terça-feira, 12 de agosto de 2008

RIBEIRA - 61


AÇUDE ORÓS - CEARÁ


"O sertão vai virar mar. O mar, virar sertão". Esse trecho da composição que ilustrou a obra magna de Glauber Rocha, baiano por nascimento. parecia antever a história que se registrava no Ceará com a inauguração pelo presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira do açude Orós, em Icó. no rio Jaguaribe. Glauber Rocha fez seu filme, "Deus e o Diabo na Terra do Sol", dois anos depois, e enfocava uma historia do nordeste brabo. O açude foi inaugurado em 1961 no rio que tem o nome tupi-guaraní que significa "rio das onças". Antes de inaugurá-lo oficialmente, JK visitou o canteiro de obras por várias vezes, chegando de surpresa.


No rio Jaguaribe tem construído dois grandes açudes: o Orós e o Castanhão. Sua bacia hidrográfica está situada em sua quase totalidade dentro dos limites do Estado do Ceará, com ínfima parcela estendendo-se ao sul para o Estado de Pernambuco. Antes de ser inaugurado, em 1960, o açude sofreu um rompimento que levou muitas terras em sua enxurrada, sacrificando pessoas que viviam ao longo do açude. Isso levou a descrença do povo, porém não as dos engenheiros do DNOCS, responsável pela obra. Construído num maciço de rocha, o Orós veio para ficar. Vale salientar a tragédia do Orós. A estreia do Ferroviário no Campeonato Cearense de 1960 estava marcado para o dia 27 de Março daquele ano. O adversário seria o já extinto Nacional. Contudo, o Estado do Ceará sofria as consequências de um dos mais rigorosos Invernos de toda sua história, fato este que afetou a prática do futebol.


Em episódio que teve repercussão nacional, a barragem do famosos Açudes Orós não suportou a força das águas e rompeu. Milhares de metros cúbicos jorraram em direção às principais cidades do Vale do Jaguaribe que foram imediatamente inundadas. Em poucas horas, a região ficou ilhada. Importantes municípios como Limoeiro do Norte e Aracatí viraram "cidades fantasmas". Nesse acidente, milhares de pessoas morreram e um sem número sofreram com os prejuízos, ficando desabrigadas. Mesmo assim, a obra foi retomada e o Açude pode ser concluído um ano depois. O rio Jaguaribe, rio das onças, é o maior curso d'água do território cearense com 610 km de extensão.


Hoje, as comportas do açude são abertas e despejam água no Rio Jaguaribe chegando a ter uma lâmina de 3,20 acima a cota do vertedouro. "Enquanto houver muita chuva enchendo as bacias do Salgado e do açude Orós manteremos as comportas abertas. Se o Orós sangrar podemos abrir outras comportas", comentam os engenheiros responsáveis pela manutenção do açude. Noite e dia há o monitoramento das águas. A abertura das comportas depende de dois fatores principais: o volume de água que entra no reservatório e a quantidade de água que suporta a vasão do rio Jaguaribe, que é até 1.500 metros por segundo. A noticia da tragédia do Orós, em 1960, chegou até Natal e Gastão, que observava todos os detalhes, sempre dizia: "Esse Orós vai ser um nó para o Dnocs". Tais comentários ele fazia no escritório de Zeleando, depois de ler as notícias.




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