quarta-feira, 6 de agosto de 2008

RIBEIRA - 49

...E O VENTO E A CHUVA LEVARAM.

Natal (Rn) sofreu recentemente as consequências das chuvas onde as pessoas temiam sair de casa ou mesmo que saíssem, não tinham como voltar. As ruas da cidade ficaram cheias de lama e sendo uma metrópole perto ou cercada por um rio, quando chove, vira um deserto. Julho foi um tormento para os moradores da cidade. Houve acidentes graves mesmo, com choques de veículos e o naufragar de Kombis que ficaram cobertas pelas águas até o teto. Ainda mais foram os deslizamentos de terra invadindo residências nos mais diversos pontos da capital. Para quem sofreu esse tormento, sem dúvidas, foi um Deus nos acuda. Os postos médicos viveram dias de pânico com gente pedindo socorro e médicos e enfermeiras correndo de um lado para outro tentando amenizar tamanha aflição. Tudo isso até parecia um caos como já se viu em outros Estados e Países. Essa noticia vem ao caso, agora, porque, Natal é uma cidade pequena e em 1938 não tinha tragédias desse tipo. E por que 1938? Pelo fato de que, naquele ano existia em Natal aquilo que mais tarde seria o bairro de Capim-Macio.
Foi nesse ano que José Leandro comprou um extenso lote de terra, indo de uma estrada de barro que dava para o interior do Estado até ao limite de onde tempos depois chegou-se a construir o Conjunto Ponta Negra. A terra comprada por José Leandro era imensa e ali não havia nada, a não ser árvores gigantes e pequenas para absorver toda a água da chuva que viesse a cair naquela região. Capim-Macio era um caminho que levava à vila de Ponta Negra, muito pequena, por sinal, onde viviam pescadores, apanhadores de mangabas, mangas, cajus, pitombas, azeitonas e de outras frutas silvestres, fazedores de carvão de lenha e mulheres que faziam rendas e bicos, tecidos de fio de algodão. Entre o morro e a estrada de barro, se era de barro, talvez, ficava o cercado de José Leandro conhecido por Capim-Macio. Na verdade, alí não existia qualquer capim e muito menos macio. Era tudo mata cerrada e nada mais.
Quando José Leandro comprou o terreno, tinham também dez cabeças de gado. Somente com essa criação que ele vendeu para o abate, retirou todo o dinheiro empregado. Ela não criava gado e apenas a terra era a menina dos seus olhos. O homem pensava bem na frente. Muito na frente até. Para muitos, aquelas terras não valia um "derreis". Para ele, valia muito. Por isso, não tinha pressa. Com o negocio das terras de Capim-Macio, entrou no jogo uma parte separada de uma terra que formava um triângulo, ao lado esquerdo de quem vai para Ponta Negra. Com o inicio da guerra (IIª Guerra Mundial), aquele pedacinho de terra foi requerida pelo Exercito para treinos de praças. Apenas depois do conflito, José Leandro requereu a devolução desse pedaço de terra que vai do inicio da estrada de Ponta Negra, onde hoje é construído um Loja do Nordestão e outras lojas também até um Posto de Combustível, na Avenida Salgado Filho. Essa parte de terras foi vendida por José Leandro a firma Marpas & Comércio, pelos idos de 1965. Na parte de Capim-Macio, ele traçou tudo em lotes que eram vendidos aos natalenses sem saber ao menos como se chagava até ao local, pois no idos de 1950 em diante não havia ónibus, coisa que só veio acontecer muito tempo depois.
Capim-Macio não tinha serviço de água e luz. Inda hoje se pode vê pequenas casas do tempo da construção daquele império. Um cidadão, José Nilson de Sá, foi dos que compraram um gleba de terras naqueles confins do mundo. José Nilson é engenheiro e certa vez teve que assinar a planta do terreno feita por José Leandro, para legalizar o documento que o seu dono negociava através do Bancaldo, um Banco que funcionava da avenida Frei Miguelinho. No inicio, as glebas eram maiores. Então, José Leandro resolveu reduzir seus tamanhos para poder render mais, pois a procura pelas terras aumentavam e quem comprasse, teria que pagar direto ao Banco. Cita-se José Nilson, porque foi ele quem mandou perfurar um poço em sua terra para dali extrair água. E outros engenheiros compradores de terra procuram ter a mesma idéia.
Hoje, Capim-Macio é um bairro nobre da capital, com verdadeiras mansões cercando as poucas e pequenas casas de herdeiros que fizeram dali o paraíso dos seus sonhos. A água encanada foi posta para a alegria de seus moradores, vindo com ela a luz eletrica. Só teve um porem em tudo isso: a chuva. Sempre que chove as ruas ficam alagadas, afetando, inclusive os pontos de comércio que existem no local. Casas de vendas de carros, postos de combustíveis, armarinhos e outros mais. Terrenos livres, ainda tem. Nem todos foram vendidos. Aqui e alí, se encontra terras livres. Essas terras esperam quem as compre para Capim-Macio se tornar num verdadeiro bairro de Natal. Porém, falta apenas a Prefeitura resolver o caso de alagamento que sempre acontece naquele bairro para deixá-lo tão somente capaz de ser um verdadeiro BAIRRO!

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