terça-feira, 5 de agosto de 2008

RIBEIRA - 48

BAR ONDE SE BEBE O QUE SE QUER BEBÊ

Na Ribeira de antigamente as pessoas bebiam até dizer basta. Os bares melhores da cidade ficavam, sem dúvidas, naquele bairro. o chamado de fino trato. Não raro, os bares amanheciam cheios de seus clientes como também entravam pela manhã, à tarde e à noite. O bar é um local que tem em Roma, Paris, Londres, Coimbra e por que não dizer, no Brasil de cabo a rabo. É um local público onde se conversa de tudo um pouco. Para os intelectuais, é em um bar que se troca impressões sobre os livros de Tolstói ou Hemingway e para os enamorados, sobre seus casos de amor. No entanto é em um bar onde tem as mais acaloradas discussões sobre um time de futebol ou mesmo sobre um jogo de sinuca, baralho ou coisa assim.
Em Natal (Rn) a vida começa aos 40 e a velhice aos 41. Mas, independente disso, é em um bar onde se sente falta de velhos companheiros de luta e de ideal, ou se fala que fulano não vem mais pois ele acabara de morrer. Essa é uma triste noticia: Como? De que? Onde foi? A que horas? Isso é uma merda. Já não se pode nem mais viver? . De um lugar alguém diz: "Que viva JESUS. Ele também morreu na cruz. Vamos beber a vida do morto". E assim caminha a humanidade. Vez por outra alguém adormece pois já bebe há muito tempo e não mais aguenta. Um amigo diz: "Morgou". Em seguida chama os outros para beberem juntos a morgação do amigo que está de beiço caído, de cabeça pendida, camisa desabotoada e, por que não dizer, de fleche solto. "Ele ronca que nem um 'bode'" diz velho parceiro. Isso é motivo para se "tomar uma" porque o noctívago companheiro de guerra já abateu colunas. Na verdade, em todos os momentos se ouve dizer: SAUDE!!!. Nem todos caíram no sono, na verdade.
Essas histórias como em outras, esteve presente o "velho Zeca" como se chamava José Leandro, contando as peripécias de Alcebíades, pois "furou" o encontro da tarde passada por conta de uma dor de barriga que o homem teve e se viu naquele dia, vez por outra indo ao sanitário esvaziar a barriga. E arranjaram um presente para o velho amigo de todos os dias: "Embrulhada em papel de presente, Zeleandro e os demais amigos de Alcebiades deram-lhe uma caixa Modds para ele não esquecer". Essa foi uma prosa das mais engraçadas que a turma vez naqueles dias de beberrice. Alcebiades achou até graça da ideia dos patriotas, afinal o "xiriri" foi para ninguém botar defeito e ele aceitou de bom grado o inesperado e belo presente que lhe fizeram os bons amigos.
Um bar tem dessas coisas. Pode ser um bar de real freguesia ou um bar de canto de sala onde as mulheres de "vida alegre" são as companheiras das horas incertas. As damas acolhem seus "amiguinhos" com real delicadeza e muitas das quais, um dia, vem se tornar mulheres respeitáveis daqueles que em um dia ou outro retiraram da vida de prostituta para viver como senhora decente e de boa prenda. É em um bar que se traça o destino de um País, que entra em guerra. E, também, se cochicha sobre a sorte do fulano que está devendo demais e não pode mais pagar. Entre mulheres, vinhos e musicas ali se destina o que está incerto para o bem da tranquilidade nacional. Enfim, os bares não tem paredes nem os presentes, ouvidos.

Em uma outra oportunidade, em um sábado, dia propício para as chamadas beberragens, um grupo de amigos, talvez uns 15 ou mais que isso, entraram em um bar, como já faziam costumeiramente em todos os sábados, para comemorar sem conversa fiada, ao nada. Pediram e beberam o quanto mais podiam até que o bucho inchasse e eles esvazinhassem o que era a sobra. Depois de longas horas de beberragem entre um tira-gosto e outro, alguém viu que já tinham bebido fora da conta e enterraram na areia, em baixo da mesa, entre um pé de manga, nada além de que 30 garrafas, antes de prestarem a conta, uma vez que estava presente a metade dos que iniciaram a orgia uma vez que os outros saíram de fininho sem dar qualquer satisfação. No dia seguinte um dos tais presentes daquela orgia foi abordado pelo dono do bar, cobrando a conta das trinta garrafas quem os "safados" haviam enterrados na areia. Tudo foi pago e nada mais restou, somente a risadagem dos notívagos companheiros que nem pediram desculpas. Enfim, um bar é para essas coisas.

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