segunda-feira, 14 de julho de 2008

RIBEIRA XXXVII - (37)

O HOMEM MORCEGO, O TERROR DA NOITE




Em um dia de segunda-feira, o garoto estava na Agência Pernambucana, uma espécie de livraria, porém o seu principal objectivo era o de vender jornais do Rio de Janeiro além de revistas da EBAL - Editora Brasil América Ltda -. O nome Agência Pernambucana era porque uma de suas principais atividades era a de divulgação de noticias do Brasil e do Mundo através de um serviço que a Agência fazia acoplando seu sistema às transmissões da BBC de Londres, em português, diariamente. Esse serviço rendeu muito ao natalense, nos anos de 1939 a 1945 quando se ter um rádio em casa era coisa do outro mundo. Por isso, a Agência divulgava o que estava acontecendo no front, diariamente, às 7 horas da noite. Muita gente se juntava próximo aos auto-falantes instalados em diversas partes da cidade, como Alecrim, Cidade Alta, Tirol, Petropolis e Rocas. O serviço era explorado por um particular que veio morar em Natal e fez também a primeira ligação por lanchas entre a Ribeira e a Redinha. Seu nome era Luis Romão, pernambucano de nascimento.

Além do serviço de rádio, Luis Romão também explorava o de representante das editoras do Rio de Janeiro e por aqui ele distribuia livros, jornais e revistas das mais variadas espécies, onde todos os leitores podiam adquirir a preço de capa. E foi lá na Agência que o garoto encontrou um álbum maravilhoso da EBAL. De folhas em papel comum, capa dura, grossa como se fosse cartão, e era um cartão mesmo, páginas coloridas, trazendo as aventuras do Capitão Marvel, Batman e Robin, Tarzan, Família Busca-Pé, Homem-Morcego e outros tantos heróis e super-herois. Seu preço era de 20 cruzeiros, pois se tratava de um Álbum da EBAL que saía todos os anos. Foi o último Álbum que saiu nesse estilo. Era de um tamanho nobre: 70 cm x 45 cm.Um álbum gigante, mesmo. O garoto não soube dizer quantas revistas daquela a Agência importou. Apenas, ele sabia que era o dono de um exemplar.

Algum tempo depois, uns vinte e poucos anos, o rapaz foi procurado por um outro colega para lhe ceder a revista. Ele não cedeu. Sabe-se que guardou muito bem guardada a sua preciosa dádiva que era, então, uma revista de museu, algo que se definia como preciosidade. O garoto levou a sua tão preciosa revista para a sua casa e de tempos em tempos passava a lê-la como uma saudosa recordação de sua mocidade. As histórias em quadrinho de hoje, não se compara com as de 1955, para aquele velho senhor de cabelos brancos. Ele comprava normalmente o Almanaque do Super-X, o Xuxá, o Capitão Kid, Nioka, O Homem-Aranha, Mulher Gato e, mais adiante teve a mania de adquirir as revistas de Ri-Tin-Tin. Asterix, Tin-Tin, Salamino e Mortadelo e outros mais. Porém, nenhuma delas se comparou ao Almanaque da Ebal, com suas histórias de fantasia.

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