segunda-feira, 4 de agosto de 2008

RIBEIRA - 47

PEIXE
Meu tio Zeca era um dos que gostavam de peixe pescado no mar. Em alto mar. Não raro ele costumava ir ao Canto do Mangue, em Natal (Rn), no bairro das Rocas somente para ver o descarregar dos barcos que chegavam do mar aberto, cheios de peixe. Ali, bem perto das ciobas, pargos, xareus, guaiuba e outros mais, já no final da tarde, Zeca e o seu companheiro inseparável conhecido por Rapa-Coco (seu nome era Antônio Patricio) vasculhavam os cardumes em meio a algazarra da meninada e dos homens cizudos, vendedores e pescadores de peixe oferecendo por qualquer preço os pescados que acabaram de fisgar mesmo sendo em alto mar, 8 dias de viagem ou talvez 12, quem sabe mais. História de pescador.
A palavra peixe usa-se por vezes para designar vários tipos de animais aquáticos. Na verdade, o peixe é um dos símbolos do cristianismo. No entanto, eles são encontrados em praticamente e quase todos os rios e mares, em água doce ou salgada, desde a beira da praia até a grandes profundidades dos Oceanos. Porém, há lugares onde não vive peixe, como o Grande Lago Salgado, nos Estados Unidos. Entretanto, o peixe tem uma grande importância para a humanidade e ao longo do tempo ele serve de alimento para o ser vivo da Terra. Mas isso não vem ao caso. O que tio Zeca gostava era de ver o peixe, virar e desvirar, gastar o tempo, horas e mais horas, para depois comprar uma cioba ou um pargo para, naquela noite, em casa, só de bermuda e sem camisa, com uma garrafa de vinho e um charuto na boca, que o retirava na hora da refeição, poder servir o pescado a quem quisesse comê-lo.
Quando eu era garoto, tio Zeca mandava que eu fosse em um frigorífico existente na Rua Chile, onde havia dois outros frigoríficos que recebiam os peixes vindos do alto mar para vender aos consumidores, inclusive hotéis e até mesmo aos botecos de Pirangi que mesmo por ser praia, ali não se faz pescaria, sobrando apenas para pegar lagosta. E eu costumava ir ao frigorífico dava que para o rio onde os barcos atracavam e despejavam para o interior da casa onde iam sendo despejados nos balcões de negocio. Um grupo de moças atendia a quem procurasse comprar as enxovas fresquinhas que, segundo elas, ainda estavam pulando dizendo em meio de o sorriso cativante e acolhedor. Entre minhas cismas, em pegava o um peixe para observar o seu tamanho e peso e depois dizer que era o tal que estava saltando o que eu pretendia levá-lo, apesar de estar bem morto fazia tempo e dias.
Quando eu voltava ao escritório com a espécie toda embrulhada em papel-jornal, o meu tio desembrulhava para ver de perto aquele pescado que ele havia comprado, apesar de ter sido eu quem na verdade fora, para assim ficar certo. Aquele peixe já estava com o seu destino traçado pois, logo mais, alguém que quisesse ver um homem excessivamente gordo, de uma barriga proeminente, podia ir na casa do meu tio que, certamente, o encontrava descamando o pescado, retirado as barbatanas, quem sabe as vísceras, guelra e tudo mais para poder assar na brasa do fogão à lenha onde o homem testava o peixe sem deixa-lo tostar. Nesse ponto, como em outros, tio Zeca era um exímio cozinheiro. Quando ele acabava de assar o peixe, com seu charuto de modo impecável, ia tomar banho para depois degustar do alimento com o gosto de quem sabia e entendia do bom cardápio que lhe servia à mesa.
Por incrível que pareça, os peixes não dormem. Eles apenas alternam estados de vigília e repouso. O periodo de repouso consiste num aparente estado de imobilidade, em que os peixes mantém o equilíbrio por meio de movimentos bem lentos. Como não tem pálpebras, seus olhos ficam sempre abertos. Algumas espécies se deitam no fundo do mar ou no rio, enquanto os menores se escondem em buracos para não serem comidos enquanto descansam. Bem. Essa é outra história. O importante foi o cozido ou assado do peixe por o Dr, José Leandro, meu tio Zeca.

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