sábado, 21 de março de 2009

RIBEIRA - 270

CASABLANCA
Casablanca me faz lembrar os tempos dos, verdadeiramente, bons filmes. Talvez na lista dos melhores filmes que a crítica costuma fazer, Casablanca esteja em um dos dez filmes. Talvez. Porque já tem muitos filmes feitos e não sei se ele cabe entre os dez. Mas, entre os cem, ele certamente estará presente. Se formos analisar a história do cinema, temos que averiguar o cinema mudo. Só nu cinema mudo, o elenco é soberbo. Depois de 1930, vem o cinema falado. E ponha-se filmes. Em primeiro lugar, só no cinema falado, tem a França. E depois tem a Itália, a Inglaterra, a Suécia, a União Soviética, Alemanha, Estados Unidos com uma penca de filmes e até mesmo o Brasil, com alguns bons filmes nos anos 30, 40, 50 e mesmo em 1960. Certo que por esse tempo aparecia o Japão, China e até mesmo a India, essa, com uma enorme produção, porém um tanto desconhecida. É certo que, nos anos 60, tinhamos a Techoslovaquia, Polônia e mesmo Israel. Desses países, o Brasil pouco conhecia o seu cinema. Tinha-se por "obrigação" se conhecer o cinema americano. Naquele tempo, um menino sabia muito mais a história dos Estados Unidos, sendo ele brasileiro, do que a história do Brasil.
Em plena Segunda Guerra Mundial, aparecia o Marrocos, um pais da África e que muito pouca gente conhecia. . Então, o cinema invadiu a África, descobriu Marrocos e fez um clássico lá dentro do país. Para "agradar" os cine-espectadores, a produção norte-americana escolheu um tema de romance. Esse filme foi feito em 1942, em plena Guerra, como um meio de soerguer os ânimos do povo americano. A direção coube a Michael Curtiz. No elenco, tinha nos principais papeis, Humphrey Bogart e a sueca Ingrid Bergman. Isso, marcaria uma produção maravilhosa, apesar de ser feita em preto-e-braco. No enredo tinha-se como tema que, enquanto cidades eram invadidas pelos alemães, duas pessoas conseguiam viver um romance intenso e inesquecivel em Paris, cidade ocupada pelo nazismo. O que torna a história mais interessante é exatamente a impossibilidade deste amor continuar. O roteiro e os diálogos do filme são perfeitos neste sentido. Ilsa, interpretada pela bela atriz suéca Ingrid Bergman, apaixona-se por Rick, o charmoso galã Humphrey Bogart, mas , em vez de fugir com ele de Paris, mandá-lhe um bilhete de despedida na estação de trem. Ele parte sem entender o que havia acontecido. Tudo isso é contado em flashback. Anos depois já em Casablanca, na Marrocos francesa, ela aparece com seu marido, o herói Victor Laszlo ,justamente no Rick's Bar do qual o personagem de Bogart é dono. Eles estão à procura de um meio de fugir para a América. O sofrimento de Rick ao vê-la é inevitável e ela fica novamente dividida entre seus dois amores. O final é realmente surpreendente. Mas o sucesso do filme, que até hoje continua ganhando muitos fãs de todas as gerações, explica-se pela fórmula bem-dosada de romance, humor, intriga e suspense.
O pano de fundo para o romance vivido por Rick e Ilsa não poderia ser mais tenebroso, com os estrondosos canhões nazistas que invadiam Paris. Logo no começo do filme, dois soldados alemães são assassinados no trem e as suspeitas da polícia recaem sobre os traficantes de vistos de saída. Um deles é detido em pleno Rick's Bar e morto ao tentar escapar. O clima volta a ficar tenso quando o líder da resistência francesa Victor Laszlo desafia os nazistas cantando o hino da França, La Marseillaise. No final do filme, o capitão Renault joga a garrafa de água Vicky no lixo num claro protesto contra o protecionismo francês. Um dos momentos mais emocionantes do filme acontece depois que Ilsa reconhece Sam, o pianista, no Rick's Bar e pede para ele tocar a música que ouviram juntos em Paris: As Time Goes By. A frase mais famosa do filme talvez seja a que nunca existiu. Em vez de dizer "toque outra vez, Sam, Rick apenas insiste para seu pianista repetir a música que ele havia tocado antes para Ilsa, dizendo o seguinte: "Se ela aguentou, eu também posso aguentar. Toque, Sam".

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