domingo, 31 de agosto de 2008

RIBEIRA - 95

CATEDRAL DE SANTA TERESA
Em 15 de julho de 1893 teveram início as obras de construção da atual Catedral de Santa Teresa.
As obras prosseguiram com grande rapidez, contando com o auxílio espontâneo do colonos, e o templo já estava coberto em meados de 1896 sendo inaugurado solenemente em 14 de outubro de 1899.
Em 1913 foi concluído o belo altar-mor em estilo neogótico e foi entronizada a estátua de Santa Teresa. Foram também executados os mosaicos do piso e o reboco interno.

Na segunda metade do século XIX, em virtude da guerra de unificação da Itália, aquele pais europeu se encontrava em grave crise social e económica, e os agricultores empobrecidos já não conseguiam garantir a subsistência. Nesta época o governo imperial do Brasil decidiu empreender a colonização de áreas desabitadas do sul do país, e resolveu-se incentivar a vinda de imigrantes da Itália, após o bom sucesso da iniciativa semelhante com o elemento germânico. Em 1875 chegam os primeiros colonos. Eles foram encaminhados a Porto Alegre e, dalí, subiram a serra a pé, em lombo de burros ou em carretas, atravessando a região ainda selvagem, até chegarem ao Campo dos Bugres.

Um ano depois já se encontravam no local cerca de dois mil colonos. Em 11 de abril de 1877 a Provincia passou a ser denominada a ser Colônia de Caxias, em homenagem ao Duque de Caxias.

Em 1887 a Colonia concentrava algumas atividades comerciais, especifico as de secos e molhados e as pequenas fábricas.

CASA DE PEDRA






Viajar por esse Brasil é o mesmo que descobrir o mundo. São costumes diferentes em cada região desse país continente, capaz de oferecer maiores surpresas em cada esquina de rua. Viajar pelo Brasil se encontra mesmo as casas feitas de pedra, como se encontra em outras partes moradias feitas de vara. Os imigrantes europeus no Rio Grande do Sul criaram uma arquitetura popular, aproveitando sempre a madeira e a pedra abundantes. Um exemplar que resistiu ao tempo para testemunhar esta história foi a casa erguida pelo imigrante italiano Giuseppe Lucchese, no final do século XIX, na então denominada 9ª Legua de Caxias (hoje bairros Santa Catarina, São José e Vila Cohab). Em 1974, após servir a outros moradores: famílias Brunetta e Tomazzoni, e ter abrigado atividades comerciais tão diversas quanto armazens, ferrarias abatedouro de suínos, foi desapropriada para tornar-se museu. O Museu Casa de Pedra foi aberto ao público a 14 de fevereiro de 1975, tornando-se desde então, um espaço de referencia para a comunidade e para visitantes.




Popularmente conhecido como Casa de Pedra, edificação que merece cuidados constantes. Uma completa restauração foi realizada em 2001, com apoio da iniciativa privada que garantiu a sua preservação. A denominação que passou a ser utilizada, Museu Ambiência Casa de Pedra, reflecte o conceito aplicado ao bem cultural. À própria edificação - feita com pedras assentadas e rejuntadas com barro, aberturas em pinho falquejado e janelas afixadas em tijolos artesanais -, une-se o mobiliário interno que reconstitui o modo de vida domestico do final do século XIX.No piso inferior, sala, cozinha e forno para assar pão e no superior, quartos. É possivel visitar este espaço e reconhecer as principais caracteristicas da formação cultural de Caxias do Sul, centrada no trabalho familiar, na moradia e terreno como fonte de sobrevivência.




Antes da chegada dos imigrantes italianos a região era habitada por índios Caingangues, e daí vem a sua denominação antiga de Campo dos Bugres, empregada até 1864. Por alí também passavam tropeiros em seus deslocamentos entre o sul do Estado (Rs) e o centro do país, e os jesuítas também tentaram fundar algumas reduções, embora sem sucesso. Vários ciclos económicos marcaram a evolução da Colónia ao longo deste século. O primeiro deles foi o da agricultura de subsistência que se concentrou na produção de uva, vinho, trigo e milho, começando uma industrialização a nível doméstico. Todo o excedente era comercializado. Apesar do crescimento populacional e industrial, o passado da imigração não foi esquecido. Há festividades e passeios tradicionais que apresentam a colonização italiana, o processo da produção do vinho, os parreirais e todos os detalhes de uma história. Na Colónia ainda se fala, além do português um dialeto derivado da língua vêneta, chamados por muitos de talian.











sábado, 30 de agosto de 2008

RIBEIRA - 94

MUNICIPIO DE PATU

Patu, município do Estado do Rio Grande do Norte, (Br), localizado da região Oeste, está localizada a 300 Km de distância de Natal (Capital) e de acordo com o IBGE, a população é estimada em 12 mil habitantes. O município de Patu fica situado na micro-região serrana, uma zona de agricultura e pecuária, que no inicio da colonização estava ligado ao ciclo dos currais.

Os primeiros habitantes da terra foram os indios Cariris, depois os colonos criadores de gado por volta do século 18 e do século 19. Houve um povoamento muito lento, os primeiros povoadores vieram do município de Apodí, entre eles o Padre Francisco Pinto de Araújo, o Coronel Antônio de Lima, Abreu Pereira e os capitães Leandro Saraiva de Moura e Geraldo Saraiva de Moura. Algumas das primeiras casas do povoado ainda existem.

Geraldo Saraiva de Moura instalou a sua casa da fazenda no pé da Serra de Patu. Em 7 de julho de 1777, ele foi escolhido para ser o administrador do património de Nossa Senhora das Dores e nesta data ele recebeu a primeira escritura de doação do capitão Inácio de Azevedo Falcão. Iniciava-se assim a formação do referido patrimônio. Com o passar dos tempos o povoado foi crescendo com o nome de Patu-de-Dentro e em 1852 foi aprovada a sua fundação pelo Governador da Província. o Dr. José Joaquim da Cunha, com o nome de Distrito de Paz de Patu, em 23 de março de 1852, sendo subordinada à cidade de Imperatriz, hoje Martins.

Na metade do século 19, o capitão José Severino de Moura, sucessor do fundador, conseguiu a aprovação da fundação do povoado com o presidente da província do Rio Grande do Norte. Depois passou a chefia do municipio a seu filho José Severino de Moura Junior e seu sobrinho Raimundo Basílio de Moura, que durou até o inicio da República. O Governador Pedro Velho de Albuquerque Maranhão elevou o povoado à categoria de Vila e o Distrito a municipio em 25 de setembro de 1890. O Municipio foi desmembrado de Martins. Segundo a história, Patu em lingua tupi quer dizer "terra alta", "chapada", "planalto", "chapada sonora", "serra do estrondo".

Patu era um municipio grande, desde sua fundação em 1890 até 1953, quando começou a ser retalhado em novos municípios. Dele, foram desmembrados os seguintes municipios: Almino Afonso, Messias Targino, Olho-dÁgua do Borges e Rafael Godeiro. Todos eram distritos de Patu. Com a expansão da criação de novos municipios no Estado, esses distritos conseguiram a sua autonomia. Ainda hoje, Patu é a cidade-polo, de atracão comercial onde os municípios circunvizinhos se abastecem.. Após os desmembramentos sofridos, Patu ficou com uma área pequena de apenas 369 km2, porém de terras férteis. Patu tem grandes atraiçoes turísticas: Serra de Patu, Santuário do Lima que guarda Nossa Senhora dos Impossíveis.

Em 29 de janeiro de 1758, o coronel Antônio de Lima Abreu Pereira e sua esposa Paula Moreira Braga Pessoa, moradores de Apodí e proprietários da serra (do Lima, de onde vem o nome) construíram uma capela e trouxeram a estátua de Nossa Senhora dos Impossíveis, de Portugal. Cerca de 30 anos depois, o mesmo Coronel doou a capela ao Bispado, passando-se a desenvolver romarias celebrando-se a festa do dia 21 de novembro e 1º de janeiro. Vale acrescentar que os doadores passaram, por escritura, meia légua quadrada da terra para a Sagrada Família. Hoje, o Santuário pode ser considerado como a 13ª Basílica do Brasil, título honorífico que recebeu. O Santuário fica numa posição privilegiada da Serra, onde se descortina imensa panorâmica da região.


RIBEIRA - 93

BAOBÁ DE NÍSIA FLORESTA

Nísia Floresta, antiga Paparí, é um município brasileiro do Estado do Rio Grande do Norte. Está localizado na micro-região de Macaíba, porém bem mais distante de Macaíba ou de Natal, capital do Estado. De acordo com o IBGE, no ano de 2005 sua população era estimada em 23 mil habitantes. O município, antes denominado Paparí, onde impera uma bela e centenária árvore do Baobá, de origem africana, com 15 m. de perímetro, plantada naquela cidade em 1877, goza ainda da praça da Igreja de Nossa Senhora do Ó, matriz da padroeira. A Matriz de Nossa Senhora do Ó pertence a Arquidiocese de Natal. Teve sua construção iniciada em 1703, quando o povoado Papary ganhava suas primeiras ruas. A Matriz foi concluida em 1755.

Com o decorrer dos anos, Papary passou a ser denominada de Nisia Floresta, filha da cidade, poetisa e escritora. O verdadeiro nome de Nísia Floresta era Dionísia Gonçalves Pinto, nascida em 12 de outubro de 1810 e morreu em Ruão, na França, a 24 de abril de 1885. Foi uma educadora, escritora e poetisa brasileira. É considerada uma pioneira do feminismo no Brasil e foi provavelmente a primeira mulher a romper os limites entre os espaços público e privado publicando textos em jornais, na época em que a imprensa nacional ainda engatinhava. Nísia também dirigiu um colégio para moças no Rio de Janeiro e escreveu livros em defesa dos direitos das mulheres, dos índios e dos escravos. O primeiro livro escrito por ela , e o primeiro no Brasil a tratar dos direitos das mulheres à instrução e ao trabalho entitula-se "Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens". Foi esse livro que deu a autora o título de precursora de feminismo no Brasil e até na América Latina, pois não existem registros de textos anteriores realizados com estas intenções.

Em Papary se desenvolve o cultivo de camarões e por tal motivo ganhou o apelido de "Terra do Camarão". Banhada pelo Oceano, Nísia Floresta goza do prestigio de ser frequentemente "visita" por golfinhos, fazendo com que a Prefeitura construir um Mirante dos Golfinhos, para que os visitantes possam admirar. Muitos dos colonos portugueses que vieram aqui viver após a descoberta do Brasil falavam a lingua de seus escravos índios, daí a existencia de muitos topônimos provenientes do tupi. Nessa lingua, Papary significa lagoa do parí, onde pari era uma espécie de armadilha de pesca. Em 1703, Papary não passava de uma aldeia, tornando-se municipio somente em 1852, com sede na Vila Imperial de Papary. Presume-se que os colonos portugues foram quem trouxeram as sementes da planta do baoba, vindos do Senegal, junto com os escravos africanos e plantaram ali a gicantesca árvore.


sexta-feira, 29 de agosto de 2008

RIBEIRA - 92

REDINHA

Na manhã daquele domingo do ano de 1962, eu e meus amigos deixamos de lado o que era de bom em Natal e resolvemos mudar de rumo e seguir viajem com destino à Redinha e, dalí em diante, até poder chegar na praia de Genipabu. A Redinha só tinha casas de veraneio e casebres de pescadores, logo no seu inicio. Ali, a pessoa descia da lancha e era recebido pelas mulheres que vendiam tapioca e peixe frito no Mercado Publico da vila. Aos domingos, o movimento de gente era bem maior que nos dias de semanas. A Redinha tinha ainda, além das casas de veraneio do pessoal da cidade, uma Capela de Nossa Senhora e uma espécie de bar, o Redinha Clube cuja casa era toda feita de pedra de praia.

Bem antes disso, tinha a Redinha com casebres de palha e seus humildes quintais onde se abrigavam os pescadores. A areia era fina e o vento que soprava fazia um redemoinho que chegava até mesmo a cobrir as casas mais próximas da beira do rio ou do mar. A primeira referencia existente sobre o local figura no texto da sesmaria, concedido ao vigário do Rio Grande, Gaspar Gonçalves Rocha por João Rodrigues Colaço, em 23 de junho de 1603. Nesse recanto de mar aberto, os portugueses daquela época já conheciam o potencial pesqueiro da praia, que era um antigo porto de pescaria dos capitães-mores, os quais foram os primeiros colonizadores do lugar. Um mapa do local indica a existência do um "Porto de Pescaria", com a presença de "rede" no mesmo local onde hoje é a Praia da Redinha.

O topônimo da praia faz referencia a uma vila em Pombal, na beira baixa de rio Tejo, em Portugal.. "Distrito vila, a margem esquerda do município de Natal", Redinha-de-fora é um local arruado. A Redinha de dentro fica na foz do rio Doce., desaguadouro da lagoa de Extremoz. A Igreja de pedras pretas, construída pelos veranistas, em 1954, foi erguida de costas para o mar, ato imperdoável para os pescadores. E é por isso que os pescadores continuam frequentando a capela de Nossa Senhora dos Navegantes, bem mais antiga, construída em 1922 - igrejinha menor, "branca, como uma capelinha panda ao vento", para usar a expressão de "Praeira", de Othoniel Menezes.

Na festa de Nossa Senhora dos Navegantes há duas procissões, com duas imagens: a da capelinha antiga é a imagem da Procissão Marítima, pelas águas do rio Potengi, entre a Boca da Barra e os confins da Base Naval; e a imagem da igreja preta, que vai por terra, levada pelos veranistas ao longo das ruas e becos da vila. De pedras do mar, também foi construído o Redinha Clube, em 1937. Durante décadas, o Redinha Clube, teve uma importância relevante para a sociedade que frequentava aquele recanto do Potengi. Hoje, está abandonado e esquecido, quase enterrado pela areia que avança para a vila. Foi alí, no cais da Redinha que eu e meu amigos desembarcamos e seguimos viagem pela beira da praia com destino a Genipabu. Ali não havia casa alguma, Eram só dunas de areia branca e salsa que crescia ao seu redor. Na frente, bem lá na frente, cruzamos o rio Doce, de água limpa e saudável. Quando já era quase onze horas, chegamos ao nosso destino. Enfim, pudemos contemplar a maravilha de terra vazia para quem sabe , um dia, viesse a ser ocupada pela sanha imobiliária. Naquele tempo não havia tal sanha como hoje existe. A Redinha "velha" se tornou em uma surpreendente nova praia por quanto tempo, não se sabe precisar. Enfim, para todos, aquela é simplesmente a velha Redinha, e nada mais.


quinta-feira, 28 de agosto de 2008

RIBEIRA - 91

UTINGA

No início do século XVII, tinha inicio a história de um povoado situado nas proximidades do rio Potengí. Segundo registos da história, o Engenho Potengi pertencia a Estevam Machado de Miranda, cuja família, bem como os habitantes dos arredores por manterem uma postura firme aos ataques dos holandeses, foram vítimas de um massacre imposto pelos holandeses, que ao chegarem a localidade quiseram impor o domínio militar, cultural e religioso. Os habitantes não aceitaram as imposições dos invasores e a tragédia que vitimou toda uma comunidade indefesa entrou para a história como o Massacre de Uruaçu. Entrou também como movimento ímpar de resistência, de fé e de defesa dos principios da liberdade.

No ano de 1698, os holandeses afastaram-se do povoado e começaram a chegar os primeiros grupos de pioneiros exploradores, vindos de Pernambuco. Entre eles, os portugueses Ambrósio Miguel de Sirinhaém e Pascoal Gomes Lima, que chegaram ao povoado no ano de 1710, instalaram suas famílias nas proximidades do rio Potengí, na vizinhança do antigo e histórico Engenho Potengi (Ferreiro Torto) que deu inicio a organização de um novo povoamento. Foram esses os portugueses que construíram dois sobrados e uma capela em homenagem a São Gonçalo do Amarante, com a imagem do santo padroeiro esculpida em pedra e colocada imponentemente no altar. Estava consolidado o povoado de São Gonçalo do Amarante, que em 1833 dava início a luta pela sua autonomia política. Nessa época, por deliberação do Conselho da Provincia, São Gonçalo do Amarante foi denominada vila e desmembrada de Natal, tornando-se municipio, que não resistiu a uma epidemia de cólera que dizimou quase toda a população, fazendo retornar à condição de povoado natalense.

Continuou a luta pela autonomia política e em 03 de Agosto de 1847 o povoado voltou a ser município de São Gonçalo do Amarante. Após cinco anos perdeu novamente sua autonomia e voltou a ser povoado, pertencente dessa vez a Macaiba. Outra vez retorna a condição de municipio. . Mais uma vez por causa das idas e vindas da política, perde sua autonomia e volta a pertencer ao município de Macaíba com o nome de Felipe Camarão. Quinze anos depois, em 11 de Dezembro de 1958, desmembrou-se de Macaíba e se tornou definitivamente o municipio de São Gonçalo do Amarante.

Situada no centro de São Gonçalo do Amarante encontra-se a Igreja Matriz de N,S. da Apresentação que foi tombada pelo IPHAN em 1963. Erguida em 1719, ampliada em 1835 e concluída em 1882. pode-se perceber em seu interior o estilo predominante de cada etapa. Os seus altares foram construídos no estilo Barroco, comuns nos séculos XVII e XVIII, bem como algumas de suas imagens esculpidas em madeira, das quais três também são tombadas em nível nacional: Nossa Senhora da Piedade, São Benedito e o Senhor Morto.

A Igreja Nova foi erguida em 1867 pelo senhor Joaquim Félix de Lima, fundador da localidade, que a dedicou a Nossa Senhora da Conceição. Possui estilo Barroco, e na praça existente, em frente à Igreja, realiza-se a famosa Corrida de Jegues.

Capela de Utinga: Documentos colhidos dão conta de que, em 1730, teria sido erguida uma capela em estilo Barroco, durante o período de ocupação holandesa, para homenagear Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Utinga. A palavra utinga, na lingua indígena, significa "agua branca". Na época de sua construção, serviu como pequeno forte contra o ataque dos índios. É tombada a nível estadual desde 24 de agosto de 1989, pela Fundação José Augusto.

Capela e Cruzeiro dos Mártires: Situado no povoado de Uruaçú, a 5km de Sao Gonçalo do Amarante, a capela é dedicada a São João Batista, tendo sido derrubada e erguida diversas vezes, a última em 1921. Nessa comunidade, houve o massacre conhecido como o Morticinio de Uruaçu, mas não no exato local onde está construída a capela, e sim a 3km de distância dalí.

O Casarão de Olho dÀgua do Lucas foi construído em 1853 pelos escravos de D. Marta Cavalcante e o sr.João Neto. Seu nome vem de uma nascente na propriedade da família Lucas, primeira proprietária do casarão. Foi construído para ser residência. No local, encontra-se escombros de engenhos e desenhos que os escravos faziam. O casarão encontra-se em processo de tombamento em nível estadual.


RIBEIRA - 90

MULHER ESCRAVA

Em Natal (Rn) tem um pau de nome Baobá, árvore nativa do Senegal de onde vieram os escravos. Ninguém sabe quem o plantou. Mas, conforme a história, esse baobá tem cerca de 400 anos. E, se tem um baobá plantado a 400 anos, alí também tinha escravos que deixavam as prisões da senzala e procuravam a liberdade, mesmo distante da Casa Grande. O baobá é uma árvore sagrada para os africanos. Dela se tira o alimento e até mesmo o remédio para doenças que a medicina não cura. Se no lugar tem um baobá, ali também tem um escravo fugidio. Isso é fato. Não é hipótese. O baoba de Natal fica na Rua São José, logo no seu inicio, no bairro de Lagoa Seca. Para se ter 400 anos, isso leva a crer que Natal, uma cidade pequena, e nem habitação tinha em Lagoa Seca, coisa que ninguém sabia o que era, só se tem uma resposta: escravos. Para aquele lugar fugiam os escravos para fazer suas orações, coisa que era proibida de se fazer. E o pé de baobá era próprio para se fazer orações, segundo a religião africana. Então, é de se pensar: baobá versos escravos.

Quando menino, eu sempre passei no lugar do pé de baobá. Ali, tinha uma casinha da taipa, muito velha e pequena. Outras casas haviam mais para a frente. E, em tempos passados, também existiu onde hoje é a rua Alexandrino de Alencar, no seu final, uma plantação de mangueiras. São várias mangueiras, enfileiradas imaginando de que, quem plantou, tinha uma noção do que fazia. Na mesma rua, no Hospício (de hoje), tem outros pés de eucalipto, todos enfileirados. Eu, nunca ouvi falar que exista casa no lugar. Porém, pelo o que se vê, casa havia. Em outro local, na rua Jundiaí, também em Lagoa Seca, tinha um sítio de mangueiras. E mangueiras, também havia na rua Salgado Filho, em Lagoa Seca. Mas, casa, não havia. Pelo menos, eu não vi. Tais casos, faz lembrar que é bem provável que Natal era mais povoado do que se pensa. No rio Potengi, tinha uma estação de trem. O lugar se chamava "Coroa". Pois, desse lugar até o Rio de Janeiro, pela costa do Brasil, se fazia comercio de pau brasil. Isso, muita gente sabe.

