quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

RIBEIRA - 407

- ZEBINHO -
Este é Zebinho (foto) cujo nome verdadeiro era Euzébio. Euzébio Leandro, filho de Miguel e Estefânia Leandro. Quando o seu pai morreu, em 1935, Zebinho estava com 33 anos de idade. Foi ele quem cuidou do atestado de óbito do seu pai, lavando ao 1º Cartório Judiciário, hoje, o 1º Cartório de Notas e Ofício. Eu conheci Zebinho em 1950, quando ele esteve em Natal, a passeio. Era magro, esbelto e elegante. Nesse tempo, ele já estava com os seus 48 anos de idade. Quando estava em Natal, Zebinho tomou conta do Cartório ao lado do seu irmão, Crispim e de Miguel Leandro Filho. Crispim era o Tabelião Substituto, o que durou para ele apenas quatro meses. Crispim morreu em setembro de 1935, quatro meses após o seu pai. Deste modo, o Cartório ficou sob a responsabilidade de Euzébio Leandro e de Miguel Feandro Filho. Já em 1938, Miguel tinha o seu próprio Cartório, em Flores que após esse tempo o município passou a ser chamado por Florânia. Então, Euzébio conseguiu um emprego público e foi transferido para o Rio de Janeiro, pondo-se à disposição o 1º Cartório, uma vez que não mais se interessava à Familia Leandro. A mãe de Euzébio faleceu oito anos depois do seu marido, Miguel, no ano de 1942. Com a família desarrumada, valendo-se apenas no nome "Leandro", cada um seguiu o seu destino. E foi assim que Zebinho ficou de uma vez por todas na Capital da República, vindo a Natal de forma esporádica. Em 1950 talvez tenha sido a última vez que ele esteve em Natal. Eu era ainda pequeno quando ví meu tio Zebinho. Ele era conversador, igual a seus irmãs, como Cícero, Jairo, Paulo, Segundo, Zeca e mesmo Miguel. Eu conheci quase todos os da família. Com certeza, Basilio eu não tive o prazer de conhecê-lo pois, ao que parece, ele morreu bem antes do seu pai, Miguel Leandro, uma vez que, no testamento nõ constava o seu nome e nem de esposa e filhos. Basílio deve ter morrido ainda solteiro. Euzébio também era solteiro pelo tempo da morte de seu pai e, quando ele veio a Natal, 15 anos depois da morte de Miguel Leandro, ele ainda nem falava em casamento. Não era raro ele conversar em sua nova moradia, fato que o meu pai conhecia muito bem: o Rio de Janeiro. Meu pai esteve no Rio por volta de 1927, quando retornou a Natal de vez e se casou com uma moça do Pará, de nome Raimunda Barbosa. Tão logo depois desse casamento, em 1930, meu pai ficou viúvo e se casou com Reinéria Leandro. Por seu turno, Euzébio ficou em Natal por um pouco de tempo e, nessa ocasião, acertou a ída de Paulo, o seu irmão, tambem para ir morar junto com ele, no Rio de Janeiro, coisa que aconteceu alguns meses depois. Foi Zebinho quem comunicou a morte de Paulo, por atropelamento de carro, em uma das ruas do Rio. Aparentemente, Paulo estava embriagado naquela hora quando foi colhido pelo auto. Para mim, conhecer Zebinho era algo supreendente, pois em minha casa, Zebinho era um nome por demais cotejado por minha mãe e meu pai. Ao que parece, ele era um dos irmãos por demais queridos por todos os outros, por seu ar equilibrado e conciso bem ao gosto de todas as suas irmãs e irmãos. Não recordo bem do que ele conversava com meu pai, pois o meu interesse era olhar para aquele formidavel ser que todos conheciam. Sei bem do ar jovial que ele expandia por toda a sala e do almoço que minha fez para ele naquela manhã de sol a pino. Zebinho estava hospedado na casa de alguma irmã, talvez Justa, que morava no centro da cidade, na Rua Santo Antônio, artéria que prestava muito bem para ele se locomover por todos os locais de Natal, terra que ele conhecera quando menino, e muito bem. Para quem naceu em Natal, antigamente, não era dificil se deslocar de um bairro para outro. Por isso, para Zebinho era comum de ir à Lagoa Seca, Tirol, Petrópoles, Cidade e mesmo à Ribeira, local onde o comércio imperava. A minha imaginação era fertil de ver um homem que vivera Natal e, então, naquela época, morar no Rio de Janeiro, terra do progresso e dos assuntos diversos que se espalhavam pelo Brasil. Se alguem dizia conhecer o Rio, ter-se-ia a impressão de que esse alguém conhecia o mundo. Ao tomar-lhe a benção eu teria a impressão de que aquele jovem homem estaria traduzindo a benção de um verddeiro Papa, pois sua benção era algo sagrado. Talvez ele nem pensasse assim. Mas, pelo jeito em que me abençava, era de uma fé extrema que eu sentia pelo modo como meu tio Euzébio fazia com sua mão estendida.
--- Tome a benção a seu tio! - dizia a minha mãe.
E eu, temoroso, pedia-lhe a benção com o meu sentido de não ser abençado. Enfim, ele me depôis a sua mão e eu a beijei, com muito respeito e temor.
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