terça-feira, 26 de maio de 2009

RIBEIRA - 290

CARMEN MIRANDA
Maria do Carmo, filha de José Maria Pinto Cunha, barbeiro, e Maria Emilia de Miranda, nasceu às 3 horas do dia 9 de fevereiro de 1909, em Várzea de Ovelha e Aliviada, Marco de Canavezes, Portugal. Já no fim de 1909, o seu pai mudou-se para o Brasil, à procura de uma vida nova. Assim que se instalou, mandou buscar a família. A Bituca, como era chamada Carmen, cresceu no meio do samba do Rio de Janeiro, numa humilde pensão familiar no 1º andar da travessa do Comércio, nº 13. Aos 15 anos começou a trabalhar como costureira de chapéus. Com 16 anos, começou o trabalho de vendedora de gravatas, onde conheceu o primeiro namorado, Mário Cunha, que havia sido campeão de Remo. Nesta época, mudou o seu nome para Carmen Miranda. Convidada para cantar numa festa no Instituto Nacional de Musica, foi descoberta por Josué de Barros, que a convidou para gravar um teste na Victor, o qual se tornou no seu primeiro disco, um sucesso que continha canções como Tahi. O sucesso transformou-se num contrato com a RCA, ganhando mais fama e tornando-se na pequena notável. A ameaça de guerra na Europa mexe com o Brasil, e Carmen é favorita de Getúlio Vargas, um líder nacionalista que celebra um novo Brasil, como muitas das músicas cantadas por Carmen.
Carmen começa a gravar os seus primeiros filmes com a irmã, Aurora, dos quais restam poucos minutos. O seu sucesso chega à Argentina, onde ela e sua irmã são conhecidas como "Las Irmanas Miranda". Grava o filme "Banana da Terra", onde apareceu pela primeira vez como baiana. Em 1939, época dos grandes cassinos no Rio, numa apresentação sua no cassino da Urca, um poderoso empresário da Broadway, um dos irmãos Schubert, vindo no Transatlântico Normandie, vê a imagem cheia de promessas. No dia seguinte, Carmen vai com ele ao navio para conversar. Séria, sabia que deveria jogar suas cartas muito bem. Dois dias mais tarde, assinaram o contrato. Carmen vai para a Broadway. Mas é impedida de levar sua banda. Ela sabia que precisava de uma banda que soubesse tocar música brasileira, então recusou-se a partir sem a banda. Getúlio ajudou-a a levar a banda consigo. Ela seria a imagem do Brasil nos EUA, a embaixadora da boa-vizinhança. E ela leva isso a sério, quase como uma missão.
"Meus queridos amigos. Sigo para Nova York onde vou apresentar as músicas de nossa terra. Às vezes tenho medo da responsabilidade. Lembrem-se sempre de mim que eu nunca os esquecerei". Dias depois Carmen e a sua banda embarcavam no navio S.S.Uruguay.
A Carmen Miranda que chegou a Nova York não era a mesma Carmen Miranda que deixara o Brasil. Respondia as primeiras parguntas na América, com o pouco de inglês que sabia, ingênua, dando respostas tolas e sem sentido. E foi por essa Carmen que eles se apaixonaram. "Meu querido Almirante. Aqui vai uma cartinha contando-te que a tua amiga, segundo jornais, é a grande sensação da Broadway. A minha estréia foi algo indescritível. Eles não entendiam patavinas do que eu canto, mas dizem que sou a artista estrangeira mais sensacional que até hoje apareceu aqui". "Meus queridos e saudosos amigos ouvintes do Brasil. Boa noite. Os aplausos que escuto todas as noites na Broadway parecem-me um eco dos aplausos dos brasleiros contentes por ver o sucesso da sua música popular nos Estados Unidos. Novamente digo que tudo farei para sempre corresponder às gentilezas do público da minha terra. Adeus Brasil. Até a volta e bye-bye".
Mas o Brasil não acreditou no sucesso de Carmen, pois no Brasil o samba era coisa de favela, não aceita pela sociedade. Passou-se um ano de meio até o seu regresso ao Brasil. Um grande estrondo na sua chegada. O Departamento de Imprensa e Propaganda, órgão do governo Vargas, preparou uma recepção oficial para a sua chegada. No dia seguinte, os jornais falaram mal. Aquilo não era recepção para uma cantora de samba, e sim para um grande cientista ou um grande músico. O samba era do povo.
A sua primeira apresentação não foi muito boa Cantando para uma plateia de convidados especiais de Dona Darcy Vargas, não se sente no meio do seu verdadeiro público. Cumprimenta em inglês. Silêncio. Canta uma versão americanizada de uma música de ritmo brasileiro. Novamente silêncio. Resolve então encurtar o show, tocando apenas mais algumas músicas. No final, vaiaram-na, alegando que ela havia voltado americanizada. Nunca se soube o motivo daquelas vaias que tanto magoaram Carmen Miranda. No dia seguinte, na sua última apresentação no Brasil, desta vez ao seu público, o povo, cantava: "Disseram que eu voltei americanizada", tranquilizando a sua gente. Nesse dia, recebe um telegrama da Fox convidando-a a ir a Hollywood gravar filmes.
Chegou a Hollywood na época dourada do cinema. Comprou uma casa em Beverly Hills, para a qual levou a mãe, a irmã Aurora e o cunhado Todos os que trabalhavam e conviviam com ela a amavam, achavam-na uma ótima pessoa. Na Fox, Carmen Miranda torna-se a atriz mais bem paga nos EUA. E 6 meses depois de deixar o Brasil, ela deixava suas marcas na calçada da fama.
Depois de voltar ao Brasil pela segunda vez, adoecer e ter que ser acompanada por um medico, retornar aos Estado Unidos, Carmen, cheia de barbituricos para dormir e para acordar, fazer tratamento de choque que lhe prejudicavam a memoria, Carmen, então, depois de participar de um programa de TV de Jimmy Durante, cai de joelhos nao podendo respirar. Amigos a levantam e levam-na para casa. Essa é a última imagem de Carmen Miranda. Ela foi encontrada morta por sua governanta na manhã seguinte, em seu quarto, caída a poucos metros da cama. Era dia 5 de agosto de 1955. Um enfarte fulminante ceivou-lhe a vida. Carmen tinha 46 anos de idade. O seu corpo foi trazido para o Rio de Janeiro e enterrado no Cemitério de São João Batista. O povo mas de 500 mil pessoas, cantava a música que a consagrou: Ta-hi. A memória de Carmen Miranda é mantida viva por admiradores em dezoito fás-clubes no Brasil, Estados Unidos, Australia, Cuba, França, Africa do Sul, Inglaterra, Italia e India. Em 20 anos de carreira deixou a sua voz registrada em 279 gravações no Brasil e mais 34 nos EUA, num total de 313 gravações.

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