sábado, 23 de janeiro de 2010

LUZ DO SOL - 6

- TÂMARA -
CONTO
Noite de sábado. Forte calor apesar de tudo. Luz suave das lâmpadas dos postes que caia sobre a rua não deixava um alívio para os transeuntes, pois todos sentiam igualmente o calor do tempo. Caminhando só, Euclides procurava chegar o mais depressa possível ao recanto da Palhoça, um bar ao lado de um cinema na cidade. Alí, ele encontraria seus velhos e novos amigos que para ele sempre era um momento de satisfação e bem estar. De camisa aberta ao peito, enfiada nas calças de brim segura por um cinturão de couro, sapatos pretos e meias da mesma cor, Euclides entrou no bar olhando para um lado e para o outro a procura dos amigos. Foi então que topou com uma moça jovem ainda que, por toda embaraçada, queria sair para um lado e para o outro sem conseguir. De cor morena, cabelos estirados, rosto redondo, boca um tanto larga porém bela, olhos da cor de pêssegos, miúdos até, a jovem se esquivou para o lado esquerdo quando Euclides se aprumou permitindo a passagem daquela senhorita. Ela levantou a face e lhe deu um leve sorriso como quem pedisse desculpas.
--- Ora. Não sei se vou , nao sei se fico. - disse a moça.
--- Nesse caso, fique. - respondeu Euclides cheio de graça procurando ver se algum amigo estava alí e sentira o que acontecera.
--- Assim, eu vou. - voltou a dizer a moça.
--- Pois assim eu fico. - respondeu Euclides.
A jovem sorriu e procurou se encaminhar para a saída da Palhoça quando, então, voltou a perguntar ao jovem rapaz.
--- Tem cigarros? O meu acabou! Droga! - fez a moça a contragosto.
--- Tenho, sim. Só tenho desse! - mostrou a moça em seguida um cigarro de marca estrangeira.
--- Ótimo. Desses, é dificil de se encontrar. - sorriu a jovem.
--- Sempre os tenho. Adquiro em um Hotel da Ribeira. - disse Euclides.
--- Que bom! - declarou a moça, sorrindo.
--- Teu nome? - perguntou Euclides.
--- Tâmara. - respondeu a jovem.
--- Euclides, o meu. - disse o rapaz.
A moça sorriu. E, naquele instante, eles notaram que a amizade entre os dois ja era consagrada. Nem valia ela continuar a sua saída pois alguém que ela esperava não veio. Daquele ponto em diante, a jovem se fez de perguntas.
--- Namorada? - perguntou Tâmara.
--- Somente uma. - respondeu Euclides.
--- Ah bom. Ela está aqui? - voltou a perguntar Tâmara.
--- Creio que sim - respondeu o rapaz.
--- Droga! É sempre assim. - fez a moça como quem estava desiludida.
--- Por que? - perguntou o jovem.
--- Sempre tem outra! - respondeu Tâmara
--- E não era para ter? - perguntou Euclides.
--- Bem. Era. Eu é que fico. - disse Tâmara.
--- E se for você? - perguntou o rapaz.
--- Eu, somente eu. - reclamou Tâmara.
--- Você é bela, elegante e nobre. Quem me dera ser um dos tais! - disse Euclides.
A moça ficou a mirar por certo tempo os olhos do rapaz e, em pleno meio do caminho da saída da Palhoça, ela nem presentia os que estavam chegando e procurando se albergar em uma tenda discreta. Por fim, Tâmara indagou.
--- Verdade? - perguntou Tâmara.
--- Verdade o que? - re-perguntou Euclides.
--- Que não tens outra? - disse a moça.
--- Como diz a canção: "Eu queria ser um lírio para ouvir teu respirar à noite inteira" - respondeu Euclides sabendo que a frase não era de qualquer canção.
Em sequência, ele a convidou para ir a uma tenda da Palhoça onde os dois teriam mais apego e a oportunidade de se conhecer melhor. Dalí em diante, foram horas de deslumbre e afeto. Eles procuraram falar de sonhos de amor o que tão momente ambos apenas queriam ouvir para distrair seus sentimentos. As horas passavam e os dois enamorados só então queriam falar de seus sonhos e quimeras que dominavam os seus corações. Um ponto eterno de chamas que se clareavam para um eterno sentido de suas vidas. Um aceite de amor prometendo ficar tão juntos para todo o sempre. Euclides não parecia querer saber de onde Tâmara chegara e nem para onde se destinava, pois o seu terno encanto era maior de que o sentir do próprio amor. Para ele, que ficara apenas só, sem ter mais ninguém era aquele o ponto derradeiro de sua vida. Para a doce jovem mulher, bem parecia ser para alguém que estava em busca da semente do seu verdadeiro amor. Eram juras de afeição que não se podia ouvir de um jovem par de namorados há muito tempo. Um amor guardado de longas datas que se espalhava naquela mesa de alcova. E os dois partiam para poder ver a cada dia um grande amor a renascer. Apenas os dois juravam querer sentir o renascer a cada dia do seu verdadeiro e eterno sentimento. Já nas horas da madrugada, quando os ébrios enchiam o bar de eternas canções, eram os dois apaixonados que embebiam suas lágrimas de afeto, ternura e prazer como que faziam os notívagos aconchegados namorados, sem preconceito, sem saber o direito e a razão. Aquele era o nasceu de uma rosa no caminho das ilusões perdidas e tortuosos passos quando se tem um verdadeiro bem.

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