sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 259



CARLOS GOMES


A música de Carlos Gomes, de temática brasileira e estilo italiano, inspirado basicamente nas óperas de Giuseppe Verdi, ultrapassou as fronteiras do Brasil e triunfou junto ao público europeu. Antônio Carlos Gomes nasceu em Campinas, Sp, em 11 de julho de 1836. Estudou música com o pai e fez sucesso em São Paulo com o Hino Acadêmico e com a modinha "Quem Sabe?" ("Tão longe, de mim distante"), de 1860. Continuou os estudos no Conservatório do Rio de Janeiro, onde foram apresentadas suas primeiras óperas: "A Noite do Castelo", em 1861, com libreto de Fernandes dos Reis, e "Joana Flandres", em 1863, com libreto de Salvador de Mendonça. Com uma bolsa do Conservatório, estudou em Milão, It, com Lauro Rossi e diplomou-se em 1866. Em 19 de março de 1870 estreou no Teatro Scala, de Milão sua ópera mais conhecida, O Guarani, com libreto de Antonio Scalvini e baseado no romance homônimo de José de Alencar. Encenada depois nas principais capitais européias, essa ópera consagrou o autor e deu-lhe a reputação de um dos maiores compositores líricos da época. O sucesso europeu do O Guarani repetiu-se no Brasil, onde Carlos Gomes permaneceu por alguns meses antes de retornar a Milão, com uma bolsa de D. Pedro II, para iniciar a composição da Fosca, melodrama em quatro atos em que fez uso do Leitmotiv, técnica então inovadora, e que estreou em 1873 no Scala. Mal recebida pelo público e pela crítica, essa viria a ser considerada mais tarde como a mais importante de suas obras. Depois de "Salvatore Rosa" (1874) e "Maria Tudor" (1879), Carlos Gomes voltou ao Brasil e foi recebido triunfalmente. Nessa temporada brasileira, dirigiu na Bahia e no Rio de Janeiro a montágem do "O Guarany" e de "Salvatore Rosa". Ainda na Bahia apresentou Hino a Camões e em São Paulo realizou, no Teatro São José, a primeira montagem de O Guarany no estado natal. A partir de 1882, Carlos Gomes passou a dividir seu tempo entre o Brasil e a Europa. No Teatro Lírico do Rio de Janeiro estreou " O Escravo", em 1889, de tema brasileiro. Com a Proclamação da República, perdeu o apoio oficial e a esperança de ser nomeado diretor da Escola de Música do Rio de Janeiro. Retornou então a Milão e estreou "O Condor", em 1891, no Scala. Doente e em dificuldades financeiras, compôs seu último trabalho: "Colombo", oratório em quatro atos para coro e orquestra a que chamou de poema vocal sinfônico e dedicou ao quarto centenário do descobrimento da América. A obra foi encenada em 1892 no Teatro Lírico do Rio de Janeiro. Em 1895 Carlos Gomes dirigiu O Guarany, no Teatro São Carlos, de Lisboa, cidade em que recebeu a última homenagem: foi condecorado pelo Carlos I. No mesmo ano chegou ao Pará, já doente, para ocupara diretoria do Conservatório de Música de Belém, cargo criado pelo governador Lauro Sodré para ajudá-lo. Os modernistas de 1922 desprezaram Carlos Gomes, mas o público brasileiro sempre valorizou suas modinhas românticas - "Bela Ninfa de Minh'Alma", "Suspiro D'Alma", "Quem Sabe?" -, a parte mais autenticamente nacional de sua obra, e a abertura de "O Guarany". Em 1993 essa ópera, meio esquecida, voltou aos palcos europeus ao ser montada por Werner Herzog, na ópera de Bonn, com Placido Domingo no papel de Pery. Carlos Gomes morreu em Belém, em 16 de setembro de 1896.
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Veja também: http://www.rnsites.com/



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