quarta-feira, 19 de agosto de 2009

RIBEIRA - 375

RENAULT
No final dos anos 50, os carros populares que faziam sucesso da França eram o Citroen 2CV, projetado em 1936 e lançado em 1948, e o Renault 4CV, cujo lançamento datava de agosto de 1947. Para a necessária substituição do velhinho Renault, Pierre Dreyfus (presidente) reuniu a sua melhor equipe de técnicos e engenheiros. Dreyfus exigiu-lhes um automóvel simples, moderno, barato e funcional, capaz de atender a tudo e todos, eficaz em estradas e no campo.
Estava também definido que o novo Renault teria por volta de 600 cm3 e 20cv e que herdaria boa parte da mecânica do 4CV, mas a tração seria obrigatoriamente dianteira, o primeiro Renault com esta configuração. Em 3 de agosto de 1961 era apresentado o Renault 4L, mas ficaria para sempre apelidado com R4. O seu primeiro motor tinha quatro cilindros, caixa de três velocidades em linha e 600 cm3. A potência de 20 cv e 4.700 rpm permitia velocidade máxima de 95 km/h e um consumo médio de 15 km/l. O capô abria-se de trás para a frente e a suspensão era independente nas quatro rodas, com barras de torção em ambos os eixos. E tinha uma grande primazia: o primeiro sistema de refrigeração selado do mundo, que evitava a perda e consequente reposição do líquido de refrigeração. Uma peculiaridade do novo Renault 4L era a distância entre eixos maior no lado direito e uma imposição do tipo de suspensão traseira.
Foi por esse tempo que João Mota, mecânico que morava em Natal Rn, teve a primazia de ver de perto um Renault desse estilo. O rapaz - tinha cerca de 30 anos - olhou com toda a sua mudez o famoso carro que estava bem próximo de suas mãos. Ele admirava todos os seus detalhes, José Rodrigues, mecânico também nas horas vagas, se aproximou de Mota e lhes disse: "Esse não se quebra tão facil assim". Na sequência, Mota se refez daquele sonho que o mantinha entretido e, de imediato, disse: "Se quebrar, eu estou aqui!!!". para se sentir uma doce risada de Zé Rodrigues diante da altivez e a falta de modéstia de Mota. Em Natal, em 1963, Renault era um carro de praça (táxis). Mas, os mais antigos. De 1948 e coisa assim. E então, João Mota, como um bom mecânico, mesmo sem ter oficina, consertava todos os veículos que se apresentavam com defeito. Austin, Citroen, Oldsmobile e mesmo o tal chamado Ford, o veículo mais afamado no mercado de automóveis de Natal. Quem procurasse um carro bom para comprar, era perguntar a o jovem Mota, pois ele era conhecedor da macânica de qualquer tipo de veículo. Certa vez, um cidadão bastante conhecido na cidade, teve o desprazer de ver seu carro, um velho Austin, pegar fogo na Avenida Presidente Bendeira, já muito próximo do bairro de Lagoa Seca. A meninada tomou conta da folia e sacudiu areia para apagar o incendio que destruia o veículo. Isso era na parte da manhã. Logo que o fogo apagou, o dono do carro tomou o bonde que passava em frente, e largou para a Ribeira à procura de Mota. Em lá chegando, com a cara entristecida, foi logo dizer ao mecânico que ele fosse busar o seu carro, pois o mesmo pegara fogo. Dito e feito. Quando foi à tarde, lá chega Mota, todo sujo de graxa e areia, trazendo o carro e dizendo ao seu dono: "Pronto, Doutor. O carro! Não sei se presta, mas eu trouxe como pude. Eu sendo o senhor botava fora essa troçada!!" - comentou o rapaz. Dias após, o homem já vinha em um carro "novo" perguntado a Mota: "E esse!!! Presta!?". Mota examinou o carro e quando acabou, foi dizendo: "Ah! Agora o senhor tem um carro de qualidade! Só não presta para andar na chuva". O carro que o homem tinha comprado era um DKV, com o motor na frente e o distribuidor abaixo da linha d'àgua.
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