quinta-feira, 28 de agosto de 2008

RIBEIRA - 90

MULHER ESCRAVA

Em Natal (Rn) tem um pau de nome Baobá, árvore nativa do Senegal de onde vieram os escravos. Ninguém sabe quem o plantou. Mas, conforme a história, esse baobá tem cerca de 400 anos. E, se tem um baobá plantado a 400 anos, alí também tinha escravos que deixavam as prisões da senzala e procuravam a liberdade, mesmo distante da Casa Grande. O baobá é uma árvore sagrada para os africanos. Dela se tira o alimento e até mesmo o remédio para doenças que a medicina não cura. Se no lugar tem um baobá, ali também tem um escravo fugidio. Isso é fato. Não é hipótese. O baoba de Natal fica na Rua São José, logo no seu inicio, no bairro de Lagoa Seca. Para se ter 400 anos, isso leva a crer que Natal, uma cidade pequena, e nem habitação tinha em Lagoa Seca, coisa que ninguém sabia o que era, só se tem uma resposta: escravos. Para aquele lugar fugiam os escravos para fazer suas orações, coisa que era proibida de se fazer. E o pé de baobá era próprio para se fazer orações, segundo a religião africana. Então, é de se pensar: baobá versos escravos.

Quando menino, eu sempre passei no lugar do pé de baobá. Ali, tinha uma casinha da taipa, muito velha e pequena. Outras casas haviam mais para a frente. E, em tempos passados, também existiu onde hoje é a rua Alexandrino de Alencar, no seu final, uma plantação de mangueiras. São várias mangueiras, enfileiradas imaginando de que, quem plantou, tinha uma noção do que fazia. Na mesma rua, no Hospício (de hoje), tem outros pés de eucalipto, todos enfileirados. Eu, nunca ouvi falar que exista casa no lugar. Porém, pelo o que se vê, casa havia. Em outro local, na rua Jundiaí, também em Lagoa Seca, tinha um sítio de mangueiras. E mangueiras, também havia na rua Salgado Filho, em Lagoa Seca. Mas, casa, não havia. Pelo menos, eu não vi. Tais casos, faz lembrar que é bem provável que Natal era mais povoado do que se pensa. No rio Potengi, tinha uma estação de trem. O lugar se chamava "Coroa". Pois, desse lugar até o Rio de Janeiro, pela costa do Brasil, se fazia comercio de pau brasil. Isso, muita gente sabe.

Contudo, fica a questão do pé de baobá que os africanos plantaram, a 400 anos, em Lagoa Seca, naquele tempo, onde o diabo perdeu as esporas. A historia de Natal, hoje em dia, está muito mal contada. A escravidão, foi a forma de relação social para a produção adotada, de uma forma geral, no Brasil. A escravidão no Brasil é marcada pelo uso dos escravos vindos, presos, acorrentados, nos porões dos navios negreiros vindos do continente africano. Com o passar do tempo, passaram a existir os escravos domésticos que trabalhavam na casa dos seus senhores, realizando serviços como cozinhar e costurar. Além disso, tinha os escravos alugados que faziam serviços de pedreiro, carpinteiro e ama-de-leite. Eram escravos que desenvolviam seus trabalhos nos espaços urbanos. Mesmo assim, eles continuavam presos ao seu senhor, responsável como proprietário. Mesmo assim, isso só veio acontecer no século XVIII. Natal já tinha um leve progresso. O que não se sabe é quando se plantou o pé de baobá e quem plantou.


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