sábado, 2 de agosto de 2008

RIBEIRA - 44


Aviões da Panair

A Panair do Brasil viveu seus mais de 30 anos cruzando o céu desse país. Sua agência, em Natal (Rn) ficava no prédio do Grande Hotel, no bairro da Ribeira, ponto do comércio da cidade. Para muitos, a Panair servia de elo de ligação com o imenso Brasil, levando e trazendo gentes e mercadorias dentre muitas outras coisas. Ninguém esperava que o Governo Brasileiro extinguisse a companhia, como o fez. Mesmo assim, desmembrando os seus aparelhos para outras empresas que se formavam, o fim da Panair de longe foi o seu fim. Ela sobreviveu, mesmo com outros nomes em seus "Constellation" que cruzaram esse pais ao longo dos ano 1930 a 1960.

Quando meu tio, José Leandro, teve que ir ao Rio Grande do Sul, ele preferiu seguir viagem pelo um aparelho da Panair. Ele mesmo foi comprar um bilhete de vou, na sede da empresa, no Grande Hotel e seguir no outro dia em veículo da própria empresa que foi lhe pegar em casa e levá-lo ao Aeroporto de Parnamirim. Do mesmo jeito a empresa procedeu durante o seu retorno a Natal, nos ídos dos anos de 1938. A Panair era uma verdadeira "fortaleza voadora" pela segurança que oferecia aos seus passageiros e tripulantes ao longo dos anos em que esteve no ar. Ela, sem dúvidas, foi a primeira companhia aérea do Brasil, apesar de ter sua origem nos Estados Unidos.

Quando em terra, em Natal, toda a tripulação ficava alojada nos apartamentos do Grande Hotel, salvo no período da IIª Guerra Mundial quando para proteção dos ases do céu, havia o critério deles ficarem alojados nas dependências dos modestos hotéis do campo de aviação, em Parnamirim. Ainda assim, durante o dia, as moças que cumpriam o papel de aeromoças, sempre que sentiam a necessidade de vir a cidade, tinham toda a permissão. Com os Escritórios em Natal, a Panair mantinha um elo entre a vila de Parnamirim que naquela época (1942-1945) quando o Brasil entrou na Guerra, era uma historia de estreita dependência, afinal, Parnamirim era só um campo de pouso cercado de casinhas de gente humilde e por isso, ele somente chegava a condição de vila.

No tempo da Guerra havia festa nos tradicionais salões do Grande Hotel e, também, nos ricos belos salões de baile do Aero-Club, bem como do Brasil Clube. Eram esse três locais que eram frequentados quase que de forma obrigatório pelos praças norte-americanos e em contra-partida, pelas aeromoças que faziam o vou nos aparelhos da companhia Panair do Brasil. Em tais ocasiões, sempre nos finais de semana, sábados e domingos, José Leandro sempre se fazia presente para alegrar um espírito de um bom vivant. As belas e encantadoras aeromoças se faziam presentes, porém, mantendo uma larga distancia da população interessada da terra nativa. Mesmo assim, a sua candura resplandecia nos salões de baile do clubes aristocraticos das tradicionais familias riograndenses do norte.

Quando um "Constellation" da Panair fazia um vou sobre a cidade, com sua monumental fuzelagem brilhando ao sol, era de se ver as crianças, nas ruas olhando aquele cruzeiro passando tão rápido, zoando como se fosse para anunciar que ali voava um avião da primeira companhia brasileira de aviação. Na verdade, a extenção do pais fez com que a aviação comercial tivesse um impulso vertiginoso nos anos de 1930 a 1960. Na década de 1950, operavam cerca de 16 empresas brasileiras. Porém, com a crise que se abateu o pais, em 1965, obrigou o governo a reduzir o número a 4 empresas, findando desse modo a Panair que foi fundida à VARIG e Cruzeiro do Sul. Então, já não havia mais uma razao para se dizer que somente a "Constellation" fazia o vou através do Brasil. Tinha entao os modernos modelos Boeing para fazer frente. Acabou-se a era de ouro dos aparelhos da Pan.

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