Contudo, fica a questão do pé de baobá que os africanos plantaram, a 400 anos, em Lagoa Seca, naquele tempo, onde o diabo perdeu as esporas. A historia de Natal, hoje em dia, está muito mal contada. A escravidão, foi a forma de relação social para a produção adotada, de uma forma geral, no Brasil. A escravidão no Brasil é marcada pelo uso dos escravos vindos, presos, acorrentados, nos porões dos navios negreiros vindos do continente africano. Com o passar do tempo, passaram a existir os escravos domésticos que trabalhavam na casa dos seus senhores, realizando serviços como cozinhar e costurar. Além disso, tinha os escravos alugados que faziam serviços de pedreiro, carpinteiro e ama-de-leite. Eram escravos que desenvolviam seus trabalhos nos espaços urbanos. Mesmo assim, eles continuavam presos ao seu senhor, responsável como proprietário. Mesmo assim, isso só veio acontecer no século XVIII. Natal já tinha um leve progresso. O que não se sabe é quando se plantou o pé de baobá e quem plantou.


quarta-feira, 27 de agosto de 2008

RIBEIRA - 89

INSTITUTO HISTÓRICO

O Instituto Histórico é a mais antiga instituição cultural do Estado. Já foi chamado de Casa da Memória e foi inaugurado no ano de 1902, no dia 29 de março. Sua sede fica entre a antiga Catedral e o Palácio da Cultura, antigo Palácio do Governo, de saudosa memória.. O Instituto esta encravado da Cidade Alta, própriamente dito, na Praça André de Albuquerque, onde os portugueses vieram e fundaram a cidade, no ano de 1599. Ali tudo era mato, com cajueiros, pau-ferro e ocas de índios. Quando os portugueses chegaram aqui, trouxeram um pelourinho que hoje está guardado na sede do Instituto, bem na porta de entrada. O pelourinho é uma pedra de cerca de dois metros de altura e que sofreu delapidação com o tempo. Ao longo de sua altura, vê-se cavada uma leve depressão, com certeza, onde se amarrava os escravos fugidos ou mesmo os presos de justiça. Os escravos eram açoitado em plena praça, que ainda não existia alí. Havia a Cadeia Publica, construída pelas mãos dos escravos, na rua Grande, hoje praça André de Albuquerque fazendo esquina com a rua João da Mata.. Quando os portugueses chegaram a Natal (ainda não tinha esse nome) se defrontaram com franceses que aqui contrabandeavam o chamado pau-brasil, levando as toras para a França. Do pau eles (franceses) tiravam um leite vermelho da cor de brasa. Por isso, o pau era chamado de brasa e daí ficou o nome de Brasil. Depois de luta titânica, os portugueses botaram para fora os franceses que saíram de mar a fora. Ficaram os "índios", pois assim chamavam os portugueses, o povo nativo da terra. Os índios sabiam falar francês, para espanto dos portugueses. Eles moravam alí, na Cidade Alta, que não tinha nome. Desciam para o rio, onde pescavam ou sumiam no meio do mato para caçar. Com os os silvicolas foi outra peleja. Os nativos gostavam muito mais dos franceses, que não batiam em ninguém, do que dos portugueses, que somente queriam fazer deles uns meros "escravos". De um jeito ou de outro, os portugueses ficaram na terra, lutando a ferro (deles) e a fogo (de ambos os lados). Logo na chegada, sob os olhares dos indios, Portugal tomou posse da terra, fincando no meio de um terreno, o pelourinho. Aquele era o símbolo de posse em definitivo. O pelourinho ficou fincado alí por longos anos. Apesar das escaramuças com os indios, o pelourinho ficou onde tempos depois se ergueu a praça André de Albuquerque. No centro da praça se armou um Coreto e foi onde se armou o Coreto que esteve fincado a pedra do castigo para onde se levava os escravos desobedientes e se chicoteavam enquanto eles aguentassem ou morressem. A Catedral da Apresentação ficava alí perto da pedra do infortúnio.Por um tempo, a Igreja, que se fez quando os portugueses chegaram, pegou fogo. Foi no tempo dos holandeses. Com a destruição da Igreja, uma tapera de palha, foi também os documentos de fundação da cidade. O que se tem, foi levantado por declarações dos índio. que logo se acalmaram e dos soldados do Forte. No Instituto Histórico tem uma biblioteca de 25 mil volumes. Lá está a Pia batismal que pertenceu à Matriz de Natal, a estola que pertenceu a Frei Miguelinho e na entrada do prédio um escudo do Brasil Império e outro do Brasil República. Junto a esses documentos históricos acha-se também o pelourinho.


RIBEIRA - 88

ANENCEFALIA

A Anencefalia consiste em mal formação caracterizada pela ausencia total ou parcial do encéfalo e da calota craniana proveniente de defeito de fechamento do tubo neural durante a formação embrionária. Esta é a mal formação fetal mais frequentimente relatada pela medicina.
A palavra "anencefalia" significa ausência de cérebro. Trata-se de patologia fetal letal na maioria dos casos. Bebês com anencefalia possuem expectativa de vida muito curta.
O risco de incidência aumenta 5% a cada gravidez subsequente. Inclusive, mães diabéticas tem seis vezes mais possibilidades de gerar filhos com este problema. Há também maior incidência de casos de anencefalia em mães muito jovens ou nas idades avançadas. A anomalia pode ser diagnosticada, com muita precisão, a partir das 12 semanas de gestação, através de um exame de ultra-sonografia, quando já é possivel a visualização do segmento cefálico fetal. De modo geral, os ultra-sonografistas preferem repetir o exame em uma ou duas semanas para confirmação diagnóstica.
Nos últimos anos, com os avanços tecnológicos que permitem exames precisos para este tipo de mal formação fetal, juizes têm dado autorizações para que as mulheres com gravidez de fetos anencéfalos pudessem efetuar a interrupção da mesma, decisões comumente alvos de protesto de grupos religiosos.
No Brasil, a interrupção é crime, pois o aborto só é permitido legalmente em duas condições: quando a gravidez for de um estupro ou quando a vida da mãe está em risco. Ainda assim, pode se conseguir uma liminar com um juiz, pedindo a antecipação do parto. Isto será feito com acompanhamento médico

terça-feira, 26 de agosto de 2008

RIBEIRA - 87

UM PÉ DE BAOBÁ

Os baobás são um gênero de árvore com oito espécies nativas da ilha de Madagascar, o maior centro de diversidade , com seis espécies. A ilha fica no continente africano da Australia, o maior país da Oceania. As espécies alcançam alturas entre cinco e até vinte e cinco metros, com cerca de sete metros de diâmetro do tronco, podendo chegar a onze metros. Destacam-se pela capacidade de armazenamento de água dentro do tronco, que pode alcançar até 120 mil litros. Os baobás desenvolvem-se em zonas sazonalmente áridas e são árvores de folha caduca, caindo suas folhas durante a estação seca. Alguns tem a fama de terem vários milhares de anos, , mas como a sua madeira não produz anéis de crescimento, isso é impossivel de ser verificado: poucos botânicos dão crédito a essas reinvidicações de idade extrema. O baobá é a árvore nacional de Madagascar e o emblema nacional do Senegal, país da Africa Ocidental.

Em 1445, navegantes portugueses, conduzidos por Gomes Pires, chegaram à ilha de Gorée, no Senegal: eles descobriram o brasão do Infante Dom Henrique gravado em árvores. O cronista Gomes Eanes de Zurara assim descreveu a árvore: "Árvores muito grandes e de aparência estranha; entre elas, algumas tinham desenvolvido um cinturão de 108 palmos a seu pé ( ao redor de 25 metros). O tronco de um baobá não é mais alto do que o tronco de uma árvore de noz; rende uma fibra forte usada como cordas e pano; queima da mesma maneira como o linho; tem um grande fruta lenhosa como abóbora, cujas sementes são do tamanho de avelãs; pessoas locais comem a fruta quando verde, secam as sementes e armazenam uma grande quantidade delas".

Em´Angola e Moçambique essa árvore é conhecida por embondeiro ou imbondeiro. Entre certas regiões de Moçambique o tronco dessa árvore é escavado por carpinteiros especializados para servir como cisterna comunitária. Ainda em Moçambique, o fruto, chamado malembe na língua xi-nyungwe da provincia de Tete, tem uma polpa branca que seca no próprio fruto e é utilizada para a alimentação em tempo de escassez de comida. Também é referida como cura para a malária.

No Brasil, existem poucas árvores de baobá que foram trazidas pelos sacerdotes africanos e foram plantadas em locais específicos para o culto das religiões africanas. Um Estado com grande quantidade de baobás é o Rio Grande do Norte. Há exemplares em Natal, já tombado pelo Patrimônio Histórico em um terreno que começa na Rua Sao José, em Lagoa Seca, e de propriedade particular; e também tem baobá no municipio de Nisia Floresta, antiga Paparí. Em Assu, também no Rio Grande do Norte, existem 11 baobás de aproximadamente 400 anos e atualmente estão em processo de tombamento histórico. Existem ainda baobás em Pernambuco, Ceará e Rio de Janeiro.

O baobá de Natal foi plantado pelos escravos africanos quando vieram com seus donos, os patrões portugueses, colonos que obtiveram lincensa para explorar a terra. Junto aos pés de baobá (isso significa que havia mais de um baobá aqui plantado), os escravos eram enterrados junto ao tronco da árvore que era tida como sagrada pelos escravos. Em se dizer "escravos", está-se menosprezado um povo que, na verdade, era feito escravo. Os seus verdadeiros nomes foram suprimidos e postos outros em seu lugar. Podia ser João, José, Antônio ou outro qualquer. Sendo mulher, Maria era o mais indicado. Os escravos só tinham um nome. Quando alguém perguntava para quem ele trabalhava, então o escravo dizia um segundo nome. E é por isso que muita gente ainda hoje adota dois nomes, como por exemplo João de Jacó. Era sabido que aquele João era propriedade de um colono chamado Jacó. E assim por diante.

