segunda-feira, 11 de agosto de 2008

RIBEIRA - 58

FIDEL CASTRO - O LÍDER

Em 1959, Gastão costumava ir ao escritório do meu tio Zeca (José Leandro) como já fazia ha anos, para conversar e ler os jornais do dia em um tempo rápido pois tinha que ir a repartição onde trabalhava. Impecavelmente vestido, de passos curtos porém ligeiros, ele chegava de forma impreterivel às 8.30 da manhã. Depois do seu "bom dia meninadas" já tradicional ele se voltava a tio Zeca a quem cumprimentava, perguntando em seguida, pelas novidades. Tinha como resposta um caso que estava correndo o Brasil e o mundo: Cuba. "Ah, bom. Vejamos como está." dizia ele e enfiava a cara nos jornais. Após ler as notícias, ele comentava de forma rápida: "Esse Fidel vai dar o que falar. Derruba já o Fulgêncio". E o meu tio respondia: "Derruba nada. Alí tem tropa americana".Em troca, Gastão dialogava: 'É. Vamos ver. Bem. Tenho que ir. A obrigação me espera". Em seguida, se despedia de todos e partia para a sua repartição: a Recebedoria de Rendas. Todo dia era assim. E eu ficava a imaginar no que os homens conversavam.

Quando podia, eu pegava o jornal para ler também o que dizia sobre esse Fidel. Claro que não entendia nada, pois o que me interessava era noticia de cinema. Para isso eu já tinha a minha Bíblia que era "O CINEMA", de George Sadoul, a obra mais completa sobre a Sétima Arte. E os jornais da província não traziam nada sobre cinema, a não se um comentário breve de Berilo Wanderley versando sobre o tema. No entanto, a história de Fidel Castro tinha muito mais profundidade. Os homens entendiam muito bem aquele caso. Fidel Alejandro Castro Ruz nasceu em Cuba e foi educado em colégios jesuítas, tendo sido acólito, ajudante dos Padres nas Missas. Alto e de porte atlético, foi premiado como o melhor atleta estudantil secundarista cubano, em 1944. Logo em seguida entrou para a Universidade de Havana, onde graduou-se em Direito três anos mais tarde. Depois de graduado, dedicou-se de modo especial à defesa dos opositores ao Governo. Depois de ser condenado a dois exilios, Fidel Castro partiu para os Estados Unidos onde preparou o seu regresso a Cuba, governada desde 1952 por Fulgencio Batista, em um golpe de estado até voltar e depois de reinda luta derrubar o ditador e se instalar no poder, no dia 1º de janeiro de 1959. Convocado os Generais para consolidar a vitória da Revolução, Fidel Castro entrou em Havana no dia 8 de janeiro. O Governo revolucionário instaurado designou Fidel Castro Comandante em Chefe de todas as tropas armadas. A URSS deu apoio económico e militar ao novo Governo de Castro, comprando a maioria do açúcar cubano. A partir daí, Cuba passou a sofrer um embargo económico por parte dos Estados Unidos. Com leis severas, Fidel Castro conservou um regime socialista, não permitindo a fuga de cubanos para os Estados Unidos. Sua Capital, de casas velhas e carros igualmente velhos, é uma cidade como se fosse provinciana, mas seu povo consagra o seu líder como o maior governo que o pais já teve.

Quando Gastão lia aquelas noticias já podia ver que aquele pais seria a espinha na garganta para os Estados Unidos por muitos anos. Calado, olhando para o chão, de caminhar rápido, ele era um alguém que talvez acreditasse da revolução cubana, apesar de que Gastão era muito mais pró-americano. E, ainda hoje recordo as suas falas de que Fidel Castro ainda daria trabalho aos norte-americanos por longos tempos. Aquilo deflagrava uma certa discussão com tio Zeca, pois ele acreditava na vitória americana, no final. E os dois discutiam em voz baixa que outras nações já entraram em guerra por longos anos. Ainda sem televisão ou internet, eles jamais podiam saber que o futuro era um caso bem planejado, porém mal sucedido. Hoje não se tem mais a URSS e a China já abriu suas portas, retirando da Praça da Paz Celestial, os tradicionais murais que foi implantado com a revolução socialista do pais.


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