sábado, 24 de janeiro de 2009

RIBEIRA - 239

MORTE NO POTENGÍ
Demorou mais saiu. A mortandade de peixes no rio Potengi, que margeia a cidade do Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte. Um parecer técnico da Universidade Federal confirma que a empresa de carcinicultura Veríssimo & Filhos foi a responsável pela mortandade de peixes ocorrida em julho de 2007 nos rios Potengí e Jundiaí, como foi apontado em laudo anterior do Instituto de Defesa do Meio Ambiente (Idema). O auto de infração do Idema expressava que houve lançamento de efluentes líquidos nos dias 27 e 28 de julho de 2007, "com elevada carga de matéria orgânica sem tratamento", originário da despesca de um viveiro de camarão diretamente no rio Jundiaí, efluente do rio Potengí, "o que ocasionou a mortandade de grande quantidade de peixes e de outros organismos aquáticos". O documento aponta que "se não houvesse tantos poluentes" no estuário dos rios Potengí e Jundiaí, o lançamento de efluentes da despesca de um viveiro de camarões não seria capaz de causar a mortandade de peixes verificada". No entanto, nas condições em que se encontrava o estuario nos dias do acidente, a sobrecarga lançada foi "certamente o fator causal do acidente". O coordenador da equipe que preparou o parecer Graco Aurélio Câmara Viana, falou que a Verissimo & Filhos não é a principal vilã no lançamento dos poluentes, mas naquele dia ela foi "a principal responsável pela mortandade". "O Potengí está com uma carga de poluentes totalmente comprometida. A despesca da fazenda só exacerbou essa poluição. Como agricultor, fico triste qundo um acidente ambiental envolve uma fazenda de camarão, mas infelizmente essa é a realidade", disse Graco Viana. O parecer ainda diz que a alegação da Verissimo & Filhos de que o lançamento de despejos no rio Jundiaí pela Imunizadora Potiguar seria a causa do acidente "não se sustenta". De acordo com os professores, as cargas lançadas pela Imunizadora são "relativamente pequenas" quando comparadas aos outros lançamentos nos dois rios. Os professores atestaram que além da concentração de poluentes da Imunizadora ser moderada, a vazaõ praticada era pequena. Eles informaram que suposição da responsabilidade da Imunizadora pelo crime ambiental já tinha sido descartada em uma perícia de outubro do ano passado, também feita por professores da UFRN para instruir o inquérito do Ministério Público. O professor Graco Viana disse que, independente do acidente, o rio Potengí precisa de um estudo completo para se quantificar com mais precisão a quantidade de poluentes lençada nele. "A sociedade de uma maneira geral precisa tomar consciencia da brutalidade com que o rio Potengí é agredido", alertou. Em 27 de julho de 2007, milhares de peixes e frutos do mar apareceram mortos nas margens e no mangue do rio Potengí. O desastre ecológico atingiu cerca de 40 toneladas de pescado, provocando desespero nos pescadores que retiravam do rio o seu sustento. Após o resultado de exames encomendados pelo Idema, a empresa de carcinicultura Verísimo&Filhos foi apontada como responsável pelo crime ambiental. O motivo apontado foi uma despesca feita dias antes da mortandade ocorrer.
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Joana Lima/DN

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