terça-feira, 12 de agosto de 2008

RIBEIRA - 63 - Parte 2

CAVERNAS DO QUMRAN
Segundo os Manuais de Disciplina dos Essênios dos Manuscritos do Mar Morto, os essênios eram realmente originários do Egito, e durante a dominação do Império Selêucida, em 170 a.C. formaram um pequeno grupo de judeus, que abandonou as cidades e rumou para o deserto, passando a viver às margens do Mar Morto, e cujas colônias estendiam-se até o Vale do Nilo. No meio da corrupção que imperava, os essênios conservavam a tradição dos profetas e o segredo da Pura Doutrina. De costumes irrepreensíveis, moralidade exemplar, pacíficos e de boa fé, dedicavam-se ao estudo espiritualista, à contemplação e à caridade, longe do materialismo avassalador. Os essênios suportávam com admiravel estoicismo os maiores sacrifícios para não violar o menor preceito religioso. Procuravam servir a Deus, auxiliando o próximo, sem imolaçoes no altar e sem cultuar imagens. Eram livres, trabalhavam em comunidade, vivendo do que produziam.
Os Essênios não tinham criados, pois acreditavam que todo homem e mulher era um ser livre. Tornaram-se famosos pelo conhecimento e uso das ervas, entregando-se abertamente ao exercício da medicina ocultista. Em seus ensinos, seguindo o método das Escolas Iniciáticas, submetiam os discipulos a rituais de Iniciação, conforme adquiriam conhecimentos e passavam para os graus mais avançados. Mostravam então, tanto na teoria quanto na prática, as Leis Superiores do Universo e da Vida, tristemente esquecidas na ocasião. Alguns diziam que eles preparavam a vinda do Messias. Era uma seita aberta aos necessitados e desamparados, mantendo inúmeras atividades onde a acolhida, o tratamento de doentes e a instrução dos jovens erama face externa de seus objetivos. Não ha nenhum documento que comprove a estada essenia de Jesus, no entanto seus atos são típicos de quem foi iniciado nesta seita. A missão dos seguidores de Mestre Verdadeiro foi a de difundir a vinda de um Messias e nisto contribuiram para a chegada de Jesus.
Na verdade, os essênios não aguardavam um só Messias, e sim, dois Um originário da Casa de David, viria legislar e devolver aos judeus a pátria e estabelecer a justiça. Esse Messias-Rei restituiria ao povo de Israel a sua soberania e dignidade, instaurando um novo período de paz social e prosperidade. Jesus foi recebido por muitos como a encarnação desse Messias de sangue real. No alto da cruz onde padeceu, lia-se a inscrição: Jesus Nazareno Rei dos Judeus. O outro Messias esperado nasceria de um descendente da Casa de Levi. Este Salvador seguiria a tradição da linhagem sacerdotal dos grandes mártires. Sua morte representaria a redenção do povo e todo sofrimento e humilhação por que teria que passar em vida seria previamente traçado por Deus. O Messias-Sacerdote se mostraria resignado com seu destino, dando a vida em sacrificio. Faria purgar os pecados de todos e a conduta de seus atos seria o exemplo de fé que leva os homens a Deus. Para muitos, a figura do pregador João Batista se encaixa no perfil do segundo Messias. Até os nossos dias, uma seita do sul do Irã, os mandeanos, sustenta ser João Batista o verdadeiro Messias. Vivendo em comunidades distantes, os essenios sempre procuravam encontrar na solidão do deserto o lugar ideal para desenvolverem a espiritualidade e estabelecer a vida comunitária, onde a partilha dos bens era a regra.
O Evangelho de Tomé, preservado em versão completa num manuscrito copta em Nag Hammadi, é uma lista de 114 ditos atribuidos a Jesus. Alguns são semelhantes aos dos evangelhos canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João, mas outros eram desconhecidos até a descoberta desse manuscrito em 1945. Tomé não explora, como os demais, a forma narrativa, apenas cita - de forma não estruturada - as frases, os ditos ou diálogos breves de Jesus a seus discipulos, contados a Tomé o Gêmeo, sem incluí-los em qualquer narrativa, nem apresentá-los em contexto filosófico ou retórico. Duas caracteristicas marcantes do Evangelho de Tomé, queo diferenciam dos canônicos, são a recomendação de Jesus para que ninguem faça aquilo que não deseja ou não gosta e a ênfase não na fé, mas a descoberta de si mesmo.

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