Em 1719, um cabo, Belchior Pinto, que trabalhava na Fortaleza dos Reis Magos, era dono de vasto terreno onde é hoje Lagoa Seca (e até nisso, a Prefeitura de Natal, no ano de 1979 resolveu por fim e aterrou a lagoa) e requereu ao Estado uma terra para o cultivo de lavouras para a sua criação de gado. O terreno media 100 braças de comprimento e 50 de largura, começando em Lagoa Seca indo até Morro Branco. A terra foi dada ao cabo Belchior. Ele não fala de que havia benfeitorias no local, mas em Morro Branco se encontra um terreno com o plantio de varias magueiras e pés de eucaliptos. O terreno fica na rua Alexandrino de Alencar com a avenida Prudente de Morais, lugar provável que era do mesmo homem.


RIBEIRA - 86

FERREIRO TORTO

No início do século XVII, em 1614, o Capitão Francisco Rodrigues Coelho, recebeu algumas datas de terra, que deram origem ao Ferreiro Torto, e ergueu o segundo Engenho da Capitania do Rio Grande do Norte: O Engenho Potengí. Em meados do século XVII, Macaíba ainda não existia como unidade politico-administrativa, somente os sítios de Ferreiro Torto, Uruaçú, e Jundiaí habitados por portugueses, mestiços e índios que trabalhavam na agricultura rudimentar, exploração de engenho e pecuária. Somente no Século XVIII, entre 1780 e 1795 é que surgiu o primeiro nome da vila emergente: Coité. Nome dado pelo Coronel Manoel Texeira Casado. Árvore de grande fruto não comestível, que servia para fazer vasilhas, era muito vista em toda a vila. O proprietário do povoado era o português Francisco Pedro Bandeira, que se instalou no fluorescente Engenho.

Por volta de 1855, Fabricio Gomes Pedroza, paraibano de Areia, comerciante de alto prestígio mudou o nome de Coité para Macaíba, uma palmeira com frutos pequenos, buchuda no meio, apreciada por muitos, inclusive por ele. Existiam muitos exemplares da palmeira na propriedade do comerciante "Seu Fabricio". No final do século XIX, em 27 de outubro de 1877, a Vila foi elevada à categoria de Municipio, denominando-se Municipio de Macaíba, ganhando portanto autonomia político-administrativa. Somente em 1882 foi conhecido o seu 1º administrador, o senhor Vicente de Andrade Lima.

Macaíba, cidade localizada às margens do rio Jundiaí, , é berço de muitos ilustres: Auta de Souza, poetísa e seu irmão Henrique Castriciano de Souza (ex-vice-Governador do Estado, fundador da Escola Doméstica de Natal e da Academia Norte-riograndense de Letras), Dr. Octacilio Alecrim, escritor e um dos mais respeitados juristas do seu tempo: Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, professor, político, aeronauta inventor do dirigível balão PAX; Alberto Frederico de Albuquerque Maranhão, ex-Governador do Estado por dois mandatos; Augusto Tavares de Lyra, ex-Governador, ex-Ministro de Estado do Governo Afonso Pena e um dos maiores oradores do Brasil.

Como pontos Históricos, se destacam: o Solar Ferreiro Torto, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, a Capela de São José, a mais antiga da Cidade, o Solar da Madalena, Capela da Soledade, casa onde nasceu Henrique Castriciano, Obelisco Augusto Severo, Casarão dos Guarapes, e Solar Caxangá.


RIBEIRA - 85

POR ENTRE AS ÁRVORES

Naquela tarde de agosto, eu estava a escutar o canto dos pássaros vindo da mata, no Morro do Estrondo que fica bem próximo a casa do meu tio Zeca. Eu escutava a sonoridade do gorjear vindo dos pés de paus que enfeitavam o Morro quase adormecido. Um caso interessante era de que eu não via nenhum dos pássaros canoros e isso me deixava impressionado com a suavidade e beleza que punha em mim uma doce felicidade. Dos pássaros, eu não sabia o qual estava a cantar, pois seu sibilar era um lento e carinhoso alento. O gorjear vinha aos montes como se quisesse me enlevar para o alto daquele penhasco cheio de árvores, folhas e flores. No cantar dos pássaros me veio um enorme desejo de dormir, pois seu trinar enchia-me de ternura, uma ternura tão meiga como nunca eu tinha sentido na minha breve e nostálgica existência. Inda menino, que eu era, não cabia-me a decifrar o que os meigos e tenros passarinhos contavam uns para os outros que lhe sucedera de tão belo durante o dia que findava. E pouco eu notava que, por entre as árvores estavam núvens de adornados cotovias, canários, sabiás e galo-de-campina trocando em seu cantar uma forma de dizer que de onde eles estavam já podiam vislumbrar a imensa e verdejante floresta que a cada passo se fechava para só retomar a vida no dia seguinte quando as aves embriagadoras voltavam em cada galho chegar ao ponto que eles desejavam ir para costurar seu ninho de amor. Lindos e canoros pássaros aqueles que traziam o sossegar da noite para os animais noturnos, talvez aves, quem sabe terríveis monstros que rapinavam aqueles tenros e cantadores pássaros no meio das folhagens dos eternos arvoredos. De um sono profundo acordei ainda dos cantar daqueles alegres passarinhos.


segunda-feira, 25 de agosto de 2008

RIBEIRA - 84

FELIPE CAMARÃO

Antônio Felipe Camarão foi um indígena brasileiro da tribo potiguar, nascido no inicio do século XVII em Igapó, Natal na então capitania do Rio Grande. Era por volta do ano de 1580 na chamada Aldeia Velha que Felipe Camarão nasceu. Ontem, 24 de agosto de 2008, se relembrou os 360 anos da morte do índio Felipe, ocorrida no Arraial do Bom Jesus (Pe), em 24 de agosto de 1648, em consequência de ferimentos sofridos no mês anterior, durante a Batalha dos Guararapes. Em seu lugar, assumiu o seu sobrinho D. Diogo Pinheiro Camarão. Tendo como nome de nascença Poti ou Potiguaçu que significa camarão. Ao ser batizado e convertido ao catolicismo em 1614 recebeu o nome de Antônio e adotou Felipe Camarão em homenagem ao soberano do Felipe II, Rei de Portugal e do Brasil. Antônio foi uma homenagem a Santo Antônio. Seu nome se transformou em sinónimo de heroísmo.
Educado pelos jesuítas, era ele, segundo Frei Manuel Calado, "destro em ler e escrever e com algum princípio de latim" considerava de suma importância a correcção gramatical e a pronúncia do português, era "tão exagerado em suas coisas que, quando fala com pessoas principais, o fazia por interprete (posto que falava bem o português) dizendo que fazia isto porque, falando em português, podia cair em algum erro no pronunciar as palavras por ser índio". Seu trato era comedido e "mui cortesão em suas palavras e mui grave e pontual, que se quer mui respeitado".
No contexto das invasões holandesas do Brasil, auxiliou a resistência organizada por Matias de Albuquerque desde 1630, como voluntário para a reconquista de Olinda e do Recife. À frente dos guerreiros de sua tribo organizou ações de guerrilhas que se revelaram essenciais para conter o avanço dos invasores.
Sempre acompanhado de sua esposa Clara, tão combatente quanto ele, destacou-se nas batalhas de São Loureço, de Porto Calvo e de Mata Redonda. Nesse ultimo ano participou ainda da defesa de Salvador, atacada por Mauricio de Nassau. Distinguiu-se na primeira comandando a ala direita do Exercito rebelde na Primeira Batalha dos Guararapes, em 1648, pelo que foi agraciado com a mercê de DOM, o hábito de cavaleiro da Ordem de Cristo, o foro de fidalgo com brasão de armas e o título de Capitão-Mor de Todos os Indios do Brasil.
Faleceu no Arraial do Bom Jesus, (Pe), em 24 de agosto de 1648 em consequência de ferimentos sofridos durante a Batalha dos Guararapes. O Palacio Felipe Camarão, sede da Prefeitura de Natal, e um bairro desta Capital homenageiam com o seu nome. Da mesma forma, o Exercito Brasileiro denomina a Sétima Brigada de Infantaria Motorizada como Brigada Felipe Camarão.

RIBEIRA - 83

ZÉ AREIA

José Antônio Areias Filho era o nome do homem já esquecido pelos intelectuais desta província conhecida por Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte. Do seu nome verdadeiro pouco se sabe. Porém, se alguém falar em Zé Areias ou mesmo sem o "s" no final do nome, alguém dirá que já ouviu falar desse homem, muito embora não saiba quem seja ou quem foi. Essa é a verdade. Quase ninguém deva conhecer um homem que viveu 72 anos aquí, onde nasceu, na capital. Zé Areias nasceu em 1900 e viveu até 1972. Ele era filho de Antônio Francisco Areias e dona Genoveva. Quem conheceu o pai de Zé Areia, já disse que tinha a fama de ter a língua de "prata", pois se alguem falasse de algo, tinha a resposta na ponta da língua. Zé Areias foi o caçula de mais três irmãos. O primeiro foi Antônio Francisco, padre, vigário em Pernambuco e na Paraíba, além de ser igualmente jornalista, poeta, maçon e deputado Estadual. O segundo, João Francisco Areias Bajão era paralítico. E mesmo assim, deficiente gozou a vida com a boémia, a poesia e pertenceu, junto com seu irmão, vigário Antônio Francisco, de um Grémio Literário, e chegou a ser considerado o primeiro poeta do Rio Grande do Norte. Por fim, o terceiro irmão de Zé Areias. Foi ele José Francisco Areias Zamba, homeopata, bem conhecido em Jundiaí. Era quase um doutor formado, pois atendia a clientes em Natal e Ceará Mirim. Como homem de pouca fé, esse Francisco Zamba era dito como incrédulo, zombeteiro e sarcástico. Depois de todos estes, veio Zé Areias, também sarcástico e zombeteiro. Quer dizer que Zé Areias tinha a verve da família.

Eu não descobri o que fez Zé Areias em seus 40 anos de vida. Sei, porém, que ele nasceu nas Rocas, por isso era chamado de canguleiro, comedor de cangulo, um peixe vindo do mar. O cangulo era para os zé ninguém, como se dizia na cidade, pois quem morada no Centro, que era a Cidade Alta, era considerado um "xarias", comedor de peixe da qualidade de um xareu. A ponte ainda hoje existente na Praça Augusto Severo serviu de palco a muita desavença entre xarias e canguleiros e que engalfinhavam no soco e na peixeira. Quem era canguleiro não cruzava aquela ponte.O mesmo acontecia com os xarias. Alí, só tinha a ponte para fazer a ligação entre os dois bairros - Cidade e Rocas, tendo no meio a Ribeira.

Dizer que Zé Areias nasceu nas Rocas é pouco provável, pois ele nasceu em um casebre que ficava na rua (hoje é Esplanada) Silva Jardim, que no seu tempo de nascimento devia ter um outro nome. Nessa rua, também nasceu Frei Miguelinho. E, uma rua antes, a Rua Triunfo, nasceu com a diferença de meses, em janeiro de 1899, aquele que seria um dia o presidente da Republica, João Café Filho. Em poucas palavras, um era vizinho do outro e, por sinal, até brincavam por entre as ruas do bairro quando meninos. É de se notar que Zé Areias era um amigo de João Café, pois certa vez, quando Café assumiu à Presidência da Republica, ele foi lhe fazer uma visita de cortesia, oportunidade em que lhe pediu um emprego numa Repartição Federal. Mas, isso é uma outra história.

A Esplanada Silva Jardim fica na divisa entre a Ribeira e as Rocas. Mesmo assim, para acabar com a pinimba, jogaram o bairro para mais distante, e a Ribeira passou a até a Escola Isabel Gondim. Essa era mesmo a divisa dos bairros Ribeira-Rocas. Sempre houve uma questão social entre moradores de certos bairros de Natal. Lagoa Seca rejeitava o lugar que se chamava Morro Branco. Petrópolis não aguentava lá muito bem um outro lugar que se chamava de Mãe Luiza. Já as Quintas, se dizia "que ele mora lá paras bandas das Quintas. Quem morasse na chamada Avenida Cinco não queria nem ouvir falar em Baixa da Coruja, bairro a que pertenceu por longos tempos.Tudo isso não passava de uma questão social. E a rua do Triunfo se tornou a aclamada rua 15 de Novembro, onde a marujada vinha se deleitar com as prostitutas que ali passaram a residir, pondo para foram as famílias de bem que lá moravam. Na Ribeira, continua a haver a ponte que um dia fazia a ligação entre os dois bairros - Cidade-Ribeira.

Não raro, muitas pessoas da cidade ouviu falar que João Café era canguleiro, uma forma de menosprezar o homem que se destacou na política brasileira. E o mesmo aconteceu com Zé Areias, um pobre homem que se tornou famoso no Brasil e no exterior, por suas respostas ferinas àqueles que o provocavam, como era um caso que aconteceu, certa vez entre ele e um colega de profissão. Certa vez, Zé Areias chegou à barbearia de seu Bevenuto puxando um bode. E Bevenuto estranhou aquele bode. Com isso, foi dizendo;

- Ô Zé!!! Um BODE?

Zé Areias, com um papel na mão para anotar o nome do apostador, perguntou em seguida:

- Vai querer?

E o barbeiro disse em tom de gozarão:

- Eu não!. O bicho tem cara de quem é "fresco"!!!

E, em seguida Zé Areias partiu, levando o bode pelo cabresto, dizendo:

- Vamos, Bevenuto!

Essas e outras boas piadas foram ditas por Zé Areias com o seu jeito simples de viver. Ele era um autentico boémio, o gozador dos fatos, o tocador de violão que chegou a deixar crescer a unha do seu dedo polegar direito e com ela afinava o instrumento. Conta-se que, durante a IIº Guerra, quando os americanos estiveram em Natal, Zé Areias montou o seu salão de barbeiro no campo de Parnamirim. Ali, o homem ganhou bastante dinheiro que acabava com todo ele nos bares da Ribeira, bebendo uma e outras. Se alguém falasse que beber o ofendia, ele tinha a resposta certa, na hora. Certa vez, quando alguém lhe repreendeu por beber em demasia, naquela hora passava um enterro de um "anjo" para o Cemitério. E Zé Areias, no arremate, disse:
- Olhe ali! Só bebia leite!
E continuou a beber suas cachaças e cervejas. O boémio e inveterado homem de coisas simples da vida, casou, uma vez, e foi pai de três filhos. A mulher lhe deixou pois não aguentou a viver na situação difícil que ele, sem querer, fazia-a a viver. Mulheres, teve muitas. Uma delas, Laura, dona de um Bar, na travessa Aureliano. Por lá ele fazia refeição e dormia em um quarto feito de madeira compensada, no terreno do Armazém de Madeiras de José Leandro. O cómodo foi feito especialmente para ele, em uma parte do terreno, bem por trás de um galpão e onde funcionava uma carpintaria.
Os existes que Zé Areias dizia eram uma forma de zombar de pessoas ricas ou médias, pois para ele pouco lhe interessava a condição social de que andava pelos arredores. Foi amigo de muita gente, como o Presidente Café Filho, os Governadores do Estado, como Aluizio Alves, Mons. Walfredo Gurgel a quem pediu um emprego e não obteve, Dinarte Mariz, José Augusto e tantos outros. De secretários, obteve uma ajuda como barbeiro na Cadeia Publica, o que largou poucos dias depois e desapareceu das vistas do Secretario de Segurança. Um dia, ao encontrá-lo e inquirido por que havia abandonado o lugar, Zé Areias simplesmente respondeu:
- Subloquei-o!
De estudos, ele pouco se interessou. Aprendeu com a vida, apesar de ter frequentado escolas logo quando ainda era infante. E assim viveu a sua própria vida, vendendo bilhetes de rifas ou da Loteria Federal. No tempo da Guerra, chegou a viajar para Dakar, no Senegal, a pedido dos praças norte-americanos, para fazer a barba e o cabelo dos soldados que estavam indo a luta. Nesse tempo, ele ganhou bastante dinheiro que não cabia nos bolsos. ainda assim, depois de uma viagem que para ele teve volta Zé Areias retornou a Natal, e aqui viveu os dias inesquecíveis de sua gloriosa aventura onde um dia nasceu. E foi aqui, depois de 72 anos fazendo xistes sem querer ofender a quem ouvia ou só queria saber, onde ele morreu de um ataque do coração na travessa Monte Carlos, nos braços de sua mulher a quem disse: "Mulher feia!. Quero morrer em teus braços".

domingo, 24 de agosto de 2008

RIBEIRA - 82

TÍTULO DE ELEITOR

Estado Novo:

Estado Novo é o termo usado para denominar o período da história republicana brasileira de 10 de novembro de 1937 a 29 de outubro de 1945, quando Getúlio Vargas era Presidente do Brasil.

Em 30 de setembro de 1937, enquanto eram aguardadas as eleições presidenciais marcadas para janeiro de 1938, a serem disputadas por José Américo de Almeida e Armando Sales de Oliveira, ambos apoiadores da revolução de 1930, foi denunciada, pelo Governo de Getúlio, a existência de um suposto plano comunista para tomar o poder. Este plano ficou conhecido como Plano Cohen. Esse plano foi escrito pelo capitão Olímpio Mourão Filho - na época membro do Serviço Secreto - a pedido de Plínio Salgado, com o intento de simular, para efeitos de estudo, uma revolução comunista no Brasil. Foi descoberto depois que tal argumento foi forjado por um adepto do integralismo, o capitão Olimpio Mourão, o mesmo que daria inicio à Revolução de 1964. Os integralistas negam a sua participação na implantação do Estado Novo, culpando o general Góis Monteiro pela divulgação do Plano Cohen. No dia seguinte, 1 de outubro de 1937, o Congresso Nacional declarou um estado de guerra em todo o pais.

Getúlio, em 10 de novembro de 1937, através de um golpe de estado, institui, então, o Estado Novo em um pronunciamento em rede de rádio, no qual lançou um Manifesto à Nação no qual dizia que o Estado Novo tinha como objetivo: "Reajustar o organismo político às necessidades economicas do pais". No dia do Golpe de Estado, Getúlio Vargas determinou o fechamento do Congresso Nacional. Os partidos políticos foram extintos em 2 de dezembro de 1937. No dia 4 de dezembro, são queimadas, em uma grande cerimonia cívica, na Esplanada do Russel, no Rio de Janeiro, as bandeiras dos Estados federados. Getúlio outorgou uma nova constituição que lhe conferia o controle total do poder executivo, e lhe permitia nomear interventores nos Estados. O Governo implementava a censura à imprensa e a propaganda do regime através do Departamento de Imprensa e Propaganda - DIP. Com o Estado Novo foi criada a nova moeda, o cruzeiro.Getulio Vargas criou, no Estado Novo, a Justiça do Trabalho, o salário minimo e decretou a estabilidade depois de dez anos no emprego. No dia 31 de agosto de 1942, Getúlio declara o estado de guerra no pais por conta da IIª Guerra Mundial, rompendo relações diplomáticas com os países do Eixo: Alemanha, Itália e Japão. Os pracinhas da Força Expedicionária Brasileira, perfazendo um total de 25 mil homens, foram enviados a partir de julho de 1944, para combater na Itália, o Exercito alemão. Das tropas enviadas à Itália, 450 homens morreram em combate e foram enterrados no Cemitério de Pistóia, na Italia. Em 8 de maio de 1945 a guerra acabou, na Europa.

Getulio Vargas foi deposto em 29 de outubro de 1945 por um movimento militar liderado por generais que compunham seu próprio ministério, dentre os quais, Ernesto Geisel. Porem, Gutúlio renunciou formalmente ao cargo de Presidente da República.


