se em Buenos Ayres. Voltou à Argentina no ano seguinte para uma temporada de um mês na Rádio Belgrano.
CINEMA:
Em 20 de janeiro de 1936, estreou o filme "Alô, Alô Carnaval" com a famosa cena em que ela e Aurora Miranda cantam "Cantoras do Rádio". No mesmo ano, as duas irmãs passaram a integrar o elenco do Cassino da Urca, de propriedade de Joaquim Rolla. A partir de então as duas irmãs se dividiram entre o palco do cassino e excursões frequentes pelo Brasil e Argentina. Depois de uma apresentação para o astro de Hollywood Tyrone Power em 1938, aventou-se a possibilidade de uma carreira nos Estados Unidos. Carmen recebia o fabuloso salário de 30 contos de réis mensais no Cassino da Urca e não se interessou pela idéia.
Em 1939, o empresário americano Lee Shubert e a atriz Sonja Henie assistiram ao espetáculo de Carmen no Cassino da Urca. Depois de um espetáculo no transatlântico Normandie, Carmen assinou contrato com o empresário. A execução do contrato não foi imediata, pois a cantora fazia questão de levar o grupo musical Bando da Lua para a acompanhar , mas o empresário estava apenas interessado em Carmen. Depois de voltar para os Estados Unidos, Shubert aceitou a vinda do Bando da Lua. Carmen partiu no navio Uruguai em 4 de maio de 1939, às vesperas da Segunda Guerra Mundial.
CONSAGRAÇÃO:
Em 29 de maio de 1939 Carmen estreou no espetáculo musical "Streets of Paris", em Boston, com êxito estrondoso de público e crítica. As suas participações teatrais tornaram-se cada vez mais famosas. Em 5 de março de 1940, fez uma apresentação perante o presidente Franklin D. Roosevelt durante um banquete na Casa Branca. Em 10 de julho de 1940 retornou ao Brasil, onde foi acolhida com enorme ovação pelo povo carioca. No entanto, em uma apresentação no Cassino da Urca com a presença de políticos importantes do Estado Novo, foi apupada pelos que a consideravam "americanizada". Entre seus críticos havia muitos que eram simpatizantes de correntes políticas contrárias aos Estados Unidos. Dois meses depois, no mesmo palco, Carmen foi aplaudida entusiasticamente por uma platéia comum. No mesmo mês gravou seus últimos discos no Brasil, onde respondeu com humor às acusações de ter esquecido o Brasil e ter-se "americanizado". Em 3 de outubro, voltou aos Estados Unidos e gravou a marca de seus sapatos e mãos na Calçada da Fama do Teatro Chinês de Los Angeles.
No início de agosto de 1955, Carmen gravou uma participação especial no programa televisivo do comediante Jimmy Durante. Durante um número de dança, sofreu um ligeiro desmaio, desequilibrou-se e foi amparada por Durante. Recuperou-se e terminou o número. Na mesma noite, recebeu amigos em sua residência em Beverly Hills. Por volta de duas horas da mnhã Carmen subiu para o seu quarto para dormir. Acendeu um cigarro, vestiu um robe, retirou a maquiagem e caminhou em direção à cama com um pequeno espelho à mão. Um colápso cardíaco fulminante derrubou-a morta sobre o chão. Seu corpo foi encontrado pela empregada na mesma noite/madrugada. Carmen Miranda estava com 46 anos de idade, morrendo no dia 5 de agosto de 1955. Em 12 de agosto de 1955, seu corpo embalsamado desembarcou de um avião no Rio de Janeiro. Seu velório foi no saguão da Camara Municipal. O cortejo funebre até o Cemitério São João Batista foi acompanhado por cerca de meio milhão de pessoas que cantavam em surdina, "Taí", um dos seus maiores sucessos.

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