terça-feira, 26 de agosto de 2008

RIBEIRA - 85

POR ENTRE AS ÁRVORES

Naquela tarde de agosto, eu estava a escutar o canto dos pássaros vindo da mata, no Morro do Estrondo que fica bem próximo a casa do meu tio Zeca. Eu escutava a sonoridade do gorjear vindo dos pés de paus que enfeitavam o Morro quase adormecido. Um caso interessante era de que eu não via nenhum dos pássaros canoros e isso me deixava impressionado com a suavidade e beleza que punha em mim uma doce felicidade. Dos pássaros, eu não sabia o qual estava a cantar, pois seu sibilar era um lento e carinhoso alento. O gorjear vinha aos montes como se quisesse me enlevar para o alto daquele penhasco cheio de árvores, folhas e flores. No cantar dos pássaros me veio um enorme desejo de dormir, pois seu trinar enchia-me de ternura, uma ternura tão meiga como nunca eu tinha sentido na minha breve e nostálgica existência. Inda menino, que eu era, não cabia-me a decifrar o que os meigos e tenros passarinhos contavam uns para os outros que lhe sucedera de tão belo durante o dia que findava. E pouco eu notava que, por entre as árvores estavam núvens de adornados cotovias, canários, sabiás e galo-de-campina trocando em seu cantar uma forma de dizer que de onde eles estavam já podiam vislumbrar a imensa e verdejante floresta que a cada passo se fechava para só retomar a vida no dia seguinte quando as aves embriagadoras voltavam em cada galho chegar ao ponto que eles desejavam ir para costurar seu ninho de amor. Lindos e canoros pássaros aqueles que traziam o sossegar da noite para os animais noturnos, talvez aves, quem sabe terríveis monstros que rapinavam aqueles tenros e cantadores pássaros no meio das folhagens dos eternos arvoredos. De um sono profundo acordei ainda dos cantar daqueles alegres passarinhos.


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