sexta-feira, 28 de agosto de 2009

RIBEIRA - 387

- O ANJO AZUL -
No dia 1º de abril de 1930 foi a data da pré-estréia do filme "O Anjo Azul", de Josef von Sternbergue. O papel principal coube à atriz berlinense Marlene Dietrich, até então quase desconhecida. O filme, baseado na obra "Professor Unrat", de Heinrich Mann, fez um enorme sucesso e tornou famosa Marlene Dietrich, que emigrou pouco depois para os Estados Unidos.
Só no mercado negro ainda havia ingressos para a estréia de "O Anjo Azul". Até o último momento, corriam boatos de que a exibição do filme não seria autorizada. Heinrich Mann foi o autor do romance que inspirou o roteiro do dramaturgo Carl Zuckmayer. O tema do filme - tragédia e degradação - era altamente suspeito para a época, com o nazismo em plena ascensão. No enredo, o severo professor Unrat descobre que seus alunos frequentavam o cabaré "Anjo Azul", onde a atração principal era Lola-Lola (Marlene Dietrich). Para puni-los, segue-os à casa de espetáculos, mas acaba envolvido pela sensualidade da cantora que, pouco a pouco, arruína a sua vida.
O jovem diretor Joseph von Sternberg foi trazido especialmente de Hollywood para realizar o filme. Para o papel principal, logo foi escolhido Emil Jannings, ator alemão que havia protagonizado clássicos do expressionismo e fora premiado com um Óscar no ano anterior. Ele era um dos raros artistas que, em 1929, podia dar-se ao luxo de escolher seus papéis. Na época, seu projeto era filmar a história de Rasputin, mas acabou convencido pelo diretor Joseph von Sternberg a estrelar a adaptação do livro "Professor Unrat", de Heinrich Mann, irmão do escritor Thomas Mann. No papel de Lola-Lola, houve várias candidatas antes da escolha de Marlene. Assistindo a uma peça de teatro de Hans Albers, em Berlim, Sternberg descobriu num papel secundário a atriz Maria Magdalena von Losch, que tinha pouca experiencia no cinema. Ela era a tentação em pessoa, com um corpo sedutor e um sorriso irônico nos lábios. Foi imediatamente convidada para um teste de estúdio. Inicialmente, recusou, por achar-se incapaz fazer o papel de uma cínica atriz de teatro de revista, mas foi demovida pela insistência do diretor e mudou o seu nome para Marlene Dietrich.
Já duruante o teste, ela demonstrou ser a escolha certa para fazer o papel da intrigante e determinada Lola-Lola. A música do filme - uma valsa lenta e sensual - foi composta por Friedrich Hollander e interpretada por Marlene. Ninguém podia imaginar o sucesso que teria "O Anjo Azul". O filme transformou-se em obra-prima da transição do expressionismo para o realismo alemão e projetou Dietrich para o mundo, valendo-lhe um contrato para outros cinco filmes com Sternberg nos estúdios da Paramount, em Hollywood.
Segundo um crítico de cinema, trata-se de uma obra prima do realismo fantástico de Sternberg, com seu típico cenário barroco, refinamento fotográfico e atmosfera de neblina. O Anjo Azul também contribuiu para criar uma nova estética do cinema audiovisual, dando ao som grande importância. E, é óbvio, criou o mito Marlene Dietrich (1901-1992). Ela foi, na opinião dos críticos, a encarnação definitiva da "vamp", a sedutora e devoradora de homens. O escritor Ernest Hemingway, apaixonado por Marlene, escreveu que ela podia derreter um homem com um levantar de sombrancelhas e destruir uma rival com o olhar. O filme mais recente sobre a vida da atriz é "Marlene", de Joseph Vilsmaier. Ele enfoca a vida da atriz desde O Anjo Azul, seu sucesso nos Estados Unidos e a turnê com os soldados norte-americanos pela Europa, depois que se naturalizou norte-americana.
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