segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

RIBEIRA - 206

JOHN WAYNE
Durante grande parte da história do cinema americano no século XX, um ator encarnou como ninguém o herói máximo do gênero western, sendo muitas vezes considerado ele próprio, o seu nome, um sinônimo do faroeste, pois para a geração que cresceu assistindo as suas películas, filmes de bandido e mocinho, eram praticamente a mesma coisa que filmes de John Wayne. Símbolo do machismo e um dos maiores campeões de bilheteria de Hollywood, John Wayne não era considerado um grande ator pela crítica, que o chamava apenas "um tipo", principalmente de faroeste. Era o que bastava para que sua figura corpulenta e seu olhar ambíguo - ora doce e ingênuo, ora iracisvel - criasse a mitologia do durão que muitas vezes fazia justiça com as próprias mãos. John Wayne nasceu em Winterset (Iowa) em 25 de maio de 1907. Começou como dublê de faroestes, em 1928, até ser lançado po Raoul Walsh em "A Grande Jornada" (1930). Demorou nove anos e cerca de cinquenta filmes classe B antes de John Ford o escalasse para o filme "No Tempo das Diligências". John Wayne foi o favorito dos diretores John Ford e Howard Hawks, que dele arrancaram peformances inesqueciveis em clássicos como nesse sucesso absoluto. O filme juntou pela primeira vez John Ford e John Wayne num grande filme - dois heróis e símbolos do próprio cinema americano daqueles tempos - e seria o pontapé inicial definitivo do mais americano dos gêneros- ou do único gênero genuinamente americano., já que ele somente se desenvolverá em território americano em sua premissa básica - o desbravamento do oeste americano. As paisagens do Monument Valley apareciam esplendorosas para contar a mais clássica das histórias do gênero - a carruagem que atravessa o deserto e sofre um violento ataque de índios. As bases para o gênero foram lançadas. O públicou aprovou. Uma era se iniciava na terra o Tio Sam. O sucesso seguinte de John veio com "Depois do Vendaval" - arrastando Maureen O'Hara pelos cabelos diante dos habitantes de uma cidade irlandesa. Sendo seguido por Rio Vermelho, que lançou Montgomery Clift. A famosa crítica de cinema Pauline Kael chamou o filme de "ópera a cavalo". Na opinião de John Wayne, somente "Rastros de Ódio" o superava. Era um de seus preferidos. O astro americano gostava de personagens fortes. Em "Rastros.." ele compôs o mais perfeito retrato da amargura com Ethan Edwards. Aqui ele compõe igualmente o tipo forte.
Rastros de Ódio:
A virada definitiva na carreira de John Wayne se deu com "Rastros de Ódio". Este não é apenas o melhor filme do mestre John Ford. Foi incluido em várias listas como um dos melhores de todos os tempos em todos os gêneros. Poucos filmes tem a densidade psicológica deste drama das pradarias que narra a busca obstinada de Ethan, homem duro e insensivel, que luta por vingança. Ídios incendiaram a casa do seu irmão e de sua cunhada, mataram toda a família e raptaram suas duas sobrinhas. Uma delas é encontrada morta, e a outra, na visão de Ethan, está perdida para sempre e deve morrer... assim que ele a encontrar. Sua busca atravessa os anos como seu único objetivo de vida; atravessa as estações e nada pode pertubá-lo. Poucos personagens são a imagem da solidão e da obstinação. Pelo que representa e por tudo o que tem atras de sí, "Rastros de Ódio" é um dos maiores filmes da história do cinema. Na vida pessoal, John Wayne também tinha suas obsessões. Com acentuada preferencia por mulheres latinas, John Wayne foi casado com duas mexicanas: Josephine Saenz de quem teve os filhos Melinda, Michael, Patrick e Esperanza Baur. Em 1954 casou-se com a peruana Pilar Palette, que lhe deu os filhos: Aissa, Marisa e Ethan (nome de seu personagem em Rastros de Ódio). Divorciaram-se em 1973. O ator continuou sua carreira com uma grande lista de sucessos, entre eles : "Onde Começa o Inferno", "O Homem de Matou o Facínora" e "El Dorado".. Mas foi sob a direção de Henry Hathaway que John Wayne conseguiu o "Oscar" de melhor por "Bravura Indômita", como um xerife bêbado e caolho onde aparece como uma ruína de sí mesmo, velho e gordo.
Em 1976, Wayne se despediu das telas e fez o seu derradeiro filme: "O Último Pistoleiro", com Lauren Bacall, no papel de um velho cauboi morrendo de câncer mais ainda lutando.O roteiro, que tinha muito a ver com a própria vida do ator trazia a estória de um velho e lendário pistoleiro que sofria de câncer e procurava um local onde pudesse morrer em paz. Em 11 de junho de 1979. o homem que melhor se identificou com os heróis da colonização americana morreu vítima de câncer nos pulmões, mas entrou para sempre no Olimpo dos deuses da sétima´arte.

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