sábado, 23 de agosto de 2008

RIBEIRA - 80

MUSEU CAFÉ FILHO

O prédio que abriga o Museu Casa Café Filho - primeiro e único natalente Presidente da República - foi construido entre 1816 e 1820 por José Alexandre de Melo e foi a primeira construção assobradada de propriedade em particular em Natal. Chamado de Sobradinho e também Véu de Noiva, pela forma em declive acentuado de seu telhado, foi residência até o início do século XX, passando a ser a sede do Sindicato dos Trabalhadores e da Banda de Música. Adquirido pelo Governo do Estado em 1960, foi tombado e restaurado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, passando a abrigar o Museu de Arte e História do Rio Grande do Norte, de 1965 a 1978. No dia 12 de março de 1979 passou a sediar o Museu Casa Café Filho, justificando sua relação histórica com o patrono. Neste sobrado, Café Filho fez militância política, criou e presidiu por dois anos o Sindicato dos Trabalhadores.
Em fins de 1947, o Congresso aprovou um projeto, apresentado por Café Filho, determinando a fixação de um piso salarial para os trabalhadores em atividades jornalísticas. No entanto, o presidente Eurico Gaspar Dutra, eleito e empossado um ano antes, vetou o projeto da lei. o que provocou a realização de uma grande concentração da categoria de jornalistas em frente ao palacio Tiradentes, sede do Congresso, do dia 10 de janeiro de 1948. No ano seguinte, surgiu o nme de Getúlio Vargas para Presidente da República tendo por vice, o deputado federal Café Filho, mesmo contra a Igreja Católica que o denunciou seu "ranço vermelho", pois Café sempre apoio os comunistas. Café Filho ficou em Natal, até as vesperas das eleiçoes. Vargas venceu o pleito de 3 de outubro de 1950 e Café Filho foi o seu vice. Além disso, Café foi reeleito deputado federal pelo Rio Grande do Norte.
João Café realizou uma viagem não-oficial à Europa e ao Oriente Médio entre julho e setembro de 1951, quando entrou em contato com altos dirigentes políticos e empresarias dessas regiões. Segundo o seu livro de memórias, observou então o esforço da reconstrução européia, coordenada pelo Plano Marshall, abandonando suas ideias de carácter socialista. Retornou ao Brasil convencido da necessidade de estimular a iniciativa privada no plano interno e assegurar a participação do capital estrangeiro no desenvolvimento económico nacional. Ainda em 1952, João Café visitou o Peru, o Equador, a Colombia e o Chile. Com todos esses fatos, veio a pressão para que Getulio Vargas renunciasse. Café Filho foi contra a medida e fez graves discursos na Câmara. No entanto, se vendo acossado pela UDN, Vargas não renunciou, mesmo para indicar um sucessor para comandar o pais. Na manhã de 24 de Agosto de 1954 um tiro ecoou no salão do Catete. Vargas estava morto. Morreu pelas próprias mãos. E João Café Filho assumiu o mandato que tanto recusara. E dava assim, um passo para o futuro.

Nenhum comentário: