sábado, 31 de maio de 2008

RIBEIRA - V


Quando o garoto foi ao seu trabalho, logo no início quando começava a fazer o serviço mandado por seu tio, ele viu, no centro da capital, na rua Ulisses Caldas, um homem carrancudo, ligeiramente baixo, cara grossa, batendo em uma máquina de dactilografia com extrema rapidez. Ele olhou o homem que trabalhava em um Cartório, e ficou a pensar que um dia aprenderia a bater maquina tão bem quanto aquele homem ou melhor, talvez. Certamente que ele aprenderia a bater maquina. Certamente.

Um dia, já fazia um mês que o garoto trabalhava no escritório do seu tio, ele fornecendo toda semana uma feira quase completa que o garoto levava para a sua casa, o homem chamou o menino e disse:

- Menino! Vou pagar a você 150 cruzeiros...quer dizer...meio salário-mínimo..que o direito para pagar a um garoto de sua idade. Certo? - falou Zeca.

O garoto ficou por demais animado com a noticia, pois já resolvera que daquela conta ele daria todo a sua mãe para os gastos da casa. Por certo, a sua mãe se alegraria com a noticia com o garoto então ficou. E foi com sensibilidade que ele naquele dia, voltou para casa no carro do seu tio, como já fazia desde o inicio em que começou a trabalhar naquele escritório. Aquele, sem duvidas, era um presente dado por Deus, pensou o garoto, quase um rapaz. Seus catorze anos lhe davam a condição de um homem. Quase um homem. A vida se encheu de felicidade, em seu pleno vigor. De certo, o garoto que o seu tio o chamava de "menino", se sentia revigorado e quando recebeu seu salário chorou de alegria. Ao chegarem casa, teve a boa noticia a dar para a felicidade de sua mãe.
- Zeca é um "santo" - disse a mulher, enxugando gotas de lágrimas que lhe vinha à face.
- E tem a feira, também, que ele mandou. - falou o garoto.
- Deixe aqui. Segunda-feira eu vou comprar uma camisa e uma calça para Joãozinho fazer. - falou a mulher.
O garoto teve somente que pedir à sua mãe, trinta cruzeiros para ele pagar a matrícula da escola de datilografia, pois decedira a fazer seus estudos na Escola de Datilografia que ficava na av, Rio Branco, escola da professora Helena, o que foi consentido por sua mãe ao dizer que aquele dinheiro era todo dele. Mesmo assim, o garoto disse "não", pois queria com ele ajudar a cobrir a despesa da própria casa. Era um sonho que o garoto nutria em fazer algo de proveitoso para manter a sua mãe, o seu irmão e mesmo o seu pai.
O certo é que na segunda-feira, o menino foi fazer sua matrícula na Escola da Professora Helena, uma moça de baixa estatura, cor branca, cabelos louros que fazia de sua casa, da sala de visitas e de sala de jantar um local para por as suas máquinas de datilografia com as quais ensinava a toda uma turma de alunos, de manhã, de tarde e de noite, até 9 horas da noite. Era assim que a professora vivia. Seu curso era de sete meses, quando o aluno já estava completo para fazer a sua prova. Na mesa tinha uma máquina - e eram várias mesas por todas as salas -, papel, e um livro de aulas que o aluno seguia atento. Uma aula durava uma hora. No começo, o estudante digitava as letras do meio do teclado - a s d f g - e quando já estava pronto, com uma semana ou mais, passava para a outra mão, digitanto - h j k l ç -. Após algum tempo o aluno digitava as letras de baixo do teclado - z x c v - e em seguida - b n m. - Isso era um tempo e tanto até que o estudante tivesse condições para digitar todo o alfabeto da máquina sem olhar o teclado. Quando eram sete meses, o aluno passava pela lição final. Porém, o garoto não seguiu esse mesmo risco. Ele passou catorze meses de aprendizado, pois o jovem não tinha máquina de escrever. Na verdade, no Escritorio havia uma máquina. Mesmo assim, o garoto não se atrevia dizer que estava a fazer um curso de datilografia. Para esse dizer, levaria um certo tempo. Só então, quando o garoto ja estava com seus 15 anos, ele então diria ao tio que aprender a escrever à maquina.

Nenhum comentário: