terça-feira, 4 de agosto de 2009

LUIZ GONZAGA

Januário José dos Santos, vindo dos Quidutes e dos Anselmos era um conhecido tocador de fole de 8 baixos. Ele subiu a encosta da Serra do Araripe com destino à chapada. Mas ficou na Fazenda Caiçara, quase no sopé da serra, na fazenda do Barão do Exu, bem onde começava o Rio Brígida que ía desembocar no São Francisco. Ana Batista de Jesus, ou simplesmente Santana, era uma cabocla bonita, e deixava muito olhar na esteira do seu caminho, sedentos daqueles olhos bonitos, daquele gingado de marrã bravia. Daí o cuidado de Efigênia, sua mãe. Espantava os mais afoitos, animava os de melhor qualidade. E Januário caíra nas suas graças. E na Igreja de Exú, em Setembro de 1909, o casamento foi feito, sem arranjo, sem arrumação e principalmente sem samba. Claro! O único tocador de forró da região era o noivo. No dia 13 de Dezembro de 1912, uma sexta-feira, nasce na Fazenda Caiçara, terras o Barão de Exú, o segundo de nove filhos do casal Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus, que na pia batismal da matriz de Exú o menino Luiz, que recebe esse nome por ser o dia de Santa Luzia. Passado o tempo, em 1920, Luiz Gonzaga, com apenas 8 anos de idade, canta e toca a noite inteira e, por agrado, recebe 20$000, que amolece o coração de sua mãe, que não o queria sanfoneiro. A partir daí, os convites para animar festas tornam-se frequentes. Antes mesmo de completar 16 anos, "Luiz de Januário" ou Luiz Gonzaga já é nome conhecido no Araripe e em toda redondeza, como Canoa Brava, Bodocó e Rancharia. No ano de 1929, em uma festa de véspera de ano novo viu pela primeira vez Nazarena, da família Saraiva. Apaixonou-se, mas, sendo repelido pelo pais da moça, o coronel Raimundo Delgado, o ameaçou de morte. Em casa, Januario e Santana aplicaram-lhe uma surra que Luiz Gonzaga, revoltado, decide fugir, indo a pé até o Crato (Ce) onde vende a sua sanfoninha por 80 mil reis. Segue para Fortaleza e, voluntariamente alista-se no Exercito depois de mentir a respeito da sua idade. Luiz Gonzaga apresentou-se como tendo 21 anos. Quando em 1930 estoura a revolução no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba ele ingressa no Exército com um soldo de 21 mil reis. Entra as fileiras como corneteiro, seguindo com o Segundo Batalhão de Caçadores para Souza, PB; Pará, Ceará e Piauí. Ganha fama no Exército de o apelido de "Bico de Aço", por ser exímio corneteiro.. De passagem por Juiz de Fora, conhece Domingos Ambrósio, que lhe ensina mais alguns truques na sanfona. Luiz Gonzada, no ano seguinte, 1931, deixa o Exército e segue para São Paulo, desembarcando na Estação da Luz e, nas imediações, compra sua primeira sanfona branca de 120 baixos. Daí em diante, todas as suas sanfonas foram de cor branca. Nesse mesmo ano (1939) volta ao Rio de Janeiro, onde fez amizades e, aproveitando o aprimoramento que fizera nos tempos de caserna com Dominguinhos Ambrósio, inicia a carreira artistica, divertindo marinheiros e desocupados em geral, no Mangue, lugar também frequentado por malandros e prostitutas. Explode a Segunda Guerra Mundial. O Brasil é literalmente invadida pela música estrangeira, principalmente a norte-americana. É o ano em que se apresenta pela primeira vez em um palco, no cabaré O TABU. Luiz Gonzaga toca todo tipo de música, Blues a Fox Trotes; imita artistas famosos da época, como Manezinho Araujo, Augusto Calheiros e Antenógenes Silva. Começa a apresentar-se em programas de rádio, como calouro. Suas incursões no programa de calourode Ary Barroso não lhe garante êxito. Numa das casas noturnas onde tocava no Mangue, é desafiado por um grupo de estudantes nordestinos que exigem que toque algo "lá da terra", coisa que Gonzaga tinha abandonado. Depois de treinar em casa durante semanas apresenta-se diante dos mesmos Universitários tocando "Pé de Serra" e "Vira e Mexe". É aplaudido no só pelos rapazes como por toda a casa. Volta ao programa de Ary Barroso onde conquista a nota máxima. Depois de 1941, ele chegou a gravar 30 discos de 78 rpm, muitos choros, valsas e mazurcas apenas em solo pois não lhe é permitido cantar. Em 1943, Luiz Gonzaga teve a inspiração se apresentar com roupas nordestinas. Apenas no ano de 1945 ele veio a conhecer o seu parceiro de musicas imortais: Humberto Teixeira. Com essa parceria, Gonzaga fez um novo arranjo em suas melodias. Foi então que ele adotou o acordeão, zabumba e triângulo. Inicia-se 1946 e Gonzaga unido a Humberto Teixeira, cearense, compôs verdadeiros hinos que atravessaram o mundo, como EU, Europa e Japão. Foram melodias que ainda hoje fazem suceso: "No meu Pé de Serra", "Baião", e a famosíssima "Asa Branca" vindo em seguida "Juazeiro", "Légua Tirana", "Assum Preto", "Paraíba" entre tantas outras. Entusiasmado com o sucesso Gonzaga resolve voltar a Exú e nasce, em parceria com Humberto Teixeira, "Respeita Januário". A parceria duraria até 1979, quando falece Humberto Teixeira. Porém Gonzaga não parou de compor até o ano de 1989 quando veio a falecer, no dia 2 de agosto. Ficam as lembranças de que ama o Nordeste, as melodias feitas por Gozagão homem que fez composições sobre todo aspecto do Nordeste,. Para quem quer conhecer essa parte do Brasil, é preciso tão somente ouvir Luiz Lua Gonzaga, a alma eterna do Brasil

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