terça-feira, 26 de agosto de 2008

RIBEIRA - 87

UM PÉ DE BAOBÁ

Os baobás são um gênero de árvore com oito espécies nativas da ilha de Madagascar, o maior centro de diversidade , com seis espécies. A ilha fica no continente africano da Australia, o maior país da Oceania. As espécies alcançam alturas entre cinco e até vinte e cinco metros, com cerca de sete metros de diâmetro do tronco, podendo chegar a onze metros. Destacam-se pela capacidade de armazenamento de água dentro do tronco, que pode alcançar até 120 mil litros. Os baobás desenvolvem-se em zonas sazonalmente áridas e são árvores de folha caduca, caindo suas folhas durante a estação seca. Alguns tem a fama de terem vários milhares de anos, , mas como a sua madeira não produz anéis de crescimento, isso é impossivel de ser verificado: poucos botânicos dão crédito a essas reinvidicações de idade extrema. O baobá é a árvore nacional de Madagascar e o emblema nacional do Senegal, país da Africa Ocidental.

Em 1445, navegantes portugueses, conduzidos por Gomes Pires, chegaram à ilha de Gorée, no Senegal: eles descobriram o brasão do Infante Dom Henrique gravado em árvores. O cronista Gomes Eanes de Zurara assim descreveu a árvore: "Árvores muito grandes e de aparência estranha; entre elas, algumas tinham desenvolvido um cinturão de 108 palmos a seu pé ( ao redor de 25 metros). O tronco de um baobá não é mais alto do que o tronco de uma árvore de noz; rende uma fibra forte usada como cordas e pano; queima da mesma maneira como o linho; tem um grande fruta lenhosa como abóbora, cujas sementes são do tamanho de avelãs; pessoas locais comem a fruta quando verde, secam as sementes e armazenam uma grande quantidade delas".

Em´Angola e Moçambique essa árvore é conhecida por embondeiro ou imbondeiro. Entre certas regiões de Moçambique o tronco dessa árvore é escavado por carpinteiros especializados para servir como cisterna comunitária. Ainda em Moçambique, o fruto, chamado malembe na língua xi-nyungwe da provincia de Tete, tem uma polpa branca que seca no próprio fruto e é utilizada para a alimentação em tempo de escassez de comida. Também é referida como cura para a malária.

No Brasil, existem poucas árvores de baobá que foram trazidas pelos sacerdotes africanos e foram plantadas em locais específicos para o culto das religiões africanas. Um Estado com grande quantidade de baobás é o Rio Grande do Norte. Há exemplares em Natal, já tombado pelo Patrimônio Histórico em um terreno que começa na Rua Sao José, em Lagoa Seca, e de propriedade particular; e também tem baobá no municipio de Nisia Floresta, antiga Paparí. Em Assu, também no Rio Grande do Norte, existem 11 baobás de aproximadamente 400 anos e atualmente estão em processo de tombamento histórico. Existem ainda baobás em Pernambuco, Ceará e Rio de Janeiro.

O baobá de Natal foi plantado pelos escravos africanos quando vieram com seus donos, os patrões portugueses, colonos que obtiveram lincensa para explorar a terra. Junto aos pés de baobá (isso significa que havia mais de um baobá aqui plantado), os escravos eram enterrados junto ao tronco da árvore que era tida como sagrada pelos escravos. Em se dizer "escravos", está-se menosprezado um povo que, na verdade, era feito escravo. Os seus verdadeiros nomes foram suprimidos e postos outros em seu lugar. Podia ser João, José, Antônio ou outro qualquer. Sendo mulher, Maria era o mais indicado. Os escravos só tinham um nome. Quando alguém perguntava para quem ele trabalhava, então o escravo dizia um segundo nome. E é por isso que muita gente ainda hoje adota dois nomes, como por exemplo João de Jacó. Era sabido que aquele João era propriedade de um colono chamado Jacó. E assim por diante.

Em 1719, um cabo, Belchior Pinto, que trabalhava na Fortaleza dos Reis Magos, era dono de vasto terreno onde é hoje Lagoa Seca (e até nisso, a Prefeitura de Natal, no ano de 1979 resolveu por fim e aterrou a lagoa) e requereu ao Estado uma terra para o cultivo de lavouras para a sua criação de gado. O terreno media 100 braças de comprimento e 50 de largura, começando em Lagoa Seca indo até Morro Branco. A terra foi dada ao cabo Belchior. Ele não fala de que havia benfeitorias no local, mas em Morro Branco se encontra um terreno com o plantio de varias magueiras e pés de eucaliptos. O terreno fica na rua Alexandrino de Alencar com a avenida Prudente de Morais, lugar provável que era do mesmo homem.


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