quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

RIBEIRA - 247

REDINHA
No ano de 1852, a Câmara Municipal de Natal (Rn) proíbe a construção de casas cobertas de palhas, capim ou junco nas principais ruas da Cidade. Isso faz lembrar que, naqueles longos ídos da nossa história havia no Centro da Capital, bem próximo ao que seria o predio da Prefeitura Municipal do Natal uma artéria que era conhecida por Rua da Palha. No mínimo, ali havia casebres feitos de pau a pique e cobertos com palha possivelmente de coqueiro. Depois de cem anos, casas cobertas de palha continuavam a se fazer nos arrabaldes da cidade, como por exemplo, Tirol, Petrópolis, Lagoa Seca, Quintas e Carrasco sem se contar com os casebres armados na chamada Avenida 15, no canto do morro, depois do Tirol. Isso mostra que a proibição não pegou de um modo geral. E se contar nos dedos, ainda hoje se encontra casebres de palha feitos na cidade. Um tempo desse, uma praia de pelíssima paisagem tinha para mostrar os seus casebres de palha cobertos igualmente de palha. Essa praia era a Redinha, hoje o expledor da nossa história com, até, ponte ligando à praia à cidade. Casas? Muito caras !! Coisa de até 150 mil reais. No tempo dos anos de 1930, quando a praia mal existia, somente casas de palha quase aterradas, por conta da ventania que sobrava do mar. Isso, ainda hoje tem.Para se chegar na Redinha, havia apenas um beco onde se podia ver a capela toda branca, de portas fechadas. Alí, só havia missa nos fins de semana ou a cada 15 dias, pois o padre que atendia aos fiéis era o mesmo que rezava missa em Igapó e, mais para frente, em Extremoz.Era uma andada e tanto que aquele padre da Irmandade do Bom Jesus tinha que fazer todos os finais de semana. Quase sempre, um fiel lhe arranjava um jerico para que o sacerdote pudesse alcançar a sua freguesia que ficava muito além. Atravessava-se o rio de bote. E era assim que o padre "José Velhinho" fazia aos finais de semana. O predio do mercado público era uma palhoça quase toda enterrada no chão por conta da areia vinda da encosta do mar, lá bem defronte ao Forte dos Reis Magos, como ainda hoje sofre com essa invasão das dunas. Alí, se alguém falasse em trem, em bonde e até mesmo em ônibus, todos - e era pouca gente que alí habitava - lhes chamavam de "doido". pois dessas coisas ninguém ouvia falar. O que se tinha para viver, era peixe. Disso, todos sabiam. Maré cheia, maré seca, força da lua, ventania, mar brabo, tudo isso qualquer pescador sabia dizer de cor e salteado. Peixe, os mais variados tipos: pargo, galo-do-alto, cioba, cação e o mais temido de todos: o tubarão. Quando vinha uma maré forte, trazia sargaço, um mato que dá no mar e que vem parar na terra trazendo folhas, pedaços de paus e até mesmo as temidas caravelas, que fazem tremendas queimaduras pelo corpo de quem por elas é apanhado. Essa era a Redinha do tempo antigo, sem tirar e nem botar. Casas feitas de barro, coberta de palha. O que se dizia por lá, de não poder cobrir casas daquele jeito, o pescador roncava um pouco, cuspia de lado e por fim dizia: "Não paga a pena".

Nenhum comentário: