terça-feira, 27 de maio de 2008

OS FILHOS DE MIGUEL


Onde Miguel nasceu, não se sabe. Apenas sabe-se que ele foi adoptado por uma família moradora no município de de Macaíba, perto de Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte. Miguel Santino Leandro tinha seus sete anos quando começou a tirar leite de vaca para vender aos que passavam em frente da casa onde ele morava, numa fazenda nas cercarias próximo ao local conhecido como "Ferreiro Torto", uma fazenda que ficava no alto de um morro, nos confins de Macaíba. Ali, ele começou a trabalhar, inda menino, para a alegria do dono da terra. Assim, ele seguiu a vida até que um dia, quando Miguel estava com pouco mais idade, ele saiu para Natal onde foi trabalhar em uma marcenaria da cidade.

O certo é que Miguel cresceu aprendendo a fazer de tudo que uma marcenaria faz e de modo particular, aprendeu a fazer caixão de defunto. Foi aí que ele aprendeu a ganhar dinheiro. Naquele tempo - como é ainda hoje - fazer urna mortuária é um negócio e tanto. Então, dessa forma, Miguel entrou no ramo de negócio e estudando, à noite, para se aprimorar. Dono de uma caligrafia ímpar, não foi por acaso que Miguel subiu na vida. Logo depois, ele conseguiu um emprego no Primeiro Cartório de Natal. De noite, estudava. De dia, fazia caixão de defunto e trabalhava no Cartório do Primeiro Oficio de Notas. Para morar, ele conseguiu um espaço nos fundos da casa do Cartório.

Aos domingos, Miguel costumava ir à Igreja e assim, ele cumpriu a sua obrigação de católico assistido pelo vigário da cidade, padre João Maria (Cavalcante de Brito), tido como um "santo" homem pelos devotos da cidade. O tempo foi passado até que, um dia, Miguel conheceu a jovem Estefânia, filha adoptada por uma família de parcos recursos. Ele, então, pediu a mão da jovem em casamento ao casal. A sorte lhe foi aberta, mesmo a família sabendo que o rapaz vivia de ganhar a vida fazendo caixão de defunto. Com um pouco tempo, Miguel se casou com Estefânia. Daí, começou a vida cheia de atropelos, para um casal ainda de idade nova. Todavia, o homem se arriscava a enfrentar a vida a qualquer preço.

Com treze anos de idade, Estefânia foi mãe. Era o primeiro filho do casal que nascia pouco antes de 1890. Nesse tempo, Miguel assumia a direcção do Primeiro Cartório, como o seu Tabelião. A família morava na, hoje, chamada rua da Conceição que, por sinal, ficava próxima ao Primeiro Cartório. Todos os dias, ele saía cedo de casa para ter no seu trabalho. Como tabelião, Miguel ganhava um bom dinheiro, tendo a ajuda da Casa Mortuária que lhe rendia um bom níquel. Por esse tempo, ele manteve a sua oficina nas ruas próximas a do seu trabalho. O Cartório ficava na rua Vigário Bartolomeu e a oficina, na rua Passo da Pátria. Com o tempo, Miguel mudou de endereço a sua oficina.

Católico fervoroso, Miguel era ainda da Irmandade dos Passos, obediente a todos os atos litúrgicos da Igreja Católica. Ele seguia à risca àquelas recomendações feitas não só pelo "santo" padre João Maria, como também pela Igreja. Costumeiramente dava seu óbulo ao sacerdote e ainda colaborava com as campanhas feitas pelo sacerdote em beneficio das famílias pobre que vinham residir na capital. Com o passar do tempo, a família crescendo, Miguel já era dono de uma boa condição financeira, tendo formado três dos seus filhos - Jairo, João e José - e fazendo de outros dois seus auxiliares do Cartório, - sendo um deles, Crispin e o outro, Miguel. - Os demais, rumaram por outros caminhos, como funcionários públicos federais, como foi o caso de Cícero, Euzébio e Felipe. Um outro, Basílio, morreu logo cedo. Paulo foi servir no Exercito da Borracha, no tempo da IIª Guerra Mundial.

Nesse tempo, a sua mulher, dona Estefânia continuava com sua sina de dar à luz aos seus filhos. Ao todo, foram 21 sendo que escaparam com vida apenas 16, dos quais, 10 foram homens e 6, mulheres. Dos que morreram inda novos teve uma Reinéria e um outro, João. É tanto que, logo a seguir, ao nascer um filho homem, Miguel voltou a colocar o nome de João, esse que se passou a chamar "Segundo", por ter sido o segundo filho que se chamava João, e Reinéria, que se chamava Néra, dengo de família. Desse modo, Miguel Leandro concebeu seus 21 filhos, sendo que escaparam 16. Pela ordem não por idade: Cícero, Crispin, Basílio, Felipe, Euzébio, Jairo, José, João, Paulo e Miguel. Esse foram os homens enquanto que s mulheres foram: Maria Anunciada, Justina, Iraci, Reinéria, Leonor e Alice. Em cada um desses irmão, sempre havia um apelido dado em família. É o caso de Minha, Nenem, Néra, Nôza, Justa. Enquanto que aos homens se chamavam de Zebinho, Zeca, e Jáu. Das mulheres, a última a nascer, foi Alice. E dos homens, foi Miguel. Conforme está gravado em seu túmulo, Miguel Leandro nasceu em 16 de janeiro de 1867 e faleceu a 21 de maio de 1935. Sua mulher, Estefânia, nasceu a 18 de março de 1874 e faleceu a 23 de janeiro de 1942. Esta, uma breve história da Família Leandro. Hoje, ainda, existem os seus herdeiros, como netos, bisnetos e tataranetos.

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