domingo, 17 de janeiro de 2010

LUZ DO SOL - 1

- CASAL -

Não sei qual sentido tinha Racquel, mulher fatal para os meus devanêios sensuais. Amavamos com intenso ardor da juventude como dois pássaros que acolhem-se em suas meigas e carinhosas asas multicoloridas afáveis e aquecidas. Seu beijar era como se fosse símbolos carmenos feitos de alegres gamas de emoções e sentimentos eternos. As nossas horas eram passadas no incomum e abistrato cristal onde pairavam as doces e ternas bonecas de vestes acetinadas e lábios de carmim. Qual seria os nossos casuais encontros nuturnos já não sei mais dizer. Eramos dois começos de existir na primavera em flor dos encontros furtivos do bem querer. Algo sucedeu para que ficassemos divididos e separados por tempos afins. Acabaram-se aqueles momentos de felicidade por um motivo qualquer. Dos tempos de nossa aurora, restava apenas o descolorir de algo ameno e suave. Dos encontros e encantos nada mais restava. Um dia, porém, algo de novo aconteceu. Ao caminhar como em um bazar das ilusões, eu encontrei a diva eterna dos meus enigmáticos sonhos. Carinhosa e meiga, Racquel somente olhava o meu rosto entorpecido pelas agruras do tempo e não seguia a perguntar nada além das minhas quimeras. Eu, do meu modo, a vislumbrei em um instante de amor eterno e coisa alguma falei. Eramos dois amantes que antes foram apaixonados e naquela hora já não tinhamos mais nada para falar ou dizer. Apenas nos vimos e nada mais nós tinhamos para dizer ou perguntar. Os sonhos multicoloridos e cheios de amor, eram ilusões dos tempos de outrora. Eu podia ver tão somente os seus lábios entreabertos a sorrir com a luz do sol em uma boca rubra a seduzir, bem parecendo verdade. Aquela sedução de momento já não fazia efeito para mim. Como se fossem dois rubis, apenas eu detive a tal felicidade que eles emoduravam o ser do seu semblante. De momento, me veio à lembraça quando nós, eternos namorados, passeavamos nos jardins emoldurados das praças enfeitadas de hortências, margaridas e bem-me-quer. Aquela quimera sucedeu de imediato tudo que havia em seu resplandecer de desiludidas ilusões. Com o tempo que passou, àquela hora tudo era cinzas e nada mais. Só o que me restava era a saudade de outrora das madrugadas quentes de verão. Mesmo assim, cheio de saudades incontidas e caladas, eu nada lhe perguntei qual a razão por que me desprezara. Racquel continuava a ser deslumbrante e bela apesar do tempo passado. Teus cabelos longos tinham a cor de um sol a irradiar com fulgor de tão penetrantes que eram. Os romances azuis de um lago pairavam ainda em seu olhar como no tempo de sua inocente juventude. E tal quimera fazia lembrar o quanto eu os amava então. Eram dois começos de vida. Nós dois e uma longa história de amor, naqueles idos tempos da nossa juventude acalentadora. Tal transparência macia foi-lhe dada com rendas de cetim em um presente divinal da natureza como as cores das rosas brotejantes e tranquilas. Dos traços divinais de seu rosto, veia então um olá que muito me entristeceu de verdade. A venus de outrora não mais me seduzia. Cansado de esperar foi um imenso tempo que passei sem poder ver o seu olhar. Ficava-me o sinal das tardes vazias por onde andava igual a um homem sem seu destino. Da mulher de então, garota de outrora, vinha apenas a recordação e a saudade do seu sorriso de menina.

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