sexta-feira, 22 de agosto de 2008

RIBEIRA - 78

CAFÉ FILHO

João Fernandes Campos Café Filho, nascido em Natal a 3 de fevereiro de 1899 (para alguns historiadores, Café Filho nasceu em Extremoz, municipio vizinho a Natal) foi advogado e político brasileiro, sendo Presidente do Brasil entre 24 de agosto de 1954 e 8 de Novembro de 1955, quando foi deposto. Foi o único potiguar a ocupar a Presidencia da República do Brasil. Nascido no Rio Grande do Norte, trabalhou como jornalista e foi dono do Jornal de Natal que ficava na Av. Rio Branco, próximo onde é hoje o Banco do Brasil (naquele tempo. o espaço do BB era do Mercado Publico da Cidade Alta que foi destruido por um incendio) e advogado durante a juventude, tendo participado da Aliança Liberal que surgiu em virtude da brecha criada no tradicional esquema de sucessão presidencial, dominado por São Paulo e Minas Gerais - a política do café com leite - na campanha de 1930. Em 1933 fundou o Partido Social Nacionalista do Rio Grande do Norte, e alguns anos mais tarde, o Partido Social Progressista, de Adhemar de Barros.

Sua candidatura à vice-presidencia da República fazia parte do acordo feito por Adhemar para apoias Getulio Vargas `a Presidencia da República nas eleiçoes de 1950. Em 1934 e 1945, João Café foi eleito deputado federal, e em 1950 foi indicado para vice-presidencia na chapa de Getulio Vargas. Com o suicidio de Vargas, em 1954, assumiu a Presidência, exercendo o cargo até novembro de 1955. Nesta ocasião, ante os indícios cada vez mais evidentes de que não defenderia a posse do candidato eleito à Presidência, Juscelino Kubitscheck, foi afastado (a princípio temporariamente e depois definitivamente) da Presidência por um movimento político-militar liderado pelo general Teixeira Lott, culminado no Movimento de 11 de Novembro.

Após a Presidencia , foi Ministro de Contas da Guanabara durante a década de 1960. Café Filho, educado na Primeira Igreja Presbiteriana de Natal, foi o primeiro Presidente protestante do Brasil. Café Filho foi também goleiro de futebol do Alecrim Futebol Clube, em Natal, clube que até hoje é o único que teve em seu plantel um jogador que chegou ao posto de Presidente do Brasil. Seu governo foi marcante pelas medidas econômicas liberais na economia comandadas pelo economista Eugênio Gudin.

Nas eleições presidenciais de 1955, o candidato apoiado por Café Filho foi derrotado pelo governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek, do PSD, e pelo vice João Goulart, do PTB. Sob a ameaça de golpe arquitetado pela UDN e uma ala do Exercito, Café Filho manteve-se pelo menos indiferente quanto ao respeito às instituições, o que levou o general Henrique Lott, seu Ministro da Guerra, que por sinal tinha votado no candidato oficial, brigadeiro Juarez Távora, a desferir um golpe de Estado preventivo para garantir a posse de Juscelino e, principalmente, a manutenção da democracia no Brasil.

Alegando questões de saúde, Café Filho licenciou-se do cargo de Presidente da República alguns meses antes de Juscelino ser empossado, assumindo interinamente Carlos Luz, então presidente da Câmara. Por pressão do General Lott, Carlos Luz também foi deposto e impedido de governar, assumindo a Presidência interina Nereu Ramos, então vice-presidente do Senado. ocasionando um estado de sítio e impedimento de Café Filho. A exclusão dos golpistas apoiados pela UDN assegurou a posse dos já eleitos JK e Jango.

João Café Filho faleceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de fevereiro de 1970. Em Natal (RN) não há qualquer celebração em homenagem a data de nascimento, dia 3 de fevereiro de 1899. Homem culto, empreendedor, dono de um Jornal que o tempo também esqueceu, não é lembrado, pois o que ele fez durando aos seus 71 anos de vida, o tempo apagou. Nem a Igreja que ele frequentou se lembra que um filho da terra chegou a ser um dia Presidente do Brasil. A despeito dos esquecimento imperante, João Café nasceu em Natal (Rn), filho de João Fernandes Campos Café e de Florência Amélia. Seu avô fora senhor de engenhos em Ceará-Mirim (Rn), vizinho a Extremoz, mas seu pai perdeu as terras herdadas e tornou-se um funcionário público na Capital do Estado. Durante o curso básico, Café Filho frequentou o Colégio Americano. o Grupo Escolar Augusto Severo, a Escola Normal e o Atheneu Norte-Riograndense, todos localizados em Natal. No fim do secundário, começou a assistir a julgamentos realizados no Tribunal do Juri, definindo assim sua vocação pela advocacia . Mudou-se para Recife em 1917, passando a trabalhar como comerciário para custear os estudos na Academia de Ciencias Jurídicas e Comerciais e assim cursou na área de eletrônica. Retornou a Natal sem concluir seus estudos superiores, mas, mesmo assim, baseado na sua experiência prática junto aos Tribunais, prestou concurso para advogado do Tribunal de Justiça obtendo êxito. Passou então a atuar no Estado, quase sempre em defesa de estivadores, tecelões, pescadores e outras categorias de trabalhadores, tornando-se em pouco tempo advogado de grande prestigio junto às camadas populares e alvo de pressões por parte das oligarquias dominantes.

A atividade regular de Café Filho no campo do jornalismo começou em 1921, quando fundou o Jornal do Norte. impresso nas oficinas de A Opinião, órgão oposicionista. Café Filho disputou, sem êxito, uma cadeira de vereador em em Natal no ano de 1923. Aínda em 1923, participou de greves e manifestações de trabalhadores ocorridas em Natal, tendo se destacado durante o movimento dos pescadores do bairro das Rocas. Advogado dos pescadores, acabou sendo preso junto com seus líderes. Nessa oportunidade, Café Filho escapou de um cerco policial à sua residência, fugindo em trajes femininos, e acompanhado por sua esposa, Jandira Fernandes Café, fugiu para Bezerros (PE). Aí conseguiu um emprego na Prefeitura graças a sua amizade com o delegado de policia. e passou a editar o Correio de Bezerros.. Mudou-se para Recife em 1925, tornando-se diretor do jornal A Noite. A vida de Café Filho não termina nesse ponto. Foi ai que ela teve início.


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