quarta-feira, 28 de maio de 2008

RIBEIRA - I



Era o ano de 1951 e, nesse tempo, Alderico estava a concluir o quinto ano do Ensino Fundamental, no Grupo Escolar "Alberto Torres". O tempo corria e o garoto era atento a todas as lições que a professora passava, muito embora ele soubesse de tudo aquilo, pois no ano anterior, ao fazer a terceira série no Colégio Salesiano, já dera tudo e, ao passar para o quinto ano, dispensado o quarto ano ele, daquilo que se passava já bem sabia com exactidão. Por isso, o garoto não teve cuidados em aprender o que já sabia.

Ao começar o ano lectivo, para o menino o que mais valia era o lanche que toda manhã era servido na escola: pão com manteiga, um copo de café com leite e, não raro, umas bolachas macias que dava gosto de se comer. Era tudo o que se passava no Grupo Escolar. As turmas eram divididas em manhã e tarde. A turma da manhã se considerava mais rica por ser a primeira a frequentar a escola. Um outro caso que a turma mantinha era a discórdia entre ela e a do outro Grupo "Aurea Barros", que ficava na mesma rua, sendo um tanto mais distante. Quando havia encontro entre as turmas dos dois Grupos, na certa havia desafios.

Em sua casa, o garoto enfrentava o desafio da vida com o seu pai fazendo um reles vencimento e tudo que se podia fazer era comprar na Cooperativa dos Funcionários e se constituir no velho "fiado". Para o menino, nada disso importava, pois era uma função assumida por seu pai. Quando estava perto do final do ano, começou-se a ensaiar um jogral que os garotos apresentariam numa festa organizada pelas professoras. O garoto também estava no meio da turma a apresentar algo que falava sobre a vida dos pescadores de Natal ou de praias próximas. Todos os dias havia ensáio do jogral quando se aproximava o final do ano. Todos os garotos que foram selecionados para os alegres festejos, não cabiam em sí de tanto entusiasmo.

Enfim, o dia chegou. Era um sábado pela manhã. Mas, em meio a tudo isso, algo aconteceu ao garoto. Ele, ao se baixar para apanhar algo do estudo sentiu rasgar atrás a camisa fazendo uma abertura da gola até o abanhado. Aquilo representava o fim da festa para o audaz menino. Em seguida, ele foi para a sua casa e sua mãe viu o que tinha ocorrido e dito que tentaria costurar o rasgo. No entanto, aquilo foi em vão. O rasgo desmachou a camisa e duas bandas. Ele sabia que daquela vez não assistiria a festada de final de ano e o seu diploma de conclusão de curso não lhe seria entregue.

No domingo, pela manhã, o homem que cuidava da guarda do Grupo foi até a casa do garoto levando o seu diploma de conclusão de curso que encontrara rolando no chão, a um canto de parede. O homem apanhou o diploma e viu o nome que estava impresso. Com essa certeza, ele foi entregar o diploma perdido ao seu verdadeiro dono. Ao entregar o documento ao pai do garoto, o homem disse apenas que o encontrou rolando no chão do Grupo. O pai do menino agradeceu e entregou ao garoto, que estava por perto, vestindo um calção e uma outra camisa de meia, puída por todo que era canto. O garoto não quis receber o seu primeiro diploma de conclusão de curso.
Desse dia em diante, a noticia correu por toda a cidade, com o sentido de que o garoto de Néra estava sem roupa e lá nao havia o que comer. Daí, então, toda a familia se juntou para ajudar a irmã necessitava e conseguir o que vestir o garoto e o mais novo. Quando José Leandro soube do fato, ficou alarmado e disse a sua irmã, Néra:
- "Por que você não me procurou. mulher?" - falou Zeca.
- " Tive vergonha". - respondeu a mulher com sua voz baixa.
- "Que vergonha, que nada. Vergonha é roubar." - respondeu o homem.
- " É. Eu sei". - respondeu Néra, chorando.
Então, assim, tudo começou. Por recomendação de Zeca, ela estave em seu escritorio, na rua Dr. Barata para receber um auxilio que findou sendo dado por alguns meses, e uma feira que foi dada por todos os seus irmãos. Nesse instante em diante, Néra não cabia em satisfação e aquele natal foi o mais nobre de sua vida. Teve de tudo o que se pensava, até mesmo o famoso queijo-do-reino, um dos mais ricos presentes que a mulher ganhou.

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