quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

RIBEIRA - 221

CUBA DE FIDEL
Eu não sabia de coisa alguma de Cuba, naquele ano de 1958. Ouvi dizer, por outros que Fidel Castro tinha assumido o poder da ilha. Quem era Fidel Castro, eu não sabia. E Cuba? Onde ficava? Muito pior. No escritório do Armazem de Madeiras Santa Teresa, na Ribeira, por trás do Teatro Alberto Maranhão, em Natal, onde eu trabalhava, só ouvi dizer que Fidel Castro "invadiu" Cuba. Eu nem liguei. Fui olhar no dicionário o que era Cuba, e lá estava. Uma ilha. Para mim, deu no mesmo. Saí batendo as mãos nas pernas da calça. Era já o dia 2 de janeiro de 1959. E o mundo falando: "Vai perder!!". E eu: "Vai perder o que?". Não me importava no que o mundo dizia. Para mim, era melhor escrever sobre cinema, que era o meu "fraco". Nos dias seguintes, os noticiários que chegavam à Natal por meio de um teletipo, um aparelho de ferro que só fazia ti-ti-ta-ta e que eu não conhecia, era tudo o que se tinha do progresso mundial.
Foi então que comecei a ler sobre Cuba e a tal chamada "revolução". E fui entendendo a razão do por que daquilo tudo: Revolução, Fulgêncio, Fidel e o tal de Che Guevara, o rapaz moço metido na luta de Fidel fazia por lá. Li sobre Moncada, que era um assunto antigo. Li sobre Havana, que era um assunto atual. De tudo o que se escrevia, eu lia. De verdade, só ouvia o que Gastão dizia. Gastão era um homem um tanto maduro que falava pouco. No entanto, pelo pouco que Gastão falasse, eu aprendia muito. Corria, todos os dias, para a calçada da Livraria Ismael Pereira ou para a Agencia Pernambucana e mesmo para o Café Expresso 56. Naquele Café, estavam as mais altas expressões do alto mundo de Natal. E eu ouvia de todos. Uns, contra. Outros, a favor. Na luta, estavam os soldados de Fidel Castro sobe o seu comando, do seu irmão, Raul, e do Ché Guevara, o jovem que partiu da Argentina para tomar lugar na luta armada contra Fulgêncio Baptista, o ditador da Ilha de Cuba.
Com o passar dos dias eu aprendi, não sei se o certo ou se o errado. Mas aprendi a ver o que era Fidel Castro, Raul, Che Guevara. Naquele tempo, o Brasil vivia a glória de ter progredido em apenas 5 anos com a construção de Brasília, uma cidade coberta de poeira erguida no meio do serrado onde não chovia e, se chovia, era por pouco tempo. Os nordestinos que levados para lá, eram os chamados "candangos", gente pobre, sem eira nem beira. Trabalhador que estava a construir um império de representação do progresso que eles não teriam vez de desfrutar. Esses eram os "candangos". Bem mais distante de Brasilia, estava Havana, capital de Cuba. De tanto eu ouvir falar em Havana, findei por aprender. Havana, Cuba. E assim, fui deduzindo que aquela revolução que se fazia alí, não era apenas uma revolução. Era um jeito de se formar uma Cuba em uma nação aberta ao progresso dos demais países das Américas do Centro e do Sul.
Hoje, 50 anos após aquele dia, quando Fidel Castro entrou em Havana e proclamou a independencia do pais, é que se nota o que um governo pode fazer por seu povo e por sua nação. Afastado da frente do poder, nomeando Raul Castro, seu irmão, para gerir o futuro do seu povo, Fidel contempla o progresso que se firmouna Ilha de Cuba. Apesar de se comemorar o êxito da Revolução, Cuba continua a sentir os efeitos do bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos ao pequeno comercio que a ilha mantém com os demais paises. A ONU já condenou esse bloqueio e apenas três países votaram a seu favor: Ilhas Marshall, Israel e Estados Unidos. Dessa forma, a nação norte-americana continua a desrespeitar as definições das Nações Unidas, mantendo o bloqueio condenado pelos outros países como criminoso. Agora, eu sei o que Fidel queria fazer por sua Ilha; partir para o desenvolvimento da America Latina.

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