sábado, 26 de dezembro de 2009

RIBEIRA - 416

- CARLOS GALHARDO -


Ontem, eu estava a ouvir músicas quando me deparei com um êxito de tempos atrás, gravação de Carlhos Galhardo: "Pecado Original". Um virtual samba, sem nem aqueles arranjos musicais imponentes e somente brilhava a voz do cantor. Para o Rei da Valsa, cantar um samba, no meu tempo, era algo impressionante. Porém Carlos Galhardo não perdeu o tom e, com sua voz suave, mostrou naquela melodia o que era ser um cantor. Intérprete brasileiro, nascido em Buenos Ayres, Argentina, um dos cantores que mais vendeu discos em sua época, gravou cerca de 570 músicas, e chegou a ser conhecido como o Rei da Valsa no disco e O Cantor que dispensa Adjetivos no rádio. Filho de italianos, Pedro Gaugliardi e Savéria Novelli, teve três irmãos, dois nascidos na Itália, uma nascida no Rio de Janeiro. Dois meses depois de seu nascimento, a família mudou-se para São Paulo e logo após, com um ano de idade, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Carlos Galhardo ingressou em uma escola pública (1921) onde cursou o primário e aos 8 anos, ficou órfão de mãe e seu pai deixou-o com um parente no bairro do Estácio, para aprender o ofício de alfaiate. Apesar de não gostar do ofício, Carlos Galhardo, aos 15 anos já era um profissional e abandonou os estudos para se dedicar à profissão. Aos 16 anos de idade, empregou-se em uma churataria, voltando pouco depois a seu ofício de alfaiate, passou por várias alfaiatarias do Rio e, numa delas, trabalhou com Salvador Grimaldi, alfaiate e barítono com quem costumava ensaiar duetos de ópera. O início de sua carreira profissional, entretanto, só se deu quando, em casa de um irmão (1933), conheceu Francisco Alves, Mário Reis, Lamartine Babo e Jonjoca. Na ocasião cantou a música "Deusa", do repertório de Francisco Alves e este gostou e aconselhou-o a tentar o rádio. Apresentado ao compositor Bororó através deste conseguiu uma oportunidade na Rádio Educadora, hoje Tamoio, e já no dia seguinte foi procurado por um representante da RCA Victor para um teste. Aprovado foi contratado pela gravadora Victor, inicialmente fazendo parte do coro que acompanhava as gravações. Gravou, então, o seu primeiro disco (1933). Conheceu o compositor Assis Valente, de quem gravou muitas músicas de sua autoria. Trabalhou ganhando cachê em várias emissoras de rádio e assinou seu primeiro contrato com a Rádio Cruzeiro do Sul. Estreou como cantor romântico com a valsa-canção "Cortina de Veludo", de Paulo Barbosa e Osvaldo Santiago e obteve grande sucesso. Transferiu-se para a Rádio Mayrink Veiga (1937) onde permaneceu por um período de 11 anos. Quando Francisco Alves deixou a Victor voltou e conseguiu registrar os seus maiores sucessos não deixando mais a gravadora até o final de sua carreira. Transferiu-se para a Rádio Nacional em 1948 onde permaneceu por quatro anos. Em 1952 foi a Portugal, apresentando-s neste país pelo período de um ano. Figurou ao lado de Francisco Alves, Orlando Silva e Sílvio Caldas, o quadro dos quatro grandes cantores da era do rádio. Seus fãs são fiéis e até hoje cultuam com carinho sua memória. Seu nome completo era Castelo Carlos Guagliardi e viveu entre 1913 e 1985, tendo morrido no Rio de Janeiro.
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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

RIBEIRA - 415

- JESUS MENINO -
Grande parte do que é conhecido sobre o nascimento de Jesus, sua vida e seus ensinamentos é contado pelos Evangelhos canônicos: Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João pertencentes ao Novo Testamento da Bíblia. Os Evangelhos Apócrifos apresentam também alguns relatos relacionados com a infância de Jesus. Esses Evangelhos narram os fatos mais importantes da vida de Jesus. Os Atos dos Apóstolos contam um pouco do que sucedeu nos 30 anos seguintes. As Epístolas (ou cartas) de Paulo também citam fatos sobre Jesus. Notícias não-cristãs de Jesus e do tempo em que ele viveu encontram-se nos escritos de Josefo, que nasceu no ano 37 d.C.; nos de Plínio, o Moço, que escreveu por volta do ano 112; nos de Tácito, que escreveu por volta do ano 117; e nos de Suetônio, que escreveu por volta do ano 120. No entanto, é nos Evangelhos de Mateus e de Lucas que se tem melhores informações a respeito da infância de Jesus. Enquanto Mateus foi um dos doze apóstolos, Lucas teria empreendido uma pesquisa dos fatos que na sua época já eram relatados de modo que o seu Evangelho é o que mais contém informações a respeito da vida de Jesus na Terra, antes mesmo do seu nascimento.
Segundo o Evangelho de Lucas, o trabalho da vida de Jesus na Terra, fôra iniciado por João Batista, filho de Zacarias. Este era um sacerdote judeu que tinha por esposa a Isabel, a qual, por sua vez era membro do ramo mais próspero do mesmo grande grupo familiar ao qual também pertencia Maria, a mãe de Jesus. Zacarias e Isabel, embora estivessem casados há muitos anos fossem de idade avançada, não tinham filhos porque Isabel era estéril. O anjo Gabriel apareceu a direita do altar de incenso a Zacarias e anunciou que suas orações haviam sido ouvidas por Deus e Isabel daria à luz um filho que deveria ser chamado por João. E disse mais: contou que seria "grande diante do Senhor" e que teria a virtude de Elias: o grande profeta que os orvalhos e a chuva se submeteram a sua palavra, o grande profeta que ressuscitou o filho de uma viúva, o grande profeta que chamou o fogo de céu. Elias que teve sua maior jornada na luta contra os pecados do rei Acabe e da sua esposa Jezabel, promíscua e adoradora de Baal. Segundo Gabriel, João teria a virtude de Elias, como de fato procedeu contra Heródes e Herodias, e sendo respeitado entre os judeus.
Seis meses depois do início da gravidez de Isabel, Gabriel foi até Nazaré e saudou Maria, mulher prometida a José. Foi anunciada a virgem que daria à luz um filho e que deveria ser chamado de Jesus. Quando Maria perguntou como se daria tal coisa, pois era vírgem, Gabriel anunciou que seria uma concepção do Espírito Santo. Ela já estava comprometida em casamento com José e o noivado judaico era um compromisso tão sério que o noivo já se dizia marido e não podia desfazê-lo, senão por um repúdio e antes que tivessem tido qualquer envolvimento íntimo, se achou grávida pelo Espírito Santo. Segundo o Evangelho segundo Mateus, José, ao saber, qui´s deixá-la, achando que ela tinha tido outro homem, mas o anjo Gabriel apareceu a ele em sonho e lhe explicou o que estava acontecendo. Jesus naceu durante o reinado de Herodes, o Grande. Desde o século IV, os cristãos festejam o Natal, ou nascimento de Cristo, no dia 25 de dezembro. Esta foi uma adaptação das festas do deus Sol dos povos pagãos, adquirida pelos Romanos. A data real ainda é incerta.
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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

RIBEIRA - 414

- O PORTO -
No tempo que eu era jovem, costumava passear pelo porto de Natal, vendo, principalmente o rio Potengí e bem assim, os jovens que utilizavam as yoles de dois clubes existentes logo após o pier do cais para navegar dalí até a ponte de Igapó, perto do Cais da Marinha, no bairro Riffault bem mais conhecido por bairro Refole. Para mim, aquele era um lindissimo panorama, principalmente se estivesse fazendo sol. Os navios desembarcavam mercadorias, principalmente do norte do país, onde se via as toras de madeiras, muitas vezes caíndo ao lado direito da embarcação e seguindo rio à fora para serem recolhidas no Canto do Mangue pelos rapazes que arrastavam as pranchas para poder vender em um armazém existente no bairro. No porto, navios desembarcavam sacarias, as mais variadas, e embarcavam algodão, minérios, cera e outros produtos aqui desenvolvidos. Nesse tempo, não havia exportação de mangas, cajús, castanhas e até mesmo melão. No Estado ainda não havia o interesse nessa produção bem como o cimento explorado em Mossoró, atualmente. O que eu vislumbrava eram os homens pescadores de camarão, caranguejo e peixes pequenos, porque os peixes grandes, o movimento maior era no Canto do Mague, com os barcos chegando do alto mar. Do Porto, só me interesava olhar os botes que partiam do Cais Tavares de Lyra em direção à praia da Redinha. Alguns desses botes, de tanta gente que levava, se envergavam de tal modo que uma das partes encostava nas águas do rio, com a garotada aproveitando para estender as suas mãos numa forma capaz de divertimento. Às vezes, um bote, de tanto pessado com as suas cagas e gente, emborcava. Então, os homens caíam na água para socorrer mulheres e meninos e evitar que se afogassem nas tortuosas correntezas do rio. Em um tempo mais remoto, no ano de 1900, o Cais não existia como no tempo em que eu conhecí. As embarcações aportavam no meio da lama com umas tábuas para os passageiros desembarcar. Isso, foi do início do século XX. Depois, foi construido o cais que, com o tempo, passou a ser chamado "Tavares de Lyra". Antes era conhecido por Cais "Nove de Julho". Eu estava a ver todo esse panorama da ponta do Cais do Porto. Antes da construão do Porto de Natal, os navios ficavam esperando, calados, no meio do rio. Era uma esteira enorme de navios. Não, como em Santos (SP). Porém, eram muitos navios de cargas. Quando aportava um navio de passageiros, antes de ser construido o Porto, as pessoas desembarcavam e embarcavam através de canoas que traziam e levavam os passageiros. Logo após a construção do Porto, os Ita, - era o nome dado aos navios de passageiros -, tinham a preferencia de atracar.Se um navio de carga tivesse a desembarcar sua mercadoria, este navio suspendia o desembarque e seguia para o meio do rio para que o Ita aportasse. Tão logo os passageiros de terra embarcavam, o Ita saía dando lugar a embarcação de cargas que retomava o seu trabalho de desembarcar as mercadorias - ou embarcar também -.Do cais do Porto, eu também vislumbrava um aterro parecendo barro. Era a antiga Estação da Coroa, onde o trém fazia sua parada final, vindo do interior de Baixa Verde. Isso, foi antes do ano de 1916. Os passageiros desembarcavam e eram trasladados em barcos para o outro lado do rio, na Estação Ferroviária. Com o passar do tempo, a ativação da ponte de Igapó, em 1916, a estação da Coroa sucumbiu. Só restou a sua lembrança. O trêm trazia os passageiros de Baixa Verde até a Ribeira, em Natal. Quando não remoía a memoria, eu via passar pelas águas do rio as lanchas cheias de gente com destino à Redinha. Se uma lancha ia, a outra vinha trazendo os passageiros que do lado de cá da cidade faziam suas compras ou vendiam os seus produtos artesanais. Naqueles idos de 1952, era esse o panorama que eu tinha a vislumbrar da pedra do cais do Porto.
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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

RIBEIRA - 413

- DEPRESSÃO -
Pressão no trabalho aumenta casos de depressão. O trabalho pode provocar doenças. E a atual crise financeira aumenta a pressão no ambiente profissional, elevando o risco de depressão entre as pessoas. Quando o emprego se torna uma sobrecarga, não somente o corpo, mas também a alma adoece. Isso não é novidade. O novo, todavia, está no efeito que a crise financeira pode ter no ambiente de trabalho, aumentando a pressão sobre as pessoas e podendo gerar depressões. O exemplo mais crasso é o da companhia francesa de telecomunicações France Telécom. No último ano e meio, 25 funcionários da empresa se suicidaram. Em carta de despedida, alguns deles responsabilizaram a companhia por sua morte.
Também na Alemanha, o transtorno psiquico que atinge muitos empregados se acentuou. Nos últimos anos, um fabricante alemão de móveis sofreu perdas contínuas e, em consequência, cortou centenas de empregos. Com isso ainda nao foi suficiente para sanear economicamente a empresa, os empresários tiveram uma ideia bastante peculiar: mandaram seus quase 1,8 mil empregados competir pela própria existência. Até o final de 2012, os funcionários das quatro unidades de produção da Alemanha deverão mostrar o quanto são bons. A unidade que obtiver o pior resultado deverá ser fechada. Essa é apenas uma das muitas medidas de reestruturação em empresas de médio e grande porte com consequências graves para os empregados. O psicoterapeuta Reinhold Bianchi explica que pressões desse tipo fazem as pessoas se sentirem interiormente sobrecarregadas. A necessidade de ter continuidade, deve estar em paz e de se sentir pertencente ao ambiente de trabalho não é satisfeita. Ao mesmo tempo, aumentam a pressão, a demanda excessiva e a sobrecarga, pois os empregados querem fazer tudo para manter o emprego. Então a insatisfação e a tensão acabam sendo internalizadas.
Anualmente, o convênio de saúde AOK divulga um relatório de ausência no trabalho. Ele comprova que, nos últimos anos, apesar de estarem doentes, muitos alemães foram trabalhar - mesmo contra o conselho do médico. Como motivos, eles alegaram o medo de perder o emprego, o medo dos outros funcionários ou da grande quantidade de trabalho que deixaria de ser feita, caso eles não aparecessem. Ta pressão é perigosa. Ela pode provocar doenças crônicas e sérias.
Devido às constantes mudanças e reorganizações, ninguém mais sabe aonde se vai parar no dia seguinte. Além da pressão do tempo real, principalmente a falta de reconhecimento é um fator provocador de disturbios nos trabalhadores.
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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

RIBEIRA - 412

- PRESÉPIO -
Eu ainda me lembro de quando menino costumava passear pelas ruas próximas à Catedral da Apresentação vendo as casas onde tinham armados os seus presépios. Eram casas simples ou mesmo de gente rica. Todos faziam seus presépios nesse tempo de natal. E eu percorria as ruas Santo Antônio, Paço da Pátria, Vigário Bartolomeu e outras próximas ou distante da Igreja da Apresentação. Era cada qual o mais suntuoso dos presépios que me admirava sobejamente na minha idade de criança ou mesmo juvenil. Na rua Santo Antônio morava uma tia minha e era lá para onde eu ia ver de perto o seu presépio com a recomendação de não pegar nos santos que estavam exposto, bem como no menino-jesus, bem pequeno igual a uma criança recem nascida. Eu a tudo admirava até porque na minha casa, a minha mãe também armava o seu presépio, apesar de ser mais simples do que os que via pelas ruas da Cidade. As pessoas procuram dar o máximo de si para ter um presépio que representasse , na verdade, o que foi o ambiente onde Jesus nasceu, quando nasceu. Os presépios armados na Catedral e em outras Igrejas, como a do Bom Jesus, Santo Antônio ou de São Pedro eram igualmente suntuosos. Eu preferia ver de perto o presépio da Igreja da Catedral, onde tinha um anjinho, quieto, à frente de todos os outros personágens que agradecia quando alguem colocava uma moeda de dois mil reis ou dois reais no tempo de hoje. O anjinho balançava a sua cabeça, de forma moderada, como quem estava a agradecer aquele óbulo dado pelo fiel. Aquilo me entusiasmava só de poder ver o anjinho a agradecer o favor recebido. Os tempos se foram, mudaram as coisas, o comércio faz do natal uma forma de vender mais pelos "melhores" preços, mas eu não esqueço no meu antigo natal.
A palavra presépio tem o seu significado; Presépio significa curral, estábulo, lugar onde fica o gado. Os cristãos já comemoravam o nascimento do menino Jesus desde o século III, mas a tradição do presépio como é hoje originou-se no século XVI. Antes desta data o nascimento de Jesus era representado através de mosaicos no interior das Igrejas e dos têmplos no século VI. Só no século seguinte que foi construída a primeira gruta no Ocidente mais precisa em Roma.. Mas foi São Francisco que teve a idéia de esculpir imagens em barro para representar o nascimento de Jesus. Desde essa época os presépios começaram a fazer parte da decoração natalina. Hoje a árvore de natal, os hinos e o presépio são representações usadas pelo mundo como forma de celebrar o natal, todas as famílias tem o mesmo costume e a mesma tradição que vem passando de geração em geração por muitos anos. Algumas obras valem verdadeiras fortunas que artistas famosos deixaram, mas o seu verdadeiro valor está no coração das pessoas que acreditam em Deus e no nascimento do menino Jesus. O presépio não é apenas um enfeite de natal cristão, mas é a representação do que aconteceu a séculos atrás para que a humanidade fosse salva dos seus pecados. Por isso, para os cristãos o presépio é tão importante.
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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

RIBEIRA - 411

- CASA DE JESUS -
Escavações realizadas na área da Igreja da Anunciação, construida no tradicional local onde Maria soube que estava grávida do filho de Deus, revelaram a existência de uma casa da mesma época. A descoberta é considerada da maior importância, pois é a primeira residencia judia do então vilarejo de Nazaré, dos tempos do domínio romano, e corresponde à época em que, segundo a tradição, lá viviam Jesus e sua família. Conta-se que Jesus, quando criança, brincou nas ruas do vilarejo onde José tinha sua carpintaria. A fonte onde Maria ia buscar água existe até hoje. Os arqueólogos tiveram o cuidado de dizer que as ruinas permitirão um maior conhecimento sobre a vida dos habitantes judeus em Nazaré, na época. Não se tem a identidade dos residentes, mas a idade dos restos da casa descoberta é certa. Nazaré, hoje cidade israelense de maioria árabe, é venerada pelos cristãos por ter sido, pela tradição, a cidade de José, sobre cuja carpintaria foi construída a grande Basílica. Fica da Galiléia, região que Jesus percorria, onde ocorreram muitos dos seus milagres inclusive o de caminhar sobre as águas e a multiplicação dos peixes das águas do Lago da Galiléia. A casa compreende dois cômodos com um pátio e uma cisterna para coletar a água da chuva, além de um poço que poderia servir de refúgio; os arqueólogos calculam que ele teria sido construido como parte dos preparativos dos judeus para a Grande Revolta contra os romanos, entre os anos de 66 e 73 d.C. Também foram encontrados no local potesde argila, do tipo usado pelos moradores da Galiléia na época. A partir de poucas provas escritas disponíveis, entende-se que a Nazaré do primeiro século da era cristã era um pequeno vilarejo judeu construído em um vale e, até agora algumas poucas sepulturas da época de Jesus foram encontradas, porém nunca o resto de residências. Nazaré, hoje é a maior cidade árabe de Israel, com cerca de 65 mil habitantes. A importancia do lugar é, sobretudo por sua proximidade à gruta onde aconteceu a visita do anjo Gabriel à Virgem Maria. Um túnel bem pode ter ligado a gruta com o lugar em que foi descoberta a casa.
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domingo, 20 de dezembro de 2009

RIBEIRA - 410

- LILITH -
Lilith é referida na Cabala como a primeira mulher do bíblico Adão, sendo que em uma passagem ela é acusada de ser a serpente que levou Eva a comer do fruto proibido. No folclore popular hebreu medieval, ela é tida como a primeira esposa de Adão, que o abandonou, partindo do Jardim do Éden por causa de uma disputa sobre igualdade dos sexos, chegando depois a ser descrita como o demônio. A imagem de Lilith, sob o nome de Lilitu, apareceu primeiramente representando uma cetegoria de espíritos do vendo na Suméria por volta de 3.000 anos antes da era cristã. Muitos estudiosos atribuem a origem do nome Lilith por volta de 700 anos antes da era cristã. Ela é também associada a um demônio feminino (deusa) da noite na antiga Mesopotâmia. Talvez dada a sua longa associação à noite, surge sem quaisquer precedentes a denominação como coruja. Na Suméria e na Babilônia ela ao mesmo tempo que era cultuada era identificada com os espíritos do mal. Seu símbolo era a lua, pois assim como a lua ela seria uma deusa de fases boas e ruins. Alguns estudiosos assimilam ela a várias deusas da fertilidade, assim como deusas cruéis devido ao sincretismo com outras culturas. A imagem mais conhecida que temos dela é a imagem que nos foi dada pela cultura hebraica, uma vez que esse povo foi aprisionado e reduzido à servidão na Babilônia, onde Lilith era cultuada, é bem provável que viam Lilith como um símbolo de algo negativo. As lendas vampíricas sugiram daí a exemplo de Lilith ter 100 filhos por dia - os bordeis onde as mulheres hoje ficam, são uma forma de Lilith -, súcubas quando mulheres e íncubus quando homens, os simplesmente lilims. Eles se alimentavam da energia desprendida no ato sexual e de sangue humano. (O esperma é sangue). Também podiam manipular os sonhos humanos, seriam os geradores das poluções noturnas. Mas uma vez possuido por um súcubos dificilmente um homem saía com vida.
Pensa-se que um relevo sumério represente Lilith; muitos acreditam também que há uma relação entre Lilith e Inanna, deusa suméria da guerra e do prazer sexual. Algumas vezes Lilith é associada com a deusa grega Hécate, "A mulher escarlate" - tão comum em bordeis, mulheres vestidas de vermelho -, um demônio que guarda as portas do inferno montada em um enorme cão de três cabeças, Cérbero. Hécate, assim como Lilith, representa na cultura grega a vida noturna e a rebeldia da mulher sobre o homem.
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sábado, 19 de dezembro de 2009

RIBEIRA - 409

- COMUNICAÇÃO -
As pessoas tende a buscar uma comunicação com os seus entes mortos. E é por isso que procuram meios sobrenatuais para tal. Em se comunicar com alguém que está morto, a pessoa admite que o seu ente não está verdadeiramente morto. Apenas está adormecido ou mesmo, em outra dimensão que pode ser até bem perto de quem suplica. Assim é a vida. A vida após a morte que os espíritas dizem ser a vida após a vida. O Tabuleiro de Ouija é qualquer superfície em que se coloca um indicador móvel, utilizada supostamente para a comunicação com espíritos. Os participantes colocam os dedos sobre o indicador que então se move pelo tabuleiro para responder perguntas e enviar mensagens. Na verdade, há um jogo de tabuleiro registrado no Despartamento de Comércio dos Estados Unidos com o nome de Ouija, mas a designação passou a servir a qualquer tabuleiro que se utiliza da mesma idéia.
No Brasil, há uma variante conhecida como a brincadeira do copo ou o jogo do copo, em que um copo faz as vezes do indicador para as respostas. Existem também apoios para a utilização de láspis durante as sessões.
O princípio que baseia o tabuleiro de Ouija ficou conhecido depois de 1848, ano em que duas irmãs norteamericanas, Kate e Margaret Fox, supostamente contactaram um vendedor que havia morrido anos antes e espalharam uma febre espiritualista pelos Estados Unidos e Europa. Ha também indícios de que o principio teria sido aperfeiçoado por um espiritualista por volta de 1853, chamado M. Planchette, que teria inventado o indicador de madeira que é utilizado até hoje. Cientistas e céticos em geral atribuem o funcionamento do tabuleiro de Ouija ao efeito ideomotor. Segundo eles, as pessoas participantes da sessão involuntariamente exercem uma força imperceptivel sobre o indicador utilizado, e a conjunção da força exercida por várias pessoas faz o objeto de mover. Alguns espiritualistas que acreditam que é possível fazer contato real com o mundo dos mortos argumentam que para vendar os olhos dos participantes da mesa prejudica suas supostas capacidades mediúnicas. A idéia que fundamenta o argumento é que o espírito utilizaria os sentidos do participante durante as sessões. A maioria dos adeptos dessa teoria acredita que o tabuleiro não têm poder em si mesmo, servindo apenas como ferramenta para o médium se comunicar com o mundo dos espíritos. A doutrina espirita orienta que estas práticas sejam evitadas uma vez que são utilizadas para curiosidade em geral.
E atenção: Nunca pergunte a um espírito se alguém irá morrer, pois ele mata.
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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

RIBEIRA - 408

-CÍCERO -
Quando rompeu o ano de 1952, quase todos da Família Leandro ficaram sabendo da dificuldade por que passava a minha mãe, com o atraso no pagamento do meu pai, João Álvares, chegando a três meses ou mais. A Cooperativa dos Funcionários Públicos - do Estado - brecou todo o pagamento do meu pai para saudar as contas que ele devia na sociedade corporativa. Eu, por minha vez, como já contei antes, não tinha nem camisa para vestir, ao ponto de não receber o diploma do primeiro grau, no grupo escolar Alberto Torres. O certificado foi achado por um homem que fazia limpeza do prédio, no dia seguinte à festa comemorativa onde todos os alunos concluíntes receberam os seus diplomas. Eu não fui à festa por não ter camisa. Esta história correu o pais e chegou aos ouvidos de Cícero Leandro, irmão de minha mãe, Néra. Foi nesse mesmo ano, no mês de janeiro que eu consegui uma colocação no escritório do meu também tio Zeca - José Leandro - que procurou cuidar do que era mais urgente para ter a minha mãe. Nesse ponto, o meu outro tio, o Cici, como era chamado Cícero prostou-se alarmado. Tão imediato que pode. ele assumiu a parte da despesa, mandando para a minha mãe uma certa quantia que representava quase um salário mínimo. A partir de então, todos os meses tio Cícero mandava a sua quantia para o regozijo de minha mãe. Fez desse favor uma obrigação, por certo. Tão logo pode, ele veio a Natal e fez isso por vários anos, vendo de perto a minha mãe e tomando certeza que ela recebera o dinheiro que ele mandava. Do mesmo jeito, fez seu filho Chico - Ângelo - e sua ilha Ângela. Os três mandavam contribuições enquanto a minha mãe se soerguia do mau tempo que lhe afetara. Com o atraso constante do pagamento do Estado, meu pai ficava à mercê das ajudas dadas pelos meus tios, tias e sobrinhos. Eu lembro de uma camisa que me foi dada por meu primo, Jubal, que caberia duas pessoas de tão larga que era. Alimentos foram doados por todas as minhas tias e tios para fazer frente à fome que nos afetava. Logo que eu passei a trabalhar com meu tio Zeca, a situação foi um pouco amenizada, pois, do escritório, toda semana eu levava uma cesta de alimentos. Porém, isso não era tudo. Com um mês, meu tio me tornou empregado do escritório ao par que Cícero continuou a remeter a sua bolsa-família para a minha mãe. Meu pai teve que vender a casa onde nós morávamos, no bairro do Tirol e então, ele comprou um casebre onde não tinha água nem luz nas encostas do morro do Alto do Juruá que fazia parte do bairro de Petrópoles. Com a renda auferida pela venda da casa do Tirol, a situação teve um pouco de alívio. Mesmo assim, o Estado não pagava em dias o seu quadro de pessoal. Por muitas vezes eu fui com o meu pai vender umas latas de leite e de conservas para, com isso, ele obter o dinheiro para comprar o pão e o café. Já no Alto do Juruá, meu pai comprou no Mercado da Cidade uma cabeça de bode para se fazer o almoço. A minha mãe, vendo aqueles olhos tristes do bode, atirou no mato a cabeça e disse que não trataria de bode algum. Foi mais uma tortura para o meu pai. Eu, só recebendo 150 cruzeiros, a metade de um salário-minimo, aguentei a trágica miséria que nós estavamos a sofrer. O dinheiro de Cici só chegava no final do mês. E o meu também. O do meu pai, era incerto, pois a Cooperativa tinha que se aproveitar da renda que ele fazia para assim, cobrir seus custos. Até o ano de 1958, quando meu pai faleceu, minha mãe ainda teve que esperar por três meses o quanto devia o meu pai à Cooperativa dos Funcionáro Públicos. Nesse tempo, eu já estava com um salário melhor, e pude socorrer os desenganos da casa. Tio Cícero, por esse tempo, já não tinha tanta "obrigação" em mandar dinheiro. Porém, quando vinha a Natal, não esquecia de fazer uma oferta a sua irmã, em uma quantia razoável. O mesmo faziam os seus filhos, Chico e Ângela. Contudo, esse mau tempo ainda perdurou por longos anos, até o ano de 1970 quando eu fiz o curso de Jornalismo. Daí para frente o barco tomou um novo rumo.
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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

RIBEIRA - 407

- ZEBINHO -
Este é Zebinho (foto) cujo nome verdadeiro era Euzébio. Euzébio Leandro, filho de Miguel e Estefânia Leandro. Quando o seu pai morreu, em 1935, Zebinho estava com 33 anos de idade. Foi ele quem cuidou do atestado de óbito do seu pai, lavando ao 1º Cartório Judiciário, hoje, o 1º Cartório de Notas e Ofício. Eu conheci Zebinho em 1950, quando ele esteve em Natal, a passeio. Era magro, esbelto e elegante. Nesse tempo, ele já estava com os seus 48 anos de idade. Quando estava em Natal, Zebinho tomou conta do Cartório ao lado do seu irmão, Crispim e de Miguel Leandro Filho. Crispim era o Tabelião Substituto, o que durou para ele apenas quatro meses. Crispim morreu em setembro de 1935, quatro meses após o seu pai. Deste modo, o Cartório ficou sob a responsabilidade de Euzébio Leandro e de Miguel Feandro Filho. Já em 1938, Miguel tinha o seu próprio Cartório, em Flores que após esse tempo o município passou a ser chamado por Florânia. Então, Euzébio conseguiu um emprego público e foi transferido para o Rio de Janeiro, pondo-se à disposição o 1º Cartório, uma vez que não mais se interessava à Familia Leandro. A mãe de Euzébio faleceu oito anos depois do seu marido, Miguel, no ano de 1942. Com a família desarrumada, valendo-se apenas no nome "Leandro", cada um seguiu o seu destino. E foi assim que Zebinho ficou de uma vez por todas na Capital da República, vindo a Natal de forma esporádica. Em 1950 talvez tenha sido a última vez que ele esteve em Natal. Eu era ainda pequeno quando ví meu tio Zebinho. Ele era conversador, igual a seus irmãs, como Cícero, Jairo, Paulo, Segundo, Zeca e mesmo Miguel. Eu conheci quase todos os da família. Com certeza, Basilio eu não tive o prazer de conhecê-lo pois, ao que parece, ele morreu bem antes do seu pai, Miguel Leandro, uma vez que, no testamento nõ constava o seu nome e nem de esposa e filhos. Basílio deve ter morrido ainda solteiro. Euzébio também era solteiro pelo tempo da morte de seu pai e, quando ele veio a Natal, 15 anos depois da morte de Miguel Leandro, ele ainda nem falava em casamento. Não era raro ele conversar em sua nova moradia, fato que o meu pai conhecia muito bem: o Rio de Janeiro. Meu pai esteve no Rio por volta de 1927, quando retornou a Natal de vez e se casou com uma moça do Pará, de nome Raimunda Barbosa. Tão logo depois desse casamento, em 1930, meu pai ficou viúvo e se casou com Reinéria Leandro. Por seu turno, Euzébio ficou em Natal por um pouco de tempo e, nessa ocasião, acertou a ída de Paulo, o seu irmão, tambem para ir morar junto com ele, no Rio de Janeiro, coisa que aconteceu alguns meses depois. Foi Zebinho quem comunicou a morte de Paulo, por atropelamento de carro, em uma das ruas do Rio. Aparentemente, Paulo estava embriagado naquela hora quando foi colhido pelo auto. Para mim, conhecer Zebinho era algo supreendente, pois em minha casa, Zebinho era um nome por demais cotejado por minha mãe e meu pai. Ao que parece, ele era um dos irmãos por demais queridos por todos os outros, por seu ar equilibrado e conciso bem ao gosto de todas as suas irmãs e irmãos. Não recordo bem do que ele conversava com meu pai, pois o meu interesse era olhar para aquele formidavel ser que todos conheciam. Sei bem do ar jovial que ele expandia por toda a sala e do almoço que minha fez para ele naquela manhã de sol a pino. Zebinho estava hospedado na casa de alguma irmã, talvez Justa, que morava no centro da cidade, na Rua Santo Antônio, artéria que prestava muito bem para ele se locomover por todos os locais de Natal, terra que ele conhecera quando menino, e muito bem. Para quem naceu em Natal, antigamente, não era dificil se deslocar de um bairro para outro. Por isso, para Zebinho era comum de ir à Lagoa Seca, Tirol, Petrópoles, Cidade e mesmo à Ribeira, local onde o comércio imperava. A minha imaginação era fertil de ver um homem que vivera Natal e, então, naquela época, morar no Rio de Janeiro, terra do progresso e dos assuntos diversos que se espalhavam pelo Brasil. Se alguem dizia conhecer o Rio, ter-se-ia a impressão de que esse alguém conhecia o mundo. Ao tomar-lhe a benção eu teria a impressão de que aquele jovem homem estaria traduzindo a benção de um verddeiro Papa, pois sua benção era algo sagrado. Talvez ele nem pensasse assim. Mas, pelo jeito em que me abençava, era de uma fé extrema que eu sentia pelo modo como meu tio Euzébio fazia com sua mão estendida.
--- Tome a benção a seu tio! - dizia a minha mãe.
E eu, temoroso, pedia-lhe a benção com o meu sentido de não ser abençado. Enfim, ele me depôis a sua mão e eu a beijei, com muito respeito e temor.
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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

RIBEIRA - 406

- CAJU -
Certa vez, o meu pai caminhava para a sua - e nossa - casa pela Rua Açu, no trecho entre a Avenida Pudente de Morais e a Avenida Campos Sales quando viu exposto na calçada um caju igual a este (foto), até na cor. Ele apressou-se em apanhar, vamos dizer, o fruto - isso, porque o fruto do caju é a castanha - e se curvou para pegar o caju ainda quente, pois tinha caído naquela hora, e passaria a por no bolso do paletó. Passaria, porque no mesmo, um galho apodrecido da árvore despencou lá de cima e veio de encontro ao meu pai, golpeando bem em cima da nuca. O meu pai, apanhando o caju - suculento que me pôs água na boca - saiu de baixo do cajueiro e olhou para cima vendo de onde o galho podre se desprendera pessando até que fosse alguem que estivesso por lá e feito aquilo de propósito. O galho do cajueiro nem era tão grande assim. Mas doeu quando bateu na cucuruta do meu pai. Desse dia em diante, sempre que ele passava pela rua Açu, olhava bem para ver se nao tinha outro galho partido que podesse atingí-lo.
Sei que, quando chegou em casa, meu pai mostrou o caju - enorme que ele só - e contou a façanha do pau que despencou de cima do cajueiro e lhe atingiu a nuca. Eu caí da gargalhada e disse que aquele caju serveria para se fazer refresco. Nesse tempo, não havia geladeira lá em nossa casa para se fazer rafresco. Tinha-se que fazer com água fria da quartinha e misturava-se com um tanto de açucar. Aí estava pronto o refresco do caju. Da mesma forma se fazia com outras frutas, como mangaba, maracujá, goiaba, cajá, manga-rosa e outras frutas que dessem para expremer e tirar o suco. Nesse dia bodocó faltou pouco pra virar. O seja: o caju estava com um sabor tão doce que nós bebemos o seu suco como uns glutões.
Dizem que o cajueiro foi exmportado pelos portugueses do Brasil para o resto do mundo. Quer dizer: no Brasil é o dono de todos os cajueiros existentes da Ásia e na África. Até Maurício de Nassau fez doce de caju em compotas, para chegar às melhores mesas da Europa. Ora veja só. Também há quem diga que o caju é suculento e rico em vitamina C e ferro. Depois do beneficiamento do caju preparam-se sucos, mel, doces, passas, rapaduras e até mesmo a cajuína, uma verdadeira aguardente do caju. Muito antes do descobrimento do Brasil e antes da chegada dos portugueses, o caju já era alimento básico das populações indigenas daqui. Eles faziam até uma bebida que parecia cachaça com a fermentação do suco do caju. A bebida era chamada de mocororó.
Desde antanhos, eu e o meu pai percorriamos os morros de Natal a procura de caju, quando era o seu tempo. A questão era que a gente encontrava uns cajuzinhos azedos e travosos nessas bandas do morro. Na região onde é hoje Mãe Luiza, o bairro, não morava ninguem, a não ser um pescador, João Balbino, que só vivia da pesca que ele fazia dos rochedos da praia de Areia Preta ou de Barreira Roxa. Pelas cercanias de, hoje, Mãe Luiza existiam cajueiros de monta, parecia até que aqui só havia os sítios de cajueiros. Mesmo sendo azedos, nós - eu e o meu pai - colhiamos os cajus para levar para a nossa casa. As castanhas, eram uns tiquinhos de nada. Nem prestava para assar. A poupa, nós tragavamos, com azedume e tudo, até dizer "basta". Quando se queria pegar uns cajus mais nobres, iamos para o Tirol, onde havia cercados onde nasciam cajus, mangas, pitombas, araçás, pinhas, jacas, graviólas e outras tantas. Então, era uma graça para nós trazermos para casa esta "caça" de frutas tão soborosas.
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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

- ESTEFANIA LEANDRO
MIGUEL LEANDRO
E
MIGUEL L. FILHO

RIBEIRA - 405

- AMARGO AMANHECER -

A cidade estava calma naquelas horas perto do amanhecer. No Mercado Público do bairro da Cidade, os vendedores de café e frutas começavam a chegar. Com pouco mais, estava tudo cheio de fregueses habituais. Nas ruas, não havia quase ninguem. A não ser os ébrios que dormiam na calçada do Beco. Mais à frente, na antiga Praça da Alegria, bem no centro da cidade, como muitos populares ainda a achamavam, era tudo paz, de uma tranquilidade de maio. Bem próximo, a Matriz era silêncio. Os trilhos do Bonde dormiam calados. Pela rua a fora, não havia quase um só vivente e os guardas-noturnos davam os seus últimos apitos distantes de advertência. Eram três horas da madrugada. O silêncio foi quebrado pelo repicar das horas do certo relógio da Catedral. Porém, quase não se ouvia. O sono era calmo e profundo naquele instante para todos que trabalhavam pela manhã. Não fora o tamanho silêncio, Néra, acordada ao pé da cama sentiu o último suspirar do seu velho pai. Ela recostou a cabeça do homem em posição de que já esperava aquele sinal.

--- Morreu! - disse Néra.

A sua mãe estava do lado oposto da cama onde estava deitado Miguel. Olhou com imensa tristeza e o beijou na testa. Lágrimas rolaram dos seus olhos sombrios um tanto cansados de uma destemida mulher, sofrida pois já estava ali por mais de uma semana. Ouvia-se o copioso choro dolente de uma moça que estava de pé, logo atrás, ao pé da cama feita de madeira resistente de marfim, enfeites ornados pelo marceneiro que a teceu, segura demais para alguém que não precisava mais daquele cômodo. Duas mulheres entraram as presas e recolheram os panos que estavam jogados a um canto de parede. A porta do quarto estava entreaberta. Um rapaz dos seus trinta e três anos despertou da cadeira onde adormecera quando alguém lhe puxou de leve pelo braço.

--- Seu pai morreu!! - disse uma das mulheres que faziam "quarto" ao moribundo.

--- Que? - disse o rapaz ao despertar por completo.

Néra voltou-se para sentir por mais uma vez se o que ela dissera estava certo. O ar imperante no quarto era preso de um cheiro desagradavel, pois o velho Miguel, de 68 anos, passara todo esse tempo com uma diarréia desprezível e mortal. Por muitas horas, durante os dias que ele, Néra ficara alí, a trocar os panos fétidos do seu pai que os sujara constantemente. O velho já era franzino e, com a doença, ainda mais ficou esquálido.

--- Uva! Desde o dia que chupou aquelas uvas!...- comentou Néra.

A porta da frente da casa se abriu e Anunciada entrou, lacrimejando os seus olhos, apressando os passos, mesmo sendo baixinha e rechonchuda como a sua mãe. Por entre os que iam e vinham ela passou e entrou de imediato no quarto onde estava deitado Miguel. Dentro do recinto, as mulheres estavam passando o pano no chão enquanto outras, as filhas, tratavam de por o velho em posição mais aconchegado, como se adiantasse para o morto qualquer jeito. Miguel, o filho do velho, mais jovem de todos, estava às copiosas lágrimas enquanto que outro, Crispim, relutava e dizia que era melhor ele ir, de imediato, falar com o padre da Matriz para tocar o sino, como era de costume se fazer quando morria um cristão e dizer-lhe para que ele viesse encomendar o corpo. Chorando, Miguel concordou com o que lhe dissera Crispim. Três horas. Era muito cedo. Mas, o padre chegaria para a Missa das quatro horas da manhã. Mesmo sendo cedo, ele concordou em ir. Esperaria certo tempo, porém, daria o recado de Crispim. Euzébio, também seu irmão, falou para Crispim que era oportuno se ir chamar o médico, pois o clínico era quem podia dar o atestado de óbito para que o documento fosse levado ao Cartório. E então, Crispim concordou com o que lhe dissera o irmão. Era um entra e sai que se formava no corredor da casa, na esquina da rua da Estrela, como estava sendo chamada por uns tempos atrás, pois ninguém ainda respeitava chamar Rua José de Alencar aquela artéria. Com o traçado das ruas em Natal, estava aberta a Rua Apodí que permitia fazer esquina com a Rua José de Alencar ou Rua da Estrela, durante esse ano. Portanto, era Rua da Estrela, para a maioria.

O tempo corria sem parar como um trem que vai de um canto a outro. Eram 3h30 da manhã. Néra já se preparava para sair e ir até à sua casa, na Rua Camboim, estreita, logo à frente, duas esquinas, coisa de cem metros. Ela deixou o quarto onde estava seu pai, ficando lá a sua mãe e outras irmãs e pessoas que faziam "quarto". Saiu ligeiro e foi até a cozinha fazer qualquer coisa. Uma xicara de café. Porém nem sabia o que fazer. Aqueles dias lhe deixaram tão atarantada que até mesmo tomar café ela nem se lembrava. Todos os que passavam no quarto de dormir era para dar somente uma olhada no velho e, depois, sair. Quem ficava mais era a irmã de Néra, Anunciada, e a sua mãe. Crispim, até aquele dia, se ocupava mais com o Cartório, onde era Tabelião-substituto, ao lado de Euzébio que fazia escriturações e terrenos e casas foreiras. Pela madrugada do dia 21 de maio de 1935, a coisa tomou um novo rumo. Desde a noite do dia anterior que a família dizia em voz baixa:

--- Ele tá muito mal! - voz de alguém.

--- Se Deus quiser, vai ficar bom! - diziam outros.

--- Tomara! - respondiam uns mais.

A casa do velho Miguel, Tabelião Público do 1º Cartório Judiciário, se enchia de gente a todo instante, como que parecia que o anúncio correu o mundo. Uns perguntavam em voz baixa como quem não queria acreditar:

--- Tá melhor? - perguntava um.

--- Morreu! - respondia outro.

--- Deus tenha misericordia de sua alma! - dizia por fim o primeiro.

De imediato, havia choro e ranger de dentes.

--- Naõ pode! Não pode! Não pode! - era o que o povo dizia.

Na cozinha, estava Néra e mais algumas pessoas, inclusive a lavadeira de roupa e um rapaz de nome Rapa-Coco. O seu nome verdadeiro era Antônio Patrício. Em instantes, Rapa-Coco recebeu órdens de procurar uma urna mortuária, a melhor que tivesse. A peça estava na garagem que se fazia oficina de marceneiro onde o velho Miguel guardava todas as urnas para quem precisasse comprar. Quem deu ordem a Rapa-Coco foi Crispim. Ele saiu, correndo, da cozinha para a garagem. Cada qual sentia o desprazer de estar alí naquele instante. A morte rondava o ambiente com seu véu negro. Coisas que nunca se pensa. Mas, a morte está alí. Toda coberta de escuro. De imediato, uma voz chamou:

--- Néra!!! - a voz de uma irmã.

--- Já vou! - respondeu Néra.

--- É tua mãe! - disse a irmã, novamente.

Néra saiu apressada até o quarto de dormir onde estava Estefânia, a sua mãe. A mulher se continha para não chorar demais, porém percebia-se em seu olhos lágrimas sentidas. O morto era tão somente o seu marido, Miguel Leandro. Mesmo assim, Estefânia procurava se poupar no pranto. Quando a sua filha, Néra, entrou no quarto, recebeu um uniforme todo escuro para vestir totalmente o morto. O melhor uniforme que ele havia comprado para a celebração da morte de Cristo, naquele ano.

--- Mande passar ferro nesse! - disse Estefânia, mulher dos 61 anos, com a sua voz presa e quase sem se entender.

Néra saiu do quarto enqunto Anunciada, a irmã mais velha de todas as mulheres da casa, arranjava uma bacia e pegava umas basas que dona Chiquinha lhe trouxera, alí pôs um tanto de incenso para encobrir o forte odor que imperava no ambiente. No último final de hora Miguel Leandro já nem evacuava mais como fizera logo no começo da moléstia que o acometera. Com pouco momento Crispim entrou no quarto vendo Lenor, sua irmã, que estava agachachada guardando um saco de roupas que rolara pelo chão no guarda-roupa colossal feito em madeira de marfim, igualmente como a cama, na qual o velho ainda estava. A mãe de Leonor arrumava os lençóis, com os olhos em pranto que quase impedia o homem de falar. Mesmo assim. ele disse:

--- Mamãe, o caixão está no corredor. - disse Crispim.

A sua mãe fez um gesto de que não era preciso naquela hora. Estava-se esperando o médico para os exames finais. Crispim entendeu e se voltou para sair, topando com Rapa-Coco que já estava pronto para entrar com o ataúde. E Crispim disse-lhe:

--- Volta! Agora, não! - falou Crispim.

Rapa-Coco voltou com o ataúde e ainda perguntou a Crispim, de modo alheio.

--- Lá para baixo? - perguntou Rapa-Coco.

--- É.É.É. - respondeu Crispim como não querendo dizer coisa alguma.

Quando bateu às 4 horas se ouviu soar as quatro badaladas do sino da Matriz. Para alguém da casa, já era um prenúncio de que estava perto da hora do padre chegar. Porém, o sacerdote ainda tinha que celebrar a missa das 4 horas. Ouvido atento e em seguida soou o repicar do sino em compasso lento. O sino batia uma vez e parava. Depois, batia duas vezes, quase em seguida. O sinal de silêncio do ressoar fúnebre. Nesse instante, quem ouviu ficou mais atento ainda com a impressão de que alguém havia falecido. Talvez uma pessoa por demais importante;

--- O sino!!! - disse, baixinho, no quarto, uma mulher ao marido em sua cama de casal.

--- Estou ouvindo! - respondeu o homem, preocupado.

--- Gente importante!!! - comentou a mulher.

--- Provavelmente! - concluiu o homem.

Na casa de Miguel Leandro tudo era feito para deixar o corpo do morto pronto para ser examinado pelo médico, Dr. Varela Santiago que há uma hora foi ser chamado pelo filho Eusébio que àquela hora ainda não teria voltado. De qualquer jeito, o médico morava longe, na Rua Trairy. Somente ele daria o atestado, pois estava tratando do homem durante todos aqueles dias. Além do mais era um médico de alto conceito e respeitado por todos na cidade.

Na rua, pouca gente se movia para os seus destinos. Na Rua João Pessoa, dois cabeceiros com seus balaios nos seus ombros caminhavam às pressas para o Mercado Público que não tardava abrir. Duas mulheres dos seus sessenta anos caminhavam igualmente às pressas para chegar a Catedral, onde pegariam pelo menos o sermão do padre e a consagração do corpo de Cristo. Enfim, toda a missa era rezada em Latim, coisa que elas não sabiam, mas compreendiam bem. Os Bondes ainda não trafegavam. Nem para o bairro da Ribeira. Seus trilhos, o caminho dos Bondes, estavam a dormir, pacatos e silenciosos. As casas, ao longo da Rua João Pessoa estavam fechadas e os seus donos com certeza a dormir. O Bilhar Grande Ponto estava fechado. Dois ébrios dormiam sentados em sua calçada. Esse era o movimento da Cidade naquela madrugada de maio. Perto dalí, ficava a Rua da Estrela ou mais preciso Rua José de Alencar, nome novo para uma rua antiga. A rua nascia no cruzamento da Rua João Pessoa. Um vento forte e frio soprou ao longo da Rua João Pessoa fazendo tudo estremecer de forma intempestiva. Na casa de número 772 da Rua da Estrela, o movimento crescia. Naquele instante de dor e de saudde já estava alí a filha do velho Miguel chamada Alice em prantos perenes como quem dizia:

--- Meu pai! Meu paisinho! Não vá embora! - dizia Alice que todos chamavam de "Minha".

Fazia três meses que ela se casara com Antônio de Castro Bezerra em uma cerimônia simples. Ele era da Polícia Militar. Ela viera para saber do estado de saude já um tanto debilitado do seu pai quando teve a triste noticia do seu passamento. Era dor demais para Alice. A dor de perder seu pai. Sua mão estava ao lado, cuidando de guardar os lençóis e roupas que estavam espalhadas pelo cômodo do quarto de dormir. Lembraças douradas de quanto tempo eram transpostas desde que Miguel a conhecera. Do casamento. Primeiros filhos, amarguras de perder o que havia nascido. Mudanças, oficinas, caixões, altares, ornamentos, tempos de outrora enfim. Tudo acabado assim de repente. Só as lágrimas sentidas sobravam-lhe naquele doido instante. Tempos de ternura, afagos, lamentos, viagens, fotos, filhos, outros que se foram, compadres, comadres, amigos. O que restava eram lembranças amargas de um triste e cruel amanhecer.

--- Onde está Miguel? - perguntou Estefânia de forma baixa e dolente.

--- Deve estar chegando. - respondeu Leonor aquela que todos chamavam Nousa.

--- Pra onde ele foi? - voltou a indagar Estefânia com voz de eterno lamento.

--- Foi chamar o padre! O sino! A senhora ouve? - perguntou Leonor.

--- Mas ele devia estar aqui! - lamentou Estefânia.

--- Ele vem já - resmungou Leonor.

Nesse instante, entrou no quarto, Crispim, para saber de sua mãe se ela queria café. Ela respondeu que "não". Mesmo assim, ele insistiu, pois já era quase manhã. e ela não tomara coisa alguma para reconfortar. E pediu a dona Chiquinha que a fizesse tomar café quente.

--- Já disse que não. - respondeu Estefania.

--- Tome, por favor. Esquenta a senhora. - respondeu de forma meiga o seu filho Crispim.

Com dona Chiquinha perto de entornar o café em suas vestes, Estefânia impôs a não beber a xicara de café apesar de estar sendo oferecida por se filho.Dona Chiquinha se virou para Crispim e perguntou:

--- Que faço? - voz de dona Chiquinha.

--- Deixe que eu darei para que ela sorva! - respondeu Crispim.

A mulher lhe passou a bandeja e Crispim, com muita calma, sentou à beira da cama, com cuidado para não tocar em seu pai e fez agrado em sua mãe de forma que ela sorveu a xicara de café quentinho. Por um instante, Crispim sossegou.

Um tempo depois surgiu na porta do quarto o rapaz Miguel, filho do velho Miguel, anunciando que tinha dado o recado a Padre e que o sino da Igreja já repicava. Ao dizer tal acontecimento, vendo o seu pai estirado na cama, Miguel se encheu de copiosas lágrimas como um garoto perdido em meio da multidão. Aquilo aborreceu até a Crispim que mandou ele se aquietar, pois seu pai estava dormindo o sono dos justos. O padre chegaria depois das 7 horas quando celebrasse a última Missa do dia.

--- Te acalma, menino. Assim tu incomoda até tua mãe. Ele está em justa paz. - comentou Crispim.

Masmo assim, o rapaz não se conteve. Chorava ainda mais, dizendo:

--- Paisinho! Por que fostes embora? - dizia, em prantos, o rapaz ao lado de sua irmã, Alice, que também pranteava a dor de todos.

Às 5 horas da manhã, Euzébio esperava com calma incontida a presença do médico, enquanto sentava em sua calçada. Um jardineiro apareceu, aguando as plantas o que fez Euzébio de imediato se levantar e perguntar pelo médico Varela Santiago. O moço respondeu:

--- Ele ainda dorme, moço! - disse o jardineiro.

--- É que eu tenho um recado urgente para ele! - disse Euzébio.

--- O senhor vai ter que esperar que ele acorde! - respondeu o jardineiro.

Nesse mesmo tempo, a janela do primeiro andar do sobrado se abriu e de lá, Euzébio viu o rosto do Dr. Varela Santiago. Não esperando mais, ele disse:

---Doutor Varela! Nós precisamos que o senhor vá até nossa casa! - falou Zebinho.

--- Quem é você? - perguntou o médico.

--- Euzébio, filho de Miguel Leandro! Ele morreu, hoje! - respondeu Zebinho.

--- Está bem. Chego já. Pode me esperar em casa! - respondeu doutor Varela.

Euzebio agradeceu e rumou para a sua distante casa, quase que correndo, passando pelos matos crescidos no meio do caminho.

Nesse mesmo instante, com o dia claro, Néra, passando entre o povo próximo que se fazia presente, principalmente irmãs e sobrinhos, desceu os batentes da casa e rumou em frente, dobrando no beco da rua e seguindo, passando pela Av. Deodoro, cruzando umas casas baixas que ela nem notara por saber que os casebres existiam alí, dobrou na próxima esquina da rua Camboim e tomou o rumo de sua casa, pequena e pobre como eram todas as casas daquela rua. Nem precisou bater, pois João, o seu marido, já havia deixado encostada a porta serrada ao meio com o ferrolho somente trancando a parte de baixo da porta. Desse modo, Néra não teve maiores problemas para entrar em sua casa. Ao abrir a parte de baixo, viu logo a presença de João (que o chamavam de Professor). Então, seu marido veio ajudá-la a abrir o que não foi preciso. João perguntou como estava o velho Miguel, apesarde ter ouvido o sino da matriz repicar dolente durante a madrugada e até àquela hora, pois o rapaz Miguel disse ao Padre que deixar-se repicar por diversas horas, ou mesmo o dia inteiro.

--- Morreu! - respondeu Néra.

--- Ele estava mal. - comentou com precaução o Professor.

--- Morreu como um passarinho. - disse Néra.

--- E você viu? - perguntou João.

--- Ele morreu nas minhas mãos. Mamãe nem percebeu. - respondeu Néra se encaminhando para o interior da velha casa a procura do banheiro com seu marido seguindo de perto.

--- Você vai voltar logo? - perguntou o professor.

--- Vim tomar banho, mudar de roupa. ...Estou imunda! - justificou Néra.

--- Paciência! Eu vou com você. Agora é preparar o enterro. - falou João

--- Nem me fale! O povo está chorando. Miguel, Alice, mamae, Anunciada. - replicou Néra.

--- Nem diga nada. Vai ser um temor! E o médico? - indagou João.

Nesse ponto, Néra já entrara no banheiro. A porta, ela trancou por dentro. Com isso, João voltou para o birô na sala de entrada onde tinha um grande quadro negro, uma estante de livros entre outros objetos.Tão logo ele puxou a cadeira aproveitando para arrumar os livros espalhados pelo birô. Há algum tempo ele sofrera o mesmo mal, quando sua primeira mulher havia morrido. Foi um sufoco. Padre, médico, caixão, enterro, abrir cova, ir ao cemitério. E ele tudo isso sozinho. Nem queria pensar em outro sepultamento. Lembrou que não vira sinal de pranto nos olhos de Reinéria, como ele a tratava, pois na casa de seu pai todos a chamavam de Néra, fato que ele não fazia. Lembrou, apenas que ela não falou em todos os irmãos: João, José, Nenen que era Iracy, Justa, Paulo. Esse pessoal deveria ser avisado. E havia Cícero, Felipe, Jairo que moravam em outros Estados. Devia-se passar, pelo menos, um telegrama contando o fato, pensava João Álvares, o Professor. E o Correio demorava entregar um telegrama, mesmo sendo expresso. Talvez, eles tomassem conhecimento apenas no dia seguinte.

Às 7 horas, o médicou chegou a casa de Miguel Leandro. Cumprimentou os presentes e foi convidado por Euzébio a entrar no quarto de casal onde estava o morto. A sua viúva, Estefânia, estava presente e mais umas três pessoas. Talvez Crispim, Anunciada e um rapaz bem moço. De imediato, Dr. Varela Santiago auscultou o morto para certificar-se que estava verdadeiramente morto, verificando coração e pulmão. Ele já sabia que Miguel não suportaria por mais tempo aquela aflitiva doença. Passou a espátula na lingua que já apresentava rigidez cadavérica. Depois de um tempo e perguntas técnicas ele pediu um local para escrever o certificado de óbito. E isso lhe foi dado, na sala de entrada, onde havia um birô.. Como ele era o médico do falecido não teve problema em precisar levar para o necrotério. Alí mesmo o Dr Varela Santiago atestou dizendo que o morto foi vitimado por disenteria amebiana. Esse foi o atestado de óbito feito em plena casa de Miguel Leandro. Passado algum tempo a mais ele foi cumprimentar a lutuosa viúva:

--- Aceite meus pêsames! Ele foi forte.E uma doença letal. Deus tenha piedade de sua alma, é o que eu desejo. - pontuou Varela Santiago.

O pranto caiu em peso por parte de todos os circunstantes.

Às 4 horas da tarde o séquito saía da Rua José de Alencar, a Rua da Estrela, em direção ao Cemitério do Alecrim. Toda a rua próxima ficou tomada de gente. Uns, chorando. Outros se perguntando como tal fato aconteceu com o velho e nem tão velho assim. Miguel Leandro dormia o seu último momento na Terra. Alguém perguntava:

--- De que ele morreu? - uma voz.

Outos respondiam:

--- Dos intestinos! - voz de outro.

--- Coitado! -respondia alguém.

Era uma verdadeira multidão. Muitos ficaram a soluçar na calçada das casas em frente. Um homem velho olhava tudo, entristecido. Uma mulher, chorava.Uma criança apontava o coche. Uns poucos seguiram o cortejo a pé. Na frente de tudo, escoltava o Carro Fúnebre, todo ornado com cortinas negras e franjas douradas adornando toda a lateral do imponente veículo, seguindo lento e vagaroso, impondo a sua marchaaos que vinham depois. Decorado com grinaldas por seus ambientes laterais e atrás, o carro caminhava. Havia além do mais, grinaldas e flores cobrindo o esquife. Nele, apenas o séquito do morto em um ataúde negro com franjas de prata, cheio e misteriosas brumas entristecidas como a caleça. A carruagem, dirigida por um motorista todo vestido de negro com um auxiliar também trajando preto ao seu lado. Após o veículo, escoltava outro, trazendo na frente, além do motorista, Crispim Leandro, filho do morto, trajando roupa negra e chapéu escuro. No mesmo auto, estavam Miguel, o filho; a viúva Estefãnia Leandro e sua filha Leonor, única solteira de todas mulheres da raiz Leandro.Mas atrás, em outras viaturas, mais familiares. Eram cerca de vinte nomes da linhagem de Miguel Leandro, entre filhos e netos. Prasentes também os amigos fraternos da família e seus íntimos parentes e pessoas de seu relacionamento, inclusive o padre. Na Catedral, o sinal do badalar do sino em um compasso mórbido de dor e de perda para sempre eterna de um bom homem e pai que já repousava em paz depois de tanto sofrer. A sua viúva igualmente em trajes negros, trazia uma mantilha encobrindo o rosto enlutado. Para ela, nada fari a maior sofrer depois daquela separação padecida de um elo que lhe trouxera inacabaveias alégrias. Aquele era um dia que só lhe restava entender que lhe trouxera um amargo amanhecer.

sábado, 12 de dezembro de 2009

RIBEIRA - 404

- CRISPIM LEANDRO -
Eu conheci tia Laura quando ainda era menino. O meu tio Crispim já havia falecido desde o dia 22 de outubro de 1935, quatro meses após a morte do seu pai, Miguel Leandro. Tia Laura, o seu nome completo era Maria Laura Angélio Leandro. Eu era pequeno, ainda, quando minha mãe passava pela casa de tia Laura, enorme, por sinal, a casa, com um largo corredor do lado esquerdo de quem entrava. Sua construção era das mais modernas já existentes naquela época em Natal. Uma casa de "rico", como era costume dizer. Não sei há quanto tempo Crispim se casou com Laura. Porém, quando o meu avô morreu, ele já havia casado. A casa que tio Crispim deixou ficava na Rua Coronel Cascudo, bem próximo à Rua Felipe Camarão, que faz cruzamento uma com a outra. Em frente à casa de Crispim havia três outras casas muito baixas onde moravam um rapaz e sua mãe. O rapaz era "Edinho", cujo nome completo era Édimo França, que fez, em Natal, no ano de 1947 o Conjunto Trio Yrakitan. Ele e mais dois companheiros: Gilvan Bezerril e João Costa. Esse Conjunto ainda hoje faz fama em todo o Brasil. Edinho morreu em 1961. Na frente da casa de tia Laura, no mesmo prédio, havia uma doceteria onde ela vendia bolos e doces a toda vizinhança. Para se entrar na casa, seguia-se pelo amplo beco e abria-se uma porta um pouco afastada, no próprio beco e, então, entrava-se na sala de jantar. No restante da casa, ia-se por um corredor até chegar a doceteria. Nas demais partes do terreno, tinham fruteiras, às mais diversas, quando a casa findava. Não sei se o meu tio comprou esta habitação pronta ou se mandou fazer ao seu bom gosto e estilo. Na verdade, tinha-se na família Leandro pessoas que gostavam de fazer as suas próprias casas, como era o caso de José Leandro, sem falar no meu avô. Os demais tios, eu não conheci de perto, portanto não sei dizer algo a respeito. De homens, a Família Leandro tinha dez. Em Natal, moravam apenas três, se levarmos em conta Miguel Leandro Filho. Do mesmo modo, sabia-se que moravam fora do Estado, Cícero, Basílio, Felipe, Euzébio, Jairo e Paulo. Pois, como eu me lembro, depois da morte de tio Crispim, a viuva dedicou-se ao feitio de bolos e doces. Aos domingos, tia Laura costumava ir à Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, padroeira da cidade assistir missa e comungar. E era hábito, dona Bela, mãe de tia Laura, ir diariamente a Catedral para assistir missas. De certo, Crispim também era religioso, pois o seu pai, Miguel Leandro, o era, ardente e fervoroso. Sobre a vivência de Crispim, minha mãe pouco falava, a não ser de que ele era um ótimo irmão, fazedor dos deveres de casa das irmãs mais novas, como Leonor e a própria Reinéria que todos os irmãos chamavam de Nera. Ele ensinava às meninas fazer conta e a caligrafia, além de história e geografia. De volta ao tempo, sei bem que a minha mãe - Néra - sempre passava na doceteria de Laura, quando conversavam amenidades uma boa parte do tempo. Bem perto daquela casa, pela Rua Felipe Camarão, havia umas três ou quatro casas pequenas, tipo "cachorro de cócoras", com a queda d'água para frente e para trás, todas elas habitadas por gente simples que, talvez pagassem aluguel. Em uma delas, residia um enfermeiro empregado da Saúde Publica: Manoel Enfermeiro era assim conhecido. Eu sempre estive em sua casa ou, se não, ele ia até onde eu morava, no Tirol, para aplicar injeção de Bronco Leber, pois eu sofria de cansaço - asma -.
Tia Laura era mãe de um garoto, fruto da união com Crispim. Creio eu que, naquele tempo, em 1947, José Rinaldo - era o seu nome - já estava com seus 15 anos. Sempre o encontrava quando ele vinha do Colégio Marista, batendo uma bola de futebol. Minha tia se sentia desencantada com a atitude de José Rinaldo em querer somente jogar bola e sempre dizia que ele não tinha progresso nos estudos. Com o decorrer do tempo, José Rinaldo foi Tabelião de um Cartório em São José do Mipibú. Com certeza, o bater bola de Rinaldo era um passa-tempo de todos os jovens. Por exemplo, tia Anunciada tinha um filho - Jubal - que gostava de bater bola até que um dia, assistindo a um jogo no Campo de Futebol "Juvenal Lamartine", no Tirol, um jogador acertou uma bola no alambrado que protegia o gramado do campo e pegou em cheio a cabeça de Jubal, pondo-lhe desacordado. Coisas de futebol. Eu perguntava à minha mãe como era Crispim e ela dizia ser um "ótimo rapaz". Porém, nunca falou sobre sua morte ou do que ele morreu, na verdade. Uma coisa é certa: Crispim tinha 37 anos de idade no dia do seu falecimento. Pelo que eu soube, ele foi um dos tais que pegou na alça do caixão quando o seu pai morreu. Ele era um tipo belo e forte, quando em vida. E foi Crispim quem substituiu Miguel Leandro no 1º Cartório, pois, nesse tempo, ele já estava como Tabelião Substituto. Dois outros filhos de Miguel Leandro, também trabalhavam no Cartório. Ainda hoje, quando se procura um atestado de antes do ano de 1935, encontra-se uma esmerada caligrafia que foi feita por Crispim Leandro. Seu nome, na verdade, era Chrispim. Nome escrito na antiga ortografia da Língua Portuguesa. Ele estudou até o segundo grau completo. Não sei por que ele não continuou os estudos para se formar doutor. Todavia, era um homem de bom saber. Culto, por assim dizer. Igual ao pai, Miguel. A sabedoria da família Leandro vem do berço. Talvez o avô de Crispim fosse mais sábio do que o seu próprio pai. Assim, são as eras!
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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

RIBEIRA - 403

- MIGUEL E FAMÍLIA -
À direita de Miguel está a sua esposa, Estefânia. E ao lado esquerdo,estão seus filhos Cícero e João Leandro, conhecido por Segundo. No extremo da direita estão a esposa e uma filha de Cícero.
Sempre ouví dizer em minha casa, por minha mãe, que meu avô, Miguel Leandro, não tecia conversa com os seus filhos. Isso, sempre. Certa vez, a minha mãe (Néra) disse que até com a minha avó, Estefânia, a conversa não era bem outra. Minha mãe dizia que não fora uma só vez, mas várias que ela sofreu axincalhos e teve os cabelos puxados por minha avó por uma coisa qualquer. E as outras meninas-moças também pagavam o pato da mesma forma, salvo aquelas que a minha avó tinha maior estima. E com o meu avô, o negócio era do mesmo jeito. Isso, a minha mãe dizia. Dizia, por que, com certeza sofreu agruras com a educação daqueles tempos, início do século XX. E eu acreditava como até hoje acredito.Porém , vendo os meus tios, sempre alegres e cordatos eu até me admiro de que tal procedimento fosse sempre daquele jeito. Ora! O filho puxa ao pai ou a mãe. Ou mesmo a ambos. Meu avô, se fosse um carnegão, não deixaria um filho seu brincar em um Fandango, mesmo sendo dele.E entre os convidados, não faltavam uns três filhos ou mais do meu avô para dançar o Fandango. Quando eu, já velho, ouvi de uma velha senhora, empregada da casa de Miguel Leandro, no ano de 1930 ou mais, que um dos seus filhos quando vinha para casa, já se ouvia gritar: "Põe o meu almoço!!!". Isso, em plena Rua da Estrela, centro da capital. Mas, a minha mãe dizia que nenhum dos filhos tinha consentimento de atravessar a sala de visitas quando alguém de fora estivesse lá, a conversar com o meu avô. Talvez isso fosse certo. Como também era certo que um tio meu levava para o Colégio da Conceição - CIC -duas de suas irmãs e deixava no portão do estabelecimento aos cuidados da freira. E essas irmãs das quais eu ouvia dizer eram minha mãe e minha tia Leonor. Desse modo, não há porque duvidar. Certa vez, minha mãe contou uma história que ela sempre repetia. Meu tio Cícero, que era um dos adultos da casa, reclamou do café servido que estava "muito frio". Quem punha o café à mesa era a minha mãe e ela sabia do aquecimento do bule e, claro, que o café não estava frio. Mesmo assim, toda vez meu tio reclamava: "Café frio!!". Certa vez, minha mãe pôs a mesa toda arrumada e levou um café bastante quente e ficou a olhar o meu tio se ele teria o que dizer. Dessa vez, tio Cícero queimou toda a boca e as lágrimas desceram dos olhos. Minha mãe perguntou: "Tá frio?". E saiu sorrindo baixo. Só sabia ela que dessa vez em diante nunca mais Cícero reclamou do café, se estava quente ou frio. Tais histórias, minha mãe contava. E dentre muitas, teve a que o meu tio Crispim, tabelião substituto do 1º Cartório, quando voltava para casa, na hora do almoço, fumando o seu cigarro, prazerosamente, sentindo no ar a delirante fragrância que tal cigarro soltava através de sua fumaça. Quando, de instante notou a presença de seu pai, Miguel, que teria que cruzar com ele em frente ao Cinema Rex, centro da cidade, Avenida Rio Branco. Naquele tempo, fumar cigarro, charuto ou até mesmo o cachimbo na presença de um pai era considerado tremendo desrespeito. Quando o meu avô se acercou de Crispim, esse colocou o cigarro aceso no bolso do seu paletó para não denotar que estava a fumar. Encontrou-se com o "velho" pai e os dois conversaram algumas palavras sobre o Cartório e logo depois Crispim se despediu com o bolso todo furado e fumegando por conta do maldito cigarro que ainda estava aceso feito brasa queimando o interior do paletó. Depois de apagar o fogo, à sombra de um pé de ficus, na Avenida Rio Branco, o rapaz rumou para casa onde trocaria de uniforme por completo. O paletó, ele atirou no lixo. Tais histórias eu ouví contar por minha mãe além de Antônio Patricio, o Rapa-Coco, figura tão popular na casa de Miguel Leandro. Rapa-Coco, podia-se dizer: morava lá, na Rua da Estrela, onde o meu avô tinha sua oficina para confecção de urnas mortuárias. E era Rapa-Coco quem levava os caixões para a casa dos abatidos e lacrimosos compradores para sepultar o seu defunto. Não raro, suas sobrinhas também levavam os ornamentos do velório, assim como cruzes, castiçais, velas, grinaldas de flores naturais e tudo mais que precisasse para o enterro do pranteado defunto. Por isso, o "velho" Miguel era tido por seus "inimigos" como o homem que fazia caixão de defunto, em uma hora, e registrava a história do morto - Atestado de Óbito - em seu Cartório, em outra. Desse modo, ganhava dinheiro por dois lados. E se precisasse, por três, pois ao nascer à criança tinha que se registrar, mesmo que fosse um natimorto. Em contrapartida, o velho Miguel era um homem religioso e toda a família seguia os mesmos passos. Até a sua esposa, Estefânia, fazia os arranjos dos altares com a ajuda de filhas e sobrinhas. Ele, Miguel, era da Irmandade dos Passos, com seu traje negro e manta roxa com um cajado branco à mão direita quando seguia uma das procissões mais religiosas que se fazia na cidade: a Procissão dos Passos. E tinha também a do Senhor Morto, Procissão do Encontro e as de festas como Nossa Senhora da Apresentação, Padroeira de Cidade. Tudo nisso ele sempre estava presente, além de participar das missas dominicais quando comungava contrito. Podia até ser um velho ranzinza, mas seus filhos eram todos tagarelas, alegres e sorridentes.
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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

RIBEIRA - 402

- DEUSA DO AMOR -
Existe um planeta artificial chamado de Nibiru na antiga Suméria. Ao longo do tempo, este astro tem sido chamado de inúmeras maneiras, como Planeta X, Hercólubos, O Destruidor (no antigo Egito), Absinto (na Bíblia), Planeta Intruso, Dragão Vermelho entre outros nomes.Este planeta é habitado por uma raça humanóide guerreira que se chama nibiruanos. Nibiru tem uma órbita bastante eliptica, demorando 3.600 anos terrestres para percorrê-la - igual a um ano nibiruano -. Na sua maior aproximação do Sol da Terra e outros planetas aqui regentes, ele passa entre as órbitas de Marte e Júpiter, com uma trajetória quase perpendicular ao plano da Terra, vindo por baixo desse plano. No seu maior afastamento do Sol, Nibiru fica na região da constelação das Plêiades. Os Nibiruanos têm, devido a esse fato, a cor da pele na tonalidade azul claro, como todos os pleiadianos, e uma altura de 2 a 4 metros. Os deuses hindus são representados nesta cor, por serem extraterrestres provenientes deste corpo celeste. A expressão "sangue azul", também dada às pessoas vinculadas hereditariamente às monarquias do planeta Terra (iniciadas pelos "deuses" nibiruanos), também tem orígem nessa característica da pele dos pleiadianos nibiruanos. Há cerca de 500.000 anos, os nibiruanos chegaram à Terra à procura de ouro, para ser espalhado na atmosfera de Niribu, que tinha sido muito degradada devido a muitas guerras entre eles próprios. Quando aquí chegaram, eles encontraram muitos seres já vivendo aquí, como o humanóide Home Erectus. Estes povos já haviam cavado milhares de quilômetros de túneis subterrâneos na crosta terrestre, por essa ocasião. E hoje, continuam a cavar túneis, mesmo não sendo mostrado ao povo. É bastante ver os túneis que se cavam no Brasil para extração do carvão. Ou mesmo, a extração de óleo cru, ouro e outros metais preciosos. Para ter "escravos" para trabalhar nas suas minas subterrâneas de ouro, os nibiruanos pegaram a raça Homo Erectus, fizeram uma manipulação genética (misturando com material biológico deles próprios) e criaram o Homo Sapiens e, consequentemente, o que é chamado de "elo perdido" na atualidade (pois houve, de fato, um salto deuma espécie para outra, sem passar pelas etapas intermediárias, necessárias pela teoria da evolução de Darwin). O Homo Sapiens passou a ser chamado de Lulu, pelos nibiruanos. Posteriormente, os lulus passaram a chamar os nibirunos de Anunnaki ("aqueles que desceram do céu para a Terra"). Portanto, Anunnaki são os nibiruanos que vieram morar na superfície externa da Terra.
Há cerca de 500.000 anos atrás, o regente de Nibiru era Anu. Nessa ocasião ele veio à Terra e teve um filho com a princesa terrestre chamada Vão. O nome desse filho é Enki (significa Senhor da Terra). Com uma outra concubina, Anu teve uma filha chamada Ninhursag, conhecida por Ninmah. O rei Anu casou com sua meia-irmã Antu e teve um filho chamado Enlil (significa Senhor do Comando). Enlil, por ser filho de pais regentes irmãos, têm a preferência na sucessão de Anu em Niribu, quando comparado com o primogênito Enki. Isto tem gerado antagonismo entre Enlil e Enki, o longo da história, e entre os seus descendentes. Para gerar um descendente com preferencia à sua própria sucessão, Enlil teve um filho com a sua meia-irmã Ninhursag, chamado Ninurta. Posteriormente, Ninurta casou com Gula. Com outra mulher, Enlil teve um filho Nannar, que casou com Ningal. Nannar e Ningal tiveram, na Terra, um casal de gêmeos: Inanna (menina) e Utu (menino). Nannar teve também uma filha, com uma mulher chamada Ereshkigal. Enki, por ser filho de um nibiruano e uma mulher da Terra, teve muitos filhos. Com a nibiruana Ninki ele deu orígens a filhos e um descendente foi Noé, o mesmo que se salvou do Dilúvel. Foram muitos os herdeiros de Enki, dentre eles o conhecido como Poisedon, pelos gregos, ou Netuno, pelos romanos.
Innana, venerada como uma deusa (do amor), ficou conhecida também, por muitos outros nomes, como Vênus, pelos romanos e Afrodite, pelos gregos. Ela é a responsável pela construção de inúmeros Templos do Amor, muitos deles na India.
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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

RIBEIRA - 401

- NIBIRU -
Os Sumérios descreviam o sistema solar como um conjunto de 12 corpos celestes significativos. Na linguagem zodiacal, estes astros são todos chamados de "planetas", embora, entre eles, os antigos incluíssem a Lua e o Sol. Isso significa que os mesopotâmicos, não somente possuíam um inexplicável conhecimento astronômico; eles também afirmavam a existencia de planetas que somente a ciência contemporânea pôde reconhecer, como o longínquo Plutão; os misteriosos Urano e Saturno e o até hoje deconhecido porém procurado 12º planeta, este que os sumérios denominavam Nibiru. Ora, se os sumérios, há 6 mil anos, estavam corretos em relação aos nove planetas reconhecidos hoje porque não poderiam estar, igualmente corretos, em relação a Nibiru? Meditemos:
Ut'napishtim, o Noé da Suméria, resgata Gilgamesh do meio dos oceanos durante o Dilúvio provocado pelos Anunnaki. Há seis mil anos os sumérios conheceram um planeta chamado Nibiru. Era o planeta de origem de um povo descrito pelos antigos como "raça de deuses". Os nativos de Nibiru visitaram a Terra no passado influenciando decisivamente a cultura humana. Artefatos e tabuletas cuneiformes de argila e pedra encontradas no Iraque referem-se claramente a um planeta de onde vieram viajantes cósmicos. A herança destes remotos alienígenas aparece na avançada tecnologia dos sumérios e de outros povos ao redor do mundo. Muitas relíquias não são acessiveis ao público que, assim, desconhece essa face da mitologia mesopotâmica. No caso dos sumérios, sua cultura é a mais antiga do Ocidente. Entretanto, seu sistema matemático e o calendário permanecem atuais. Aos poucos, a pesquisa sobre Nibiru começa a aparacer, ainda que o planeta seja chamado por outros nomes, com 12º planeta ou "planeta da cruz". Os sumérios tinham doze corpos celestes em seu zodiaco, contando o sol e a lua e mais Dez Planetas que, afirmavam, pertencem ao nosso sistema solar.
Hoje, os cientistas estão procurando este planeta misterioso nos confins do espaço; a NASA se empenha nessa pesquisa e os especialistas investigam porque já têm certeza de que o "Planeta X" existe. Observado há milhares de anos passados, Nibiru não é visto nos céus contemporâneos. Isso porque a órbita do 10º planeta (12º astro sumério) é uma elíptica extremamente alongada. Durante milênios, o globo se mantém longe do sol e da vista dos terráqueos, muito além da órbita de Plutão. Os viajantes de Nibiru que chegaram à Terra são chamados Anunnaki e foram considerados deuses. A tradição conta que os Anunnaki possuiam "servos" que eram "seres andróides". Não eram seres vivos mas agiam como se fossem.
A NASA localizou um maciço e negro objeto cósmico nos céus do hemisfério sul, fato que pode justificar a recente reativação de telescópios da Argentina de no Chile. Muitos desses observatórios permitem medir com exatidão o nascer do sol e da lua. É possível que esse notável interesse pelo céu tenha sido motivado pela expectativa de um retorno desses alienígenas que foram, no passado, considerados criadores e instrutores da raça humana. Anunnaki na língua suméria significa "Aqueles que desceram dos céus". Descobertas arqueológicas e artefatos recolhidos nos últimos duzentos anos são o fundamento da teoria de que uma avançada civilização proveniente de um planeta distante, porém pertencente ao sistema solar do qual a Terra faz parte, chegou ao golfo Pérsico a cerca de 432 mil anos atrás; eram os Anunnaki. Os visitantes estelares colonizaram a Terra com o propósito de obter grandes quantidades de ouro. Sua mão-de-obra foi arrebanhada entre os humanos primitivos, que foram manipulados geneticamente.
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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

RIBEIRA - 400

- ZEN -
Zen ou Zen-budismo é o nome japonês da tradição Ch'an surgida na China, e asssociada em suas orígens ao Budismo do ramo Mahayana (Grande Veículo), síntese da doutrina dos ensinamentos do Buddha Sãkyamuni, ou Guatama Buddha, realizada por diversas escolas budistas por volta do século II. Cultivado sobretudo na China, Japão, Vietnã e Coréia.A prática básica do Zen na versão japonesa e monástica é o Zazen, tipo de meditação contemplativa que visa levar o praticante à "experiencia direta da realidade". No Zen japonês monástico, há duas vertentes principais: Soto e Rinzai. Enquanto a escola Soto dá maior ênfase à meditação silenciosa, a escola Rinzai faz amplo uso dos koans, ou enígmas, charadas. Um koan é uma narrativa, diálogo, questão ou afirmação no Zen-Budismo que contém aspectos que são inacessiveis à razão. Atualmente, o Zen é uma das escolas budistas mais conhecidas e de maior expansão no Ocidente. Existem várias lendas dentro da tradição Zen, transmitidas e renovadas pela tradição oral e parte dos folclores chinês e japonês, que se entrelaçam com a história. Narrativas da tradição oral, muitas das quais compiladas em antologias literárias, podem ser, de acordo com deferentes visões de teóricos consideradas lendas, folclore, mitologia ou literatura propriamente dita. Ao tratar das narrativas setsuwa no Japão, narrativas breves, contadas "de um fôlego só" compiladas na antologia literária de "Narrativas de Hoje e de Ontem", do período Heian, se considera que tais narrativas são transmitidas como reais ou supostamente reais. A antologia contém histórias referentes à China, Índia e Japão, algumas das quais associadas ao budismo. As origens do Zen-Budismo são apontadas para o Sermão da Flor, cuja fonte mais antiga vem do século XIV. Gautama Buddha juntou seus discípulos para um discurso de Dharma. Quando eles juntaram-se, o Buda permaneceu completamente silencioso e alguns acharam que ele estava cansado ou doente. Silenciosamente, o Buda levantou uma flôr e vários discípulos tentaram interpretar o que isso significava, embora nenhum deles corretamente. Um dos discípulos, Mahakashyapa, também silenciosamente, olhou para a flôr e obteve um entendimento especial além da palavra "sabedoria", diretamente da mente do Buda. Mahakashyapa de alguma forma compreendeu o verdadeiro sentido inexprimível da flôr e o Buda sorriu para ele, reconhecendo o seu entendimento. Como todas es escolas budistas, o Zen remete suas raízes ao budismo indiano. A palavra zen vem do termo sânscrito dhyãna, que denota o estado de concentração típico da prática meditativa.
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