RIBEIRA - 81

GETÚLIO VARGAS
Seu nome era Getúlio Dornelles Vargas. Ele nasceu em 19 de abril de 1882, no interior do Rio Grande do Sul, no municipio de São Borja, divisa com a Argentina, filho de Manuel do Nascimento Vargas e de Cândida Dornelles Vargas. Na sua juventude, alterou alguns documentos para fazer constar seu ano de nascimento como 1883. Este fato somente foi descoberto nas comemorações do centenário de seu nascimento, quando, verificando-se os livros de registro de batismo da paróquia de São Borja, descobriu-se que Getulio nascera em 1882. Getúlio Vargas provém de uma tradicional família gaucha da zona rural e da fronteira: os pampas. Sua família paterna é originária dos Açores, Portugal. Estudou em sua terra natal, depois em Ouro Preto, município brasileiro do Estado de Minas Gerais.
Inicialmente tentou a carreira militar, tornando-se em 1898 soldado na guarnição de seu município natal, chegando a participar de uma expedição à fronteira com a Bolívia. Em 1900, matriculou-se na Escola Preparatória e de Tática de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, onde não permaneceu por muito tempo, sendo transferido para Porto Alegre (Rs), a fim de terminar o serviço militar, onde conheceu os cadetes da Escola Militar Eurico Gaspar Dutra e Pedro Aurélio do Gois Monteiro.
Sua passagem pelo Excértio e a origem militar (seu pai lutou na guerra do Paraguai) seriam decisivos na formação de sua compreensão dos problemas das Forças Armadas, e no seu empenho em modernizá-las e mantê-las disciplinadas, quando chegou à Presidência da República. Matriculou-se em 1904 na Faculdade de Direito de Porto Alegre. Bacharelou-se em Direito em 1907. Trabalhou inicialmente como Promotor Público junto ao Fórum de Porto Alegre, mas decidiu retornar à sua cidade natal para exercer a advocacia.
Sua orientação filosófica, como muitos de seu Estado e de sua época, foi partidária do positivismo e do castilhismo, a doutrina e o estilo político do Julio Prates de Castilhos. Coube a Getúlio, que se destacara como Orador, fazer o discurso, em 1903, nos funerais de Júlio de Castilhos. Na Juventude Castilhista, Getúlio fez amizade com vários jóvens que se destacariam na revolução de 1930, entre eles João Neves da Fontoura e Joaquim Maurício Cardoso. Casou-se em 1911 com Darci Lima Sarmanho, natural de São Borja, com quem teve cinco filhos. Este casamento foi um ato de conciliação, pois as famílias dos noivos eram partidárias de partidos políticos rivais na Revolução Federalista de 1893. A familia de Darcy Sarmanho era maragato, contrário ao governo, em 1893, e a de Getúlio chimango, nome de uma ave dos pampas.
Carreira política:
Em 1909, elegeu-se deputado estadual, sendo reeleito em 1913. Renunciou ao segundo mandato de deputado estadual em pouco tempo, depois de empossado, em protesto às atitudes tomadas pelo Governador do Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros. Porém, Getúlio retornou à Assembléia Legislativa em 1917, sendo novamente reeleito em 1919 e 1921. Quando se preparava para combater a favor do Governo do Estado do Rio Grande do Sul na revolução de 1923, no interior do seu Estado, foi chamado para concorrer a uma vaga de deputado federal pelo Partido Republicano Riograndense. Eleito, tornou-se líder da bancada gaúcha na Câmara dos Deputados, no Rio de Janeiro. Tempos depois Getulio Vargas assumiu o Ministério da Fazenda em 15 de novembro de 1926, permanecendo Ministro até 17 de dezembro de 1927, durante o Governo de Washington Luis, implementando neste período a reforma monetária e cambial do Presidente. Deixou o cargo de Ministro para candidatar-se às eleições de Governador do Rio Grande do Sul, sendo eleito para o mandato de 25 de janeiro de 1928 a 25 janeiro de 1933. Sua eleição para Governador do Rio Grande do Sul encerrou os longos trinta anos de governo de Borges de Medeiros.
Em 1930, Getúlio Vargas deixou o governo gaúcho e saiu candidato à Presidência da República, iniciando um forte movimento de oposição ao governo federal, exigindo o fim da corrupçao eleitoral, a adoção do voto secreto e do voto feminino. As 3 horas da tarde do dia 3 de novembro de 1930, a Junta Militar Provisória passou o poder, no Palacio do Catete, a Getúlio Vargas, (que vestia farda militar pela última vez na vida), encerrando a chamada República Velha. No discurso de posse, Getúlio estabeleceu 17 metas a serem cumpridas pelo Governo. Getúlio governava através de decretos o que lhe valeu título de Governo Provisório com amplos poderes. O Governo suspendeu as garantias constitucionais; confirma a dissolução do Congresso Nacional, dos Congressos dos Estados e das Camaras Municipais. Ampliou os direitos trabalhistas, consolidando-os pela CLT; estabeleceu a lei de sindicalização (em 1931); relações amistosas entre Estado e Igreja Católica. a queima do café (70 milhões de sacas), em Santos (SP) para valorização do preço do produto que tinha caído muito durante a Grande Depressão de 1929. O total de sacas de café queimadas equivalem a 4 anos da produção nacional.
A Intentona Comunista de 1935 foi um marco na história do Brasil. Em Natal, os comunistas chegaram a tomar o poder por quatro dias, sendo depois derrotados por topas sertanejas vindas do interior do Rio Grande do Norte, sob liderança de Dinarte de Medeiros Maris. Esse marco tem perto da cidade de Santa Cruz, em uma subida, bem antes da cidade de Campo Redondo. Alí morreram um sem número de soldados e de todos os comunistas. No local tem um marco lembrado as vítimas do holocausto. A partir da Intentona Comunista, foi decretado várias vezes o "estado de sítio"e o "estado de guerra" no país, por Getúlio Vargas, assim como endurecidas as leis quevisavam o combate a subversão.

sábado, 23 de agosto de 2008

RIBEIRA - 80

MUSEU CAFÉ FILHO

O prédio que abriga o Museu Casa Café Filho - primeiro e único natalente Presidente da República - foi construido entre 1816 e 1820 por José Alexandre de Melo e foi a primeira construção assobradada de propriedade em particular em Natal. Chamado de Sobradinho e também Véu de Noiva, pela forma em declive acentuado de seu telhado, foi residência até o início do século XX, passando a ser a sede do Sindicato dos Trabalhadores e da Banda de Música. Adquirido pelo Governo do Estado em 1960, foi tombado e restaurado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, passando a abrigar o Museu de Arte e História do Rio Grande do Norte, de 1965 a 1978. No dia 12 de março de 1979 passou a sediar o Museu Casa Café Filho, justificando sua relação histórica com o patrono. Neste sobrado, Café Filho fez militância política, criou e presidiu por dois anos o Sindicato dos Trabalhadores.
Em fins de 1947, o Congresso aprovou um projeto, apresentado por Café Filho, determinando a fixação de um piso salarial para os trabalhadores em atividades jornalísticas. No entanto, o presidente Eurico Gaspar Dutra, eleito e empossado um ano antes, vetou o projeto da lei. o que provocou a realização de uma grande concentração da categoria de jornalistas em frente ao palacio Tiradentes, sede do Congresso, do dia 10 de janeiro de 1948. No ano seguinte, surgiu o nme de Getúlio Vargas para Presidente da República tendo por vice, o deputado federal Café Filho, mesmo contra a Igreja Católica que o denunciou seu "ranço vermelho", pois Café sempre apoio os comunistas. Café Filho ficou em Natal, até as vesperas das eleiçoes. Vargas venceu o pleito de 3 de outubro de 1950 e Café Filho foi o seu vice. Além disso, Café foi reeleito deputado federal pelo Rio Grande do Norte.
João Café realizou uma viagem não-oficial à Europa e ao Oriente Médio entre julho e setembro de 1951, quando entrou em contato com altos dirigentes políticos e empresarias dessas regiões. Segundo o seu livro de memórias, observou então o esforço da reconstrução européia, coordenada pelo Plano Marshall, abandonando suas ideias de carácter socialista. Retornou ao Brasil convencido da necessidade de estimular a iniciativa privada no plano interno e assegurar a participação do capital estrangeiro no desenvolvimento económico nacional. Ainda em 1952, João Café visitou o Peru, o Equador, a Colombia e o Chile. Com todos esses fatos, veio a pressão para que Getulio Vargas renunciasse. Café Filho foi contra a medida e fez graves discursos na Câmara. No entanto, se vendo acossado pela UDN, Vargas não renunciou, mesmo para indicar um sucessor para comandar o pais. Na manhã de 24 de Agosto de 1954 um tiro ecoou no salão do Catete. Vargas estava morto. Morreu pelas próprias mãos. E João Café Filho assumiu o mandato que tanto recusara. E dava assim, um passo para o futuro.

RIBEIRA - 79

RUA TRIUNFO

A Rua Triunfo assim que em tempos idos, no século XIX, era então conhecida a Rua 15 de Novembro, na Ribeira, e que conseguiu fazer história no século XX por outros meios.. Foi nesta rua, na casa de nº 22 onde nasceu, em 1899, o homem que um dia assumia a Presidencia da República, João Fernandes Campos Café Filho, o conhecido por Café Filho ou João Café. Seu pai era funcionário público e João nasceu às três e meia da manhã e foi registrado no Cartório de Registro Civil apenas com o nome de João no dia 9 do mesmo mês. Tempos depois ele, já com 37 anos, passa a se chamar apenas João Café Filho, suprimindo o Fernandes de Campos, nome herdado do pai. Seu nascimento se deu a 3 de fevereiro de 1899. Seu avô era dono de engenho de açucar e João Café teve uma infançia como qualquer garoto de sua idade, cheia de brios e felicidades para ele. Em seu livro de memórias, Café Filho conta que seu pai herdou as terras deixadas por seu avô, em Ceará-Mirim (Rn) e ele veio a passar algumas férias no sítio. Contudo, seu verdadeiro cenário de infância foi Natal (Rn). A casa onde nasceu João Café é essa mesma que aparece da foto.

João Café teve dois irmãos: Maria e Luis, que morreram poucos dias depois do nascimento. Ele foi o terceiro filho do segundo casamento de seu pai, com dona Florência Amélia Campos Café. Do primeiro casamento com uma tia de sua mãe, não houve herdeiros. Depois do nascimento de João, vieram três outras irmãs: Alice, Alzira e Jessé, esse, um homem. O livro "Do Sindicato ao Catete" escrito pelo próprio Café Filho é dividido em dois volumes. Nos seis primeiros, Café Filho do seu nascimento até sua participação na Constituinte. Daí por diante, vem a narrativa da campanha de 1950 e a vitória de Getulio Vargas. Com GG, ele percorreu o Brasil, inclusive Natal.

Seu aparecimento na cena política se deu em 1921 dirigindo a recepção a Nilo Peçanha, eleito presidente e em 1923 a sua candidatura a o cargo eletivo, como vereador de Natal, conseguindo o apoio das massas de operários e gente simples. Esse era o tempo do eleitorado controlado, disse Café, e em Natal havia alguma cerimonia, com a entrega de chapas ao eleitos. No pleito de 1923, um dos eleitores de Café Filho foi "comprado" por cinquenta mil reis, pela corja do Governo, na frente de Café. Para ele, foi tremenda decepção. Foi nesse ano que Café mudou de rumo para poder seguir a política do Estado.Deputado Federal pela primeira vez, em 1935, ele experimentou os desajustes do poder, as inibições e as incertezas.
Café Filho foi Chefe de Policia por duas vezes e foi quando pode observar de perto as suas actividades. Com as manobras praticadas pelos anti-comunistas, ele sofreu de graves, porém pequenos atritos. A principal célula bolchevista era constituída de militares, como sargentos, cabos e soldados do 21º Batalhão de Caçadores, ao contrario do que se dizia. Segundo Café Filho, foi essa minoria diminuta, porém bem estruturada que fez o levante de 1935, que teve repercussão nacional mostrando que Natal tinha bons comunistas. Porém essa insurreição durou apenas quatro dias. Os episódios contados aqui, até antes das eleições de 1950, foram relatados por Café Filho em seu livro de memorias

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

RIBEIRA - 78

CAFÉ FILHO

João Fernandes Campos Café Filho, nascido em Natal a 3 de fevereiro de 1899 (para alguns historiadores, Café Filho nasceu em Extremoz, municipio vizinho a Natal) foi advogado e político brasileiro, sendo Presidente do Brasil entre 24 de agosto de 1954 e 8 de Novembro de 1955, quando foi deposto. Foi o único potiguar a ocupar a Presidencia da República do Brasil. Nascido no Rio Grande do Norte, trabalhou como jornalista e foi dono do Jornal de Natal que ficava na Av. Rio Branco, próximo onde é hoje o Banco do Brasil (naquele tempo. o espaço do BB era do Mercado Publico da Cidade Alta que foi destruido por um incendio) e advogado durante a juventude, tendo participado da Aliança Liberal que surgiu em virtude da brecha criada no tradicional esquema de sucessão presidencial, dominado por São Paulo e Minas Gerais - a política do café com leite - na campanha de 1930. Em 1933 fundou o Partido Social Nacionalista do Rio Grande do Norte, e alguns anos mais tarde, o Partido Social Progressista, de Adhemar de Barros.

Sua candidatura à vice-presidencia da República fazia parte do acordo feito por Adhemar para apoias Getulio Vargas `a Presidencia da República nas eleiçoes de 1950. Em 1934 e 1945, João Café foi eleito deputado federal, e em 1950 foi indicado para vice-presidencia na chapa de Getulio Vargas. Com o suicidio de Vargas, em 1954, assumiu a Presidência, exercendo o cargo até novembro de 1955. Nesta ocasião, ante os indícios cada vez mais evidentes de que não defenderia a posse do candidato eleito à Presidência, Juscelino Kubitscheck, foi afastado (a princípio temporariamente e depois definitivamente) da Presidência por um movimento político-militar liderado pelo general Teixeira Lott, culminado no Movimento de 11 de Novembro.

Após a Presidencia , foi Ministro de Contas da Guanabara durante a década de 1960. Café Filho, educado na Primeira Igreja Presbiteriana de Natal, foi o primeiro Presidente protestante do Brasil. Café Filho foi também goleiro de futebol do Alecrim Futebol Clube, em Natal, clube que até hoje é o único que teve em seu plantel um jogador que chegou ao posto de Presidente do Brasil. Seu governo foi marcante pelas medidas econômicas liberais na economia comandadas pelo economista Eugênio Gudin.

Nas eleições presidenciais de 1955, o candidato apoiado por Café Filho foi derrotado pelo governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek, do PSD, e pelo vice João Goulart, do PTB. Sob a ameaça de golpe arquitetado pela UDN e uma ala do Exercito, Café Filho manteve-se pelo menos indiferente quanto ao respeito às instituições, o que levou o general Henrique Lott, seu Ministro da Guerra, que por sinal tinha votado no candidato oficial, brigadeiro Juarez Távora, a desferir um golpe de Estado preventivo para garantir a posse de Juscelino e, principalmente, a manutenção da democracia no Brasil.

Alegando questões de saúde, Café Filho licenciou-se do cargo de Presidente da República alguns meses antes de Juscelino ser empossado, assumindo interinamente Carlos Luz, então presidente da Câmara. Por pressão do General Lott, Carlos Luz também foi deposto e impedido de governar, assumindo a Presidência interina Nereu Ramos, então vice-presidente do Senado. ocasionando um estado de sítio e impedimento de Café Filho. A exclusão dos golpistas apoiados pela UDN assegurou a posse dos já eleitos JK e Jango.

João Café Filho faleceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de fevereiro de 1970. Em Natal (RN) não há qualquer celebração em homenagem a data de nascimento, dia 3 de fevereiro de 1899. Homem culto, empreendedor, dono de um Jornal que o tempo também esqueceu, não é lembrado, pois o que ele fez durando aos seus 71 anos de vida, o tempo apagou. Nem a Igreja que ele frequentou se lembra que um filho da terra chegou a ser um dia Presidente do Brasil. A despeito dos esquecimento imperante, João Café nasceu em Natal (Rn), filho de João Fernandes Campos Café e de Florência Amélia. Seu avô fora senhor de engenhos em Ceará-Mirim (Rn), vizinho a Extremoz, mas seu pai perdeu as terras herdadas e tornou-se um funcionário público na Capital do Estado. Durante o curso básico, Café Filho frequentou o Colégio Americano. o Grupo Escolar Augusto Severo, a Escola Normal e o Atheneu Norte-Riograndense, todos localizados em Natal. No fim do secundário, começou a assistir a julgamentos realizados no Tribunal do Juri, definindo assim sua vocação pela advocacia . Mudou-se para Recife em 1917, passando a trabalhar como comerciário para custear os estudos na Academia de Ciencias Jurídicas e Comerciais e assim cursou na área de eletrônica. Retornou a Natal sem concluir seus estudos superiores, mas, mesmo assim, baseado na sua experiência prática junto aos Tribunais, prestou concurso para advogado do Tribunal de Justiça obtendo êxito. Passou então a atuar no Estado, quase sempre em defesa de estivadores, tecelões, pescadores e outras categorias de trabalhadores, tornando-se em pouco tempo advogado de grande prestigio junto às camadas populares e alvo de pressões por parte das oligarquias dominantes.

A atividade regular de Café Filho no campo do jornalismo começou em 1921, quando fundou o Jornal do Norte. impresso nas oficinas de A Opinião, órgão oposicionista. Café Filho disputou, sem êxito, uma cadeira de vereador em em Natal no ano de 1923. Aínda em 1923, participou de greves e manifestações de trabalhadores ocorridas em Natal, tendo se destacado durante o movimento dos pescadores do bairro das Rocas. Advogado dos pescadores, acabou sendo preso junto com seus líderes. Nessa oportunidade, Café Filho escapou de um cerco policial à sua residência, fugindo em trajes femininos, e acompanhado por sua esposa, Jandira Fernandes Café, fugiu para Bezerros (PE). Aí conseguiu um emprego na Prefeitura graças a sua amizade com o delegado de policia. e passou a editar o Correio de Bezerros.. Mudou-se para Recife em 1925, tornando-se diretor do jornal A Noite. A vida de Café Filho não termina nesse ponto. Foi ai que ela teve início.


quinta-feira, 21 de agosto de 2008

RIBEIRA - 77

O BODE

Naquela manhã, ainda cedo, chegou ao escritório do meu tio Zeca, o seu amigo de longas farras, Ze Areias, puxando um bode amarrado pelo cabestro. E era um magnífico bode velho, sem resta de duvidas, pois pela cara dizia. No escritório estavam Rapa-Coco (Antônio Patricio), e mais alguns inseparáveis amigos do meu tio, só esperando a hora de chegarem ao bar, Lago Azul, o preferido de todos os bons "biriteiros" da cidade. Só faltava Zé Areias. E este, por fim, chegara, com seu inseparável bode de bons berros e chifradas bem melhores ainda. Ao ver o velho bode, meu tio estranhou: - "Como é que pode, Zé? Um bode?" . E todos os que estavam presentes caíram na gargalhada. "Uma vez, você com um carneiro. Outra, com um peru. E agora me vem trazendo um bode?", comentou o meu tio ainda perplexo. Com sua barriga de fazer inveja a qualquer um, e peito ainda maiores, Ze Areias cumprimentou a todos e em seguida rebateu: "Vai querer? Um bode macho pra ninguém botar defeito. Olhe aqui os documentos dele! Bode pai de chiqueiro! Cinco mil reis, a senha! Vamos?". Naquela altura dos acontecimentos, mesmo sabendo que era difícil de tirar, pois mais fácil era acertar no bilhete da Loteria Federal, meu tio não pestanejou e tirou, de imediato, quatro números, pois, quem sabe se a sorte não lhe sorria?. Zé Areias ofereceu a mais alguns que estavam alí, porém ninguém teve os cinco mil reis para levar o bode, se desse no final do dia, na Loteria o numero apostado.

Essa história do bode ganhou o mundo, pois era um feito inusitado o de Zé Areias. Isso me faz lembrar da história de um peru que ele inventou de apostar. Um dia, Zé Areias procurou um "Doutor" Abelardo, para saber se o homem queria comprar um bilhete da sorte de um peru. O homem perguntou onde estava o peru e ele respondeu que estava bem guardado. Porém, só o "doutor" quisesse ver, não faria questão. Zé Areias iria buscar o peru. O homem aqcedeu dizendo que se Zé troussesse o peru, ele comprava mais de um bilhete. Com isso, Zé não contou conversa e disse que voltaria num instante.

Acontece que Zé Areias sabia que o Juiz, que ele chamava "doutor", tinha em sua casa um peru por quem a mulher não se dava bem com a ave. O peru vivia preso no quintal e todo dia o marido dava de comer àquela ave, antes mesmo de fazer o seu desjejum. Com isso, a mulher esbravejava todo santo dia. E daquela vez, chegou a sua casa Zé Areia como recado do Juiz, dizendo que ele podia levar o seu bendito peru. A mulher do juiz nem se deu conta e mandou Zé pegar o peru que estava preso no quintal. Em seguida, Zé Areias saiu com a ave, e foi embora de porta a fora. Ao chegar onde estava Dr Abelardo, ele mostrou o peru. Satisfeito com a façanha, o Juiz comprou logo cinco bilhetes e disse esperar pelo resultado ainda naquele dia. Zé saiu da sala e voltou a casa do Juiz, onde amarrou o peru, sem ninguém notar, no mesmo canto que a ave estava. No fim da tarde, o Juiz Abelardo foi procurado por Zé Areias que, de imediato, foi logo dizendo:" Homem do sorte! O bicho foi peru e o bilhete é o seu". O doutro se encheu de vida, pois sabia que ele teria conquistado aquela sorte, com certeza. Mas, logo perguntou: "Cadê o peru?". E Zé Areias respondeu: "Deixei em sua casa!". Amplo e satisfeito o Juiz voltou para casa naquele dia, com a intenção de olhar o peru. Qual não foi sua surpresa quando viu o mesmo peru, preso pelo pé, no quintal de sua casa. Então, perguntou a sua esposa se Zé Areias tinha estado ali. A mulher respondeu que sim e até levou um danado de um peru, para sossegar a sua paciência. Então, o Juiz respondeu como era possível se a ave estava alí, presa pelo pé? A mulher então nada soube dizer. No final das contas, o Juiz já estava consciente de que perdera para Zé Areias, pois nenhum peru recebera. A ave que estava no quintal, era mesmo a dele.

Essa e outras boas piadas conta-se de Zé Areias. Eu o conheci. Vez por outra lá estava o homem oferecendo um bilhete da sorte para quem quisesse comprar. Muitasde tais histórias foram inventadas e creditadas ao homem, José Antônio Areias Filho, nascido no ano de 1900 e que faleceu 72 anos após. Certo tempo, o homem teve dinheiro, em dólares. Porém, de todo esse dinheiro não lhe restou uma sobra sequer. Morreu em um quarto alugado, na Rua do Areal, bairro das Rocas, em Natal, (Rn). Quando o Brasil entrou em guerra contra o Eixo, Zé Areias foi trabalhar no Campo de Parnamirim no seu ofício de barbeiros. Certa vez, ele conseguiu passar aos soldados norte-americanos uma ave de rapina - um urubu - como sendo um peru. Zé Areias foi muito bem tratado no Campo de Parnamirim pelas tropas que voavam para Natal. Ele chegou a ser levado para Dakar, no Senegal, apenas para fazer a barba dos soldadinhos americanos, porque os militares acharam nele um barbeiro exemplar.


RIBEIRA - 76

RÚSSIA

A Rússia é uma nação transcontinental cujo território ocupa uma vasta área da Ásia e da Europa. A Rússia é territorialmente o maior País do mundo pois tem a maior área total constituida pela parte continental e diversas ilhas à sua volta. Em termos populacionais, o pais tem a sétima maior população do mundo, com mais de 152 milhões de habitantes, apresentando uma baixa densidade populacional. A capital da federação é a cidade de Moscou. Além da capital, outras cidades importantes são São Petersburgo, Vladivostok, Rostov, Novosibirsk, entre outras. A economia russa é das mais ricas do mundo e em constante crescimento graças às exportações de petróleo e gas natural. O pais possui uma história longa e marcante que influenciou o destino do mundo e serviu de referencia a escritores, compositores musicais e, recentemente, realizadores de cinema. Economia rica e em constante crescimento, a Rússia faz parte do G8 e é uma das principais fornecedoras de energia para a Europa, nomeadamente, a Ucrânia, a Polônia e a Bielorrúsia, apesar disso ainda padece de problemas como o crime organizado, a corrupção, a pobreza em certas regiões e a falta de liberdade de expressão.

A ANTIGA RÚSSIA

Antes do século I, as terras vastas do Sul da Rússia pertenciam a tribos que não eram unidas entre si, como o Proto-Indo-Europeus e os Citas. A Citia foi uma região na Eurásia habitada na antiguidade por um grupo de povos iranianos, falantes de linguas iranianas conhecidos como citas. A localização e extensão da Cítia varia com o tempo, da região dos Montes Altai, fonteira com a China, à região do baixo Danúbio, na Bulgária. Entre os séculos III e IV, as estepes foram esmagadas por ondas sucessivas de invasão dos bárbaros e povos nômades, conduzidas por tribos bélicas como os hunos, entre outros. Entre os séculos X e XI, o principado de Kiev era o maior da Europa e um dos prósperos, devido ao comercio diversificado tanto com a Europa como com a Ásia. Durante o século XI e XII, a incursão constante das tribos turcas nômadas, como os cumanos, palavra eslava que designava "amarelado" e os pechenegues, levou a migração maciça das populações eslavas do Sul às regiões pesadamente arborizadas do norte, conhecidas como Zalesye. Por volta do século XIII os cazares governaram o sul da Rússia. Foram aliados importantes do Império Bizantino e originaram uma série de guerras sangrentas contra os califados árabes. Nessa era, o termo Rhos ou Rus passaram a ser aplicados aos eslávos que dominavam a região. Os estados medievais da República de Novgorod e Vladimir-Suzdal emergiram como sucessores do antigo e grande principado de Kiev naqueles territórios,enquanto que metade do rio Volga veio a ser dominada pelo estado muçulmano do Volga, na Bulgária. Depois, os tártaros (povos que viviam em região de fronteira) governaram os territórios do Sul e do centro da Rússia atual, enquanto os territórios da Ucrânia atual e da Bielorússia foram incorporados no Grão-Ducado da Lituânia da Polônia, dividindo assim a população russa.

IMPÉRIO

É com a Dinastia Romanov, iniciada em 1613, que se inicia o grande processo de "imperialização" da Rússia. Pedro, o Grande ou Pedro I da Rússia derrotou a Suécia e na Grande Guerra do Norte forçando o inimigo a ceder partes do seu território. E é na Íngria, uma região histórica, a maior parte dela encontra-se atualmente na Rússia, que se formauma nova capital: São Petersburgo, nome em homenagem a Pedro. Com as idéias do Oeste Europeu, Pedro I faz evoluir a Rússia que antes se encontrava numa situação de pobreza extrema e prepara o caminho para o auge do país. O território do império aumenta e, em 1648, o líder cossaco Semyon Dezhnyov descobre o estreito que separa a América da Ásia: o atual Estreito de Bering. Nasce assim o maior império da história da Rússia.

A czarina Catarina, a Grande ou Catarina II, nascida com o nome de Sofia Augusta Frederica de Anhalt-Zerbst, a 21 de abril de 1729 em Stettin, na Prussia, continuou o trabalho de Pedro, derrotando a Polônia e anexando a Bielorrússia e a Ucrania, outrora principado de Kiev. Catarina assina um acordo com o reino da Geórgia de modo a evitar invasões árabes do império turco. A Geórgia passa a ser protegida militarmente pela Rússia. Em 1812, a grande armada de Napoleão entra em Moscou, mas ver-se forçado a abandoná-la pois ao chegar a essa cidade, está vazia. Os russos tinham preparado uma armadilha contra o imperador francês. O frio e a falta de recursos foram responsáveis pela morte de 95% das tropas francesas. Durante o regresso de Napoleão a Paris, os russos prerseguiram-no e dominaram Paris trazendo para o império as idéias liberais que estavam em marcha na França e na Europa Ocidental. Ainda devido a perseguição sobre Napoleao, a Russia conquistou a Finlândia e a Polônia. O golpe final sobre Napoleão foi dado em 1813 quando o império e os seus aliados - os austro-húngaros e os prussianos - venceram a armada de Napoleão na batalha de Leipzig.

Sucessivas guerras e conflitos vão acompanhando a Rússia até o fim da era czarista. Sai derrotada na guerra da Criméia que durou entre 1853 e 1856. Mais tarde vence a guerra Russo-Turca, em 1877 e obriga o Império Otomano a reconhecer a independencia da Romênia, da antiga Sérvia e a autonomia da Bulgária. A ascensão de Nicolau I trava o desenvolvimento da Rússia nos fins do século XIX com a criação da lei da servidão obrigando os camponeses a lavrar as terras sem poder as possuir. O sucessor, Alexandre II, em 1855/81 ao ver o atraso da Rússia em relação à Europa, cria reformas que vão fazer com que a Rússia volte ao caminho do crescimento. Porém, as sucessivas derrotas da Rússia ao longo do século XIX e durante o inicio do século XX levaram a instabilidade e ao descredito em relação ao poder do czar na época. Os custos da guerra a avultados e a população era quem suportava os custos dos soldados nas campanhas ao enviarem tudo o que produziam nos seus terrenos agrícolas. Apesar da Rússia se ter tornado num dos paises mais poderosos do mundo, apenas uma fina parte da população - os nóbres - tinham boas condições de vida. Os camponeses eram terrivelmente pobres e trabalhavam de sol-a-sol os seus terrenos sem poder possuí-los. E assim veio a revolução Bolchevique.


quarta-feira, 20 de agosto de 2008

RIBEIRA - 75

ÍNDIA

A Índia é um país federal asiático que ocupa a maior parte do subcontinente indiano e as ilhas Laquedivas e Andamão e Nicobar. É o segundo país mais populoso do mundo (depois da China), com mais de um bilhão de habitantes, e o sétimo maior por área. O nome oficial do país é República da India, e sua capital é Nova Délhi. A Índia reconhece 23 línguas oficiais, dentre elas o hindi (falada no norte, é a língua da administração central), o tâmil (no sul) e o inglês. A civilização indiana é uma das mais antigas do mundo. Quatro grandes religiões surgiram no subcontinente: o hinduísmo, o budismo, o jainismo e o siquismo.

Após décadas de estagnação económica, o país vem se desenvolvendo nos últimos quinze anos, em especial depois das reformas de 1991, embora ainda enfrente altos níveis de pobreza, analfabetismo, desnutrição e problemas ambientais. Já é uma potência regional e é apontada como uma das futuras grandes potências do século XXI.

O nome do país é devido ao rio Indo, cujo nome é proveniente do persa antigo Hindu, derivado do sânscrito Sindhu. A constituição da India adota tanto a forma Índia quanto o termo Bharata, relativo a um antigo rei local. A forma Indostão deriva do vocábulo persa para "Terra dos Hindus", embora alguns apliquem este termo apenas ao norte da Índia.

História:

A civilização do Vale do Indo surgiu no século XXXII a.C. e atingiu a maturidade a partir do século XXV a.C. Seguia-se-lhe a civilização védica, cultura associada ao povo que compôs os textos religiosos conhecidos como Vedas, os primeiros quatro livros religiosos do Hinduismo, escritos em sânscritos, por volta de 1500 a.C.. A palavra Veda significa "conhecimento". E essa foi a primeira civilização avançada e o primeiro registro histórico do uso do metal. A origem dos indo-arianos é um assunto de relativa controvérsia. A maioria dos estudiosos acredita em algum tipo de hipótese de migração indo-ariana, segundo a qual os arianos, um povo semi-nômade possivelmente da Ásia Central ou do norte do Irã, teriam migrado para o noroeste do subcontinente. A natureza de tal migração, o local de origem, e até mesmo a própria existência dos arianos como povo distinto são fortemente discutidos. A fusão da cultura védica com as culturas dravídicas que lhe eram anteriores aparentemente resultou na cultura indiana clássica. Alguns entendem, por outro lado que a civilização do Vale do Indo era essencialmente védicae que se teria espalhado para partes da Europa.

A Índia costuma ser apontada como a maior democracia do mundo, pois conta com o maior eleitorado dentre os países democráticos. O pais adotou como forma de Estado a federação, com um parlamento bicameral que funciona com base em um sistema parlamentarista de estilo Westminster. O presidente, na qualidade de Chefe de Estado, exerce um papel principalmente protocolar, embora seja o comandante supremo das Forças Armadas e sua sanção seja necessária para que qualquer lei aprovada pelo parlamento entre em vigor. É eleito indiretamente por um colégio eleitoral para um mandato de cinco anos.