sábado, 22 de agosto de 2009

RIBEIRA - 380

- LIXO ELETRÔNICO -
Em junho, a estudante Paloma Ferrarini trocou de celular, atividade banal para os 39 milhões de brasileiros que fazem isso todo ano. Modelo mais novo na mão, não teve dúvida: jogou o velho no lixo. Isoladamente, é uma gota num oceano. O problema é o tamanho e a toxicidade que esse oceano vem ganhando. No mundo, a cada ano, 1,5 bilhão de celulares são substituidos. Resultado: a montanha de lixo eletrônico -ou e-waste - aumenta em 50 milhões de toneladas. É descarte suficiente para carregar uma composição de vagões de trem capaz de abraçar o planeta na altura do Equador. Nos próximos três anos, o "abraço" vai ficar aínda mais caloroso, poia, segundo a ONU, o número deve subir para 150 milhões de toneladas anuais.
Maiores produtores mundiais de e-waste, EUA, Europa e Japão reciclam só 30% do seu lixo eletrônico. O restante é exportado para nações pobres. A justificativa: o refugo estimularia a inclusão digital. A estratégia evita gastos com reciclagem e dribla a legislação ambiental do Primeiro Mundo. Outro objetivo da manobra é escapar da Convenção de Basiléia, assinada por 166 nações (os EUA ficaram de fora) que proíbe os países industrializados de exportar e-waste para as nações da periferia econômica global.
Os principais destinos dessa pilha inútil são a China, alguns países da África, a Índia e o Paquistão, que recebem cerca de 500 conteineres mensais. O Greenpeace diz que a desova inclui outros destinatários, como Chile, Argentina e Brasil. Entre as soluções disponíveis, a reciclagem é a mais inteligente. E a recompensa é boa. Há mais ouro em 1 tonelada de PCs do que em 17 toneladas de minério. Mas, para extraí-lo, muita gente se intoxica e morre no processo. Ao se livrarem das suas toneladas de lixo eletrônico, os países desenvolvidos empurram para o Terceiro Mundo uma pilha que, na maioria dos casos, será manipulada sem proteção ou controle por famílias pobres, incluindo crianças. Além de intoxicar as pessoas, os resíduos acabam contaminando o ar, o solo e os veios de água. 228 mil toneladas é a produção diária do lixo. 146 mil toneladas são jogadas sem qualquer tratamento em lixões, vazadouros e áreas alagadas. Poucos Estados brasileiros possuem pontos de reciclagem de eletrônicos. Santa Catarina, São Paulo. Minas Gerais e Bahia, são os únicos Estado no Brasil, que possuem depósitos de lixo eletrônico. Os demais não possuem. E a pilha só cresce. Em 2010 1 bilhão de PCs serão descartados em todo o mundo. Em 2008 foram gerados 149,2 mil toneladas de lixo eletrônico no Brasil.
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