sexta-feira, 8 de agosto de 2008

RIBEIRA - 53

RETRATO DE MULHER

Num salão grenat, após às seis horas da tarde, o triste homem fica recordar noites adormecidas que um dia ali viveu com intensidade. Notas esmaeicidas param no ar trazendo a lembrança da mulher amada. Se um dia ela tornar ao lugar que o homem tanto a amou, então a saudade não viverá como naquele momento. Perfumes delicados e restos de canções que o fizeram viver em um momento hão de morrer pois o homem dedicará com sentimento e carinho todo o amor que sempre teve por ela e certamente a mulher tornará a ver a felicidade pois não existe alguém que lhe tenha tanto amor na vida.

Enfim, essa é a mulher amada que o destino desprezou deixando pelo chão pétalas de flor para recordar que um dia houve tanta felicidade entre os dois amantes. O que acabou aquele amor foi o ciúme que em prantos segredados deixou a dor para rodear aquelas duas almas. O carinhoso ninho foi desfeito e o destino se desfolhou para a sempre e nunca mais volver a tradução de um amor que ele sempre guardou com pura sinceridade. A tristeza por fim, rondou aquele homem lhe mostrando a fraqueza de sua pobre vida. Ele já não sabia dizer qual dos dois era mais infeliz.

Ele bem sabia que fugindo daquela triste noite nostálgica era capaz de soergue-se e deixando de lado o copo encontraria então, uma nova alegria fora das ilusões de um cabaré. Porém, o homem tinha medo de apenas chorar. Nem as pessoas que ele não queria vê, mereciam qualquer comentario desventuroso. Nada além de uma ilusão chegaria ao seu coração. O amor, esse infame afeto, se lhe restaria desprezo. A mulher, na verdade era pura e bela como uma deusa. Bem que merecia o sentimento do perdão, afinal, ela de nada fizera que buscasse tamanho desamor. Simplesmente, um dia, aquele amor esmaeceu e, por acaso, talvez tenha morrido. Se foi culpa dele, não saberia ele dizer. Esse negocio de amor é bem complicado entre dois corções.

Uma certa vez, um amigo seu lhe disse que, se um dia por acaso ela perguntasse como estaria vivendo, dissesse apenas, que ele era muito feliz. A mágoa só assim era capaz de se disfarçar, quando se se dissimula a dor, mesmo a sombra de um sorriso. Ele não acreditou nisso. Talvez, ela não tivesse coração pois lhe deu de tudo o que ela sonhou um dia em verdadeiramente ter. Naquele momento, ela estaria bem longe e ele restava saber o que lhe faltou dar. Quem sabe se não fora pela falta de um carinho? Ele não sabia dizer.

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