segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

LUZ DO SOL - 2

- LUIZA -
CONTO
Eram 6 horas da tarde. O expediente para Luiza encerrara. Alguns papeis se acumulavam do birô e ela, tão somente, juntou tudo e pôs uma pedra em cima. O que sobrara ficava para o outro dia. Do birô, ela foi até o toalete onde se arrumou com pressa, passando o pente no cabelo, pois Armando a estava esperando fazia um bom tempo. Ela se ajeitou, tirando os fios de cabelos que, por ventura, caíram na blusa e se compôs por completo. Ao sair da toalete passou pela sala onde trabalhava e se despediu dos demais funcionarios que ainda ficaram cuidando de suas obrigações. Para Armando, apenas disse um - "Vamos!" - e seguiu firme. Ao descer do elevador e pegar a rua cheia de outros funcionários que vinham dos seus trabalhos ou iam para algum lugar deu de cara com um vendedor de churrasco que estava fazendo alí na calçada do edificio onde a moça trabalhava, os seus espetos de carne cheirando a fogo. Ela pediu a Armando, seu namorado que comprasse um daqueles espetos para ela.
--- Compra um pra mim! - disse Luiza.
Armando foi até o carrinho de churrasco e pediu ao vendedor que lhe fizesse um magro espeto daqueles. O vendedor já tinha um e mais diversos prontos. Deu a Armando que a seu modo agradeceu.
--- Só um? - perguntou Luíza.
--- Quer mais? - voltou a perguntar o rapaz.
--- Pra você. - disse ela sorrindo, com o espeto já entre os dentes.
--- Não quero. Carne de gato! - relembrou Armando.
--- Eca! Mentira! De gado! - disse a moça.
O rapaz sorriu e se encaminhou para um bar proximo dizendo o que preferia.
--- Prefiro suco de abacate! - disse Aramando.
--- É bom. - disse Luiza.
--- Melhor do que gato. - falou Armando achando graça.
--- Eca! Você é um desprazer! - censurou Luiza.
Então, Armando voltou a sorrir. Os dois foram até o bar onde o jovem pediu ao garçon um suco de abacate, ficando a esperar sentado num banco alto e redondo encostado ao balcão. Ao seu lado estava Luiza a degustar o conteúdo espeto de churrasco. De repente, Armando sorriu ao olhar para a sua namorada agarrada ao espeto, comendo com desenvoltura.
--- Que é? Vergonha? - perguntou Luiza com olhos espertos.
--- Nada não. - comentou Armando.
Nesse ponto o garçon trouxe o suco de abacate e ainda perguntou:
--- Mais alguma coisa? - perguntou o garçon.
Armando olhou para a namorada e perguntou-lhe se queria algo.
--- Água. - disse a moça.
--- Água. - recomendou Armando ao garçon.
E os dois ficaram alí a namorar. Armando com o seu abacate e Luiza com seu espeto. Ao passar do tempo, a moça voltou falar, perguntando:
--- Você vai? - perguntou Luiza.
--- Prá onde? - re-perguntou Armando.
--- Voce sabe! - disse Luiza.
--- Até que é bom! - respondeu Armando.
Do bar, eles saíram prazeirosos para o local dos amantes, reduto inesquecível para os dois e para muitos que frequentavam motel. Ela, Luiza, estava em uma ânsia sublime de extasiante candura capaz de alçar voos supremos ao anoitecer daquele dia. Por seu lado, Armando também fazia valer tudo o que Luiza pedia nos encantos do amor sublime. Segredos de uma apaixonada jura de íntimas loucuras. O amor superior não se aquietava entre os delitantes e ternos amantes em deslumbrantes e sublimes pensamentos de alcova. Para os dois aquele era um idílio santo. Vendo a face da mulher amada Armando recordava um reino das fascinações de um sonho multicolorido que apenas Luiza traduzia. Com toda aquela quimera de amor, na ansia de fazer bem mais, ela brotava em seus lábios entreabertos o extremecer de uma deusa do amor e da volúpia. Sedução de paixões destoantes e rubras igual as ninfas com seus símbolos carmenos onde a felicidade se encantava. Essa era Luiza do eterno amor em tudo que ela traduzia. Cabelos de cores irradiantes como que tocado por um sol primaveril com seus ráios de lascívias paixões. O leito sem mácula era o venerado de tantas juras antigas em uma intimidade sensual. Por fim, depois de um vazio do prazer total, o homem e a mulher tornaram uma só carne.

Nenhum comentário: