domingo, 9 de agosto de 2009

RIBEIRA - 361

- RUA JOÃO PESSOA -
Quem não conheceu Natal (Rn) no principio dos anos 20, nem imaginava o que era uma cidade provinciana. Para os jovens de hoje, provinciana era qualquer coisa. Uma cidade de não sei o que. Se era assim, essa foto diz bem. Uma cidade sem calçamento, sem carros e até mesmo sem ninguém. A casa que pode-se ver na foto. era um verdadeiro palacete, um bangalô, por assim dizer. O meterial com que se fez o sobrado, era de todo importado da França ou mesmo da Inglaterra. O dono do palácio estava a construir para tão logo depois do seu casamento com uma jovem que morava logo perto. A construção foi um esmero, feita com bastante cuidado. Pode-se ver ainda aí, o portão de ferro que se abria para os construtores poderem passar. Mesmo assim, tinha um outro portão. bem atrás, indo pela rua João Pessoa - o nome era outro, nesse tempo - e os pedreiros costumavam a usá-lo para não atrapalhar a entrada principal. Do lado direito de quem olha, não tinha prédio algum. Bem atrás, na esquina da rua da Estrela (hoje rua José de Alencar) pode-se ver uma casa de três janelas e uma porta do lado que dá para o sol nascente. Depois dessa casa, tinham outras iguais. Para se dizer melhor: casinhas. Na Rua João Pessoa, ainda se estava construindo uma Igreja de Crentes. Pelo meio da rua havia o plantio de árvores. Os trilhos do Bonde já estavam lá, com a fiação elétrica acompanhando o trajeto com postes feitos de ferro. Um pé de mungubas estava logo na esquina do novo sobrado. Assim, era Natal provinciana - vem de provincia - do tempo antigo. O sobrado ficou alí por longo tempo antes de ser comprado por uma firma. Nele, o dono não habitou. A morte veio primeiro. Ele, apenas viu a sua obra concluida. Nos écos do passado ficou os recados que sua noiva dizia: "Elegância! Elegância!", pois o homem tinha que andar com a cabeça um pouco para baixo, como que olhando o chão. O casarão ficou abandonado por tempos ídos. Uma familia de gente pobre tomava conta do lugar, provavelmente por órdem dos herdeiros. Janelões e portas sempre ficavam feichadas. Na frente do casario nem calçada existia. Tudo era chão. Chão de um terreno bruto. Era manhã quando alguém tirou essa foto. Talvez umas dez horas da manhã. Na rua, era apenas silêncio. Não havia alma viva. Algumas janelas na casa da esquina da rua da Estrela, já estavam abertas. Não se podia ver uma única pessoa. Algumas pedras amontoadas seriam para se fazer, tempos depois, a Praça Pio X, pois a Igreja do Padre João Maria terminara apenas no sonho do velho-jovem sacerdote. Quando o sacerdote morreu, em 1905, tudo ficou ao abandono. Um caminho identificava que ali, então, ia-se começar a construção da praça sob os olhares obtusos do enigmático sobrado. História de um passado remoto.
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