quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

LUZ DO SOL - 10

- ELISA -
CONTO
O Bonde passara por volta das dez horas da noite, marcando sua última viagem, recolhendo os ébrios que ainda faziam questão em dormitar nos bares, bordeis e cabarés. Mesmo assim, a vida profana continuava célere nos salões dos augustos lupanares enfeitados com luzes vermelhas, doces e cálidas onde as damas da noite enfeitiçavam com as suas malícias os homens de grande posse e poder onde os pobres não eram mais que pobres. A cada qual, tinha um homem bastante ébrio a lhe deixar cordões de pérolas enfeitados de rubis para poder lhe agradar ao máximo. Naquele agrado de sensual prazer e emoções, as damas de bordeis cobriam os seus embriagados amantes de uma noite, cheios de efêmeros carinhos de amor noturno. Naquela ternura de alcova o homem sentia que a sua dama era total e diferente das que já haviam passado pelos seus prazeres absolutos. Estava alí uma amiga, amante e confidente capaz de ser sua cúmplice nos segredos da notívaga ilusão passageira. Com sua pele cor de sonho, aquela deusa de boca de camim tinha de tudo para lhe guardar segredos. Sua nudez era por demais elegante, própria de uma mulher enfeitada de doce e pacaminoso carinho. Já não sabia o homem que mágico fascinio tinha aquela senhora dos embriagados sonhos em plena luz da noite com cheiro da manhã. O seu corpo era a cor de uma desfrutada e macia saborosa fruta. Em seus gestos de mulher plena e delicada, ela embebia o homem com seu deslumbre a mordiscar de leve os lábios entreabertos como de uma boneca a sorrir. No seu falar era uma duende do silencio onde nada se podia ouvir como quem está no sepulcro virginal. O que a dama obrigava era apenas a que o homem sonhasse as suas ternas ilusões. No seu sorrir, a provocação de uma cova sempre linda em seu sensual rostinho de menina. Nos seios, ela embebia o seu amado com estígma carícia. Em seus braços meigos, ela sufocava o amado por eternos afagos e dormências. De corpo e alma ele se entregava na paixão. Para o homem era renascer de um grande amor, o qual estasiava de pleno todo. Aquele amor contido era o resurgir de uma saudade de eterno e fugaz prazer que a fantasia das quimeras latejavam o seu ser. Já não importava que estonteante mulher era aquela pois para o homem era o seu rafúgio derradeiro da paixão. E nem acreditava o homem que era aquele o sonho mais belo que até então vivera. Pois estava alí a razão do seu pleno existir. Então, o homem sentia a paz a invadir-lhe seu verdadeiro e meigo coração. No acordar de um sonho, o ébrio homem se viu em um mar cuja revolução estava na sempre bela e doce mulher de alcova. O sonho findou ao acaso quando as andorinhas beliscavam cedinho da manhã o doce mel das ilusões. Tudo acabou, foi um sonho. Baixinho, o homem começou a chorar.

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