sexta-feira, 13 de março de 2009

RIBEIRA - 262

GILDA DE ABREU
Aquí, temos atores e atrizes que valem ouro. Essa, é Gilda de Abreu que foi cantora lírica, atriz, compositora, escritora e cineasta. Ela, ainda hoje, vale ouro. Nas telas, nos anos 30 desempenhou papeis singulares. Em 1946 escreveu o roteiro e dirigiu o filme "O Ébrio", ainda hoje considerado apenas como um "melodrama". Apenas. Mas, "O Ébrio" foi um marco na historia do cinema brasileiro, assim como o antológico "Ganga Bruta," feito por Humberto Mauro no ano de 1933. Considerado como o "abacaxi da Cinédia", "Ganga Bruta" findou consagrado como obra-prima de Humberto Mauro. Assim acontece com o imortal e inesquecivel "O Ébrio", de Gilda de Abreu. Ele é um filme perfeito, do começo ao fim. Se foi um tal melodrama, quem não usou dessa técnica para contar uma história?
Gilda de Abreu - era seu nome verdadeiro - nasceu em Paris, França, no dia 23 de outubro de ano de 1904. Ela era filha da cantora lírica portuguesa Nícia Silva de Abreu e veio para o Brasil com quatro anos para ser batizada. Seu pai era diplomata e , na época em que Gilda nasceu, ele e a mulher faziam uma viagem de férias pela França. Por isso, Gilda nasceu em Paris. Em 1914, com a Primeira Guerra Mundial, a sua mãe, que cumpria periodicamente contratos na Europa, instalou-se definitivamente no Rio de Janeiro. Aos 18 anos Gilda começou a estudar canto com sua própria mãe, que havia se dedicado ao ensino. A garota revelou-se excelente soprano ligeiro. Para quem ainda não sabe o que é soprano, isso quer dizer "soberano". E foi assim que Gilda se aplicou nos meios artisticos da capital do Brasil. Seu princípio foi cantar em festas de caridade e concertos, chegando a interpretar em 1920, (ano em que conheceu Vicente Celestino), no Teatro Municipal, do Rio de Janeiro, as óperas Les Contes d'Hoffmann, de Jacques Offenbach, O Barbeiro de Sevilha, de Gioacchino Rossini e Lakmé, de Léo Delibes.
O tempo foi passando e no ano de 1933, Gilda de Abreu iniciou suas atividades no teatro musicado, participando da opereta "A Canção Brasileira", de Luis Iglésias, Miguel Santos e Henrique Vogeler, trabalhando ao lado de Vicente Celestino, no Teatro Recreio, do Rio de Janeiro, com quem casou cinco meses após a estréia e passou a trabalhar em estreita colaboração. Ainda em 1933, Gilda de Abreu escreveu todo um ato da opereta "A Princesa Maltrapilha", levada à cena no mesmo ano.
Passados dois anos, em 1935, ela estrelou o filme de Oduvaldo Viana, "Bonequinha de Seda", baseado na valsa de mesmo nome, de sua autoria, um dos sucessos de Vicente Celestino. Nesse ano, Gilda compôs a opereta "Aleluia", estreada em 1939, no Teatro Carlos Gomes, do Rio de Janeiro.
Em 1937 fez o filme Alegria, que não teve grande repercussão. Em 1942. Gilda escreveu as letras das canções MESTIÇA (música de Ary Barroso) e OUVINDO-TE (música de Vicente Celestino). Até 1944, Gilda de Abreu esteve ligada a uma companhia de operetas, da qual Vicente também fazia parte, que realizou excursões por todo o Brasil. Em 1946, Gilda de Abreu escreveu o roteiro e dirigiu o filme "O ÉBRIO", também inspirado em outra composição de sucesso do marido, que atuava no papel-título. Sem dúvidas, esse foi o seu melhor trabalho para o cinema brasileiro, um êxito de bilheteria, movendo um público inominavel às casas de espetaculos ondo o filme era exibido. A história se passa quando um jovem - Gilberto Silva - vem para a cidade grande depois que o seu pai perde tudo o que tinha. Gilberto, na miséria, encontra abrigo numa Igreja e, dalí, ele vai recomeçãr a vida, retornando aos estudos, cursando a Medicina e conhecendo a sua esposa nos corredores do hospital. Porém, a mulher o abandona e ele torna a beber até chegar o fim quando a reencontrar e lhe diz que a perdoa pelo que fez mas não a reconcilia. O filme termina com Gilberto, todo em roupas rotas, cantando O Ébrio. O filme é brilhante e não deixa de ser um marco da carreira de Gilda de Abreu.
Em 1949, a cantora, escritora, cineasta e atriz escreveu o roteiro e dirigiu o filme "Pinguinho de Gente" e, em 1951, escreveu o roteiro, dirigiu e interpretou o papel principal do filme "Coração Materno", título de outro grande sucesso de Vicente Celestino. Em 1950 compôs com Vicente Celestino e Ercole Varetto a opereta "A Patativa", êxito de Vicente Celestino ao interpretar a canção e ainda foi autora de "Olhos de Veludo" (música de Vicente Celestino). Autora de vários livros infantis e romances, publicou também "A Vida de Vicente Celestino". em São Paulo, no ano de 1946. Gilda de Abreu morreu em 04 de junho de 1979. Seus filmes se tornaram material obrigatorio de estudos, retratando os primórdios do cinema nacional. Vicente Celestino morreu em em 1968 e Gilda de Abreu desapareceu de cena após o falecimento do marido.

***

Veja também: http://nataldeontem.blogspot.com/: http://www.naribeira.com/

Nenhum comentário: